RODRIGO CONSTANTINO

MILITÂNCIA PROFISSIONAL

Décadas atrás, o jornalismo não tinha tanto assim a pretensão de objetividade e imparcialidade. Havia jornal ligado a partidos políticos e a causas ideológicas, e os repórteres normalmente eram jovens e inexperientes. A profissionalização da carreira veio com boas intenções, portanto: oferecer o ideal de jornalistas treinados que pudessem deixar suas emoções de lado para reportar fatos de forma objetiva, trazendo a verdade à tona.

Na teoria, algo interessante. Na prática, uma utopia. Primeiro porque é impossível deixar totalmente de lado o próprio viés. Segundo, porque nas faculdades de jornalismo já se imprimia determinada visão de mundo, e muitos professores passaram a criar cópias de si mesmos, produzindo uma espécie de clubinho “progressista”. Não são poucos os jornalistas que se enxergam como guias de massas ignorantes que precisam ser educadas, em vez de ter acesso aos fatos e julgar por conta própria. O desprezo pelo publico é evidente muitas vezes.

Nos anos recentes, portanto, a imprensa vem se mostrando mais um instrumento de imposição de certas ideologias do que de reportagem dos fatos de maneira mais imparcial e isenta. No passado, os principais veículos de comunicação detinham basicamente o monopólio das narrativas, controlavam a opinião publicada e, assim, boa parte da opinião pública. Não havia tanto espaço para o contraditório.

Mas o advento das redes sociais mudou isso. Além do aspecto financeiro, que desafia os modelos tradicionais de negócios desses jornais, há essa perda da hegemonia nas narrativas, e a exposição muitas vezes de um escancarado viés ou torcida. A manipulação dos que simulam total imparcialidade e ainda acusam os outros de espalhar Fake News salta aos olhos, e o resultado inevitável é a perda de credibilidade.

Com os fenômenos Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro no Brasil, o que já estava ruim piorou e muito. A coisa realmente degringolou, com jornalistas assumindo publicamente que era necessário deixar a objetividade de lado por uma “causa maior”. Para salvar a democracia das “terríveis ameaças fascistas”, tudo passava a ser não só justificável, mas desejável.

Os exemplos pululam, e talvez o mais óbvio seja a insistência da mídia americana no suposto conluio de Trump com os russos, mentira fabricada pelos democratas que a imprensa martelou por dois anos. Mais recente, no Brasil, basta mencionar como o jornal O Globo retratou o encontro do ex-presidente com Kyle Rittenhouse: “Trump se reúne com assassino de ativistas antirracistas nos EUA”. Isso mesmo depois que Kyle foi considerado inocente pelo júri popular, tendo agido em legítima defesa contra criminosos com extensa ficha corrida, e brancos, que tentavam agredir o garoto. Como confiar nesse tipo de jornalismo?

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

DEU NO X

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

MARCOS MAIRTON - CONTOS, CRÔNICAS E CORDEIS

GADO NOVO

Há poucos dias, fiquei sabendo que a canção “Admirável gado novo”, de Zé Ramalho estava completando 42 anos. Dizia o jornal que “até hoje, o cantor e compositor, de 72 anos, não deixa de incluir o hit em shows ao vivo. Quando o faz,’levanta’ o público”. 

Dizia ainda o jornal que, “no último dia 21, a canção virou assunto nas redes sociais após ser mencionada no caderno de provas do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”.

Veja matéria clicando aqui

Nada disso me surpreende, porque “Admirável gado novo” – uma referência à obra “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley, é uma dessas canções que não se desgastam com o tempo.

Aliás, no tempo atual do Brasil, marcado por grande polarização política, com numerosos grupos de pessoas que apoiam cegamente um ou outro líder, chamar o outro de “gado” virou um xingamento bem popular.

Tocado pelas reflexões que me foram trazidas pela inclusão de “Admirável gado novo” no ENEM, chamei uma turma que gosta de tocar, para darmos a nossa própria interpretação da música.

DEU NO X

ALEXANDRE GARCIA

ACABOU O CALVÁRIO TUCANO

Os três candidatos das prévias do PSDB: Arthur Virgílio, João Doria e Eduardo Leite (da esq. para a dir.) e o presidente do partido, Bruno Araújo, durante as prévias deste sábado, 27 de novembro

Foi uma semana de calvário para os tucanos. E parece que o calvário acabou e o salvador tucano é o João Doria. Foi o resultado das prévias. Não sei qual será o futuro de Arthur Virgílio, que ficou com 1%, e do Eduardo Elite, que ficou com 45%, enquanto o João Doria teve 54%. Não divulgaram os números absolutos, só os números relativos, mas fiz umas continhas rápidas: os tucanos anunciaram que têm 1,3 milhão de filiados e que 44,7 mil se credenciaram para votar. Mas votaram apenas 30 mil. Então Doria teve cerca de 16.200 votos. Num universo de 1,3 milhão de filiados, significa 1,25%.

