PABLO LOPES - PEIXE NA ÁGUA

O BESSIAS VAI TER QUE ESPERAR

Eu já estava finalizando o texto que enviaria ao JBF para publicação, no qual trataria da futura indicação do novo ministro do STF, quando fomos tragados pela voragem da tal megaoperação da polícia no complexo de favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Acabei desistindo de enviar aquele para escrever este.

Não que a quase certa indicação de “Bessias” não fosse tragédia suficiente e duradoura para merecer considerações deste escriba, mas a enxurrada de mortos; cenas impressionantes de guerra seguidas da torrente igualmente impressionante de falas infelizes e imbecis, me fizeram mudar de ideia. Em frente, pois.

As causas que levaram ao atual estado de coisas ora vigente na capital carioca só podem ser encontradas nos grossos volumes da enciclopédia de mentiras, erros, crimes e mistificações reinantes neztepaiz, e deles não se tratará aqui. Meu ponto é outro: o descarado uso político dos mortos, perpetrado pelas figuras de sempre.

Não bastassem as imagens terríveis de corpos estendidos literalmente em praça pública como troféus, ainda temos que ver e ouvir criaturas física e moralmente decrépitas como as ministras dos direitos ‘dos manos’ e da igualdade racial ou parlamentares que julgávamos extintas da vida política, como Jandira (Jandirão) Feghali e Benedita da Silva, transformando o IML em palanque.

À imoralidade de tal comportamento se somam a desfaçatez e hipocrisia, eis que que acusam o governador Cláudio Castro de ter feito exatamente o que eles fazem muito pior, pois tentam transformar os bandidos, mortos em confronto com fuzis nas mãos, em vítimas de racismo do estado; do fascismo e outras mistificações, para tentar obter dividendos políticos sobre o sangue purificado dos traficantes.

Nem é necessário tecer críticas ao mutismo dessas “otoridades” sobre as únicas vítimas de fato dessa tragédia: os policiais mortos ou feridos. Afinal, desde sempre a esquerda nacional tem cerrado fileira ao lado do crime e dos criminosos. Sem surpresas, portanto.

Nenhuma surpresa também quanto ao comportamento do presidente. Lula, como em todas as ocasiões, deve ter consultado seu ministro da propaganda e verdade antes de se pronunciar. Imagino que tenha sido aconselhado a esperar as pesquisas de opinião para ver de que lado ficava.

Tentou certa neutralidade e até citou, muito a contragosto, os policiais tombados durante a batalha. Mas não resistiu à tentação de juntar-se aos seus e chamar a operação de desastrosa e classificá-la como matança. Deixou a seus cupinchas a difícil missão de tentar convencer a todos que o demiurgo não disse o que disse.

Por fim, como não poderia deixar de ser, Alexandre de Moraes também aproveitou para expor sua careca aos holofotes. Segundo a imprensa, o onipresente e onipotente ministro já emanou suas ordens para preservação dos achados das perícias além de mandar a PF investigar o crime organizado. Também se reuniu com as tais ONGs de direitos humanos. Ou seja, ajudou a colocar em dúvida a lisura das apurações conduzidas pela secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro. Já escolheu seu lado.

De resto, só dá para lamentar o destino dos moradores do imenso complexo de favelas do Rio e de outras capitais. Obrigados a viverem sob a exploração dos criminosos e usados por aproveitadores de todos os tons de vermelho que, assentada a poeira, os esquecerão até a próxima tragédia.

O Bessias, ou outro indicado, fica para a próxima coluna, não esquecendo que será, certamente mais uma peça colocada por Lula no sistema já em funcionamento, cujos resultados também são exibidos em toda sua glória na forma de explosões, barricadas, sangue e muita, muita hipocrisia.

Pobre Brasil.

PABLO LOPES - PEIXE NA ÁGUA

ME APRESENTANDO

Como começar uma aventura dessas? Achei melhor “começar pelo começo”, me apresentando. Sou paulistano de nascimento, mas vivo há mais de 40 anos em Ribeirão Preto, interior de São Paulo; advogado tardio, 60 anos, quatro filhos, conservador nos costumes, apreciador de bons livros, boas conversas e boas risadas. Tudo a ver com nossa querida Besta e seus frequentadores. Nada de muito interessante, pois.

O título da coluna tirei de um livro de Mario Vargas Llosa e se relaciona com algo que valorizo abaixo somente de Deus: minha liberdade. Sim, liberdade de pensamento, de expressão e de escolha. Acredito que nestes tempos de censura forçada ou voluntária, em nenhum outro lugar há mais liberdade que nas águas profundas desta gazeta. Me sinto um peixe na água, portanto.

Em harmonia com a liberdade geral aqui reinante, Berto me deixou à vontade para escolher os assuntos a serem tratados. Tarefa difícil, ante o nível dos demais colunistas cujo talento agora tentarei corresponder.

Assim, vou abusar da paciência dos que me derem o privilégio de sua leitura, tratando de temas ligados à única área que tenho algum conhecimento de causa, ou seja, as lides do direito. Pode ser que não consiga esconder o estupor diante das aberrações ora em curso. Também pretendo contar, com o devido sigilo, alguns causos jurídicos reais que passaram por estas mãos.

Dito isso, só me resta agradecer ao mestre Berto pela honra de escrever nesta página que acompanho há mais de 15 anos. Também agradeço desde já a paciência e a generosidade de colunistas, comentaristas e fubânicos em geral.

Boa sorte para todos nós e vamos que vamos!