Dia das Mães: segundo domingo de maio.

Hoje cedo Chupicleide, a inxirida secretária de redação desta gazeta escrota, fez um vale de adiantamento do salário deste mês de maio.
Isso por conta das doações feitas nos últimos dias pelos fubânicos Joab M., Violante Pimentel, Reynaldo Nabuco, A.J.S, Júlio Sidarta, Mario do Couto, Maria de Fátima Pereira e José Inácio Cunha,
Grato a todos vocês que contribuem para cobrirmos as despesas com a hospedagem e a manutenção deste jornaleco, serviços prestado pela empresa Bartolomeu Silva.
Além, é claro, do salário de Chupicleide.
E, atendendo a um pedido dela, fecho a postagem com uma composição que ela adora e que tem o sugestivo título de “Só Gosto de Tudo Grande“.
Ô sujetinha safada!
Uma interpretação da saudosa artista pernambucana Marinês.
Um excelente final de semana para toda a comunidade fubânica!!!
Ontem, 1º de maio, a coluna A Hora da Poesia, aqui no JBF e assinada por Pedro Malta, publicou um poema do meu saudoso amigo Orlando Tejo. Um soneto magnífico, como era tudo que Tejo produzia.
Tejo é um ícone, uma figura lendária da Nação Nordestina, autor do clássifo “Zé Limeira, o Poeta do Absurdo”.
Uma figura humana fantástica, com quem tive o privilégio de conviver intensamente.
Pois aí, quando recebi a coluna do Malta, me lembrei de um texto que escrevi nos anos 80 do século passado, e que rodou muito pra tudo quanto é lado.
Um texto que conta um caso assucedido entre nós dois.
Este que está a seguir.
* * *
ORLANDO TEJO E O AGIOTA
Era manhã de segunda-feira e Orlando Tejo invadiu minha sala num aperreio que não era de seu costume.
– Berto, tô encalacrado.
Não sei se vocês sabem, mas Orlando Tejo é o sujeito mais calmo e descansado desse mundo, incapaz de se aperrear até dentro de uma casa em chamas. Mas naquela manhã, o homem estava mais agoniado do que bacorinho em caçuá.
A tranqüilidade habitual, emoldurada pelas serenas baforadas no cachimbo, fora substituída por um avexamento que, francamente, deixou-me curioso. E largou o seu problema sem mais demoras:
– É o seguinte: o novo gerente da Caixa Econômica é meu leitor e se tornou meu amigo. Assumiu a agência e me deu um cheque especial na sexta-feira. Resultado: já estourei o limite em trinta mil cruzeiros neste fim-de-semana.
Conhecedor da total inabilidade de Orlando para gerir suas finanças, para mim não foi surpresa o estouro no limite do cheque especial. Surpreendente era a velocidade com que isso se dera. Recebera o cheque na sexta-feira e na segunda já estava pendurado. Em verdade, suas habilidades aritméticas limitavam-se à soma das mais alegres lembranças, à subtração de tristezas, à multiplicação da imensa legião de amigos e à divisão de uma ternura e de um lirismo que só mesmo pessoas encantadas como Tejo estão autorizadas a ter.
Expliquei-lhe que estava duro e não poderia ajudá-lo no momento. Estava sendo tão franco quanto, com a mesma franqueza, lhe arranjaria imediatamente a miserável quantia, caso a tivesse, para não vê-lo naquele sufoco. Funcionário público só vê a cor do dinheiro no fim do mês e, por infelicidade, estávamos ainda no início da segunda quinzena. Tentei explicar-lhe isso com tranqüilidade, mas ele parecia insensível a qualquer argumento.
