Mote deste colunista:
Ensebei a macaca do repente
Pra bater em poeta sem futuro
* * *
Como mestre do verso eu me assumo
Renomado que sou em oratória
Nessa arte da rima eu fiz história
Como craque da glosa eu me presumo.
Balaieiro comigo perde o rumo
Pois poeta sem verve eu não aturo
Se for fraco depressa eu esconjuro
Nem aceito balaio em minha frente;
Ensebei a macaca do repente
Pra bater em poeta sem futuro.
Hélio Crisanto
Onde eu chego cantando ganho espaço
Porque a minha poesia vem completa
Todos dizem que sou um bom poeta
E admiram os versos que eu faço
Eu não sou de cantar verso em pedaço
Quem enfrenta, conhece que sou duro
Se for fraco eu empurro pra o monturo
E elimino de vez da minha frente
Ensebei a macaca do repente
Pra bater em poeta sem futuro.
Paulino Neto
Quando algum catador me desacata
Logo vai tropeçar e levar tombo
E depois de cair prepare o lombo
para experimentar minha chibata.
Trago em meu versejar verve pacata
Mas se vem desaforo eu não aturo
Quem tentar, leva um coro tão seguro
Que jamais quer pisar em meu batente
Ensebei a macaca do repente
Prá bater em poeta sem futuro.
Zé Ferreira
Em quaisquer das disputas me destaco,
Porque sou genial, forte e sublime.
No gramado eu aposto no meu time,
Na sinuca eu confio no meu taco!
Sem ter mira eu acerto num buraco,
A 1 km distante atrás de um muro,
E emprestando um centavo eu quero o juro,
Que agiota não cobra de cliente.
Ensebei a macaca do repente,
Pra bater em poeta sem futuro!
Risollene Santos
Conheci um poeta demagogo
Tal e qual o político corrupto
Que num papaguear ininterrupto
Seboso feito galinha com gogo
Quer ver mesmo é o circo pegar fogo
E jogar seu parceiro no monturo
É cantador chifrinho e obscuro
Só desejo enforcá-lo lentamente:
Ensebei a macaca do repente
Pra bater em poeta sem futuro!
Bastinha Job
O poeta exibido leva é peia
Se vier me enfrentar num desafio
Seja um, seja dois ou seja um trio…
Perde o rumo, amolece e se aperreia
Pois meu verso é reflexo e encandeia
Feito feixe de luz em ponto escuro
Sou o medo do vate mais seguro
Só se gaba se eu não tiver presente
Ensebei a macaca do repente
Pra bater em poeta sem futuro.
Adriano Bezerra