MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

MISSÃO DADA … MISSÃO CUMPRIDA

Eu acho que o assunto mais comentado da semana foi a cassação do deputado federal Deltan Dallagnol. Não foi surpreendente porque foi, naturalmente, orquestrada e começou com uma tentativa do PT junto ao TRE-PR que, categoricamente, negou provimento, mas o partido resolveu recorrer ao STE e sob a relatoria de um Benedito qualquer, desses que se acham em qualquer lixão tal qual garrafas PET, construíram um argumento jurídico estapafúrdio assim como se fez durante a Lava Jato no qual os bandidos foram soltos porque o depoimento dos delatados antecedeu o depoimento dos delatores.

Deltan não respondia a qualquer processo administrativo. Não havia nada instalado para apurar seu, eventual, desvio de conduta como coordenador da maior operação de combate a corrupção já vista nesse país. Deltan seria eleito em qualquer estado que concorresse, mas coube aos paranaenses depositarem mais de 345 mil votos de confiança nesse cara.

A ação é preocupante, não resta dúvidas porque me lembra a onipotência divina que pune os pecados por atos, pensamentos, palavras e omissões. Aqui, neste vasto território de banânia, resta-nos apenas nos omitir porque as demais alternativas estão, devidamente, vigiadas. E o que é pior, a cada dia fecha-se o cerco e aumenta-se o poder do STF, onde as pessoas são indicados pelo bem que fizeram ao PT e ao presidente eleito. Estamos prestes a engolir Cristiano Zanin como ministro do STF. O que esse cara fez de bom para o país? Nada. Ele tem notório saber para assumir uma cadeira no STF? Não. Ele é juiz? Não. Apenas um advogado de porta de cadeia.

O STF já ultrapassou a barreira da constituição há muito tempo. Dilma, ao ser impedida, deveria ter seus direitos políticos cassados, mas Lewandowski entendeu que poderia violar a constituição e não fez isso. Eles mandam no país de acordo com interesses políticos e quase sempre ligados ao pensamento esquerdista. Esse pessoal mais conversador é tratado como terrorista, muito embora o Cesare Batista tenha sido devidamente acolhido pelo governo Lula e tinha como advogado atual ministro Barroso.

Por falar em Batista, as conversas entre Joesley e Aécio Neves levaram o, então, ministro Marco Aurélio de Mello a decretar o afastamento do mandato e prisão domiciliar. O que se viu? O senado se reuniu e definiu que o STF não tinha autonomia para afastar nenhum parlamentar do seu mandato. Apenas o senado poderia fazer isso e, simplesmente, devolveram o mandato de Aécio. Se não podia naquela época, por que pode agora? Pode agora, Deltan foi implacável na sua luta contra a corrupção de poderosos. Pode porque o tal Benedito foi citado como beneficiário de “agrados” por Léo Pinheiro. Pode agora porque Missão dada é missão cumprida. Não importa se não há elementos. O que importa são os interesses.

A ação teve repercussão e a Transparência Brasil, por exemplo, emitiu uma nota comentando o quanto isso afetou a imagem do Brasil lá fora, simplesmente porque o trabalho sério contra a corrupção está ameaçado. Desde 2018 que eu ouvi falar, diariamente, em golpe, em censura. O golpe era no dia 07 de setembro, não foi. Era depois da eleição, não foi. As instituições brasileiras estavam ameaçadas. Não estavam. Aliás, o STF foi, e continua sendo, o maior responsável pela instabilidade política do país. Alexandre de Morais personifica todo o mal que eclode das trevas e como disse o senador Romero Jucá, “é preciso estancar a sangria”.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

CALE-SE PARA SEMPRE?

Acho que foi o Pedro Malan quem disse “no Brasil, até o passado é incerto!”. Nada mais assustador se defrontar com uma sentença dessa natureza porque aquilo que foi julgado e transitou em julgado pode voltar a te assombrar. Em 2016, por exemplo, o STF formou maioria em relação à prisão de segunda instância e em 2019, por conta da prisão de inúmeros presos na Lava Jato, a corte máxima da justiça brasileira e voltou atrás. Milhares de presos foram colocados nas ruas, inclusive, André do Rap, que saiu da cadeia numa BMW que o esperava e sumiu no oco do mundo.

O que mais chama a atenção é a capacidade que o STF tem de se colocar contra decisões colegiadas. Quando a prisão em segunda instância prevaleceu, Marco Aurélio mandou soltar o assassino confesso da freira Dorothy Stang. Veja: o cara confessou que matou, relatou como matou, foi preso em segunda instância, mas o ministro entendeu que, juridicamente, ele tinha direito a recursos e enquanto isso não fosse avaliado, não havia trânsito em julgado, afinal “todos são inocentes, até que se prove o contrário”.

Dizer que o STF extrapolou nas suas atribuições é pouco. O impeachment de um presidente é seguido pela perda dos direitos políticos por oito anos. É isso que diz a constituição brasileira, entretanto, Dilma foi candidata a senadora pelo estado de Minas Gerais e, nas pesquisas, liderava as intenções de votos, até que o povo mineiro despertou e mandou Dilma para a puta que a pariu. Foi Lewandowski quem decidiu assim e pronto. Cumpra-se.

A partir de 2018, a coisa degringolou. O STF se colocou como o poder máximo da república e cada ministro rasgou quantas folhas quis dessa combalida constituições. Não vou nem comentar sobre a quantidade de vezes que o STF se colocou contra o governo, ora proibindo, ora pedindo explicações para determinados comentários, mas não custa lembrar que Gilmar Mendes emitiu um voto favorável a recondução de Rodrigo Maia e David Alcolumbre para as presidências da câmara e do senado, quando a constituição proíbe. Segundo Gilmar, “mesmo ao arrepio da lei” era possível tal recondução. Tudo que é feito ao arrepio da lei, é ilegal.

Passando a fita a gente vai encontrar momentos inusitados que vão desde a soltura de Lula às contradições desse país sem moral. Mas, como lembra, nos seus causos, Jessier Quirino, “desmantelo para ser desmantelo só presta se for bem desmantelado” e foi nessa balbúrdia que surgiu o tal inquérito das fakes news, a prisão de um deputado em flagrante delito porque ele gravara um vídeo (repare: ninguém viu o cara gravando o vídeo… e até hoje eu não sei como foi esse flagrante).

O fato é que falar contra o STF tornou-se crime inafiançável. Falar de ministros do STF é idêntico a uma tentativa de homicídio, por telepatia, videoconferência, etc., não importa, mas é. E como se não bastasse tudo isso, com o patrocínio do STF, surge o tal projeto da lei que regula as mídias sociais, ou seja, podemos ser presos caso a gente insista em defender a liberdade de expressão.

A sensação que eu tenho é que, aos poucos, mas sempre cada vez mais, estão limitando meu raio de ação, estão mensurando minhas palavras com uma régua exclusiva da justiça brasileira. O que é mais interessante é ver estas pessoas falando das violações dos direitos humanos. Quer dizer: estão fazendo tudo isso porque os direitos humanos – de alguns manos – foi violado, então vamos violar legalmente os direitos humanos de quem violou, na nossa opinião, os direitos dos nossos manos. Assim, pensa o STF.

Deixamos de ser iguais perante a lei. Somos perdedores (lembram quando Barroso disse “perdeu mané, não enche”?), somos terroristas sem bombas, sem armas químicas ou biológicas, sem treinamento em Cuba, sem apoio da Venezuela, mas somos uma ameaça viva aos interesses difusos de quem se acha dono do Brasil. Eu sempre ouvi dizer que a renda do Brasil estava concentrada em 3% da sua população e agora vejo que o poder soberano da nação está concentrado em nove ministros do STF.

Daqui a pouco, ouviremos: “Se não concordar com o que estamos fazendo, cala-se para sempre”.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

CABARÉ? SÓ O CABARÉ DO BERTO!

Que o terceiro governo de Lula seria uma merda superlativa era algo notório. Eu tenho minhas dúvidas se todas as aquelas reações contrárias àquela figura asquerosa geram votos em quantidade inferior, no entanto, não se pode duvidar da lisura do STE e nem da competência do, então, presidente dessa joça.

Lula, não custa lembrar, nunca fez uma caminhada em qualquer rua do Brasil. Fez comício para plateia selecionada como no caso da visita ao Morro do Alemão onde o CPX do boné criou interpretações várias para seu significado. Mas, abertas as urnas do segundo e, pasmem, 50,9% de eleitores disseram sim ao grande estadista. Como reação a economia começou a despencar, a quantidade de empresas com pedido de recuperação judicial cresceu assustadoramente e, lamentavelmente, dentre elas uma quantidade expressiva de micros e pequenas empresas que representam algo da ordem de 30% do PIB.

Durante a transição, eis que surgem as tentativas vãs de imputar ao governo anterior as dificuldades de governabilidade. Começou com Merdandante a opção de culpar o governo por não ter recursos para investir, mas isso durou pouco quando – até Cesar Trali – foi publicada o saldo de caixa de R$ 320 bilhões. Não bastasse, o governo chutou o pau da barraca da política fiscal. Desrespeitaram a Emenda Constitucional Nº 95 que limitava o teto dos gastos e prometeram um arcabouço fiscal que não resolverá porra nenhuma.

Como se não bastasse as trapalhadas econômicas, vem o lado moral ou imoral, como queiram. A ministra do turismo envolvida com milicianos, mas o governo não viu nada demais no fato de um miliciano ser cabo eleitoral da ministra. A questão era “famílicia” e isso era motivo de impeachment. Como tudo se pode na megalomania de Lula, Flávio Dino foi ao complexo da Maré acompanhado apenas de um secretario executivo. Bastaram dois carros e tudo bem. Até hoje o canalha não diz que o autorizou.

No esteio dessa sequência de horrores, chega o dia 08 de janeiro quando invasores depredam o Congresso e muitos militantes de direita são presos como terroristas. Tudo que eles portavam era uma bandeira brasileira. No entanto, semana passada a CNN divulgou imagens da invasão e o general Gonçalves Dias, do GSI – Gabinete de Segurança Institucional, aparece, tranquilamente, ao lado de invasores em situação de perfeita harmonia, dando água, apontando caminhos, etc. Peraí seu general! Que porra é essa?

O esforço do governo em abagar uma CPMI é algo fora de próposito. Manter em sigilo imagens das invasões não parece a forma mais adequada de aniquilar um culpado como Bolsonaro. Enquanto os acusados clamam por CPMI, os acusadores fogem do assunto como o diabo foge da cruz. Está claro, como a luz do sol, que Lula, Dino, GSI e a mãe de Pantanha sabiam do que iria acontecer ali. Tinha o maestro, os instrumentos, as partituras, mas esqueceram de ensaiar, de passar o som, como se diz.

O cara pediu demissão. Resolveu? Não. Acho que mais que uma demissão, a sociedade espera um esclarecimento, um entendimento. Não adianta varrer o lixo para debaixo do tapete. O problema é que, mais uma vez, Lula acredita que tem o poder supremo e que tudo deve ser feito segundo a vossa vontade, afinal o cara foi eleito duas vezes, elegeu um poste duas vezes e agora voltou numa terceira candidatura. Ele foi “eleito” porque muitos não foram capazes de enxergar que, economicamente, o Brasil vinha dando certo e não custa dizer que o cara mais competente do governo atual é Roberto Campos, presidente do Banco Central que foi nomeado por Bolsonaro.

O Brasil virou de ponta a cabeça. Já algum tempo beira os limites de um cabaré, mas nesse campo o Cabaré do Berto, que ocorrer toda sexta a partir das 19h30 tem muito mais moral. O silêncio de quem votou em Lula é algo fora de compreensão. Eu acredito que apenas Miriam Leitão defende essa merda que está aí e por falar em merda, acabei “me alembrando”, como diz meu o amigo , quase doutor, Roque Nunes, de uma piada que Juca Chaves contou. Dizia ele que Cabral procurou D. Manoel III e disse que queria 500 mil réis da coroa portuguesa, gente para viajar em caravelas e um monte de putas para divertir a viagem. D. Manoel retrucou dizendo: “ô Cabral, por que tu não vais à merda?” Cabral foi.

Sabemos que já há sondagens para o comportamento de Alkmin diante de um possível impeachment. O PSDB está consultando, preparando o terreno e a CPMI precisa ser instalada. A justiça nos deu um “cala a boca” quando não apenas soltou Lula, mas quando o liberou para concorrer. Não podemos aceitar esse exame de próstata, sem luva.

Fuderam tudo

Reage povo, caso contrário o Futuro Ultraliberal Desenhado Entre Rostos Atléticos Modestos, Obrigam-nos Tentar Ultrapassar Determinados Obstáculos.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

AGORA É TARDE?

A decepção dos eleitores do presidente eleito é notória. Não sabem onde enviar a cabeça. Ao longo da campanha se viu uma defesa de raciocínio que passava pela necessidade de vencer o fascismo, visto tão somente nos argumentos de esquerdistas e vendido como se fosse a mais absoluta verdade. Nem Cristo tinha argumentos tão sólidos para enfrentar o crescimento da direita. Lula era o santo ungido, nascido das cinzas assopradas pela força de uma suprema corte medíocre, formada por aduladores e aproveitadores de cargos e de poder.

Os indicadores financeiros não convencem o mercado, mas não se vê nenhum economista explicar o que pretende o governo, qual a política econômica do governo e, principalmente, qual a proposta de ajuste fiscal que será apresentada em agosto próximo para justificar o desrespeito fiscal decorrente da violação da Emenda Constitucional Nº 95. O fato é que o governo não tem nada, a não ser, a sede de vingança declarada pelo presidente que foi avalizada por 50,90% dos eleitores brasileiros. Não sabiam que seriam assim? Sabiam, sim. Mas, havia um fascismo a ser derrotado.

No dia 11/04 o governo completará 100 dias e até o momento eu não vi nenhum ministro anunciar algo de relevante e de impacto nas previsões econômicas. O que eu vejo é um conjunto de asneiras, tal qual Márcio França, como a proposta – publicamente criticada pelo presidente – de vendas de passagens áreas ao preço de R$ 200,00. Não se informou quais empresas participariam desse programa e, note bem, QUAL A FONTE DE RECURSOS. A lei de responsabilidade fiscal não permite que gasto sem fonte que o sustente. Diferente de Paulo Guedes quando assumiu o ministério que disse, claramente, que a redução da dívida pública viria de concessões e privatização. Arrecadou mais de R$ 250 bilhões com subsidiárias e não fez mais porque Lewandowski não deixou ao defender, e ser seguido pelas antas, que privatização deveria passar pelo congresso.

Essa semana, uma comitiva, incluindo os irmãos Batista que denunciaram Lula e Dilma, foi visitar a China na tentativa de fortalecer nossas exportações. É lógico que exportar faz bem, no entanto, foi o volume de exportação de carne bovina em 2018, exatamente para a China, que afetou o preço da carne internamente e a leve redução no preço (atenção: o quilo da picanha por aqui é, em média, R$ 70 reais e a única pessoa no Brasil que está comenda picanha mole é Janja) decorreu da que de demanda da China e não de qualquer política do governo.

Só quem enxerga beleza nos atos do governo é Miriam Leitão, a mais imbecil criatura que Deus colocou na face da Terra para despertar a benevolência dos demais seres em relação a ela, mas não é fácil. Ela não colabora. De algum modo os repórteres do Sistema Globo continuam num esforço supremo de colocar areia nos olhos da população e vez por outra colocam as pérolas com “o desemprego está alto, mas está baixo”. Não é fácil para um ser racional, imparcial, entender algo dessa natureza. Eles não podem criticar porque fizeram parte dessa massa defensora do lulismo, contra o fascismo e esperam que os bilhões de propaganda voltem a tilintar nas suas contas bancárias.

A classe dos artistas está de sorriso largo com os recursos da Lei Rouanet que destinou R$ 5 milhões para Cláudia Raia, R$ 1 milhão para MC Pipoquinha (já viram essa desgraça? Eu que pensei que o inferno tinha Anitta e Pablo Vittar como representantes, fiquei surpreso com um vídeo que recebi dessa criatura).

O que houve de fato neste país é que a maioria das pessoas, esses tais 50,9% de eleitores, acreditou num engodo. Agora o que se percebe é um silêncio inexplicável por parte de apoiadores, de economistas. Arrependidos? Com certeza, mas cada um na sua esperando a derrocada do governo para que se fortaleça outra corrente de salvadores da pátria.

O pior de tudo isso, gente, é que Haddad parece ser o melhor quadro do ministério da fazenda e com isso a gente deve perguntar: Agora é tarde? Você que voto nessa merda que está aí, está arrependido ou vai ficar quando o desemprego te alcançar, quando a picanha não chegar?

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

PANIS ET CIRCENSES

Na Roma Antiga, o poeta Décimo Júnio Juvenal, com suas tiradas satíricas, cunhou a expressão panis et circenses para se referir aqueles que pediam trigo e espetáculos (jogos) grátis para o povo sem se preocupar muito com a postura dos governantes. Parecido com o Brasil? Cagado e cuspido como se diz por aqui pelo nordeste.

Um país com as dimensões que o Brasil tem, com a disponibilidade de terras e de recursos naturais, com um PIB casa dos trilhões de Reais ostentando um nível de desemprego incompatível com sua grandeza. Daí, a gente começa a se perguntar o porquê de não termos um desenvolvimento econômico sustentável e não ser um líder mundial. Eu era aluno do ensino fundamental nos idos dos anos 1970 e já ouvia dizer que o Brasil era um país em desenvolvimento e 50 anos depois, ainda se diz que somos um país em desenvolvimento. Existem determinantes do desenvolvimento econômico e é bom dizer, desde já, que desenvolvimento econômico é um conceito mais amplo do que crescimento econômico. Um país pode crescer, mas só se desenvolve quando o crescimento econômico se reveste em qualidade de vida.

Alguns fatores são básicos para o crescimento. Robert Solow, por exemplo, mostrou em 1956 que o crescimento depende da taxa de crescimento da tecnologia. A Curva de Possibilidade de Produção (CPP) só se desloca com o aumento da tecnologia. Observe o gráfico abaixo onde se tem uma economia produzindo peixes e ananás.

Os pontos A e B estão sobre a fronteira e representam viabilidade técnica. No ponto A se produz mais ananás do que peixe e no ponto B, tem-se mais peixe do que ananás. Nestes pontos a capacidade técnica está plenamente utilizada. No ponto D a economia desperdiça seus recursos de produção. É um ponto de ineficiência e o ponto C é, tecnicamente, inviável, ou seja, o nível de tecnologia disponível não é capaz de fazer a CPP passar pelo ponto C. Isso só é possível se houver mudança tecnológica. É o que fazem os japoneses que com terras cultiváveis infinitamente menores do que as nossas, possuem um nível de produção agrícola melhor do que o nosso.