– Mas eu não posso é ficar desmoralizado perante o gerente, que é meu conterrâneo da Paraíba e me deu o cheque especial em confiança, por amor aos meus escritos. Um admirador, em resumo. Vai ser muito chato…
Expliquei-lhe que pessoalmente não podia fazer nada. Mas lembrei-lhe que, como em toda boa repartição pública, a Câmara tinha o seu agiota de plantão para socorrer os desesperados naquelas precisões agoniosas. O anjo da guarda dos necessitados, acudidor de precisões prementes, tão injustamente malhado pelas pessoas gradas, mas capaz de salvar um vivente de um sufoco sem fazer fichas, preencher cadastros, telefonar para o SPC ou exigir promissórias registradas em cartório. E dei a indicação ao Tejo:
– É só você procurar o Canindé.
Já tem alguns anos que lá na minha querida Palmares me fizeram uma homagem, colocando meu nome no batente da escada da Biblioteca Municipal, junto com os nomes de outros escritores da terra.
Me botaram lá em cima, puxando a fila!
Pois aconteceu que na semana passada, dois leitores, dois fãs, dois cabras arretados, tiraram uma foto dando destaque ao nome deste modesto escriba e postaram nas redes.
Um em cima, outro embaixo e eu no meio.
Levei um arrocho arretado dos meus jovens conterrâneos, mas me senti muito bem!!!
Sextou geral.
Tá acabando a semana e hoje é dia de Chupicleide e Bosticler caírem na gandaia.
Eu ouvi os dois combinando agora há pouco pra encher o rabo de cana no final do expediente.
A farra vai ser no Bar da Caceta, no Alto do Mandu, aqui perto da redação desta gazeta escrota.
Os dois estavam felizes que só a peste por conta das doações feitas nos últimos dias pelos leitores fubânicos, através do novo sistema do Pix, esta invenção arretada que tem facilitado demais a vida do povão. (pix.jornalbf@gmail.com)
Nossa inxirida secretária de redação manda um xêro carinhoso para os fubânicos Luiz Francisco, Áurea Regina, Sylvio Santigo, Maria de Fátima Pereira, Nezilma Batista, João Matias dos Reis, Rubens Lucena, Marluce Santigo e Arnaldo Duque Farias.
Pra fechar a postagem e embelezar a nossa sexta-feira, vamos ouvir a composição Isso Vale um Abraço, uma música da autoria do meu querido amigo Maciel Melo, um dos maiores nomes da Nação Nordestina na atualidade.
Um poeta inspirado, um artista talentoso, um cabra arretado.
Isso vale um abraço, Maciel !!!
Um texto publicado em maio de 2021
* * *
Ontem Aline estava futucando nos meus arquivos de fotos antigas a meu pedido.
Pra ver se encontrava uma foto minha com Seu Luiz, meu saudoso pai.
E lá pelas tantas ela me perguntou quem era essa belezura ao meu lado:
E eu informei que era o escritor russo Boris Zakhoder.
Esta foto foi feita nos anos 80 do século passado, quando participei do IWP, o International Writing Program, promovido pela Universidade de Iowa, lá nos Zistados Zunidos. Um programa composto por muito eventos, debates e conferências, que contou com a participação de um grupo de escritores de todos os continentes e durante o qual fiz imorredouras amizades.
Este editor, inxirido e metido a besta, foi lá a convite do governo americano. Convite feito através da embaixada no Brasil.
Os zamericanos devem ter achado minha carinha linda e inventaram de me botar na lista.
Daqui da América do Sul, só eu e o argentino Carlos Gardini, de quem me tornei amigo e que encantou-se em 2017.
Foi uma mordomia arretada que durou vários meses e que contou com muitas viagens de todo o grupo lá dentro daquele imenso país. Nova Iorque, Los Angeles, São Francisco, Nova Orleans e Chicago, entre várias outras, foram algumas das cidades pra onde nos levaram
Pois voltando ao Boris da foto lá de cima, quero dizer que se trata de um importante autor da literatura russa infanto-juvenil e foi quem traduziu do inglês para o russo o clássico “Alice no País das Maravilhas”. Não aprendi nada sobre a literatura do seu país e nem tive muito tempo de conversar com ele sobre literatura brasileira porque nossos encontros se resumiam apenas a um incessante consumo de vodca e de cachaça.