Essa é a representatividade destas prévias. Fica a pergunta se valeu a pena substituir a escolha do candidato pela cúpula do partido por essa prévia que só causou desgaste interno e externo, que expôs as divergências entre os tucanos.

E Doria já começou batendo em Bolsonaro e Lula, mostrando “eu sou a salvação”, “eu sou a luz do mundo”. Vamos ver o que acontecerá com a candidatura João Doria, do PSDB, depois de toda essa semana de calvário do partido.

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Embargo da China à carne brasileira

A China está, ainda, bloqueando a carne bovina brasileira. E isso pode ser algo muito dramático para os produtores e os frigoríficos. Principalmente para o pessoal do sul do Pará e do Mato Grosso, que está fazendo a criação por confinamento, a produtividade vertical, que não é a pecuária de extensão. Eles vão sentir, porque está tudo planejado: razão, tempo, água, veterinário, cuidado sanitário. O Brasil é o maior exportador do mundo de carne bovina e a maior parte vai para China. Eles mantêm esse bloqueio alegando dois casos de vaca louca e, ao mesmo tempo, estão estimulando, pelo preço mais baixo, o consumo de carne suína. Tanto que nossos exportadores de carne suína já exportaram, até o fim de outubro, um milhão de toneladas, 13% a mais que no ano passado.

Mas isso mostra a nossa necessidade de diversificar mercado. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tenta conversar com o ministro chinês e não consegue. Ela já se ofereceu até para ir para a China para conversar com ele, mas parece que há uma pressão chinesa. A diplomacia chinesa opera no tempo, cansa o adversário. Certamente eles querem que o Brasil dê um tratamento melhor à China. Só que a gente não cansa de lembrar que foi lá da China, de onde saem 12 mil turistas por mês, que começou a Covid-19.

DEU NO X

XICO COM X, BIZERRA COM I

UMA CARTA A PABLO

Esta noite, novamente relendo Neruda, outra vez resolvi escrever-lhe. Ele também tivera dúvidas muito semelhantes às minhas, incertezas que ninguém tivera condição de tirá-las. E eu precisava saber, por exemplo, quantos metros redondos há entre a lua e a minha pata-de-elefante, lá em Gravatá. Também gostaria de descobrir quantos anos-sombra separam a luz do sol do meu cada dia mais distante arrebol. Não sei se algum dos que ora me leem teriam respostas e, em caso positivo, rogo que façam uma carta a Pablo. Lá do alto, em meio a nuvens carregadas de flores e pássaros, ele ficará tão satisfeito que baterá no peito, fará uma rima e talvez até cante. Certamente gostará de descobrir o porquê de depois de um domingo ensolarado surge sempre uma segunda-feira azeda e acinzentada? Será que alguém já foi conferir as roupas da neblina vestindo o céu? E os trovões, por que fazem tanto escarcéu? Tenho que descobrir por que o pintor deixou a noite escura se seu pincel tinha tanta cor mais pura para oferecer? Por fim, algum iluminado me explicaria a razão de tanta alegria na rua da Saudade durante o carnaval, da escuridão da noite na rua da Aurora e de quantos minutos se revestem o asfalto da rua da Hora em pleno rush das 18 horas. Será que Pablo já descobriu tudo isso ou continua a interessar-lhe apenas a reflexão que cada uma das questões provoca em sua poética alma? Ainda estou por saber a cor do perfume que exala do pranto azul das violetas, assunto sobre o qual escrevi um dia desses … Por enquanto continuarei a observar a flor voar de sabiá em sabiá, deixando-me feliz como a chuva que continua a chover toda a sua alegria.

Todos os Livros e a maioria dos Discos de autoria de XICO BIZERRA estão à disposição para compra através do email xicobizerra@forroboxote.com.br. Quem preferir, grande parte dos CDs está disponível nas plataformas digitais. Visite nosso site: www.forroboxote.com.br

DEU NO JORNAL

PRA COMEÇAR A SEMANA

Indicadores de perda de confiança na economia são filhos diletos dos ativistas do apocalipse, “analistas do mercado” que ignoram ou relativizam o que é positivo.

E superestimam tudo o que é negativo.

O comércio de máquinas agrícolas bateu recorde em 2021.

Impressionante crescimento de 40% no Brasil, segundo a Abimaq, ONG dedicada a pesquisa e desenvolvimento tecnológico da indústria.

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A mídia e os jornalisteiros funerários, negativistas e pessimistas formam uma quadrilha asquerosa.

Ótimo começar a semana dando essa boa notícia pra levantar o astral.

E vamos em frente!!!!