O problema é que tecnologia requer conhecimento ou educação de qualidade. Pronto. Esbarramos aqui. O Brasil ocupa as últimas posições no exame do PISA que é aplicado pelo OCDE para mensurar o grau da educação de um país. Dentre 72 países que participaram, o Brasil ficou em 69º em Matemática e Leitura. A gente utiliza um modelo educacional que, nitidamente, está errado e a gente insiste na sua manutenção. Independente do grau de escolaridade, estamos transmitindo um conhecimento que não se aplica na prática e com isso criando analfabetos funcionais. Já falei aqui no passado: criaram uma disciplina, na UFABC, chamada Afroetnomatemática que traz conteúdos que não agrega valor a quem vai procurar um emprego.

Tal como a Roma Antiga, este país sofre pela sanha dos canalhas corruptos que enriqueceram, ilicitamente, com recursos públicos. Gostaria muito que aparecesse aqui uma revendedora de Avon capaz de ter formado, basta 10%, da fortuna de Marisa Letícia. O programa base para essa gente é essa tônica do pão e circo. Dá-se o Programa Bolsa Família (pão) e estádios caríssimos, todos eles concluídos com verbas acima do que foram orçados, para a Copa do Mundo (circo). Faz-se o Carnaval (circo) e põe-se Paola Oliveira nua, com um tapa sexo minúsculo, para que a imagem de país do carnaval, do futebol e do sexo fácil seja vendida no exterior. Eu não dou a mínima para a nudez de Paola e de tantas outras! O que e incomoda é o patrocínio da prefeitura porque isso é dinheiro público.

O Brasil erra, e feio, quando prioriza a transferência de renda e não a produção como alavanca do crescimento econômico. Mas, as transferências representam votos no futuro porque quem recebe agradece e tem medo de perder. Não importa o caráter do candidato, mas o que ele está prometendo fazer. Em um país sério, Lula não estaria fora da cadeia e seria a cumprir pena. Só isso. José Maria Marin, ex-presidente da CBF foi preso nos Estados Unidos por corrupção e teve que devolver a Conmebol e a CBF R$ 519 milhões. Daniel Alves está preso na Espanha acusado de estrupo. Está na cadeia aguardando julgamento que pode demorar um ano. Está na cadeia. Pronto. Robinho foi condenado a 9 anos por estupro e está solto … no Brasil.

Eu tenho minhas dúvidas sobre o encaminhamento desse país. Nunca sairemos da condição de país em desenvolvimento. Pegue os egressos do ensino superior e veja se o conhecimento transmitido vai fazer diferença no mercado. Não vai. As empresas estão interessadas em pessoas que sejam capazes de resolver seus problemas. Isso me faz lembrar um professor de Economia Regional que tive. Primeira aula ele disse: “Duas coisas que eu detesto: dar aula e corrigir provas”. Eu perguntei o que ele estava fazendo ali e a resposta foi que tinha feito uma opção errada. As provas eram as mesmas questões aplicadas em semestres anteriores. Perdi meu interesse por regional, mas não pela economia e esse é um dos grandes incentivos que tenho para fazer diferente.

Minha principal dúvida é saber se seremos capazes de mudar a educação dos jovens e crianças. Aqui eu considero educação incluindo um posicionamento político sério, probo. Como busco ser racional, acho que nunca chegaremos a esse nível porque os jovens e crianças estão recebendo educação de quem é se coaduna com a corrupção ou com a políticos do panis et circenses. Uma criança começa ter suas raízes fincadas dentro de casa e se os pais são lenientes, dificilmente ela terá como se opor a tudo isso.

Fomos Obrigados Demonstrar Amizades Sem Esperanças, Basicamente Reduzidos A Simples Imbecis Lulistas. É assim que lhe querem.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

BANCO CENTRAL

Em fevereiro de 2021 escrevi aqui no JBF um texto falando sobre a autonomia do Banco Central. Passados dois anos eis-me aqui para tocar, novamente, nesse assunto diante da insistência do presidente eleito em criticar a política monetária adotada pelo BACEN pelo presidente Roberto Campos, eleito “melhor presidente de Banco Central do Mundo”. A politica mesquinha e míope do presidente em exercício passa pela extrema necessidade de falar merda sempre que abre a boca.

Em qualquer economia que se preze, o Banco Central é um instrumento de politica monetária. Nos Estados Unidos, Alan Greenspan foi presidente do Fed – Federal Reserve, por 20 anos. Enfrentou a crise provocada pelo atentado das Torres Gemes sem se importar com o que fazia George Walker Bush que, guardada as devidas proporções, também foi gerado no intestino tal qual o presidente brasileiro em exercício. Bush não se metia até mesmo porque não entendia patavinas de economia, apesar da sua graduação na Escola de Negócios de Harvard.

Esse ataque babaca ao Banco Central por parte do presidente em exercício requer uma simples pergunta: qual o interesse do presidente em exercício na condução da política monetária? Vamos pensar um pouco: a política fiscal é feita pelo congresso e presidente já conseguiu aprovar um orçamento com R$ 170 bilhões para distribuir aos seus eleitores como forma de agradecer os votos obtidos. Mas, no início do mês uma nova legislatura foi instalada e com ela uma perspectiva de um relacionamento conflituoso com o executivo. Então, na cabeça do jumento se vislumbra um horizonte de que sem a autonomia do BACEN ficaria mais fácil desviar as diretrizes para atender questões eleitoreiras do seu governo. Ledo engano.

O ano de 2023 começou com sinais contundentes de redução do crescimento econômico, de alta de inflação motivada, principalmente, pelo chute no controle fiscal e por uma série de declarações dadas com a forte conotação de que a inexistente política econômica desse governo será implementada de forma semelhante a operação “tapa buraco” que não suporta uma chuvinha mais forte. Inflação alta se combate com elevação da taxa de juros. Qualquer estudante de um curso introdutório de Macroeconomia sabe disso, menos o ministro da Fazenda e o presidente em exercício. A taxa de juros mais reduz o investimento, que é uma das variáveis do PIB, portanto, a sinalização da taxa de juros mais alta indica que vamos ter um PIB menor. Por essa razão o presidente resolveu criticar a política do banco central.

Não faz o menor sentido questionar a política do banco central. Na verdade, o governo poderia contribuir bastante com isso se tivesse responsabilidade, no entanto, a escola econômica em voga é aquela que coopta o indivíduo mediante os inúmeros programas sociais que, na essência, melhoram o consumo de uma família, mas que não geram patrimônio, ou seja, o cara come algo melhor porque tem uma renda, mas esta renda é insuficiente para gerar uma poupança que induza crescimento econômico.

Tem mais: o Banco Mundial deve ter produzido uma fake news quando divulgou dados econômicos do Brasil em 2020. Tivemos crescimento de 3,1%, inflação de 6%, desemprego em 8%, aí vem o atual governo falar de herança maldita e Haddad dizer que encontrou um rombo de R$ 300 bilhões nas contas públicas. É preciso encontrar um culpado para fracasso que se avizinha. Não bastasse tivemos algumas surpresas desagradáveis com as grandes empresas entrando com um processo de regime judicial. A crise começa a dar a fazer caras e bocas no mercado brasileiro.

Em meio a tanta bagunça observada em meros 40 dias, acabo associando a visão do dilúvio na época de Noé. Foram 40 dias para água baixar, mas por aqui já estamos com água no pescoço e vamos torcer para que não troquemos a água por uma corda. Eu continuo favorável a autonomia do Banco Central e espero que Roberto Campos cumpra seu mandato até 2024, conforme a lei, apesar da pressão que vai sofrer até lá. Temos grandes evoluções no sistema financeiro graças ao trabalho desse cara.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

ECONOMIA E ECONOMISTAS

A Ciência Econômica não tem o mesmo apelo das ciências laboratoriais, ou seja, daquelas nas quais é possível a experimentação, os testes, as comprovações e a enunciação de leis que regem determinados fenômenos. A Ciência Econômica sofre forte influência da sociedade e, principalmente, do governo. Basta qualquer membro do governo proferir algo que o mercado (olha aí a peste meu caro Roque Nunes) logo reage, para o bem ou para o mal.

Cada presidente eleito tem uma proposta econômica – exceto o último eleito que não apresentou porra nenhuma – e sempre tem uma equipe de economistas liderada por um “tampa de crush” para fazer o Brasil crescer. Desde que Banânia se transformou em república, muitos desfilaram como ministros da economia, alguns dos quais totalmente esquecidos. Quem tiver curiosidade de entender um pouco do que aconteceu nesse país desde 1889 até 1989 dê uma lida no livro A ordem do Progresso (organizado por Marcelo de Paiva Abreu). Cada capítulo é escrito por ou mais autores.

Economia, por não ser uma ciência exata, permite diversas interpretações sobre o mesmo fenômeno. Em 2013 Eugene Fama e Robert Shiller, ganharam Nobel de Economia. O primeiro defendendo que os mercados são eficientes e o segundo indo na direção contrária. É nesse contexto que apoio esse texto. Paulo Guedes fez um esforço incrível para colocar a economia nos trilhos do crescimento econômico e não conseguiu mais por interferência do poder judiciário. Mas, apesar dos resultados como redução da taxa de juros para 2% ao ano (o Brasil teve juros negativos!), apesar a redução do desemprego, do crescimento econômico, do superávit nas contas públicas, do lucro das estatais, do Pix, etc. o ministro foi duramente criticado. Mesmo, a economia de moldando a uma performance de primeiro mundo, os economistas de plantão, principalmente, os esquerdopatas, não poupavam as medidas, a principal delas a renúncia fiscal.

Quando Haddad assumiu um dos primeiros pronunciamentos tratava do rombo nas contas públicas deixado pelo governo anterior. Rombo? Como? Basta consultar as contas públicas para verificar tais contas estavam positivas. Mas, de onde veio esse rombo declarado? Da renúncia fiscal, ou seja, o cara considerou rombo aquilo que o governo deixou de arrecadar com a isenção de impostos como o PIS/CONFINS cobrado sobre combustível. Armínio Fraga foi um dos que condenou esse fato e sugeriu que o governo voltasse a cobrar tais impostos porque eles são fundamentais para o equilíbrio fiscal. O detalhe é que mesmo com a renúncia, houve aumento na arrecadação do governo.

Uma das explicações mais comuns para isso é a conhecida Curva de Laffer (Arthur Laffer, economistas que foi assessor de Ronald Reagan). Reproduzo abaixo um gráfico da Curva de Laffer:

Se a alíquota do governo for 0 o governo não arrecada tributos. De modo igual se fosse 100% a arrecadação também seria nula porque não haveria estímulo à produção. Esse T* que aparece aí é a alíquota ótima, ou seja, aquela que maximiza a arrecadação. Além dela, a arrecadação cai porque haverá sonegação, por exemplo.

Armínio “Praga” jogou fora seus conhecimentos para defender aumento da tributação. Essa visão é estreita demais para que aquele que tem algum nível de inteligência. O governo anterior mostrou ser possível aumentar arrecadação com isenção de impostos. “Praga” declarou voto em Lula no segundo turno, ou seja, mais do que ser contra Bolsonaro ele se colocou contra um modelo econômico que vinha dando certo, preferiu outro inexistente. Quando ficou claro que a meta do governo era furar o teto da PEC 95, “Praga” foi a público dizer que “estava preocupado” com as diretrizes do governo na área fiscal e que o teto não deveria ser desrespeitado. Como diz, geralmente, o educado Maurino Júnior: “Armínio, vai tomar no olho do fiofó!”. Guedes conseguiu fazer alguma coisa no social, conseguiu pagar auxílio emergencial, etc. respeitando o teto. A “PEC Kamicase”, por exemplo, custou R$ 40 bilhões de reais e foi bancada com dividendos da Petrobras (R$ 24 bilhões) e mais lucro das estatais, devolução de lucros do Banco Central e do BNDES ao Tesouro Nacional.

A sensação que eu fico é que há um conteúdo de inveja fora do comum nesses caras. Eles não são capazes de aceitar o sucesso de alguém. Essa é a famosa turma do quanto pior melhor. O que eu acho mais engraçado é o cara tentando justificar a merda que fez. Não tem argumento, não tem explicação, mas o cara fica lá posando de sabichão. Enquanto a Ciência Econômica for usada para atender demandas eleitoreiras, será difícil um consenso. Essa ciência tem por base alocar recursos de forma ótima de modo que seja maximizado o bem estar social. Tudo que eu queria é que isso fosse feito de forma técnica, sem viés político.

Em breve trarei aqui algumas máximas dos economistas, mas utilizando o exemplo de Fama e Schiller que ganharam Nobel defendendo coisas antagônicas, cito as duas leis da Economia: 1ª Lei: Para cada economista sempre existe pelo menos um que pensa o contrário; 2ª Lei: Ambos estão errados.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

O DESTINO DO POSEIDON

O SS Poseidon era um navio de ficção que numa viagem de final de ano, 29 de dezembro de 1968, virou devido a um maremoto. Vi este filme algumas vezes na TV aberta e, um dia desses, na SKY. De uma porrada de gente que curtia a viagem neste transatlântico, apenas dez passageiros conseguiram sobreviver. Guardadas as devidas proporções, tudo indica que embarcamos no Poseidon brasileiro em 31/10/2022. Não quero ser “profeta do apocalipse”, como diz Raul Seixas, mas a economia vive de sinalização e os sinais emitidos desde aquela data possuem menos alcance que os sinais de fumaça usados pelos índios nos filmes de faroeste.

O ano começou com uma inquietação das empresas fora de qualquer escopo esperado. A impressão que tenho é que estamos naquelas montanhas russas radicais, verticais, com 110 metros de altura que nos faz chegar ao solo com velocidade aproximada de 57 m/s, isto é, 203 km/h. Começamos o ano perdendo empregos formais, com empresas saindo do mercado, ou reduzindo sua participação, e a gente pode apontar algumas razões simples para isso, sendo a primeira delas, a absoluta falta de confiança na economia brasileira em 2023 e o motivo, mais do que claro, é a opção do atual governo em favorecer a distribuição de renda, com dinheiro que não tem, ao invés de fortalecer o sistema produtivo para gerar emprego, renda e dignidade.

Não custa lembrar que tivemos empresas encerrando suas atividades como o caso da Ford, em janeiro de 2022, mas um ano antes ela tinha sinalizado que deixaria o Brasil. Qual o motivo básico? O mesmo motivo que está fazendo a WHB Automotive, localizada no município de Glória do Goitá, aqui em Pernambuco, também encerrar suas atividades após dez anos. O mesmo motivo que fez, no passado, diversas empresas localizadas nos polos industrial de Paulista e do Curado, região metropolitana do Recife, encerrar suas atividades. Estou falando de empresas como Philips, Romi, Tintas Coral, Hering, Pirelli, etc.

As empresas citadas receberam incentivos fiscais para se instalar no Nordeste. Quem é mais velho deve se lembrar da briga de Antônio Carlos Magalhães com o governo gaúcho para instalar a Ford na Bahia. A empresa recebeu isenção de muita coisa, teve terreno doado em consignação, a porra a quatro. Acabou o período de incentivos, os custos de produção ficam no mesmo patamar dos custos de produção da unidade de São Paulo e com um agravante de que o Nordeste fica mais distante do mercado consumidor. Sai do mercado e pronto. O desemprego é responsabilidade do governo e não dela. Os incentivos da WHB eram de dez anos. Coincidência? Não.

O caso mais emblemático desse início de ano, sem dúvidas, é o das Lojas Americanas. Nos primeiros dias do ano, o cara que ia assumir o controle gerencial das Americanas descobre um rombo de R$ 20 bilhões no balanço. Os balanços de uma empresa retratam o passado e como eles são fechados, definitivamente, até março do ano seguinte, o rombo das Americanas vai se ampliar muito. Trata-se de uma fraude, resta saber quando começou porque um rombo de pelo menos R$ 40 bilhões não dá para ser cavado num período de um ano sem que chame a atenção. Não é como prêmio de mega sena acumulada que o cara pode ficar rico num minuto. A ideia era simples: mascara o endividamento bancário na conta de fornecedores porque isso possibilita a obtenção de novos empréstimos bancários para financiamento do capital de giro. Dá-se início ao chamado “efeito Ponzi”, onde se paga uma dívida um banco com dinheiro emprestado por outro. Mesmo a gente voltando para o período da pandemia, alguns dos casos em questão não indicam que tudo começou no ano passado. A DOK que atua no ramo de calçados tem um rombo de R$ 400 milhões. É muito para ser sacado em apenas um ano.

Essas lojas de departamentos possuem uma característica comum: o custo operacional é muito alto. Algumas vezes chega a ser mais de 70% da receita bruta porque eles compram tudo que vendem. Algumas vezes determinado produto não tem o giro necessário para fazer caixa e quase todas elas são lojas âncoras dos grandes shoppings centers, cujo metro quadrado é caro, e elas ocupam um espaço gigantesco. Então, possuem também custos administrativos elevados e isso compromete a margem de lucro (uma empresa bem administrada pode chegar a uma margem de 10%, mas…).

Durante a pandemia as empresas tiveram custos e não tiveram receitas suficientes para cobri-los. De onde vai tirar recursos? Uma opção é retirar das reservas de lucros, mas isso é perigoso porque menos lucro afasta o acionista. Pode vender imobilizado, mas isso também chama a atenção porque seria um indicativo de necessidade de caixa urgente. Pode reconhecer o prejuízo e aumentar o capital social, mas o é melhor é maquiar o balanço que aguenta tudo, até mesmo emitir notas fiscais frias para gerar “recebíveis” e demonstrar pujança financeira. Além do mais, ninguém vai preso. Nem os técnicos de auditoria que atestam a lisura dos dados contábeis. A PwC Auditoria era responsável pelo parecer dos balanços da Petrobras e também das Americanas. Só pelo caso da Petrobras, já deveriam ter o registro cassado pelo conselho.

Uma coisa que está passando despercebida é que o governo estourou o teto dos gastos para pagar R$ 600,00 de Bolsa Família. Não se fala em orçamento para seguro desemprego e com a tendência de alta, alguém precisa explicar com quais recursos essa política será aplicada.

A desconfiança com a economia brasileira ajuda esse cenário nefasto. Um governo sem política econômica, acusando o governo anterior de ter deixado um rombo de R$ 300 bilhões quando isso se trata de renúncia fiscal – e apesar dela, o Brasil aumentou a arrecadação. O presidente já sinalizou que prefere uma taxa de inflação maior e se não fosse a autonomia do banco central, que ele diz ser bobagem, pode crer que o macaco adestrado que estaria na cadeira de presidente faria tudo pra atender. Crescimento Econômico com inflação é coisa de Delfim Neto e o que interessa é o crescimento real, ou seja, aquele descontado da inflação. Precisa ser muito filho da puta pra desejar inflação que afeta mais intensamente quem é pobre ou que está fora da força de trabalho.

