Amigos e amigas, eis aqui o meu poema O Picão Roxo, traduzido em libras por Pablo Amorim, que gentilmente aceitou o meu convite para essa empreitada.
Registro feito por Fernando Assumpção .
Poetas e poetisas, como vocês ficaram enternecidos com o fiofó da galinha, eu resolvi editar e postar a penosa ciranda de versos.
* * *
Um dia uma galinha
Com pena do fiofó
Pediu suplicou a Deus
Que dela tivesse dó
Em tom de lamentação
Fez sua reclamação
Com seu cocorococó:
Senhor Jesus, me socorra
Pois estou numa pior
Meu fiofó é pequeno
Não podia ser menor
Quero ver se lhe comovo
Diminua o meu ovo
Ou me dê um cu maior.
Dalinha Catunda
Então, Jesus respondeu:
Tenha santa paciência!!!
O ovo tem que sair
Não venha pedir clemência
Pois quando o galo te pega
O seu cu no dele esfrega
Não sente dor, nem ardência.
Lindicássia Nascimento
O cão como é entremetido
Entrou na conversa toda
Disse: eu não tenho pena
Dona galinha “gaitoda”
Deixe de lamentações
Eu, nas minhas orações
Peço que você se fôda.
Paulo Filho
Jesus não pode atender
Bem difícil tal pedido
Outro cu mandar fazer
Maiorzinho, pois duvido
Faria tudo de novo
Pra sair melhor um ovo
Limpinho não espremido.
Dulce Esteves
Quando o pinto nasce grande
Galinha fica feliz
Porém quando é o ovo
Pobrezinha, se maldiz
Quieta dona galinha
Pois foi assim que Deus quis
Euza Nascimento
A galinha era esperta
O galo era um carijó
Ela disse hoje eu não quero
Fazer o cocoricó
Fingiu que tava doente
Mas o galo botou quente
Pois ela era o seu xodó
Foi enorme o rebuliço
Corre-corre no terreiro
Carijó já foi dizendo
Sou chefe do galinheiro
Armo o maior quiproquó
Mas só quero um fiofó
E saiu bem sorrateiro.
Rivamoura Teixeira
Jesus falou irritado,
Você vai compreender,
Se você quiser trocar,
Eu vou já lhe atender,
Seu ovo com avestruz,
A galinha disse: Jesus,
Eu só vim agradecer.
Joab Nascimento
Dona penosa queria
Ser grande como uma vaca
Foi rejeitado o pedido
Da pintadinha babaca
Pra acabar a agonia
Tem que fazer cirurgia
Pra dilatar a cloaca
Araquém Vasconcelos
A galinha teve inveja
Da codorna, sua vizinha
Mas seu pedido não foi
Atendido, pois não tinha
A tal possibilidade
Porque Deus quis na verdade
Que ela nascesse galinha.
Vivaldo Araújo
Rejeitado seu pedido
A coitada da galinha
Com fiofó distendido
Sofria ela sozinha
Botar ovos todo dia
Era grande à agonia
Da penosa de Dalinha.
Dulce Esteves
Vai ver que a galinha quer
Se transformar em codorna
Só assim para o seu fundo
Tudo mais fácil se torna.
Mas a codorna tadinha
Nunca quer ser uma galinha
O ovo não sai retorna!
Gerardo Carvalho Pardal
Mas Jesus, mestre dos mestres,
Como sempre, ensinando,
Convenceu tanto a galinha,
E ela ficou escutando…
Agora vive feliz,
De nada mais se maldiz,
Dá o cu e sai cantando.
Anilda Figueiredo
Quantos cus tem a galinha,
Pra suportar tanta dor?
Agora tá explicado
Porque faz tanto clamor;
É a dor do ovo duro
Ao sair pelo seu furo
Sem ter lubrificador.
Arimatéa Sales.
Não sou de meter o dedo
Onde eu não sou chamado
Mas no tema do franzido
É preciso ter cuidado
Vai que nessa confusão
Deus nos bote na questão
E o nosso for trocado?!
Giovanni Arruda
Foi o jeito eu editar
Pra obra ficar completa
O fiofó da galinha
Animou cada poeta
E eu aqui com cu na mão
Para fazer a edição
Não pude tirar da reta!
Dalinha Catunda
Mote desta colunista:
Mãe, precursora da luz
Que nossa vida alumia
São nove meses gestante,
São dias de muita espera,
No palácio ou na tapera,
A mulher é importante!
Se a vida segue adiante,
Tem ela nessa magia,
Parindo feito Maria!
