VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

O CHOFER

Antigamente, não se falava em “motorista de táxi”. O que havia era “chofer de praça”. E na praça, concentravam-se os carros de aluguel.

O táxi, propriamente dito, apareceu historicamente quando foram aplicadas taxas à sua utilização, através do taxímetro, aparelho mecânico ou eletrônico, que mede o valor cobrado pelo serviço, com base em uma combinação entre a distância percorrida e a tarifa inicial. Foi inventado no século XIX, pelo alemão Wilhelm Bruhn.

Em Natal, o chofer de praça trajava sempre terno cáqui, camisa branca, gravata preta e sapatos pretos.

Seu Josias era um conhecido chofer de praça de Natal, educado, conversador e simpático, beirando os 60 anos. Era um contador de histórias. Muito supersticioso, não trabalhava no dia em que tinha um sonho mau. Se sonhasse com gato preto, urubu, sapato ou arrancando dente, sabia que, naquele dia, nada para ele ia dar certo, e preferia ficar em casa. Gostava muito de relembrar episódios de sua vida.

Contava que, antes de ser chofer de praça, tinha sido chofer de um caminhão misto e havia feito muitas viagens pelo sertão nordestino, transportando passageiros. Gostava muito da profissão, até que, num certo dia, em plena viagem, um dos passageiros do misto foi acometido de uma tremenda dor-de-barriga e ele viu-se obrigado a parar o carro na estrada, diversas vezes. O passageiro entrava correndo de mato a dentro, para satisfazer suas necessidades e voltava pálido e envergonhado. A viagem, nesse dia, sofrera um atraso enorme, o que o deixou bastante contrariado. Numa das paradas solicitadas pelo passageiro, para ir ao mato, disse seu Josias que também desceu e se dirigiu a uma casinha que avistou ao longe, em busca de alguma “meizinha” que curasse essa infeliz dor-de-barriga do passageiro. Foi recebido por uma velhinha, que lhe perguntou:

– O senhor já experimentou dar o olho da goiaba a ele (o chá)?

Disse seu Josias que não gostou da pergunta e respondeu grosseiramente:

– Se depender disso, esse passageiro pode se acabar pelo fundo, feito balaio! A senhora é doida, dona? Vôtes!

E o chofer contou que voltou muito contrariado, meteu o pé no acelerador, enquanto, nessas alturas, a catinga do passageiro empestava a boleia do misto. Ao chegar a Natal, deixou o passageiro no pronto-socorro e foi direto tratar de mandar lavar o carro.

Foi a última vez que dirigiu o misto. Ficou traumatizado com o ocorrido. Afinal, teve de parar o carro umas dez vezes, para que o passageiro corresse para o mato. A partir de então, abominou a profissão de chofer de misto, e se tornou chofer de praça.

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O DIA DO TRABALHO

O Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador, comemorado em 1º de maio, é considerado feriado nacional. No Brasil e em vários países do mundo, esse dia é dedicado aos trabalhadores, com a concessão de benesses reivindicadas, que visam melhorar a qualidade de vida dessa classe tão sofrida e necessitada.

A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886, na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos).

No dia 1º de maio desse ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho. Nesse mesmo dia, ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

Era um sábado e o clima em Chicago era de festa, segundo descreve o historiador James Green no livro “Death in the Haymarket”.

Anarquistas como August Spies conduziram marchas pacíficas naquele dia, em apoio à greve nacional que tinha como pauta central a redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas.

Além da diminuição da carga horária, os trabalhadores também exigiam descanso semanal remunerado e um período anual de férias, direitos trabalhistas que ainda não existiam na época.

Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Esse fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais.

No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.

Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho.

Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.

Aqui no Brasil, existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes (12.º Presidente do Brasil – de 15 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926.

Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o Salário Mínimo.

O salário mínimo deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer). O que, na realidade, ainda está para acontecer.

Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, às relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

A violência que marcou os protestos daquela primavera teve início dois dias depois. Em um confronto entre grevistas e trabalhadores temporários contratados por uma fábrica para furar a greve, a polícia atirou contra a multidão deixando um morto e vários feridos.

Os organizadores das manifestações foram denominados Mártires de Chicago. No monumento erguido a eles, estava o seguinte epíteto:

“Um dia nosso silêncio será mais forte que as vozes que hoje vocês estrangulam”.

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ASSECLAS DE NERO

O imperador Nero foi o acusado de incendiar a cidade de Roma em 64 d.C

Entre as maldades do imperador romano NERO, conhecido na História pela sua tirania, está o incêndio de Roma, por ele provocado e ao qual ele teria assistido com indiferença, dedilhando sua lira.

Esse grande incêndio de Roma ocorreu em 18 de julho de 64 d.C., e depois de seis dias em chamas, a cidade estava com dois terços reduzidos a escombros.

Logo se divulgou o boato de que Nero teria mandado atear fogo em Roma, para apreciar o espantoso espetáculo e depois escrever um poema baseado na cruel realidade.

Para afastar de si as suspeitas, Nero tratou de atribuir a culpa aos cristãos. Daí, tiveram início as perseguições aos seguidores do Cristianismo. Homens, mulheres e crianças foram presos e condenados aos piores suplícios.

Sob o governo de Nero, Roma teria conhecido o clímax do desregramento moral e político.

Paulo, discípulo de Jesus, foi decapitado. Pedro teve a morte na Cruz. Muitos cristãos eram atirados às feras, no Circo Máximo, num espetáculo que visava acalmar a revolta do povo.

Após o incêndio, o imperador Nero iniciou, imediatamente, um grande projeto de reconstrução da cidade. Logo confiscou bens para construção de seu palácio, a “Domus Aurea” (Casa Dourada), que ocupava, com seus jardins, extensa área urbana.

O Brasil, atualmente, parece infiltrado de asseclas de Nero.

Como num pesadelo, o povo se vê na iminência de ter de volta um ex-presidente, que, depois de indiciado, julgado e condenado em alguns tribunais, e em pleno cumprimento de pena em um órgão federal, foi beneficiado por uma reviravolta processual, o que resultou em sua “descondenação”, tudo sob medida, o que pareceu, para uma boa parte do povo brasileiro, uma verdadeira “diarreia jurídica”. De repente, o condenado tornou-se “descondenado”. E em seguida, foi considerado apto a concorrer, mais uma vez, à Presidência da República.

Em pleno cumprimento de pena por improbidade administrativa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, o condenado foi libertado em nome de um suposto “erro de comarca”, numa jogada capciosa e maléfica, para que pudesse novamente se candidatar à Presidência da República. O resultado foi uma surpreendente e misteriosa vitória, após eleição com o uso de urnas eletrônicas, que continuam “atravessadas” na garganta de grande parte do eleitorado brasileiro.

Sob a iminência de ver, pela terceira vez, esse fantasma devorador do dinheiro público, assumir a Presidência da República, o povo brasileiro está decepcionado com os togados que compõem a Suprema Corte do nosso País.

A contratação de 283 componentes para integrar o governo de transição, com altos salários, é uma demonstração do que virá pela frente, com esse novo governo. Somente um assecla de Nero, no seu delírio, teria essa coragem, contra tudo e contra todos, de assumir altos compromissos, antes mesmo de tomar posse no cargo de Presidente da República, o que somente ocorrerá em 1 de janeiro de 2023.

A política, no seu significado mais amplo e mais nobre, deveria ser, com efeito, a arte de organizar a vida coletiva e individual. Entretanto, ela não passa da mais despudorada mentira.

Estamos assistindo, antes da hora, ao espetáculo de um “rei” desfrutar das regalias da Nação, num gasto sem freios, com aprovação dos vermes do poder.

Esse grupo domina e escraviza a grande massa da população. São algumas centenas de homens cavalgando bilhões, impiamente. E ainda por cima, eles chamam de ímpios aos que se revoltam contra os gastos desenfreados do dinheiro público.

Eles dispõem de tudo quanto racionalmente forma o grande patrimônio comum. Açambarcam o que seria o seu quinhão e o dos outros. Para eles, o aumento da abundância; para os pequenos, os horrores da miséria.

Não podemos caminhar, melhorar ou progredir, enquanto os nossos homens públicos continuarem se julgando uma casta à parte, bem acima da Nação.

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NÃO SEJAMOS TROUXAS…

“Trouxa” é um termo que remonta ao século XIX, e sempre se referiu a um pedaço de pano ou tecido, costurado em forma de bolsa ou sacola, para se colocar quinquilharias.

Minha tia Lindalva Bezerra, de saudosa memória, costurava na sua máquina Singer, ótimas sacolas de tamanhos variados, e ainda bordava a palavra a que se destinava. Substituía as trouxas. Ganhei várias sacolas dela para o meu enxoval de noiva, e ainda hoje guardo com carinho. Cada sacola tinha um nome por ela bordado, com muita delicadeza e amor: Pão, Café, Goma, Feijão, Farinha, Açúcar e Arroz. Assim eram as feiras de antigamente, longe de supermercados e dos confortos atuais. Hoje, as mercadorias a granel já saem embaladas das fábricas.

Com o tempo, o termo “trouxa” passou a ser utilizado de forma figurada, para se referir a uma pessoa tola, presa fácil de golpistas, assunto que atualmente está na moda e na mídia.

O progresso tecnológico e a cibernética transformaram pessoas íntegras e sensatas em iscas fáceis de bandidos, empoderados e apadrinhados por políticos, sem escrúpulos, que usam o dinheiro público como se fossem seu dono. Sobem na vida, pisando e tomando o dinheiro alheio, sempre conseguido com muita dificuldade.

O pânico tomou conta do cidadão de bem, que está sem coragem de atender chamadas de celulares, diante do perigo de clonagem de senhas bancárias durante as ligações, como está acontecendo muito.

O índice de mortalidade aumentou muito com o avanço tecnológico.

O celular é o maior vilão da atualidade, quando manuseado por marginais.

Mil vezes a vida pacata de antigamente, sem a ganância da corrida ao ouro, e quando os pais de família podiam dormir e acordar com tranquilidade, sabendo onde e com quem os filhos se encontravam. Não havia o tal celular, principalmente desligado ou fora de área, que enlouquece qualquer cristão.

É uma pena que um invento tão útil, como o telefone celular, por causa dos incautos, tenha trazido à humanidade um desassossego tão grande. São instrumentos perigosos e letais, como verdadeiras armas de fogo. Induzem até crianças e adolescentes ao suicídio.

O avanço tecnológico pôs frente a frente com os trouxas o TELEFONE CELULAR, este objeto tão útil e ao mesmo tempo tão bem manuseado pelos bandidos e marginais, para pratica de crimes.

No contexto atual, o termo “trouxa” é utilizado para descrever uma pessoa que é facilmente manipulada, enganada ou ludibriada. É comum se ouvir expressões como “fulano é um trouxa” ou “não seja trouxa” para alertar alguém sobre a possibilidade de estar sendo enganado ou explorado. Hoje em dia, o trouxa com celular é o “fraco” dos golpistas.

Um trouxa pode ser alguém que acredita facilmente em promessas falsas, que é facilmente convencido por argumentos frágeis ou que é manipulado por pessoas mal-intencionadas. É uma pessoa que não consegue identificar ou questionar as intenções de outros indivíduos, tornando-se vulnerável e fácil de ser explorada.

Há características comuns entre os trouxas, como: Ingenuidade, credulidade, falta de discernimento ou “burrice”, dificuldade de dizer não e a boa-fé.

O termo “trouxa” é utilizado para descrever uma pessoa ingênua, facilmente enganada ou manipulada. É uma expressão coloquial que pode ser usada de forma pejorativa, mas também de forma humorística. É importante ter cuidado ao utilizar esse termo para não ferir ou ridicularizar outras pessoas. Para evitar ser um trouxa, é fundamental desenvolver o pensamento crítico, conhecer seus direitos, desconfiar de promessas exageradas, aprender a dizer “não” e confiar em sua intuição.

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AS CORES DE ABRIL

As cores de abril chegaram faceiras, através de flores coloridas e perfumosas, enchendo os corações de amor e esperança. Ninguém mais se lembra da alegria de fevereiro, com máscaras, Colombinas, Pierrô e Arlequim, nem das águas de março, ”marcando o verão”.

De fevereiro, restou-nos, como sempre, nossas caras de palhaços, diante dos carrascos das nossas ilusões.

A belíssima composição “As Cores de Abril”, de Vinicius de Moraes, é uma ode à beleza e à renovação, que acompanham a chegada da primavera. A letra utiliza a mudança das estações como metáfora para a transformação e a esperança, elementos recorrentes na obra do poeta.

O poeta Vinicius de Moraes se coloca na narrativa, aconselhando a todos que cantem e celebrem a vida. A expressão ‘ser feliz é viver morto de paixão’ encapsula a filosofia do artista de se entregar completamente às emoções, vivendo intensamente cada momento. A música é um convite para apreciar o espetáculo da natureza e encontrar a felicidade na paixão pela vida.

Nosso calendário foi uma evolução do antigo calendário romano e os nomes dos meses homenageiam os deuses.

Estando os nomes dos meses ligados aos costumes e instituições romanas, o nosso calendário para contagem do tempo permanece o mesmo, estabelecido pelo imperador romano Júlio César.

Escrevendo a história dos nomes dos doze meses do ano, é como se estivéssemos assistindo a um desfile dos meses romanos.

JANEIRO – Primeiro, aparece uma figura estranha, um deus com duas caras, um deus que olha para diante e para trás, e que segura na mão esquerda uma chave. É JANO.

Os romanos adoravam Jano, num templo que estava aberto durante as guerras e que se fechava quando havia paz. Era o deus dos princípios e dos fins. JANO era também considerado o porteiro do céu, e os romanos o tinham como protetor das suas portas e portões. Como o ano tem doze meses, o templo de JANO tinha 12 portas.

FEVEREIRO – Segue-se ao deus JANO, uma majestosa dama romana. Era FEBRUA, a deusa das purificações. Celebravam-se no segundo mês do ano, festas especiais em honra a Juno e Plutão, rei dos infernos e havia sítios especiais para aplacar as almas dos defuntos. Essas festas eram também de expiação para o povo, e chamavam-se “februais”. O termo vem da palavra februm, que significa purificar; neste mês acontecia um ritual de purificação romana.

Fevereiro é o mês mais curto do ano, pois tem 28 dias nos anos comuns, e 29 nos anos bissextos. Constando o ano, aproximadamente, de 365 dias e 6 horas, ao cabo de quatro anos essas 6 horas formam um dia, que se agrega a Fevereiro. Essa inovação é do tempo de Júlio César, o qual, vendo os inconvenientes que resultavam de não serem levadas em conta aquelas 6 horas, chamou a Roma o astrônomo Sosígenes, de Alexandria, o qual propôs que de quatro em quatro anos se acrescentasse um dia a Fevereiro; daí ficou o mês, a cada quatro anos, com mais um dia, passando a ser chamado de “bissexto”.

MARÇO – Nome originado de Marte, o deus da guerra. No desfile imaginário, ele passa num carro puxado por dois cavalos, cujos nomes eram Terror e Fuga. É uma figura de guerreiro ameaçador, manejando uma comprida lança, levantando para o céu um escudo luzidio e erguendo a sua cabeça altiva, sendo iluminado pelos raios e pelo capacete. Para os romanos, Marte era mais do que um guerreiro. Era um deus que podia conseguir tudo pela sua grande força. Pediam-lhe chuva, consultavam-no sobre casos particulares, sacrificando no seu altar um cavalo, carneiro, pega ou abutre.

ABRIL – Depois de Marte (Março), aparece ABRIL. Não é nem deus nem deusa. É o Anjo da primavera. Gracioso, delicado, meigo e bom. Chega espalhando pela terra lindas flores e fazendo nascer nos sulcos feitos pelas rodas do carro do guerreiro, flores tão pequeninas, tão bonitas e tão delicadas, que comove vê-las. “Abril é o que abre.”

MAIO – Nome em homenagem à deusa MAIA, que desfila sentada num trono de luz. Seu pai chamava-se Atlas e sobre os seus ombros pesava o mundo inteiro. Ele tinha sete filhas, das quais a mais célebre foi Maia, cujo filho era Mercúrio, que levava as ordens dos deuses para a terra.

Júpiter, o pai de todos os deuses, levou Maia e as irmãs e colocou-as como estrelas no firmamento. Eram elas que formavam o grupo de estrelas chamadas plêiadas. A sétima estrela do grupo é invisível. Representa uma das irmãs que casou com um homem chamado Sisypho, e, desde então, como o pobre Sisypho foi condenado a rolar eternamente uma pedra por um monte acima, ela, envergonhada, escondeu a cara.

JUNHO – Seguem no cortejo duas figuras disputando o sexto lugar. Uma é a deusa Juno e a outra é um homem de nome JUNIO. Mas a deusa Juno deu nome ao mês de Junho. Juno era a rainha do céu e esposa de Júpiter. Seu trono de ouro estava junto de seu marido. Todos os deuses lhe prestavam homenagem, quando se apresentavam no palácio de Júpiter; tinha poderes superiores e exercia domínio sobre os fenômenos celestes; produzia o trovão nas alturas, desencadeava os ventos e mandava nos astros. Gostava de passear pelos bosques sagrados, num carro puxado por pavões.

JULHO – Em honra ao guerreiro e imperador Júlio César, surgiu o nome do mês de Julho. Júlio César não só conquistou nações, fez leis célebres e escreveu livros imortais, como também emendou o calendário, que estava em estado deplorável. O tempo e os meses já não se correspondiam como antigamente; a primavera vinha em janeiro e o inverno nos meses que deviam corresponder à primavera. O mês “quintilius’ foi eliminado em sua honra, tomando o seu nome Júlio.

AGOSTO – Nome derivado de Augusto, o primeiro imperador romano, última personagem da procissão pagã imaginária a que assistimos. A princípio, Augusto chamava-se Octávio e governou os romanos, com Marco Antônio e Lépido. Por fim, foi imperador, e fez muito pela glória e engrandecimento do seu magnífico império. O povo, na intenção de lhe agradar, mudou o seu nome de Octávio para Augusto, que significa “nobre”.

O oitavo mês foi escolhido para ter o nome de Agosto, porque era nessa ocasião que o imperador Augusto celebrava os principais acontecimentos da sua vida. Foi em Agosto que ele foi nomeado Cônsul, que acabaram as suas guerras e que conquistou o Egito. Augusto ficou na história como uma grande personagem. O seu reinado recebeu o nome de Idade de Ouro, porque ele não só trouxe paz ao mundo, farto e cansado de guerras, como também fez florescer a arte e a literatura.

Foi no reinado desse imperador poderoso que, longe, na Síria, nasceu a Criança, cujo reinado ainda não acabou e cujo nascimento criou uma época. Nunca o imperador orgulhoso pensou, quando se gabava no seu palácio, de ter encontrado Roma feita de tijolo e tê-la deixado de mármore, que existia já uma Criança que dividiria as épocas da terra e poria uma Cruz entre o reinado de Augusto e o começo de uma nova religião.

Os poetas imortais, Horácio e Virgílio, viveram nessa época. Fundaram-se, então, livrarias e construíram-se templos por toda a parte.

SETEMBRO – Os outros meses aparecem disfarçados, com nomes enigmáticos. Para compreendermos o nome do mês de setembro é necessário recordar que o primitivo calendário romano constava de dez meses e que começava em Março, sendo, portanto, Setembro, o sétimo mês. Por isso, é representado pelo número sete, em algarismos romanos, VII. Este número lia-se em latim “septen”, de onde se derivou Setembro.

OUTUBRO – Para os romanos, como hoje é para os povos que lhes sucederam no continente europeu, Outubro era o mês das colheitas e vindimas. O nome provém de “octos”, que em latim é oito. Com efeito, era o oitavo mês do antigo calendário romano, passando a ser o décimo, quando Nuna, rei de Roma, fixou o princípio do ano no dia primeiro de Janeiro.

Celebravam neste mês, tanto os romanos como os gregos, muitas festividades. Em uma dessas festas era costume atirar aos poços e fontes coroas tecidas de flores e ervas, como tributo às ninfas, a quem tais festas eram consagradas. Era também o mês da colheita das frutas, cujas primícias se ofereciam às divindades.

NOVEMBRO – Era o nono mês, no primeiro calendário romano, e por isso lhe chamavam “November”. Contava-se que, entre as festividades e ritos religiosos mais importantes, estava o consagrado a Diana, deusa das montanhas e dos bosques. Começava com um banquete dedicado a Júpiter e com os jogos circenses, chamados assim, porque se realizavam no circo. No mesmo mês se celebravam os jogos “plebeus”, instituídos para comemorar a reconciliação de patrícios, nobres e plebeus. Eram oferecidos sacrifícios a Netuno, deus dos mares; e se faziam as festas abrumais ou do inverno, por começar na Itália o tempo chuvoso, nevoento e frio.

DEZEMBRO – do latim “December” de “decem”, dez – o décimo e último mês do antigo calendário romano. É representado hoje por um velho de barbas brancas, que traz brinquedos para dar às crianças no dia de Natal, 25 de dezembro.

Para algumas pessoas, esse velho representa São Nicolau, que viveu no século IV e é considerado o patrono das crianças. Essa ideia teve origem numa lenda, segundo a qual São Nicolau teria feito ressuscitar três crianças que haviam sido assassinadas por um carniceiro. Dezembro é um mês característico do frio inverno nos países da Europa, e por isso o representam numa paisagem desolada, com os caminhos cobertos de neve.

Falando sobre os doze meses do nosso calendário, vem-nos à memória um desfile dos meses romanos.

Primeiro, aparece janeiro, o deus JANO, com duas caras; um deus que olha para frente e para trás, e que segura na mão esquerda uma chave.

Os romanos adoravam Jano, num templo que estava aberto durante as guerras e que se fechava quando havia paz. Era o deus dos princípios e dos fins. JANO era também considerado o porteiro do céu, e os romanos o tinham como protetor das suas portas e portões. Como o ano tem doze meses, o templo de JANO tinha 12 portas.

Seguindo-se ao deus JANO, vem uma majestosa dama romana, FEBRUA, a deusa das purificações, chamada de FEVEREIRO.

Celebravam-se no segundo mês do ano, festas especiais em honra a Juno e Plutão, rei dos infernos e havia sítios especiais para aplacar as almas dos defuntos. Essas festas eram também de expiação para o povo, e chamavam-se “februais”. Nesse mês, acontecia um ritual de purificação romana.

Fevereiro é o mês mais curto do ano, pois tem 28 dias nos anos comuns, e 29 nos anos bissextos. Constando o ano, aproximadamente, de 365 dias e 6 horas, ao cabo de quatro anos essas 6 horas formam um dia, que se agrega a fevereiro.

Essa inovação é do tempo de Júlio César, o qual, vendo os inconvenientes que resultavam de não serem levadas em conta aquelas 6 horas, chamou a Roma o astrônomo Sosígenes, de Alexandria, o qual propôs que de quatro em quatro anos se acrescentasse um dia a Fevereiro; daí ficou o mês, a cada quatro anos, com mais um dia, passando a ser chamado de “bissexto”.

Seguindo-se a fevereiro, vem março, nome originado de Marte, o deus da guerra.

No desfile imaginário, ele passa num carro puxado por dois cavalos, cujos nomes eram Terror e Fuga. É uma figura de guerreiro ameaçador, manejando uma comprida lança, levantando para o céu um escudo luzidio e erguendo a sua cabeça altiva, sendo iluminado pelos raios e pelo capacete. Para os romanos, Marte era mais do que um guerreiro. Era um deus que podia conseguir tudo pela sua grande força. Pediam-lhe chuva, consultavam-no sobre casos particulares, sacrificando no seu altar um cavalo, carneiro, pega ou abutre.

Finalmente , vem o mês mais bonito e perfumado do ano, ABRIl. Não é deus nem deusa, mas é o Anjo da Primavera. Gracioso, delicado, meigo e perfumoso. Chega espalhando pela terra lindas flores e fazendo nascer nos sulcos feitos pelas rodas do carro do guerreiro, flores perfumadas, bonitas e pequeninas, formando um espetáculo emocionante.

Depois de Abril, vem MAIO, nome em homenagem à deusa MAIA, que desfila sentada num trono de luz. Seu pai chamava-se Atlas e sobre os seus ombros pesava o mundo inteiro. Ele tinha sete filhas, das quais a mais célebre foi Maia, cujo filho, Mercúrio, levava as ordens dos deuses para a terra.

Júpiter, o pai de todos os deuses, levou Maia e as irmãs e as colocou como estrelas no firmamento. Eram elas que formavam o grupo de estrelas chamadas plêiadas. A sétima estrela do grupo é invisível. Representa uma das irmãs que casou com um homem chamado Sisypho, e, desde então, como o pobre Sisypho foi condenado a rolar eternamente uma pedra por um monte acima, ela, envergonhada, escondeu a cara.

Chega JUNHO, seguindo no cortejo duas figuras, disputando o sexto lugar. Uma é a deusa JUNO e a outra é um homem de nome JUNIO. Mas a deusa JUNO deu nome ao mês de Junho.

JUNO era a rainha do céu e esposa de Júpiter. Seu trono de ouro estava junto de seu marido. Todos os deuses lhe prestavam homenagem, quando se apresentavam no palácio de Júpiter; tinha poderes superiores e exercia domínio sobre os fenômenos celestes; produzia o trovão nas alturas, desencadeava os ventos e mandava nos astros. Gostava de passear pelos bosques sagrados, num carro puxado por pavões.

Em seguida, chega JULHO, em honra ao guerreiro e imperador Júlio César. Júlio César não só conquistou nações, fez leis célebres e escreveu livros imortais, como também emendou o calendário, que estava em estado deplorável. O tempo e os meses já não se correspondiam como antigamente; a primavera vinha em janeiro e o inverno nos meses que deviam corresponder à primavera. O mês “quintilius’ foi eliminado em sua honra, tomando o seu nome Júlio.

O oitavo mês é AGOSTO, nome derivado de Augusto, o primeiro imperador romano, última personagem da procissão pagã imaginária a que assistimos. A princípio, Augusto chamava-se Octávio e governou os romanos, com Marco Antônio e Lépido. Por fim, foi imperador, e fez muito pela glória e engrandecimento do seu magnífico império. O povo, na intenção de lhe agradar, mudou o seu nome de Octávio para Augusto, que significa “nobre”.

O oitavo mês foi escolhido para ter o nome de AGOSTO, porque era nessa ocasião que o imperador Augusto celebrava os principais acontecimentos da sua vida. Foi em Agosto que ele foi nomeado Cônsul, que acabaram as suas guerras e que conquistou o Egito. Augusto ficou na história como uma grande personagem. O seu reinado recebeu o nome de Idade de Ouro, porque ele não só trouxe paz ao mundo, farto e cansado de guerras, como também fez florescer a arte e a literatura.

Foi no reinado desse imperador poderoso que, longe, na Síria, nasceu a Criança, cujo reinado ainda não acabou e cujo nascimento criou uma época. Nunca o imperador orgulhoso pensou, quando se gabava no seu palácio, de ter encontrado Roma feita de tijolo e tê-la deixado de mármore, que existia já uma Criança que dividiria as épocas da terra e poria uma Cruz entre o reinado de Augusto e o começo de uma nova religião.

Os poetas imortais, Horácio e Virgílio, viveram nessa época. Fundaram-se, então, livrarias e construíram-se templos por toda a parte.

Veio SETEMBRO e outros meses apareceram, disfarçados, com nomes enigmáticos.

Para compreendermos o nome do mês de setembro, é necessário recordar que o primitivo calendário romano constava de dez meses e que começava em Março, sendo, portanto, Setembro, o sétimo mês. Por isso, é representado pelo número sete, em algarismos romanos, VII. Este número lia-se em latim “septen”, de onde se derivou Setembro.

Veio OUTUBRO. Para os romanos, como hoje é para os povos que lhes sucederam no continente europeu, Outubro era o mês das colheitas e vindimas. O nome provém de “octos”, que em latim é oito. Com efeito, era o oitavo mês do antigo calendário romano, passando a ser o décimo, quando Nuna, rei de Roma, fixou o princípio do ano no dia primeiro de Janeiro.

Celebravam neste mês, tanto os romanos como os gregos, muitas festividades. Em uma dessas festas era costume atirar aos poços e fontes coroas tecidas de flores e ervas, como tributo às ninfas, a quem tais festas eram consagradas. Era também o mês da colheita das frutas, cujas primícias se ofereciam às divindades.

Chegou NOVEMBRO, o nono mês, no primeiro calendário romano, e por isso lhe chamavam “November”. Contava-se que, entre as festividades e ritos religiosos mais importantes, estava o consagrado a Diana, deusa das montanhas e dos bosques. Começava com um banquete dedicado a Júpiter e com os jogos circenses, chamados assim, porque se realizavam no circo. No mesmo mês se celebravam os jogos “plebeus”, instituídos para comemorar a reconciliação de patrícios, nobres e plebeus. Eram oferecidos sacrifícios a Netuno, deus dos mares; e se faziam as festas abrumais ou do inverno, por começar na Itália o tempo chuvoso, nevoento e frio.

Finalmente, surgiu DEZEMBRO – do latim “December” de “decem”, dez – o décimo e último mês do antigo calendário romano. É representado hoje por um velho de barbas brancas, que traz brinquedos para dar às crianças no dia de Natal, 25 de dezembro

Para algumas pessoas, esse velho representa São Nicolau, que viveu no século IV e é considerado o patrono das crianças. Essa ideia teve origem numa lenda, segundo a qual São Nicolau teria feito ressuscitar três crianças que haviam sido assassinadas por um carniceiro. Dezembro é um mês característico do frio inverno nos países da Europa, e por isso o representam numa paisagem desolada, com os caminhos cobertos de neve.

VINÍCIUS E TOQUINHO “AS CORES DE ABRIL”

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

COCO VELHO

Eu era menina em Nova-Cruz, e presenciava uma antiga serviçal da nossa casa, Zefa, raspar coco seco, já estragado, e levar ao fogo numa pequena panela, para fazer azeite e “hidratar” os cabelos encarapinhados. Era o “hidratante” caseiro que ela usava e por isso estava sempre com os cabelos alisados e lustrosos.

A jovem, afrodescendente, dizia que quanto mais velho o coco, mais azeite ela “apurava” no fogo”, para cuidar das suas madeixas. E o cabelo preto de Zefa lustrava, de fazer inveja, com o uso contínuo de azeite de coco velho, de fabricação própria. Se o coco fosse novo, dizia ela que não servia, pois quase não dava azeite.

Sempre que ouço alguém se lastimando por ter entrado na “pior” idade, me lembro de Zefa, e repito o antigo adágio popular (de origem portuguesa), pra mim o melhor de todos: “Coco velho é que dá azeite.”

Quantas pessoas queridas partiram antes do tempo, deixando seus sonhos e amores, sem terem alcançado o progresso tecnológico, e tudo de bom que a vida continua nos oferecendo… É pensando nisso, que não ouso reclamar da passagem do tempo. O ideal seria que passasse mais devagar.

Dizer que o velho lembra rabugem, é uma ignomínia. Depende do “velho”, pois cada caso é um caso. Não foi em vão que Maurício de Sousa criou a figura do Cascão, que ensina a higiene pessoal às crianças. O idoso pode manter a mesma performance e elegância que teve na juventude, e alguns homens se tornam ainda mais charmosos na maturidade. Só não pode é deixar de sonhar.

Nada é mais triste do que a morte de uma ilusão. Quando as ilusões se acabam, se pode continuar existindo, mas não se pode continuar vivendo. Viver é uma coisa. Existir é outra.

A velhice, em si, é um estado de espírito. Nada de decadência, “enferrujamento”, ou frangalhos. A vida é uma dádiva divina, e o homem tem o direito de escolher entre viver com dignidade, sem querer competir com os jovens, ou tentar mascarar os anos, imitando os jovens e se tornando ridículo nos hábitos e escolhas.

O envelhecimento não é notado, quando se tem uma boa qualidade de vida, com saúde bem cuidada, alimentação saudável e cuidados médicos, a título de prevenção.

Devemos viver, como se cada dia fosse “O primeiro dia do resto da nossa Vida”(Título do romance de Kate Eberlem, encantador, revigorante e extremamente verdadeiro).

Devemos valorizar todos os momentos que a vida nos oferece, e aceitar com resignação, mesmo “aos trancos e barrancos”, as provações e percalços que encontramos pelos caminhos. A Vida não é o “ontem” nem o “amanhã”, mas apenas o “hoje”. Quanto mais nos chegarmos às pessoas queridas, incluindo-as na nossa vida, mais momentos de felicidade teremos.

Depois, de nada adiantará chorar sobre o leite derramado. Estamos todos no mesmo barco.

Diz o adágio popular:

“COCO VELHO É QUE DÁ AZEITE”

A sabedoria popular é rica em adágios, que mexem com pessoas que já dobraram o “cabo da boa esperança” e estão na “pior” idade. Em contrapartida, os velhos revidam os gracejos, afirmando com convicção:

“Coco velho é que dá azeite”;

“A cavalo velho, capim novo”;

“À égua velha, cerca nova.”

“Maracujá só presta quando está murcho” (da música “Rela-bucho”, de Elino Julião);

“Panela velha é que faz comida boa” (da música “Panela Velha”, de Sérgio Reis);

Essas músicas engraçadas não deixam de conter uma homenagem ao pessoal “das antigas”.

Pois bem. Todo boato tem um fundo de verdade.

“Maracujá só presta quando está murcho” (da música “Rela-bucho”, de Elino Julião);

“Panela velha é que faz comida boa” (da música “Panela Velha”, de Sérgio Reis).

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O DISFARCE

O forte disfarça o frágil que há nele. Só a alguns é dado compreender o espetáculo que cerca as estrelas. A alma humana é escondida pela máscara da alegria, que esconde a mais vil tristeza.

O homem luminoso, derrotado nos seus sonhos, mas com sua grande estrela ainda acesa, há de superar, em todos os sentidos, a maldade dos seus semelhantes.

Recordando o filme El Cid, de 1961, que nunca esqueci:

El Cid (bra/prt: El Cid) é um filme épico de 1961, que conta a história romanceada da vida do cristão e maior herói do Reino de Castela, o cavaleiro Don Rodrigo Diaz de Bivar (Vivar), chamado El Cid (do árabe as-Sidi, que significa “O Senhor”), que, no século XI, lutou contra o norte-Africano Ibn Yussuf, da dinastia dos Almorávidas e, finalmente, contribuiu para a unificação da Espanha. O filme é estrelado por Charlton Heston no papel-título e Sophia Loren como Doña Ximena.

Produzido por Samuel Bronston Productions em associação com Dear Film Production e lançado nos Estados Unidos por Allied Artists Pictures Corporation, o filme foi dirigido por Anthony Maann e produzido por Samuel Bronston, com Jaime Prades e Michal Waszynski como produtores associados. O roteiro foi de Philip Yordan, Bem Barzman e Fredric M. Frank, a partir de uma história de Frank. A trilha sonora foi de Miklós Rozsa, a cinematografia realizada por Robert Krasker e a edição por Robert Lawrence.

Enredo do filme El Cid:

O general Ibn (pronuncia-se Ben) Yussuf (Herbert Lom), da dinastia dos Almorávidas, convocou todos os Emires de Al-Andalus para o Norte de África, castiga-os por sua complacência com os infiéis e revela seu plano para dominar o mundo islâmico.

Mais tarde, durante o caminho para cumprir seus votos de noivado com Dona Ximena (Sophia Loren), o nosso herói Don Rodrigo (Charlton Heston), envolve-se em uma batalha contra o exército mouro. Dois dos emires, Al-Mu’tamin (Douglas WilmeDouglas Wilmer) de Zaragoza e Al-Kadir (Frank Thring) de Valência, são capturados, mas Rodrigo liberta-os na condição de prometerem nunca mais atacar as cercanias de rei Ferdinand de Castela (Ralph Truman).

Assim, os emires proclamam-no “El Cid” (castelhano espanhol para pronúncia árabe de Senhor: “Al Sidi”) e juram amizade a ele. Por este ato de misericórdia, Don Rodrigo é acusado de traição contra o rei pelo conde García Ordóñez (Raf Vallone), e mais tarde pelo pai de Ximena, Gormaz de Oviedo (Andrew Cruickshank). Por esse motivo o pai de Rodrigo, Don Diego (Michael Hordern), declara serem Gormaz e Ordóñez mentirosos. Gormaz atinge Don Diego, com uma luva, para desafiar o velho homem a uma duelo.

Rodrigo chega a implorar a Gormaz que é o Campeão do Rei para retirar o desafio, porém ele se recusa a tomar de volta o mesmo, e Rodrigo mata-o por este duelo.

Gormaz, ferido mortalmente, clama por Ximena, e, como último desejo, pede que ela se vingue de seu assassino, o seu próprio noivo. Rodrigo, em seguida, reclama para si o manto de Campeão do Rei em um único combate pelo controle da cidade de Calahorra, que ele ganha.

Rodrigo é enviado em uma missão para recolher o tributo de vassalos mouros da coroa castelhana, mas Ximena e o conde Ordóñez, se juntam para tentar matá-lo. Rodrigo e seus homens são emboscados, mas são salvos pelo Emir Al-Mu’tamin, um dos pares a quem mostrara misericórdia anteriormente. Voltando para casa, sua recompensa é a mão de Ximena em casamento. Mas o casamento não se consuma e ela desloca-se para um convento.

Com a morte do rei Fernando, o reino é dividido entre seus filhos, mas seu filho mais velho, Príncipe Sancho (Gary Raymon ), a quem foi dado o reino de Castela, age para tornar-se o rei do reino unificado. Ao filho mais novo, Príncipe Alfonso (John Fraser), foi prometido o trono de León, e à sua irmã, a princesa Urraca (Geneviève Page) foi dado o trono da cidade de Calahorra. Diante das tentativas de Sancho de dominar todo o reino, a princesa Urraca envolve-se em um plano para seu assassinato. Na coroação de Alfonso, El Cid o faz jurar sobre a Bíblia que ele não tinha parte na morte de seu irmão. Desde que ele não tinha parte nisso (como sua irmã era responsável), ele jura, e faz Rodrigo banido por seu atrevimento. O amor de Ximena para El Cid reacendeu. Ela o acompanha em seu exílio.

Mas, Rodrigo é posto em serviço por outros combatentes espanhóis exilados e eventualmente, para o serviço do rei em proteger Castela do exército norte-Africano de Yussuf em uma batalha na planície de Sagrajas. Rodrigo não se junta ao rei, mas alia-se com os emires que lutam em Valência, onde Rodrigo alivia a cidade do ímpio Emir de Al-Kadir, que o traiu. Em represália por sua desobediência, o rei Alfonso aprisiona D. Ximena e as filhas gêmeas de El Cid. Ordóñez traz Ximena de onde o rei a tinha aprisionado com suas filhas e juntam-se a Rodrigo nas proximidades de Valência. Valência cai e o Emir Al-Mu’tamin juntamente com o exército de Rodrigo e os valencianos oferecem a coroa a Rodrigo, “O Cid”, mas ele se recusa e envia a coroa para o Rei Alfonso. Rodrigo então repele o exército do invasor de Ben Yussuf, mas é ferido em batalha por uma flecha da vitória final. Se a seta fosse removida, ele seria incapaz de levar seus combatentes, mas ele teria uma chance de recuperação. El Cid obtém uma promessa de Ximena de não retirar a flecha, optando por montar em seu cavalo e lutar, morrendo ou morto. O Rei Alfonso chega em seu leito e pede seu perdão.

Rodrigo, El Cid, morre, e assim seu corpo é preso na cela de seu cavalo e enviado à frente de seu exército, com o rei Alfonso e Emir Al-Mu’tamin montados em ambos os lados. Quando o exército de Yussuf percebe que El Cid está com os olhos abertos, acredita que o seu fantasma voltou dos mortos.

Babieca, seu cavalo, atropela e mata Ben Yussuf, que está apavorado demais para lutar. O exército norte-Africano invasor é esmagado. O rei Alfonso leva mouros e cristãos em uma oração “para o cavaleiro mais puro de todos”.

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O AZULÃO

Não estou falando do belíssimo pássaro Azulão, mas sim de um antigo bar, que existiu em Natal, durante décadas (possivelmente, a partir da década de 70), e encerrou suas atividades, não faz tanto tempo assim.

As histórias do Azulão eram folclóricas e tornaram-se conhecidas, até por quem nunca o frequentou.

Exaltando o pássaro nordestino, encontrei no Blog dos Pássaros: “O azulão-do-nordeste (Cyanoloxia brissonii) é uma ave passeriforme da família Cardinalidae, também conhecido como azulão-bicudo, azulão, azulão-do-sul, azulão- verdadeiro, azulão-da-mata, guarundi-azul e tiatã. É um pássaro de porte médio, com plumagem predominantemente azul. Ave nativa do Brasil, e pode ser encontrado no nordeste até o Rio Grande do Sul. Além disso, ele também pode ser encontrado em países vizinhos, como Venezuela, Colômbia, Argentina, Paraguai e Bolívia.”

Pois bem. Até poucos anos, havia em Natal (RN) um pequeno bar, localizado na Avenida Afonso Pena, no Tirol, com o nome de Azulão Bar. Era ponto de encontro de boêmios da cidade, incluindo poetas, escritores, políticos e servidores públicos do alto escalão, da administração direta e indireta.

Conta o folclore boêmio da cidade, que um conhecido advogado de Natal, boêmio maduro, alto funcionário público, fazia do Azulão uma “extensão” da repartição onde trabalhava. Era comum, se ver, no final da tarde, um contínuo da repartição adentrar ao bar, portando uma pasta com documentos para o “chefão” assinar, como se estivesse em expediente, no órgão público onde trabalhava.

Havia um bloco de boêmios de idade madura, frequentadores habituais do Azulão Bar, que, de manhã cedo, chegavam ao bar, “para assinar o ponto.” Bebiam antes do início do expediente das repartições públicas, para poderem assinar o nome com firmeza, sem tremer, no “livro de frequência”.

No bar, de manhã cedo, havia sempre uma toalha de rosto para o boêmio colocar no pescoço, segurando com as duas mãos, para parar de tremer, e poder assinar a “folha de presença”. Em alguns, a tremedeira só passava depois que ingeriam alguma bebida.

Como brincadeira mórbida, ao findar o ano, os frequentadores gaiatos organizavam um “bolão”, apostando nos possíveis nomes de quem eles achavam que morreriam no ano seguinte. E quando ocorria o óbito de algum frequentador, era dado baixa no seu nome e prestada uma homenagem póstuma comovente, incluindo discursos de pessoas ilustres.

Naquela confraria, a vida era levada com bom humor e a saúde dos frequentadores preocupava mais à família do que a eles próprios.

Todos os dias, ali se podia saborear tira-gostos simples, como carne de sol e queijo de coalho assados, feijoada, ou cozido.

Aos sábados, podia-se comer uma boa rabada, dobradinha, sarapatel (picado) ou buchada, alimentos fortes e gordurosos, que davam “sustança” aos boêmios.
Aos domingos, o Azulão era fechado.

Alguns figurões da cidade, aos sábados, costumavam levar a família para o Azulão, onde almoçavam e permaneciam até o final da tarde. A diversão eram as boas conversas, coisa que não faltava.

Podia ter música ao vivo, se algum músico amador, seresteiro, lá chegasse com o seu instrumento musical, de preferência um violão.

O Azulão era altamente familiar, reunindo poetas, escritores e outras figuras importantes do Rio Grande do Norte. Era a segunda casa de muitos boêmios de Natal.

Muito bem localizado e bem frequentado por boêmios diferenciados, o Azulão era uma seleta confraria, onde se respirava amizade, respeito e cultura.

Figuras ilustres da cidade, de saudosa memória, como Dr. Ney Aranha Marinho, Dr. Fernando Pereira, Dr. Francisco Bittencour, Dr. Cleto Barreto, Gildázio Felipe de Souza e outros, eram frequentadores do Azulão, e costumavam levar as esposas.

O Azulão faz parte da memória boêmia da cidade, como o Bar do Mário e o bar de Zé Coroa.

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O COMEÇO DE TUDO

Estávamos na Barra do Cunhaú, eu e minha filha Diana, juntamente com meu irmão Bernardo, esposa e filhos, em janeiro de 2013, em pleno veraneio.

Percebi que Bernardo e o filho caçula não saíam do “notebook”, coisa que eu ainda não possuía. Certo dia, minha curiosidade aumentou e eu perguntei:

– O que vocês estão vendo de tão engraçado no computador?

Meu irmão e o filho responderam:

– É o Jornal da Besta Fubana, de Recife.

O filho caçula de Bernardo estava cursando Medicina em Recife, e através dos colegas, passou a conhecer o JBF, que, naquela época, já fazia sucesso.

Bernardo tornou-se leitor assíduo do JBF e, uma vez por outra, passou a escrever para Luiz Berto, o Editor, pedindo a publicação de textos que ele escrevia.

Fiquei com inveja do meu irmão e enviei um texto da minha autoria para Luiz Berto, me apresentando como irmã de Bernardo. Nunca tinha publicado nada, apesar de ter mania de escrever, para mim mesma, poesias, crônicas e contos.

Luiz Berto publicou o primeiro texto que enviei, e recebi elogios de leitores e grandes colunistas, como a consagrada poeta Glória Horta (É A GLÓRIA), de saudosa memória, e da grande poeta e Cordelista Dalinha Catunda.

O segundo texto também agradou e, quando eu menos esperava, recebi um e-mail do Editor Luiz Berto, me tecendo elogios e me convidando para assinar uma coluna no JBF.

Temerosa da responsabilidade, liguei para Bernardo, que vibrou com o convite e me incentivou a aceitar, pois “isso é o que todo o mundo deseja.” Disse para mim que “um convite desse ninguém enjeita”.

E assim, com a cara e a coragem, inibida diante da intelectualidade do Escritor e Editor Luiz Berto e dos excelentes colunistas, tornei-me fubânica, numa época em que o JBF já era uma irmandade maravilhosa.

Confesso que sinto saudade da minha estreia no JBF, pois passei a conviver virtualmente com pessoas maravilhosas, que sempre me incentivaram.

Relembrando um dos meus primeiros textos publicados no JBF:

* * *

UMA CANA

Pedro Elias era motorista de um órgão público estadual. Era um homem bom, respeitador e honesto. Para não ser perfeito, gostava de beber, e, uma vez por outra, tomava umas carraspanas, chegando ao trabalho embriagado. Já havia sido repreendido, verbalmente, diversas vezes, até que recebeu as penalidades de advertência e de suspensão.

Depois disso, ficou envergonhado e com medo de perder o emprego. Afinal, tinha a esposa e três filhos para sustentar. A partir de então, esforçou-se para andar na linha.

Depois de passar dois meses sem beber, recuperou a confiança dos colegas e do chefe imediato. Um dia, o Dr. José Silveira, Secretário desse órgão, precisou fazer uma viagem a João Pessoa, a serviço. Não gostou, quando soube que o motorista escalado para dirigir o carro oficial era Pedro Elias, que tinha fama de pinguço. O chefe da oficina, entretanto, garantiu que ele havia deixado de beber, e agora era outro homem.

Passando em Mamanguape (PB), por volta de meio dia, o Secretário ordenou ao motorista que parasse em um restaurante, a fim de almoçarem. Gentilmente, facultou ao motorista sentar-se com ele à mesa. Por timidez, o homem preferiu ficar mais afastado, em outra mesa, onde se sentiria mais à vontade.

O Secretário pediu ao garçom o almoço e um refrigerante. O motorista chamou o garçom e cochichou-lhe: “Rapaz, pelo amor de Deus, eu estou aqui doido pra tomar uma chamada de cana. Quero que você me traga uma doze grande de cachaça, disfarçada numa xícara, pra meu chefe, que está ali, não notar.”

O garçom anotou os pedidos, inclusive o do motorista, e do meio do salão os transmitiu ao colega que atendia no balcão. Para surpresa do Secretário, soou-lhe aos ouvidos a voz estridente do garçom, lendo os pedidos anotados: – ” Pra mesa 5, uma coca cola e um filé com fritas! Pra mesa 8, aquela ali, o homem quer uma cana “disfalçada”, numa xícara!

O Secretário virou-se para a mesa onde estava Pedro Elias, encarou-o, e balançou a cabeça em sinal de reprovação. O motorista, sentindo-se perdido, levantou-se nervoso e protestou: – Eu mesmo não pedi isso não, doutor! Eu não quero é nada! Esse garçom se atrapalhou!” E saiu do restaurante, indo aguardar o Secretário no carro.

A viagem até João Pessoa prosseguiu em completo silêncio. O motorista, com medo de uma nova punição, ainda tentou explicar ao Secretário, sem êxito, que o garçom havia se enganado. Dr. José Silveira, visivelmente irritado, permaneceu calado, demonstrando não acreditar em nenhuma daquelas palavras.

E foi assim que ruiu por terra a picardia do motorista Pedro Elias, de pretender tomar uma chamada de cana, disfarçada, numa xícara.

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DEPOIS DO CARNAVAL

Hoje, depois do carnaval, literalmente, inicia-se o Ano Novo (2025). O Carnaval é uma festa que transcende fronteiras geográficas e temporais, representando tradição e inovação.

É uma verdadeira lavagem cerebral do povo, com show de bundas, vestidas apenas com fio dental, na televisão e nos blocos carnavalescos que enchem as ruas do País, onde as visões se turvam e a libido enlouquece.

No Carnaval, há uma lavagem cerebral generalizada e o brasileiro, durante o período de Momo, adormece a mente para os problemas diários, e foca apenas na nudez exibida na mídia, agitando os cérebros e proliferando desejos.

Com as fantasias minúsculas que exibem o corpo, e muita bebida, o carnaval dá uma prega na vida e no pensamento. Fica tudo pra depois…E o depois só traz contas a pagar.

O Carnaval é a expressão mais genuína da cultura brasileira. É o tempo em que o povo brasileiro se reúne para celebrar sua própria miséria e sua própria ignorância, e expor as suas bundas. Alguns aproveitam o carnaval para sair do armário e assumir seus distúrbios hormonais e suas taras.

O Carnaval é o verdadeiro “Laissez-faire”, expressão francesa, que significa “deixe fazer”. Ela é utilizada para identificar um modelo político e econômico de não – intervenção estatal. O poder público deixa tudo acontecer.

A Barra do Cunhaú, bela praia do Rio Grande do Norte (Canguaretama), que já foi um recanto familiar, onde se podia descansar com tranquilidade, atualmente, no carnaval, passou a ser invadida por visitantes carnavalescos perturbadores e inconvenientes, portando paredões e serviços de som, onde a baixaria da música Funk impera. É de fazer vergonha o nível de músicas Funk que esses visitantes impõem aos veranistas e proprietários. Um verdadeiro deboche, sob os olhos do poder público, que, mesmo disponibilizando diversos veículos de fiscalização, são desrespeitados pelos invasores. Ao serem avistados, impõem aos infratores apenas a diminuição do volume dos sons. Ao se afastarem, a barulheira volta a imperar.

Acorda, Barra do Cunhaú!

Os administradores estão se deixando dominar pelos forasteiros, e enxotando os veranistas e proprietários de imóveis. Permitem que os baderneiros invadam a praia, fazendo com que os veranistas e moradores batam em retirada, à procura de outros lugares, onde possam preservar a saúde.

* * *

Marcha de Quarta-Feira de Cinzas – Vinicius de Moraes

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações, saudades e cinzas
Foi o que restou

Pelas ruas, o que se vê
É uma gente que nem se vê, que nem se sorri
Se beija e se abraça, e sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto, é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia, vai se acabar, todos vão sorrir
Voltou a esperança, é o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais

Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz, seu canto de paz
Seu canto…