Do mesmo jeito que eu, o escritor russo trouxera em sua bagagem a bebida nacional do seu país a fim de enfrentar os quatro longos meses que teríamos pela frente na terra dos americanos.
Conheci este simpático sujeito quando se estava ainda nos primórdios do governo Gorbachov que, em boa hora e já tardando, deu início à Perestroika e à Glassnot, palavras russas que significam, respectivamente, reestruturação e transparência.
E, graças a isso, o carcomido e jurássico comunismo soviético foi solenemente sepultado, dando início a um novo período na história do mundo.
E foi em consequência desta política que um ansioso Boris, com a permissão do governo do seu país, pôde viajar para os EUA e participar do evento. O programa já havia tentado várias vezes trazer um russo para participar do seminário, mas sempre sem sucesso, graças ao tenebroso cagaço que os comunistas sempre tiveram de ar puro, de liberdade de expressão, de conversa franca e de pensamento livre.
Pois bem. Eu não esqueço nunca do ar maravilhado que Boris fazia sempre que estávamos tirando cópias xerográficas dos nossos trabalhos e escritos, no Departamento de Letras da universidade onde se realizava o seminário.
Um dia ele me disse bem sério, apontando a copiadora xerox: “No meu país, é impossível alguém ou alguma instituição como esta aqui ter uma máquina dessas, capaz de fazer cópias e multiplicar ideias. O governo não permite”.
E eu achei essa informação fantástica, bem reveladora da paranoia em que mergulham as tiranias no que diz respeito à transmissão de ideias que não sejam exatamente as oficiais. Uma máquina de fazer cópias na antiga Rússia comunista deveria provocar o mesmo pavor que um obsoleto mimeógrafo causa nos dias de hoje em Havana.
Curioso, fui pesquisar na internet sobre o meu estimado amigo e descobri que ele havia se encantado em novembro de 2000, aos 82 anos de idade.
Se aí no infinitivo tiver vodca ou cachaça, tome umas lapadas por mim, meu amigo Boris. Aqui na terra eu estou em abstinência compulsória.
No Wikipedia tem uma página sobre ele.
Cliquem na imagem abaixo para acessar:
Boris Zakhoder (1918-2000)
Texto publicado aqui no JBF em novembro de 2021
Ontem, futucando aqui nos meus arquivos, achei um texto que escrevi em 2006 e que foi publicado na extinta revista A Região, editada em Palmares.
Trata-se de uma crônica que escrevi em homenagem à minha terra de nascença.
Em 2010, este texto foi incluído no livro “Cronistas de Pernambuco“, organizado por Antônio Campos e Luiz Carlos Monteiro, e publicado pela Editora Carpe Diem.
Nesta coletânea, pra minha grande alegria, me botaram no meio de um monte de nomes ilustres, como Carlos Pena Filho, Antonio Maria, Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Gilberto Freyre e Osman Lins, entre vários, entre muitos outros.
Ontem repassei o texto pra minha patota de Palmares pelo zap.
E hoje, só pra me amostrar e dar uma de inxirido, vou reproduzir a crônica aqui no JBF.
* * *
ANOTAÇÕES SOBRE UM CORAÇÃO E UMA TROMBETA
“ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO'” é o título de um livro que fez sucesso há alguns anos no Brasil. É, me parece, o texto de um índio norte-americano sobre a odisséia de seu povo.
Largo essas informações assim imprecisas pelo fato simples de que não cheguei a ler o livro. O que vale para o que aqui discorro, é a profunda impressão que causou em mim este título: ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO. Uma força enorme me atraiu para a beleza da imagem criada pela frase.
É incrível esse coração terno e arrebatado que pede para ser enterrado na curva do rio. Eis aqui o outro mistério da frase, pois nada de mais poético e encantado que uma curva. E, ainda por cima, uma curva de rio. Doce e apaixonado coração que exige não menos que a sinuosidade de uma corrente, possivelmente silenciosa, de onde fitará para sempre, em seu repouso, uma beleza que só mesmo um coração sensível e terno pode divisar.