A Santa Mãe de Jesus:
Mãe, precursora da luz
Que nossa vida alumia.
* * *
A Feira de São Cristóvão
É para quem tem memória.
Começou com retirantes
A suada trajetória.
Foi o bravo nordestino,
Quem a feira deu destino,
Plantou e colheu história.
Essa feira que era livre,
Um dia foi confinada.
Agora querem que a feira,
Seja, já, privatizada!
Lá se vai nossa cultura…
E se a luta não for dura!
Dela não vai sobrar nada.
Santini e eu
O Santini é uma lenda,
Nas páginas do cordel.
Canta, conta tudo em versos,
Com ares de menestrel.
A galera fica atenta,
Ao pandeiro e a vestimenta,
Que dão vida ao seu papel!
Dalinha Catunda
Minha amiga Dalinha
Catunda, grande poeta,
Puxando verso na linha,
Tem na mente grande meta:
Fazer o verso entoar
Sua fala, ecoar …
Na rima que se completa
Edmilson Santini
Saiba mais sobre Edmilson Santini clicando aqui
Maria Mãe de Jesus,
eu vos peço inspiração
para cantar as Marias,
no transcorrer da oração.
As Marias cordelistas
que, com as suas conquistas,
brilham na congregação.
E foi Maria das Neves,
a Batista Pimentel
que, usando nome de homem,
tirou o seu do papel.
Com o marido fez plano,
como Altino Alagoano,
deu autoria ao cordel.
Eu sou Maria de Lourdes,
meus versos têm tradição,
filha de Maria Neuza,
poetisa do sertão,
meu codinome é Dalinha,
e cordel “top de linha”
tenho em minha produção.
Maria Rosário Pinto,
essa mulher cordelista
vive no Rio de Janeiro,
do cordel é ativista,
é poetisa atuante
leva o cordel adiante,
tem sempre um projeto à vista.
Faz parte da brincadeira
Entrar na glosa e mentir
Mote desta colunista
Com vontade de trepar,
Trepei num mandacaru,
Depois num pé de caju,
E trepei, sem me arranhar!
Conto sem pestanejar,
Sem tremer pra garantir,
Pois sou mulher de assumir,
Como já fez Zé Limeira:
Faz parte da brincadeira
Entrar na glosa e mentir.
Quem põe as cartas na mesa
Não causa desilusão
Não golpeia uma amizade
Não fere um coração
Não mancha seu nome à toa
Não engana, não magoa
Pois marca sua posição.
Quem joga limpo na vida
Porta aberta sempre deixa
Demostra ter hombridade
Não deixa brecha pra queixa
Preza o nome que carrega
Não finge não escorrega
No estilo não desleixa.
Amizade é coisa rara
Que se deve conservar
Mas quando fica arranhada
É difícil cultivar
É como um vaso quebrado
Que mesmo sendo colado
As marcas irão ficar.
Versifico meu apelo
Meu grito vivo de alerta
Cada verso é incisivo
Indicando a rota certa:
Águas que contam histórias
Que fazem as trajetórias
Pra vida não ser deserta.
Bastinha Job
Cada rio, cada fonte.
É vida pro cidadão
Mas que desatentamente
Motiva a poluição
Porém sem raciocinar
Acaba por provocar
A própria destruição.
Dalinha Catunda
Bastinha e Dalinha
Eu sou mulher sertaneja!
Feminina e singular
O agreste me batizou
Mas fiz do mundo meu lar
Açoites patriarcais
Não me podaram jamais
Lutei pra me libertar.
Nunca fui igual a tantas
Aceitando imposição
Tinha o olhar aguçado
Tinha rumo e direção
Do meu jeito nordestino
Sem drama sem desatino
Segui cheia de razão.
Não fui mulher de ficar
Debruçada na janela
Eu queria muito mais
Vi que a vida dava trela
Na janela não fiquei
A porta eu escancarei
E joguei fora a tramela.
Uma estrada desenhei
Do jeitinho que eu queria
Nela pisei com firmeza
Distribuindo alegria
As veredas da tristeza
Enfrentei sem ter moleza
Recorrendo a rebeldia
Receio de ser feliz
Não provei no meu caminho
Fui ave de ribaçã
Trocando às vezes de ninho
longe do velho rincão
Eu desbravei novo chão
Sem sumir no torvelinho.
As pragas que me jogaram
Voltaram pra quem jogou
Eram tantas profecias
Nenhuma se confirmou
E hoje vou lhes dizer
Não parti pra me perder
Quem me viu depois notou.