Eu já estava finalizando o texto que enviaria ao JBF para publicação, no qual trataria da futura indicação do novo ministro do STF, quando fomos tragados pela voragem da tal megaoperação da polícia no complexo de favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Acabei desistindo de enviar aquele para escrever este.
Não que a quase certa indicação de “Bessias” não fosse tragédia suficiente e duradoura para merecer considerações deste escriba, mas a enxurrada de mortos; cenas impressionantes de guerra seguidas da torrente igualmente impressionante de falas infelizes e imbecis, me fizeram mudar de ideia. Em frente, pois.
As causas que levaram ao atual estado de coisas ora vigente na capital carioca só podem ser encontradas nos grossos volumes da enciclopédia de mentiras, erros, crimes e mistificações reinantes neztepaiz, e deles não se tratará aqui. Meu ponto é outro: o descarado uso político dos mortos, perpetrado pelas figuras de sempre.
Não bastassem as imagens terríveis de corpos estendidos literalmente em praça pública como troféus, ainda temos que ver e ouvir criaturas física e moralmente decrépitas como as ministras dos direitos ‘dos manos’ e da igualdade racial ou parlamentares que julgávamos extintas da vida política, como Jandira (Jandirão) Feghali e Benedita da Silva, transformando o IML em palanque.
À imoralidade de tal comportamento se somam a desfaçatez e hipocrisia, eis que que acusam o governador Cláudio Castro de ter feito exatamente o que eles fazem muito pior, pois tentam transformar os bandidos, mortos em confronto com fuzis nas mãos, em vítimas de racismo do estado; do fascismo e outras mistificações, para tentar obter dividendos políticos sobre o sangue purificado dos traficantes.
Nem é necessário tecer críticas ao mutismo dessas “otoridades” sobre as únicas vítimas de fato dessa tragédia: os policiais mortos ou feridos. Afinal, desde sempre a esquerda nacional tem cerrado fileira ao lado do crime e dos criminosos. Sem surpresas, portanto.
Nenhuma surpresa também quanto ao comportamento do presidente. Lula, como em todas as ocasiões, deve ter consultado seu ministro da propaganda e verdade antes de se pronunciar. Imagino que tenha sido aconselhado a esperar as pesquisas de opinião para ver de que lado ficava.
Tentou certa neutralidade e até citou, muito a contragosto, os policiais tombados durante a batalha. Mas não resistiu à tentação de juntar-se aos seus e chamar a operação de desastrosa e classificá-la como matança. Deixou a seus cupinchas a difícil missão de tentar convencer a todos que o demiurgo não disse o que disse.
Por fim, como não poderia deixar de ser, Alexandre de Moraes também aproveitou para expor sua careca aos holofotes. Segundo a imprensa, o onipresente e onipotente ministro já emanou suas ordens para preservação dos achados das perícias além de mandar a PF investigar o crime organizado. Também se reuniu com as tais ONGs de direitos humanos. Ou seja, ajudou a colocar em dúvida a lisura das apurações conduzidas pela secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro. Já escolheu seu lado.
De resto, só dá para lamentar o destino dos moradores do imenso complexo de favelas do Rio e de outras capitais. Obrigados a viverem sob a exploração dos criminosos e usados por aproveitadores de todos os tons de vermelho que, assentada a poeira, os esquecerão até a próxima tragédia.
O Bessias, ou outro indicado, fica para a próxima coluna, não esquecendo que será, certamente mais uma peça colocada por Lula no sistema já em funcionamento, cujos resultados também são exibidos em toda sua glória na forma de explosões, barricadas, sangue e muita, muita hipocrisia.
Pobre Brasil.