Acho que só os nascidos ou criados às margens de um rio de interior são capazes de perceber as sutilezas que se escondem atrás do correr das águas num leito que a natureza levou milhões de anos para moldar.
Nos primeiros decênios do século passado havia uma aldeia de índios mansos – onde hoje se ergue a mui digna, leal e hospitaleira cidade dos Palmares – que caçavam em nossas matas e pescavam no Rio Una.
Essa aldeia, embrião da cidade dos Palmares de hoje, recebeu o nome de Trombetas a partir de uma determinada época. A se acreditar nos alfarrábios (e eu não vejo motivo nenhum para duvidar deles), um batalhão passou nas cercanias da aldeia por ocasião da Revolução Praieira e por lá deixou se perder na lama uma trombeta de guerra. Daí o nome do povoado.
Eu pensei nesta trombeta, enterrada por acaso em nossas terras, e me lembrei do coração do índio pedindo para ser enterrado na curva do rio. Quem sabe, a trombeta não estará plantada numa das curvas do Una?
E, pensando nisso, me dei conta de que meu próprio coração está firmemente enraizado não apenas em uma curva, mas em toda a extensão do Una que banha nossa cidade. Fui enterrando-o aos poucos, desde que nasci, nos remansos barrentos de suas margens, até que chegou o dia em que me dei conta de que, por mais longe que fosse, um pedaço de mim estaria para sempre fincado nesse misterioso chão que me serviu de berço.
Possivelmente meu coração sabe o local exato onde foi perdida a trombeta e, com toda certeza, compreende perfeitamente o desejo do coração do índio de ser enterrado na curva do rio do seu povo.
O grande romancista Hermilo Borba Filho dizia que “Palmares é minha marca para toda vida”, porém eu acho que o coração dele é que é mais uma marca plantada numa das curvas do Una. Como o meu coração. Como o coração de todos que se encantam com a magia dessa terra que recebeu um rio de presente, e de um rio que deu vida a essa cidade.
Ao contrário do índio norte-americano, poupo aos pósteros o trabalho de enterrar meu coração numa curva que dê boa vista para a paisagem e tranqüilidade para um bom repouso.
Meu coração já está plantado em algum recanto de margem desse velho Una.
O colaborador fubânico Hélio Crisanto, talentoso poeta potiguar e cuja coluna foi publicada hoje, é da área de saúde.
Trabalha no laboratório do hospital que atendeu o presidente Bolsonaro hoje pela manhã.
Ele me mandou uma mensagem pelo zap dizendo que estava indo pro setor de exames de urgência quando deu de cara com Bolsonaro, acompanhado por uma multidão.
E me mandou essas fotos feitas lá dentro do hospital pela equipe que atendeu o amostrado arrastador de gente.
Ô povo inxirido!!!
Este postagem, com o título aí de cima, foi feita aqui no JBF há quatro anos, no dia 9 de abril de 2021. Vamos recordar.
Nos tempos em que era uma publicação séria, a revista Veja tinha dois grandes nomes entre os seus colunistas: os jornalistas Ricardo Setti e Augusto Nunes.
Naqueles tempos, tempos da primeira fase do JBF, os dois descobriram a existência desta gazeta escrota e, de vez em quando, citavam e indicavam matérias nossas em suas colunas naquela revista.
Clique aqui e veja uma postagem de Augusto Nunes na Veja, feita em março de 2015.
Esta badalação midiática fez crescer enormemente a audiência deste jornaleco e aumentou muito a nossa quantidade de fiéis leitores.
Ontem, futucando em meus arquivos, encontrei esta nota que está a seguir.
Uma postagem de Ricardo Setti em sua coluna na revista Veja, feita há quase uma década, em dezembro de 2012.
Vejam:
Pois é isso mesmo que vocês leram.
Era desse jeito que o Ricardo Setti – atualmente afastado do jornalismo e residindo em Barcelona, na Espanha -, se referia a este Editor e à sua escrotice internética.
Eu ficava ancho que só a porra!
O vídeo citado por Ricardo Setti, que ele gostou e elogiou, é este que está a seguir: