Admiro muitíssimo quem sabe pensar, pautando-me frequentemente por reflexões de sábios de um antigamente que ainda hoje jorra luzes sementeiras sobre uma pós-modernidade que está a necessitar de amplos conhecimentos humanísticos que fortaleçam o binômio tecnologia x humanismo, impossibilitando uma robotização do ser humano, hoje hipnotizado e meio por redes eletrônicas muitas vezes não relacionadas com uma dignidade comportamental compatível com a caminhada de muitos milhões de milhões.
Respeito intensamente todas as crenças religiosas, tenho amigos queridos que são agnósticos em graus diversos. Possuo parentes de diferentes gêneros sexuais que são profissionais aplaudidos e de famílias respeitadas, parabenizando intensamente os que sabem pensar com racionalidades convincentes, sempre distanciados dos que apenas ruminam verbostagias que apenas iludem os aloprados mentais de nulificantes níveis culturais, apenas de olhos voltados para joias trazidas do exterior, pouco se importando com os pagamentos devidos das taxas alfandegárias.
Outro dia, numa reunião familiar, um primo muito querido, o Edinho, me perguntou se eu já tinha lido algumas reflexões do imperador Marco Aurélio Antônio (121-180 d.C.), o romano imperador filósofo responsável pelo apogeu histórico do Império, que tinha recebido, infância e adolescência, uma excelente educação, tendo estudado retórica e poesia com Herodes Ático e Cornélio Frontão, sendo convertido ao estoicismo por Diogneto, dedicando então sua caminhada ao estudo da filosofia e do direito.
Suas Meditações, escritas em grego por causa do necessário vocabular ainda não traduzido pelo latim de então, até hoje servem de esteio para debates pensantes de níveis compatíveis com as exigências da pós-modernidade evolucionária. Enviei para o Edinho algumas das reflexões do Marco Aurélio que tinha anotado num caderno de poucas folhas, encarecendo ao primo querido a distribuição delas em seu ambiente técnico de trabalho, voltado regimentalmente para o desenvolvimento urbano da amada capital pernambucana, Recife. Eis cinco das meditações enviadas:
a. “Por que te deixas levar pelas circunstâncias exteriores? Reserva para ti um momento de sossego para apreender a natureza do Bem e refreia tua agitação.”
b. “Considera sempre que o Universo é um organismo vivo, que possui uma única substância e uma única alma; e que todas as coisas estão submetidas a uma só percepção deste todo; que tudo é movido por um único impulso e tudo toma parte em tudo o que acontece. E repara quão intrincada e completa é essa trama.”
c. “Se alguém me mostrar e me provar que estou errado em pensamento ou conduta, de bom grado mudarei. Pois eu busco a verdade, que nunca prejudicou a ninguém. O que prejudica é persistir no erro e na ignorância.”
d. “Que o futuro não te perturbe. Tu chegarás lá, se for preciso, levando consigo a mesma razão da qual te serves agora para as tarefas presentes.”
e. “Não se limite mais a respirar o ar que te circunda, mas participa a partir de agora da sabedoria da Inteligência que governa todas as coisas, pois a faculdade inteligente não está espalhada por toda parte e não se insinua a não ser nos seres em que é capaz de penetrar, assim como o ar com os que respiram.”
Construamos horizontes mais abertos para todos aqueles que buscam sair de uma vida sem pensação para uma vida repleta de múltiplas esperanças.
Saibamos declinar, sem ruminações e com múltiplas enxergâncias racionais, o verbo ESPERANÇAR!!