DEU NO X

A PALAVRA DO EDITOR

DIA DE CHUPICLEIDE CAIR NA GANDAIA

Estamos no dia 26 de novembro de 2021.

Sextou geral.

Tá acabando a semana, o mês e o ano.

Hoje é dia de Chupicleide e Bosticler caírem na gandaia.

Eu ouvi os dois combinando agora há pouco pra encher o rabo de cana no final do expediente.

Ela levantando a saia pra se abanar, dizendo que tava com calor na bacurinha, e ele espiando com o rabo do olho.

A farra vai ser no Bar da Caceta, no Alto do Mandu, aqui perto da redação desta gazeta escrota.

Os dois estavam felizes que só a peste por conta das doações feitas esta semana pelos leitores Eurico Schwind, Benigno Aleixo, Luiz Francisco, S.J., Boaventura Bonfim e Marta M. Menezes.

Gratíssimo a todos vocês que colaboram pra manter esta gazeta escrota nos ares.

Quem também está feliz é o Bartolomeu Silva, o técnico cuja empresa cuida da hospedagem e da assistência técnica do JBF, mantendo tudo funcionando 24 horas por dia, não deixando nossos leitores passarem por crises de abstinência.

Bartolomeu sabe que o pagamento dele deste mês de novembro tá garantido, por conta da generosidade dos nossos leitores.

Isso sem falar dos trocados que sobraram pra comprar capim pro Polodoro e ração pra Xolinha, nossos estimados mascotes.

E, já que falamos em Polodoro, vamos embelezar esta tarde de sexta-feira ouvindo Luiz Gonzaga, o saudoso Rei do Baião, numa comovente homenagem ao jegue, esse animal que é uma marca característica da Nação Nordestina.

Vamos ouvi-lo interpretando a composição Apologia ao Jumento – O Jumento nosso Irmão.

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

A OITAVA MARAVILHA

Poeta Antonio Francisco, um talentoso potiguar de Mossoró, é também xilógrafo e compositor

* * *

A OITAVA MARAVILHA – UM CORDEL DE ANTONIO FRANCISCO

Como na antiga Grécia,
O Nordeste também tinha
Os seus deuses mitológicos –
Deus da chuva, deus da vinha,
Do verão, da primavera,
Mas, o mais famoso era
Cafuné – deus da morrinha.

Filho de uma caipora
Com uma alma de gato.
Ombros largos, braços longos,
Perna curta, do pé chato.
Vivia pela caatinga
Mascando e bebendo pinga
E caçando peba no mato.

Mas, quando um dia, ele soube
Que Hércules tinha apartado
Toda a África da Europa,
Disse meio enciumado:
– “Eu vou mostrar a Teseu,
A Hércules e a prometeu
O gás que eu tenho guardado.”

Botou três quilos de fumo
No bolso do seu calção,
Lavou os pés num barreiro
E disse olhando o verão:
– “Eu vou pra Minas Gerais
Mostrar o que um deus faz
Com uma enxada na mão.”

Andou em Minas Gerais –
Norte, Sul, Leste e Oeste.
Furou aqui e ali
E disse depois do teste:
– “Aqui tem água pra dar,
Para destruir e matar
A sede do meu Nordeste.

Se eu conseguir levar
Daqui para o Maranhão
Um rio de água doce,
Rasgando a cara do chão
Sem deixar nenhuma ilha
Vai ser uma maravilha
Para o povo do sertão.”

Foi na serra da Canastra,
Se abaixou, deu um risco,
Depois fez uma enxada
Da pedra de um corisco,
Tomou uma pra esquentar
E começou a cavar
O leito do São Francisco.

Na primeira enxadada
A terra toda tremeu,
A lua mudou de canto,
O Sol com medo desceu,
O nhambu perdeu um dedo,
O tetéu depois do medo
Nunca mais adormeceu.

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Magnânimo Editodos,

hoje o Cabaré do Berto vai receber o poeta palmarense Pica-Pau, um poeta extraordinário que contrariou a expressão de Orlando Tejo quando disse que “poeta com nome de pássaros não presta”.

Pica-Pau vai falar do seu bater de asas, de quantos paus já picou e vai falar de O Rapé de Marisa, que abre a tampa de qualquer tabaqueiro, quanto mais de um par de venta.

Nosso encontro vai das 19h30 às 20h30.

Mas peço aos cabarelistas que formem fila indiana na porta do Cabaré a partir das 19h25.

Carece ficar chutando a porta não.

Para participar, basta clicar aqui.

Entrada grátis.

R. Meu querido e talentoso amigo Pica-Pau!

Um conterrâneo dos Palmares, aquele maravilhoso recanto de mundo que é conhecido como “A Terra dos Poetas”.

Pica-Pau é um grande poeta popular, um inspirado criador de versos e improvisos, um glosador de qualidade que trabalha os motes com maestria e que tem livros publicados.

Será um prazer rever meu amigo hoje à noite.

Este movimentado e buliçoso cabaré, competentemente comandado e gerenciado por Maurício Assuero, vai enriquecer a nossa noite de sexta-feira.

Estão convocados todos os leitores fubânicos.

A partir das sete e meia da noite a gente se encontra por lá!!!

Pica-Pau, grande poeta popular dos Palmares

DEU NO X

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

A FESTA DA PAFINHA

Ninguém sabia seu nome, que dirá sobrenome. Os amigos conheciam como Pafinha, apelido carinhoso. jovem bonita de pele morena clara, cabelos escuros escorridos, olhos vivos, harmonizavam com a boca rosada permanentemente num debochado sorriso. Pafinha tinha a beleza da juventude e a graça de quem é feliz, era linda.

Corpo miúdo, curvas nítidas, cintura fina e seios abundantes faziam dessa menina uma mulher atraente. A traseira bem torneada era desejo e fantasia de muitos homens.

Todos amavam aquela jovem com ar de moleca sapeca e linda. Vivia a vida como se fosse acabar amanhã. Pafinha trabalhava na Boate Tabariz, era a rapariga predileta do famoso dono da noite de Maceió, o popular Mossoró. Nativa de Pariconha, sertão das Alagoas, sua família passava fome com a seca. Aos 16 anos, só havia conhecido miséria e pobreza. Um cabo de polícia a deflorou. Como ele era casado, prometeu aos pais da moça, amigação, uma casa montada na capital. Depois de muito discutir, os pais liberaram a filha para morar com o cabo na capital. O cabo viajou com Pafinha num fim de semana, e deixou-a na zona das putas em Jaraguá, entrego-a aos cuidados do Mossoró, o dono da casa de mulheres mais famosa da cidade.

Tornar-se prostituta foi uma grande transformação. Cursou a Universidade da Vida. Pafinha era a mais querida do cabaré, conhecia e tratava os frequentadores da boate pelo nome. Podia ser senador, deputado, coronel ou capitão. Era o xodó de Jaraguá. Ela era linda, apaixonou-se por um jovem deputado, rapaz novo, iniciando a carreira política. Quando o deputado aparecia, corria para os braços de seu amor.

Naquela época havia um bingo nas tardes de domingo, numa área do bairro do Trapiche da Barra, era a fonte de recurso para construção de um grande estádio de futebol (o atual Rei Pelé). Os prêmios convidativos: carros, camionetes e caminhões. Mossoró não perdia um bingo e levava suas meninas, comprava uma cartela para cada uma. Certo domingo, Pafinha teve sorte. Faltava apenas a pedra 27, uma torcida eletrizante entre as jovens alegres. Quando chamaram 27, foi uma explosão de alegria e abraços. Pafinha ganhou um carro IMPALA. Um conhecido senhor negociava prêmios de bingos, comprou o carro na hora. Foi dinheiro que Pafinha jamais pensou possuir.

Na mesma noite ela iniciou uma festa no bairro boêmio de Jaraguá. Todos queriam abraçá-la ou pedir dinheiro emprestado. A festa durou oito noites. Pafinha não tinha noção de economia, seu coração solidário e generoso emprestou e deu muito dinheiro. Fez festa no Verde, no Duque e no Sovaco do Urubu, a ZBM, Zona do Baixo Meretrício, frequentada por estivadores, pescadores, catraieiros, os pobres amigos de copo e de cruz. Pagava tudo.

Uma semana de alegria e diversão durou a festa de Pafinha. Só acabou quando ela percebeu que não tinha mais um centavo do dinheiro do bingo. Ficou pobre novamente.

Na praia da Avenida da Paz, no trecho mais perto do cais havia uma birosca frequentada por embarcadiços, pescadores, desocupados, desempregados. As raparigas de Jaraguá ao se acordarem por volta do meio-dia vestiam o maiô e devam um mergulho na praia, se refrescando da noitada anterior.

Pafinha sempre presente ajudava a comer o delicioso tira-gosto de panã ou arabaiana, contava casos da noite no cabaré. Seu Rodolfo, velho pescador, era o melhor contador de historias de peixes enormes, da mãe d’água, sereias, afogamentos, de botos salvando vidas empurrando os afogados até a praia.

Pafinha aprendeu a nadar, boiava e mergulhava se purificando na água do mar até o pôr-do-sol alaranjar o céu, depois das seis da tarde era hora de trabalho no Cabaré. A sertaneja dizia que seu destino estava naquele mar azul com matizes esverdeados.

A história da Pafinha ainda hoje é contada nas biroscas e bares de Jaraguá. Tornou-se lenda, dizem as testemunhas que ela numa tarde desapareceu no banho de mar, deixou-se levar pela correnteza. Iemanjá veio buscá-la e a transformou em um boto que vagueia vigilante na enseada da praia da Avenida da Paz, salvando os afogados.

Há muito tempo não acontece afogamento no mar de Jaraguá e Avenida. Um boto nas águas perto do cais mergulha vigilante, empurra até a praia os banhistas desavisados ou crianças mais afoitas. Depois retorna junto ao cardume, brincando alegre com seus pareias.

À noite, nos bares do mercado e na zona da boemia, marinheiros, pescadores, contam histórias de salvamentos milagrosos. Atribuem esses milagres ao boto presepeiro, alegre e lindo. Para o povo do cais do porto, Pafinha é uma espécie de santa protetora das putas, dos boêmios, dos bêbados e afogados de Jaraguá.

DEU NO JORNAL

JOSÉ PAULO CAVALCANTI É O NOVO IMORTAL

Jornal Folha de Pernambuco

A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu, nesta quinta-feira (25), o advogado e romancista José Paulo Cavalcanti como o novo ocupante da Cadeira 39, do então Acadêmico e ex-vice-presidente Marco Maciel. A sessão híbrida contabilizou 21 votos a favor do novo nome.

Os ocupantes anteriores da cadeira 39 foram: Oliveira Lima, então fundador, que escolheu como patrono Francisco Adolfo de Varnhagen; Alberto de Faria; Rocha Pombo; Rodolfo Garcia; Elmano Cardim; Otto Lara Resende; e Roberto Marinho.

Na declaração do Presidente da ABL, o Acadêmico Marco Lucchesi. “José Paulo Cavalcanti é um renomado estudioso de Fernando Pessoa, tão íntimo e intenso, como se fosse parente espiritual do poeta. Ensaísta e pesquisador refinado, a biografia que ele redigiu sobre Pessoa circula nos quatro cantos da Terra. José Paulo entra para a ABL com o passaporte da literatura. Ou talvez com mais de um documento, se considerarmos os heterônimos de pessoa, que assombram e iluminam o novo Acadêmico eleito”.

José Paulo Cavalcanti Filho é advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife (1971). Foi secretário-geral do Ministério da Justiça e Ministro (interino) da Justiça no governo do ex-presidente José Sarney e também Presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), da EBN (depois Empresa Brasil de Comunicação- EBC), e do Conselho de Comunicação Social (órgão do Congresso Nacional). Consultor da Unesco e do Banco Mundial, ocupa atualmente a cadeira 27 da Academia Pernambucana de Letras.

É membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Diretor do Escritório de Advocacia José Paulo Cavalcanti, do Instituto dos Advogados de Pernambuco, e do Instituto dos Advogados Brasileiros.

É também membro do Instituto de Direito Comparado Luso Brasileiro, Advogado do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito, Ministério da Justiça e do Conselho Pernambuco Pacto 21.

É consultor da Secretaria da Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco e do Congresso Nacional.

José Paulo Cavalcanti é romancista e possui títulos já publicados no exterior.

Também é conhecedor da obra do escritor português Fernando Pessoa. Em 2012, conquistou o prêmio José Ermírio de Moraes, pelo livro “Fernando Pessoa – uma quase autobiografia”.

Também conquistou o primeiro lugar na Bienal do Livro e no Prêmio Jabuti.

É vencedor do Prêmio II Molinello, na Itália.

Recebeu, ainda, premiações na Romênia, Israel, Espanha, França, Holanda, Alemanha, Rússia, Inglaterra e Estados Unidos.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOÃO ARAÚJO – MUNIQUE – ALEMANHA

Berto,

Essa aqui é uma das melhores Pelejas que eu já acompanhei.

Impressionante o que eles fizeram!!

Compartilho o ROUND-01 entre Louro Branco e Zé Viola com o mote

Tudo eu sei, ninguém me ensina“.

Vale à pena conferir no vídeo abaixo.

E para os leitores que quiserem acessar o link de inscrição no meu canal é só clicar aqui.

Obrigado, muita saúde, um forte abraço a todos e até a próxima.

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

FAKE NEWS

Como a imprensa brasileira teria noticiado os grandes eventos mundiais:

Roma, 476: “Rômulus Augustus reafirma solidez do Império Romano e diz que invasões bárbaras são apenas fake news”

Espanha, 711: “Governo garante que não há risco de invasão moura.”

Europa, 1345: “Governos negam epidemia de peste negra e culpam ‘interesses políticos’ pelos boatos.”

Europa, 1346: “Governo diz que pandemia de Peste Negra pode causar o fim do mundo se a população não respeitar as regras de distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel.”

Bizâncio, 1453: “Imperador diz que queda de Constantinopla é um boato sem fundamento: exército otomano é fraco e não representa perigo.”

Itália, 1633: “Especialistas pedem punição a Galileu por divulgar notícias falsas e afirmam que não há comprovação científica de que a terra gira em torno do sol.”

Europa, 1846: “Governos negam epidemia de cólera e culpam ‘interesses políticos’ pelos boatos.”

Europa, 1847: “Governo diz que pandemia de cólera pode causar o fim do mundo se a população não respeitar as regras de distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel.”

EUA, 1876: “Vitória do General Custer contra os índios liderados por Touro Sentado é tida como certa.”

Europa, 1870: “Especialistas garantem que os recém-inventados automóveis a gasolina jamais substituirão os cavalos.”

Europa, 1917: “Governos negam epidemia de gripe espanhola e culpam ‘interesses políticos’ pelos boatos.”

Europa, 1918: “Governo diz que pandemia de gripe espanhola pode causar o fim do mundo se a população não respeitar as regras de distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel.”

Alemanha, 1957: “Comercialização da Talidomida é liberada pelas autoridades. Especialistas garantem que a droga é segura e sem contra-indicações.”

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS