DEU NO X

DEU NO JORNAL

O RIO GRANDE DO SUL PRECISA DE AJUDA E NÃO DE TEATRO E POLITICAGEM

Nikolas Ferreira

Moradores de Cruzeiro do Sul (RS) tentam recuperar alguns pertences após a destruição de suas casas devido às inundações. EFE/ Sebastião Moreira

Moradores de Cruzeiro do Sul (RS) tentam recuperar alguns pertences após a destruição de suas casas devido às inundações

O Rio Grande do Sul lamentavelmente enfrenta uma tragédia climática que já afetou mais de 1,4 milhão de pessoas, além de deixar milhares de desabrigados, centenas de feridos e 107 mortes até então. As atenções, sem dúvida, precisam estar voltadas para o estado. Com a previsão de mais chuvas para essa semana, o que os gaúchos realmente precisam é de toda e qualquer ajuda e não teatro e politicagem.

Diante de números tão alarmantes, como parlamentar, e principalmente como ser humano, é impossível ficar alheio à situação. Por isso, além de usar o alcance das minhas redes sociais para engajar as doações e informações importantes, tenho buscado ao máximo conseguir toda a assistência possível para auxiliar a população afetada pelas enchentes.

Por meio do mandato estamos realizando diversas ações. Na Comissão de Educação, propus a destinação de R$ 180 milhões em emendas do colegiado para a reestruturar a educação no Rio Grande do Sul, tendo em vista que segundo o boletim da Defesa Civil divulgado nos últimos dias, foram 790 escolas afetadas e outras 388 danificadas, prejudicando 273.155 mil estudantes em 216 municípios. Além disso, há 52 escolas servindo de abrigo.

Aprovamos também meu requerimento para a criação de um grupo de trabalho e uma subcomissão para acompanhar de perto toda a reconstrução do sistema educacional no estado e um projeto de lei que trata da autorização da distribuição de alimentos direta aos pais e responsáveis dos estudantes das escolas públicas em casos de suspensão de aulas em razão de urgências e calamidades públicas. Ademais, apresentei junto a outros deputados um projeto de lei que destina recursos do fundo eleitoral ao Rio Grande do Sul, e um ofício ao presidente da diretoria executiva dos Correios para que fosse oferecida gratuidade no envio de doações para o sul do país.

Com relação a alguns indivíduos que parecem não merecer viver em sociedade e estão se aproveitando de um momento de desespero extremo para cometerem crimes, protocolei outro projeto de lei que aumenta a pena de furtos e roubos realizados nestes momentos de vulnerabilidade, além de torná-los crimes hediondos, para que não haja fiança e que a pena seja cumprida desde o início em regime fechado.

Enquanto cidadãos, além da colaboração financeira, conseguimos arrecadar 12 toneladas de água potável em parceria com a Minasbev que serão destinadas para 7 locais onde mapeamos maior urgência. Sobre as diversas e lamentáveis denúncias de abusos infantis nos abrigos, comuniquei às autoridades competentes e conversei com o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que me assegurou que os policiais militares paulistas que foram reforçar a segurança no local trabalharão para combater tais atrocidades.

Seguiremos divulgando inúmeros pontos de apoio para coleta de doações além de buscar ajuda em situações pertinentes como o vídeo que recebi de brasileiros que arrecadaram quase 50 toneladas entre alimentos e roupas em Portugal e pediram a minha ajuda para intermediar o envio até o Brasil e que felizmente está dando certo.

É importante destacar que isso é o mínimo diante do que está acontecendo na região. Independente de ideologias, toda forma de colaboração é bem-vinda, e obviamente não estou levando posicionamento político em consideração para realizar qualquer ato, muito pelo contrário, reitero aqui os meus elogios a todos que estão prestando algum tipo de amparo aos atingidos, independente de suas escolhas políticas.

É lamentável ver que até um momento tão difícil no país o governo Lula parece estar mais preocupado em politizar uma catástrofe do que fornecer auxílio. O tempo certo para chegar dinheiro se iniciou desde que se tornou necessário e não deve existir prioridades para determinados grupos no momento de receber alimentos e muito menos se deve utilizar um desastre para palanque de votos como proposto e feito pela ministra Anielle Franco.

Enquanto vários civis, agentes de segurança, artistas, influenciadores, empresários e vários outros colaboram da forma que podem, a esquerda se comporta como se tivesse o monopólio da verdade. Eles externam seu desejo de censurar e criminalizar opositores por supostas divulgações de fake news, mas passam vergonha como os verdadeiros propagadores de notícias falsas, desde a dispensa de ajuda a um suposto PIX de R$ 10 milhões da Madonna realizado com tanto sigilo que até agora ninguém achou. Será que o ministro Paulo Pimenta mostrará coerência e acionará a PF e a AGU contra seus aliados, o governo e o ministério do qual participa? Aguardarei ansiosamente.

Outro fato cômico é que, de repente, também consegui fazer a esquerda voltar a se preocupar com viagens. Eles acham que conseguem cancelar aqueles que odeiam com base na viagem mais recente, mesmo que seja a trabalho, enquanto ficaram calados, por exemplo, diante da presença do ministro de Minas e Energia em Roma, enquanto 300 mil estavam sem luz nas cidades gaúchas. O mesmo ocorre sobre o fato de deputados que gastaram quase R$ 100 mil da Câmara em uma viagem para a Cuba no 1º de maio e os parlamentares que foram à China e postaram os registros no X, que é banido por lá. Para finalizar, o eterno tour de lua de mel que esbanja gastos, e ainda nos “presenteia” com aquele famoso sigilo que prometeram que não existiria. Piada pronta.

Que o centro das atenções não seja troca de foto de perfil em meio ao caos, falas sobre torcida para clubes de futebol quando seus respectivos estádios estão tomados pela água, escolhas (aos risos) de nomes para planos de reconstrução, urnas submersas ou populismo banal com relação aos animais, que obviamente não só podem como devem ser salvos, mas não utilizados como figurantes de uma peça teatral eleitoral, como está comum hoje em dia.

Todo o meu apoio e as minhas orações ao Rio Grande do Sul neste momento aflitivo. Estamos com vocês.

DEU NO X

MAIS UMA DO EZERÇO BRASILEIRO

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

MARTHA DA CHÃ DA JAQUEIRA

Foi na sala de audiências do Fórum da Serraria que ela apareceu acompanhada da delegada de mulheres. A negra Benedita surgiu com seu permanente e debochado sorriso. O Promotor pediu para ela contar a surra que levou de seu companheiro, o servente de pedreiro, Severino, que ali se encontrava também para depor sobre sua violência intempestiva e seu ciúme incontrolável quando viu sua mulher, Benedita, jogando futebol com a meninada da rua, perto de sua casa na Chã da Jaqueira.

– Meu marido Severino me arrastou pelo braço quando me viu jogando futebol com os meninos. Entrou em casa me deu bofete e murro com força, eu caí no chão. Severino tem ciúme por qualquer besteira.

– E o senhor, Seu Severino, conte como conheceu a Benedita

Conheci há mais ou menos três anos, quando fui construir uma casa na praia do Pontal do Peba, foz do Rio São Francisco. Benedita morava no Pixaim, um povoado, onde nem existe luz elétrica. Gostei da bichinha, ficamos namorando, depois a gente veio morar na capital, onde eu tenho mais facilidade de serviço de pedreiro. Benedita engravidou, nasceu uma menina. Colocamos o nome de Débora. Benedita se apaixonou, é viciada por televisão e acha a Débora Seco a mulher mais bonita do mundo. Benedita não se encaixou com a vida de Maceió. Não gosta de sapatos. Calça sandália lepe-lepe quando não está descalça. Sua maior paixão é jogar Futebol com os meninos da rua quase da sua idade. Os parceiros já a apelidaram de Martha – Disse Severino.

A Delegada se intrometeu.

– Ele também é analfabeto, proibiu sua mulher de sair na rua e jogar com os meninos. Benedita fica em casa acabrunhada, infeliz, cuidando da filha. Certo dia não aguentou, quando debruçada na janela de sua casa assistia os meninos jogar futebol. Deixou a criança dormindo e com sua habilidade de atleta foi dar seus dribles e chutes certeiros, melhores que os da molecada da rua. Todos os moleques só a chamam de Martha. Nesse dia Severino voltou mais cedo para casa. Quando viu sua mulher jogando com a meninada, no mesmo instante a trouxe pelos seus fortes braços. Ele estava irado e esmurrava a indefesa Benedita, que sofria, não pela dor, mas pelo ódio em não poder com Severino, um touro de forte.

Foi essa a história contada no Fórum ao juiz Dr. Caio Monteiro na presença do Promotor. Dr. Caio estava emocionado, era o último dia de sua carreira de magistrado. Havia solicitado a aposentadoria. Aquele era o último caso da sua vida como juiz. Dr. Caio é tido como um homem sério, correto e honesto, dessas pessoas que honram qualquer instituição. Bem casado, com três filhos e três netos, viveu sempre para o lar. Em todo tempo de casado jamais prevaricou, fiel à esposa e a seus princípios. Enfim um homem que, por seu perfeccionismo, exige de si mesmo o que prega o que acredita.

Certo momento, a delegada pediu ao juiz e ao promotor para comprovar os edemas no corpo de Benedita, a Martha. Na sala contígua entraram apenas o juiz, o promotor e a vítima. A delegada pediu para Benedita mostrar as manchas no corpo. Num átimo, sem nenhum constrangimento, sem pudor e sem sequer uma ponta de maldade, Benedita puxou o zíper e deixou cair seu vestido chita. Deu-se uma comoção surpreendentemente e forte quando surgiu aquele corpo moreno perfeito, apenas coberto por uma minúscula calcinha branca, parecia uma estátua. A jovem Benedita bonita de cara, tinha o corpo cheio de fogo, pois esquentou o sangue dos presentes. A lascívia exalada por Benedita deixou o promotor boquiaberto e o vestal, puro e sério juiz, Caio Barreto, com uma encantada emoção. O coração disparou, deu-lhe taquicardia.

Foi o último julgamento do Dr. Caio Barreto: Houve separação, estipulou-se uma quantia do salário de Severino e que o acusado todos os fins de semana prestasse serviços comunitários. Benedita ficou com a guarda da filha. E trabalhando com o que aparecesse.

Dr. Caio aposentou-se. Ficou sem trabalhar. Era o ócio merecido. Certa tarde de sol, nosso juiz aposentado descia de carro a ladeira do Farol. Parou num sinal de um cruzamento. De repente seu coração acelerou, disparou, reconheceu entre os meninos que vendiam frutas e verduras, a jovem Benedita, a inesquecível Martha, com um curto short e uma blusa leve. Ela caminhava dengosamente em direção a seu carro com quatro sacolas de feijão verde. Ao ver o juiz, Benedita pulou de alegria e saiu-lhe um grito espontâneo: “DOUTOR!”.

O sinal abriu, ele mandou que ela atravessasse a rua. Quando Caio parou o carro do outro lado, ela já vinha correndo, alegre e feliz, oferecendo o feijão verde ao juiz, dizendo que era presente. Ele não aceitou e lhe deu uma nota de R$ 20,00. Iniciou um interrogatório, queria saber de tudo, como estavam o ex-marido, sua filha e ela. Benedita disse que morava com seus pais que vieram para Maceió e ajudava a família vendendo coisas na rua. Estava feliz com a vida que levava. Deus a livre de casar de novo.

Depois de contar sua história. Ela enfiou a cabeça dentro do carro, com um sorriso encantador e o decote mostrando os seios mais lindos que Caio tinha visto nesse mundo. Disse em voz clara, quase sussurrando: – “Doutor o senhor é um homem bonito, naquele dia tive vontade de lhe beijar. Sou muito agradecida pelo que fez. Se precisar de mim, dou o que o senhor quiser, é só pedir”.

Caio ficou surpreso, avermelhou o rosto, se emocionou, o desejo foi mais forte. Abriu a porta do carro, Martha entrou. Já faz um ano e meio daquele encontro. Agora, toda quarta-feira, eles passam uma tarde de amor. Dr. Caio vive feliz, bem humorado. E a moleca Martha fazendo gols incríveis na Chã da Jaqueira.

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO JORNAL

DEU NO X

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

MESTRES DO REPENTE

João Abel

A patativa de gola
Nos campos da providência
Uma pequena figura
Uma larga inteligência
Canta com tanta certeza
Sem precisar de ciência.

João Santana

A viola e o repente ,
No reino da poesia,
São dois deuses do Parnaso
Imortais da cantoria
E o cantador é um mestre
Que traz ao plano terrestre
O que o universo envia.

José Monte

É bonito se olhar numa represa
A marreca puxando uma ninhada
Com um gesto de mãe tão dedicada
No encontro das águas da represa
Quanto é lindo o arrolho da burguesa
Num conserto de notas musicais
A lagarta com letras naturais
Numa folha escrever fazendo um cheque
E palmeira selvagem abrindo o leque
Espantando o calor que a tarde faz.

Lenelson Piancó

O pé de milho de pai
Dá uns dez pés de urtiga
É tão grande que a lagarta
Foi subir, sentiu fadiga
Transformou-se em borboleta
Sem alcançar na espiga.

Biu Dionísio

Meu sonho de alpinismo
No precipício caiu
Quando eu caí todos viram
Quando escalei ninguém viu
Os monstro feitos de mármore
Que a mão de Deus esculpiu.

Raimundo Borges

No varal do infinito
Uma nuvem pendurada
Parece com uma roupa
Bem confeccionada
Que Deus coseu com maestria
Para o corpo da madrugada.

João Lourenço

Eu já passei tanta coisa
Que na vida nem pensava
Pra minha felicidade
A mulher que eu procurava
Deus teve pena de mim
Mostrou aonde ela estava.

Ismael Pereira

O mínimo precisaria
Aumentar uns cem por cento
Quem recebe no salário
Quinze reais de aumento
É mesmo que receber
Nota de falecimento.

Antonio de França

Não deve um homem querer
Por qualquer coisa brigar
Se alguém desafiá-lo
Deve fugir do lugar
Bonito é se defender
Sem ser preciso matar.

DEU NO JORNAL