JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

A CHULIPA E A TIRADA DO SELO

A chulipa ou cachuleta

Está muito enganado, quem pensa que a criançada dos tempos que passaram e hoje estão mais distantes que o catavento do Moinho procurado por Don Quixote e Sancho Pança, vivia apenas para tocar a campainha na frente das casas e se esconder, ou para pegar uma vara de bambu e derrubar goiabas e mangas da vizinhança.

Fomos felizes, sim!

Para que felicidade maior e melhor, que fabricar suas próprias pipas (arraias, no meu Ceará), dá-lhe linha e ficar lanceando quando o vento era favorável?

Para que felicidade maior e melhor, que soltar o pião num chão apropriado, colocá-lo na mão e mostrar para o mundo as suas habilidades – tão próprias de uma criança feliz?

E o álbum de figurinhas?

E as revistas do Recruta Zero, Tio Patinhas, Pato Donald, Sobrinhos do Capitão, isso sem contar a felicidade de amealhar moedas no cofrinho de barro, para comprar o álbum anual do Super-Homem ou do Fantasma?

A gente até viajava escutando os sons dos tambores e mensagens transmitidas selvas à dentro!

Qualquer um gostaria de possuir o “anel do Fantasma”, nera não?

E as visitas nos domingos e feriados aos parques infantis, e a sorte de usufruir de guloseimas como roletes de cana, cocadas, quebra-queixos, sorvetes, picolés e pipocas?

Não. Nossa felicidade e algumas das nossas brigas não se resumiam a isso!

Existiram os dissabores, sim senhor!

Além do dedão do pé magoado e enrolado com um pedaço de pano velho, que acabava nos “proibindo” de jogar as peladas na rua, ficávamos “putos de raiva” com a chulipa na orelha – que alguns rotulam de cachuleta.

Cabelo cortado apropriado para “tirar o selo”

Outra mania que não era de bom grado, era a “tirada do selo” do cabelo cortado todo mês – alguns por recomendações maternas, para evitar a proliferação de lêndeas e piolhos.

Diferentemente de hoje, quando muitos jovens de forma afrescalhada, calçamentando o caminho da viadagem (com a conivência dos pais), deixam o cabelo crescer para alimentar um modismo idiota, os pais do passado, “obrigavam os filhos” a cortar os cabelos com “máquina zero”. Também por motivos econômicos, pois o corte seguinte demoraria mais.

E era por conta desse corte “raspado com máquina zero”, que as cabeças ficavam apropriada para “tirar o selo”.

Dava uma confusão danada. Causava até briga!

Mas, convenhamos, era gostoso!

DEU NO JORNAL

BRASIL DESCONFIÁVEL

Levantamento do JP Morgan, maior banco dos EUA, revela que neste momento Paraguai e Guatemala são mais confiáveis que o Brasil para investimentos na América Latina.

Uruguai é a melhor opção.

Também é mais seguro investir no Peru, país convulsionado, e até no Panamá.

* * *

Paraguai e Guatemala mais confiáveis que o Brasil…

Hum…

Algum leitor que entende do assunto poderia me dizer porque nosso país não é mais confiável para investimento?

Desde quando começou essa desconfiança?

Investidores, que manjam bem desse assunto, devem ter sérias razões pra correr daqui.

Que danado tá acontecendo?

DEU NO JORNAL

COMUNISTA DINO DEIXA CLARA SUA VISÃO TOTALITÁRIA

Leandro Ruschel

O sistema que muita gente costuma simplificar pelo uso do termo “democracia” é o arranjo institucional em que o povo escolhe representantes para criar e emendar leis, eventualmente aponta o chefe do Executivo, e todos eles, incluindo o povo, estão sujeitos às mesmas leis, através da operação do Judiciário.

Esse arranjo também leva o nome de Estado Democrático de Direito.

Há um papel determinado para cada ente nesse arranjo: o Legislativo cria as leis, o Executivo administra, e o Judiciário julga.

Pois o senhor ministro da Justiça Flávio Dino, integrante do Executivo, e “comunista, graças a Deus”, nas suas próprias palavras, parece não entender esse arranjo, apesar de ser um ex-juiz e político de carreira.

Em entrevista, ontem, afirmou que a “regulação das redes” acontecerá de qualquer forma, mesmo que o Parlamento não aprove o projeto a respeito do tema.

Na verdade, trata-se de um projeto de CENSURA das redes sociais.

Se o Congresso não agir, afirmou o ministro do alto da sua arrogância e prepotência, o Judiciário fará a regulação e/ou o Executivo.

É uma visão totalitária do Estado, incompatível com a Democracia, mas alinhada ao comunismo “graças a Deus”, que não acredita em poder para o povo, mas coloca-o nas mãos de uma elite “iluminada”, a qual o ministro acredita fazer parte.

Seria apenas o arroubo de um velho comunista, não tivesse o Supremo iniciado julgamento de uma ação que pode gerar exatamente a “regulação” pretendida pelo ministro. E não tivesse também o Executivo usado o seu poder para censurar até mesmo vozes contrárias ao projeto.

Ou seja, ao contrário da propaganda apresentada durante o processo eleitoral, não foi alçado ao poder o candidato “da democracia”, mas sim o autoritário.

Já o candidato que efetivamente operou a favor das liberdades individuais e da Democracia foi retirado do cargo, sendo hoje perseguido, como ocorre em todas as ditaduras.

Um processo autoritário para acabar com as nossas liberdades básicas, como a de expressão.

Nada poderia ser mais comunista.

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

A CASA DOS MEUS AVÓS.

Quando os avós vão embora
A saudade se abriga
E aquela casa antiga
Ninguém mais visita agora.
Fins de semana vividos,
Por muitos são esquecidos
E a solidão feroz
Passa a ser a inquilina
Da fazenda da colina
Pousada dos meus avós.

Nenhum filho quis ficar
Neste recanto adorado,
Uns foram pra outro Estado
Sem intenção de voltar.
O curral que abrigou
O gado que vô criou
Hoje se rende ao cupim.
Chego a sentir, na verdade,
Um chocalho de saudade
Batendo dentro de mim.

Passei por aquela estrada,
Rezei no pé da porteira
E lembrei cada carreira
Que dei naquela calçada.
Procurei por companhia,
Vi um anum de vigia
Numa cerca de avelós.
Saí pensando num tema
Para escrever um poema
Da casa dos meus avós.

DEU NO X

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

AS BRASILEIRAS – Maria Tomásia

Maria Tomásia Figueira Lima nasceu em 6/12/1826, em Sobral, CE. Foi a principal mulher pioneira na luta pela abolição da escravatura no Ceará, em 25/3/1884, antecipando a Lei Áurea de 1888. Neste dia, reconhecido em Lei como Data Magna do Ceará desde 2011, é feriado estadual.

Filha de Ana Francisca Figueira de Melo e José Xerez, nascida em berço aristocrata. Foi educada e alfabetizada ainda criança e tornou-se uma boa oradora com acesso livre em todas as classes sociais. Casou-se aos 15 anos com o fidalgo Rufino Furtado e ficou viúva ainda jovem com 8 filhos. Pouco depois contraiu o segundo casamento com o abolicionista Francisco de Paula de Oliveira Lima e mudaram-se para Fortaleza.

Tanto quanto, ou ainda mais que seu marido, envolveu-se no movimento abolicionista e foi cofundadora e primeira presidente da “Sociedade Cearense Libertadora”, em 8/12/1880, reunindo 22 mulheres de famílias influentes na sociedade cearense. No mês seguinte foi criado o jornal Libertador, através do qual as mulheres passaram a divulgar suas ideias e iniciar efetivamente a campanha abolicionista. Começaram de modo radical, organizando greves e facilitando fugas de escravos, mas logo passaram a utilizar a propaganda para convencer os senhores a libertarem seus escravos e buscar recursos para comprar a alforria de alguns escravos.

Para arrecadar fundos, foram realizados muitos bazares e o movimento chegou a receber ajuda financeira do Imperador Dom Pedro II. Na primeira reunião da Sociedade, as abolicionistas assinaram 12 cartas de alforria e em seguida conseguiram convencer os senhores de engenho a alforriar 72 escravos. A partir daí o movimento abolicionista tomou corpo com o envolvimento de boa parte da sociedade local até 25/3/1884, quando o presidente da Província -Sátiro de Oliveira Dias- anunciou: “O Ceará não possui escravos”.

Não foi uma lei, mas era uma “Declaração de Direito de Liberdade”. Na ocasião Maria Tomásia foi homenageada e aclamada “Incansável Protetora dos Cativos”. O ato declaratório manteve a chama pela luta libertadora e fortaleceu as articulações dos abolicionistas em todo o País. A criação da Sociedade Cearense Libertadora 8 anos antes da Lei Áurea estimulou outras províncias a batalhar pela proclamação do fim da escravatura no País, possibilitando a proclamação da República no ano seguinte.

Maria Tomásia faleceu em 1902 e seu nome encontra-se hoje esquecido, inclusive dentro do “Movimento Negro”, devido a falta de divulgação sobre os antecedentes da Abolição da Escravatura. Na intenção de mitigar este esquecimento, o deputado federal Dr. Jaziel Pereira apresentou Projeto de Lei, em 2020, para inscrever o nome de Tomásia Figueira Lima no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Mas, por enquanto, a intenção é apenas um projeto.

O município de Redenção, a 64 km. de Fortaleza, anteriormente denominado Acarape, recebeu este nome em devido a ser a primeira cidade do Brasil a libertar os escravos. Para manter a memória deste pioneirismo, a cidade mantém o “Museu Senzala Negro Liberto” aberto à visitação pública e sedia a UNILAB-Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, desde 2009.

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

PENSANTES E OBRANTES

Costumo diferenciar, quando estou em molecamentos lúdicos com familiares e amigos, personalidades contemporâneas como pensantes e obrantes. Os primeiros, contribuíram, e muitos ainda subsidiam, com ideias que edificarão amanhãs sementeiros, que muitos benefícios causarão para o atual panorama mundial desenvolvimentistas. Já os obrantes podem ser definidos como aquelas mentes merdálicas, negativistas e sem um mínimo nível evolucional, sempre de cueiros nada higienizados, que apenas “astravacam o pogreço”, como dizia aquele saudoso personagem do inesquecível Chico Anísio, um dos notáveis Chicos que a humanidade nos presenteou nos últimos tempos.

Um trecho de uma contracapa de livro recente trouxe uma esperança redobrada naqueles, como eu, distanciados dos sectarismos políticos que em nada contribuem. Permitam-me os leitores fubânicos que eu a reproduza abaixo:

“Por milhares de anos, nosso processo evolutivo seguiu um padrão: a prosperidade avançava segundo os progressos tecnológicos. No entanto, em pouco tempo, as condições de vida retornavam ao ponto de partida. Só durante a Revolução Industrial, com a redução da mão de obra infantil, o investimento em educação e o decréscimo na taxa de fecundidade, houve enriquecimento da população – embora a distribuição dessa riqueza tenha ocorrido de maneira desigual. Para tentar entender o que justificaria essa nova fase da história humana e as disparidades entre as nações, o renomado economista Oded Galor criou a teoria unificada do crescimento, que explora a interação dinâmica entre a evolução humana e o desenvolvimento econômico.”

O livro que está dando múltiplas esperanças aos pensantes que há muito já perceberam a gigantesca necessidade de combater, sem esmorecimentos, as Leis Fundamentais da Estupidez Humana, é o seguinte:

A JORNADA DA HUMANIDADE: AS ORIGENS DA RIQUEZA E DA DESIGUALDADE, Oded Galor, Rio de Janeiro, Editora Intrínseca, 2023, 336 p.

Algumas opiniões estão ampliando, em muitos pensantes, a vontade de ler o que foi considerado um novo livro Sapiens, por análise circunstanciada do jornal L’Express.

Para os obrantes que estão buscando sair do brejo, recomendaria ainda dois livros de um filósofo brasileiro que tem muito contribuído para o desabestalhamento de milhares de pessoas por este Brasil de meu Deus. São eles:

1. COMO APRENDI A PENSAR: OS FILÓFOS QUE ME FORMARAM, Luiz Felipe Pondé, São Paulo, Planeta do Brasil, 2019, 208 p.

2. FILOSOFIA PARA CORAJOSOS, Luiz Felipe Pondé, São Paulo, Planeta do Brasil, 2016, 189 p.

Perceba-se sempre uma metamorfose ambulante, sempre percebendo atentamente os tentáculos da primeira lei da estupidez humana:

“Todo mundo subestima, sempre e inevitavelmente, o número de indivíduos estúpidos em circulação.”

E se desejar tomar conhecimento, para travar o bom combate, das demais leis da estupidez humana, leia:

AS LEIS FUNDAMENTAIS DA ESTUPIDEZ HUMANA, Carlo M. Cipolla, São Paulo, Planeta do Brasil, 2020, 93 p.

O autor do oportuno livro, acima citadp, 1922-2000, era italiano e recebeu o prestigioso Prêmio Balzac de História da Economia, em 1995.

No mais, um abração bem nordestinamente brasileiro para todos os fubânicos. Com um pedido fraternal: transformem-se, sempre direcionando-se para a Luz, e busquem beneficiar a realidade à sua volta, sempre lendo e entendendo cada vez mais os fatos do agora e dos amanhãs.

DEU NO X

DEU NO X

PENINHA - DICA MUSICAL