Trocou-se os instrumentos afinados de uma orquestra e contrataram músicos que não sabem ler uma partitura, tocam apenas de ouvido, ou como se diz aqui no Nordeste “emprenham pelo ouvido”. Essa orquestra está animando o salão de festas do Poseidon, sem ser uma ficção. Será que irão escapar 50,9% dos passageiros?

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

REVANCHISMO, SIM!

Uma das coisas que falei sobre a volta de Lula ao poder foi o sentimento de vingança que ele iria exercer quando tivesse com o poder na mão e com os asseclas à disposição. Já eleito ele disse: “Não vou me vingar, mas não me peçam para esquecer”. Esquecer, certamente, não é o caso, mas quanto à vingança, os atos praticados desde nestes primeiros dias de governo indicam que não teremos paz e harmonia neste Brasil varonil.

Tenho dito, diversas vezes, que empresários como o “Veio da Havan” passariam a ser alvo fácil desse governo. Não será surpresa para mim se a Havan começar a ser visitada por fiscais da receita, do ministério do trabalho, etc. em busca do mínimo erro – repare bem: não precisa ser fraude, basta ser um erro – para que multas e mais multas sejam aplicadas. Salvo engano, a Havan empregou venezuelanos que fugiram do país e se abrigaram aqui na operação “Acolhimento”. Basta um desses não ter sua documentação legalizada com visto de trabalho para a Havan ser condenada. Francamente, no lugar desses empresários que apoiaram Bolsonaro, o caminho mais sensato é o aeroporto. Fecha tudo, paga indenização a todo mundo e pega o beco. Deixa o onipotente presidente empregar tudo mundo ou colocar todo mundo no “bolsa família”.

A vingança de Lula não virá da ação direta de suas mãos. Lula vai encomendar como se faz quando se contratam pistoleiros para eliminar adversários. A vingança não virá da ação direta dele, mas do apoio legal que ele terá para prender, investigar, mapear todos que em algum momento se colocaram contra sua pessoa ou de alguém de sua família. Vejam o caso da prisão do Anderson Torres. O cara estava fora do Brasil. Tinha um secretário em exercício e foi expedida uma ordem de prisão contra ele. Com base em qual preceito jurídico? Não importa. O que importa é que vamos colocar em polvorosa os seguidores, a partir da prisão das pessoas no entorno de Bolsonaro.

O lado negro da força está se revelando de uma forma sútil e absurda: qualquer pessoa que teça algum comentário a favor das manifestações, entendidas e divulgadas como atos antidemocráticos, é exonerada quando funcionário público e é nesse ponto que eu vejo o conflito do discurso vazio. Todo mundo diz que a importância do funcionário público é que ele pode denunciar sem correr o risco de demissão, mas eu estou vendo funcionários públicos sendo exonerados por participar dos atos “antidemocráticos”. Eu estou vendo parlamentares com a imunidade parlamentar jogada no lixo, estou vendo jornalistas, comentaristas políticos com suas redes sociais suspensas porque se colocaram contra as decisões judiciais das nossas cortes.

O mais irônico é que a volta de Lula será o “resgate da democracia”, seja lá o que porra isso signifique. Na sua megalomania onipotente, Lula falou sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia dizendo que colocaria num bar os dois presidentes e depois de umas seis cervejas a guerra acabava. O cara está demonstrando ser incapaz de harmonizar o país porque seu pensamento está voltado para perseguir e não para governar a nação – que inclui aliados ou não.

Um congresso amoral, incapaz e colocado de joelhos perante decisões judiciais que vê, sem um mínimo movimento de protesto, o judiciário governar, ditar leis, invadir as prerrogativas dos outros poderes. Eu sinto vergonha disso tudo, mas não deixo de reconhecer que o maior culpado é o eleitor que vota em canalhas, em corruptos. Forma-se um congresso com deputados dos quais 2/3 possuem processos por improbidade administrativa. Qual a força que essa gente tem para se impor perante uma decisão, mesmo monocrática, do STF? Nenhuma. Proteste que seu processo anda. Um país que elege Renan Calheiros não é digno de porra nenhuma.

A sensação que tenho é que estamos sentados num barril de pólvora. Para mim, Lula continuará afastado do povo porque onde ele for será sempre chamado de ladrão. Contato apenas com plateias simpáticas, escolhidas a dedo como claque de auditório pronta para aplaudir qualquer comentário. Em fevereiro nós temos o início de uma nova legislatura. Temos uma disputa para a presidência das casas e gostaria de ver outro nome mais digno do que o de Rodrigo Pacheco na presidência. Precisamos de alguém que cumpra a constituição. Que seja capaz de pautar o impeachment de ministros do STF que há muito merecem isso, pelo desrespeito que causam ao país e a constituição. Não falo isso por revanchismo, mas os ministros violaram em diversos momentos, a constituição.

Os dias serão difíceis, mas talvez a implosão seja uma eventual prisão de Bolsonaro. Se foram capazes de prender Anderson Torres que estava licenciado do cargo, talvez imaginem que estender este ato a Bolsonaro seja fácil. Ele chamou Lula de ex-presidiário, então mesmo que não haja tipificação de crime, prendê-lo seria dar a Lula o gostinho de devolver a agressão. O Brasil não tem mais um sistema presidencialista. Tem um sistema de governo, revanchista.

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

SERÁ O PRINCÍPIO DO FIM?

Desde o resultado da eleição de outubro passado que deixei de fazer publicações no facebook. Entendi que meus comentários, meus alertas, etc. não foram suficientes para convencer os leitores, e eleitores, que a volta de Lula ao governo seria o caos absoluto para o país. Limitei minhas publicações a curtidas em comentários alheios, quando concordo e não sei por quanto tempo ficarei assim. A maioria dos eleitores, precisamente 50,9% deles, disseram sim a Lula e eu vivo pensando em estratégias de sobrevivência. Democracia é isso: uma maioria toma uma decisão que vai de encontro aos interesses da minoria, mesmo quando esta está coberta de razão.

Não é de agora que critico a atuação do STF. Fiz vários comentários no facebook, cheguei a nominar tal corte como “cabaré de Nita” em referência um famoso caberá da minha cidade, falei sobre violações constitucionais dos “guardiões da democracia” como no caso dos direitos políticos, não cassados, de Dilma, falei sobre o vergonhoso voto de Gilmar para manter nos cargos Rodrigo Maia e Alcolumbre numa flagrante violação constitucional (o cara foi capaz de escrever que “mesmo ao arrepio da lei” era possível prorrogar os mandatos dessa dupla de cafajeste nas mesas diretoras do congresso) e de outras prerrogativas mais. Usei meu direito de expressão porque tinha a sensação que era uma garantia constitucional. Fiquei chocado em ouvir professores universitários proclamarem que “direito de expressão tem limite”, não no contexto de que tal limite seria a própria lei baseada na tipificação de crimes de injúria, calúnia e difamação, mas na interpretação de um juiz, ou seja, cabe ao juiz definir o que é e o que não é direito de expressão. Francamente, nunca vi isso em nenhuma democracia.

Diz, e muitas vezes, que criaram um novo Tratado de Tordesilhas. Dividiram o Brasil em dois grupos: democrático e antidemocrático. O primeiro é eleitor da esquerda que nunca levantou a voz contra a ingerência do STF nos demais poderes. Que prega democracia, mas que apoia Maduro, Ortega, Evo Morales e que é visto pelo Papa Francisco como a reencarnação do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. O segundo grupo é composto por pessoas que se cansaram da roubalheira democrática e da proteção da justiça a políticos desgraçadamente corruptos.

A interferência do STF no executivo, por exemplo, levou às ruas, em diversas ocasiões (primeiro de maio, sete de setembro, etc) milhares de pessoas no Brasil inteiro e de forma absolutamente ordeira e com a participação de idosos e crianças. Em todos os momentos estas pessoas foram tratadas pela mídia, e pela justiça, como antidemocráticos. Todos os atos eram tratados como antidemocráticos, como se o desejo de cada – mesmo que fosse pelo fechamento do STF ou do congresso – não pudesse ser externado! É aqui que entra o paradoxo com a liberdade de expressão. Qualquer um tem o direito de falar o que quer, mas sabendo que há direito de resposta com pena proporcional ao dano. É isto que diz a porra da constituição brasileira.

Um dos maiores casos de liberdade de expressão que conheço se refere a David Irving. Esse inglês publicou vários livros negando o holocausto – vejam que tema sensível – e processou uma editora que publicou um livro de uma escritora americana chamada Deborah Lipstadt, uma historiadora do holocausto. Esse caso foi retratado no filme Negação, de 2016, e é interessante olhar o debate. Irving perdeu a causa, teve que pagar multa e a corte entendeu que a teoria constante nos seus livros era equivocada e por isso não deveria ser propagada. Deu-se a ele o amplo direito de defesa. Suas ideias foram rechaçadas, mas ele teve o direito de expor seus argumentos sem um julgamento prévio e sem parcialidade por parte dos julgadores.

Eu vejo o Brasil num cenário diametralmente oposto. Ao longo da campanha foi proibido chamar Lula de ladrão. As cortes mais altas desse país chegaram ao ridículo de considerar que mesmo que tudo tenha sido dito com base em inquéritos da Polícia Federal, o uso poderia influenciar o eleitor. É nunca vi isso em toda minha vida, exceto em ditaduras.

O encadeamento de tantas ações chegou a ponto crítico que basta um peteleco para explodir e no meu entendimento a culpa é, única e exclusivamente, do ELEITOR. Esse cara vota em pessoas cacheadas por processos de diversas gravidades. Elegeram Helder Barbalho, Renan Calheiros, Flávio Dino, Fátima Bezerra, etc. Elegeram um congresso incapaz, moralmente, de se impor diante do judiciário e com isso permitiu que as cartas fossem ditadas por pessoas que não representam os anseios da população porque não foram votadas. Estão ali por pura indicação e interesse político.

Como já referido, achei muito estranho que essa depredação do congresso e STF tenha sido feito por pessoas que passaram 4 anos indo às ruas de forma ordeira. Cada concentração via-se o resultado: nenhum pneu queimado, nenhuma bandeira queimada, nenhuma vidraça quebrada, nenhum muro pichado. De repente, uma fúria animalesca tomou conta de jovens, velhos e crianças acampadas e eles partiram para essa dimensão de violência. Nas redes sociais surgiram vídeos de pessoas presas pelos próprios “terroristas” que são chamados de “infiltrados” ou “desbotados”. Eu vi a reprodução do diálogo entre o secretário de segurança em exercício do Distrito Federal com o governador. As palavras mostram que se tratava de uma manifestação pacífica. Eu sou favorável a que se investigue. Punir sem investigar como está sendo feito, só lança mais dúvida sobre o estado democrático.

Uma das coisas que falei também foi sobre o fato de termos um presidente que só pode se reunir com plateias escolhidas. Lula não tem a menor capacidade de enfrentar a população, pois onde quer que vá, será sempre chamado de ladrão. Resta saber se uma pessoa que considera Lula ladrão é terrorista porque se for, a melhor alternativa a quem pensa assim é procurar a delegacia mais próxima da polícia federal e se entregar, voluntariamente. Alexandre de Morais disse que havia ainda muita gente para prender, então eu acredito que a melhor forma de protesto é todo mundo indo, calmamente, para se entregar. Ao invés de acampar na frente dos quarteis, que se ocupem os pátios das delegacias da PF. Passaremos a chamar Alexandre de Morais de POVO para que se justifique o preceito constitucional de que “todo poder emana do POVO”.

Finalmente, com a vitória de Lula veio consequências econômicas que todos nós sabíamos que iria acontecer. A decisão de desrespeitar o teto dos gastos vai levar o país a uma encruzilhada: aumentar impostos para cobrir os gastos, aumentar a a taxa de juros para atrair recursos e rolar a dívida “ad infinitum” porque o país não tem de onde tirar grana para pagar a investidores. O governo atual recebeu o país com superávit nas contas públicas, dívida pública reduzida, inflação na casa dos 5% ao ano, taxa de desemprego em 8,4% e lucro nas empresas estatais. Eu duvido muito que consigam manter esse cenário. Se não for o princípio do fim, acredito que começamos a dar nossos passos nessa direção.