Mais vergonha internacional.

Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas…
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!
Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!
Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!
– Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, Cruz do Espírito Santo, Paraíba (1884-1914)
Caro Luiz Berto,
“Rola” na internet um vídeo onde uma mãe – preta, pobre – enfrenta o Conselho Tutelar, justificando o porquê de ter dados uns “tabefes” na filha, menor, que tinha ficado fora de casa uma noite e causado todo tipo de transtorno que uma situação assim causa (quem tem filho sabe muito bem).
Quem tiver curiosidade e oportunidade de ver, sugiro por ser muito interessante e sincero.
Leio nos jornais que o Governo do Mato Grosso vai investir R$ 53 milhões para cirurgias plásticas direcionadas a alunos de escolas públicas que se sentirem constrangidos por algum defeito de nascença e em consequência serem motivos de “bullying ”.
Os assuntos em algum momento se encontram, se pudermos analisa-los com cuidado.
Hoje, nada se pode fazer para enquadrar os filhos; se no passado pecava-se pelo excesso, hoje o pecado é a ausência de correções, por serem puníveis com a lei ou no famoso jargão do momento “não ser politicamente correto”.
Adolescentes ou até mesmo antes dessa fase fazem praticamente o que querem, com a cumplicidade de pais, que por se considerarem modernos os deixam livres e soltos para atitudes antissociais, mesmo constrangendo outrem.
Pais ou responsáveis se sentem no direito de exigir que a escola dê aos filhos a educação que não recebem em casa; chegam ao ponto de criticar professores pelo que seus rebentos fazem, acreditando piamente ser de responsabilidade da escola tornar seus filhos pessoas que eles não tornaram.
Enfim, em todo agrupamento de pessoas – escola, trabalho, reuniões – sempre haverá um grupo fazendo troça de alguém, com mais ou menos intensidade, ou seja, fazendo “bullying”.
É da natureza humana ser crítico ou desfazer do outro, seja por inveja, por se sentir superior ou por pura maldade.
Então, gastar-se dinheiro para corrigir e tornar esteticamente perfeito ou dentro dos padrões que a sociedade assim imagina é dar razão aqueles que atacam, tornando a vítima culpada por ter nascido fora desses padrões.
Será, grosso modo o Estado praticando o “bullying”, de uma forma indireta.
No caso da mãe que exerceu seu dever de castigar a filha, o Estado age para puni-la, mas deixa de lado o ponto central para quem não respeita pais ou colegas: favorecer a família, como o núcleo de formação do jovem.
Com certeza não existe cirurgia para isso; o interior de alguém não tem cura ou reparo, a não ser uma boa formação familiar, algo em falta atualmente e, que quando praticado punido.
Abraço
Inté!
Para quem já esqueceu da delação da JBS…
Post original do @JoaoPauloRibas4. pic.twitter.com/2R6hzszzZ5
— Leandro Ruschel 🇧🇷🇺🇸🇮🇹🇩🇪 (@leandroruschel) May 13, 2023
“Robemo pra caraio!!! E ainda tem gente que vota nim nóis”
Caro Berto
Segue uma notícia, que peço-lhe publicar no JBF
Ana Corrêa Pando, leitora assídua da minha coluna Memorial, publicada no JBF, está colocando em seu canal youtube alguns vídeos dos memoráveis incluídos na coluna.
Os internautas agora podem ver e ouvir a história dos ilustres memoráveis no canal youtube da Ana.
O primeiro vídeo apresentado é o perfil da Chiquinha Gonzaga, que pode ser acessado clicando aqui.
Grato e abraços
Semana passada, meu filho João estava estudando acentuação de palavras e veio me pedir uma ajuda.
Ele queria saber o que era uma palavra “proparoxítona”.
Enquanto explicava, me veio à lembrança um texto de 2006, quando o João nem era nascido ainda, e que foi postado na antiga versão do JBF.
É este que está transcrito a seguir.
* * *
A foto abaixo retrata um momento do evento denominado Soy Loco por Ti Pernambuco, realizado pela Escola de Letras da Faculdade de Filosofia do Recife.
O evento, em sua nona edição, presta nesse ano de 2006 uma justa homenagem ao grande poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo, último à direita.
Na foto, falando no microfone, estou entre a Professora Inês, Mestra em Literatura, e Antonio Campos, diretor do Instituto Maximiano Campos.
Ressaltei nas minhas palavras aos estudantes que, naqueles momentos, estava se realizando um dos pontos altos da minha carreira de escritor.
E expliquei o motivo: é que durante toda minha vida eu sempre havia sonhado com o dia em que viraria uma proparoxítona.
Eis que, finalmente, meu sonho havia se concretizado, pois que meu nome estava, na programação do evento, no item “Ícones Pernambucanos”.
A risadagem foi geral no auditório.
É uma pena que minha avó, a velha Menininha, não esteja mais viva pra ficar orgulhosa com o fato de seu neto mais velho ter se tornado um “ícone”, uma majestosa proparoxítona.
Enfim, estou feliz com o título.
O encontro foi excelente, o tema da minha palestra, “O Romance da Besta Fubana – Peibufo, Etc. e Coisa e Tal”, foi alvo de muitas perguntas e a noite transcorreu de maneira agradável e amena.
Gostei.
700 milhões de brasileiros morreram por causa do COVID.
Este é o Presidente de vocês. Boa sorte! 🍀 pic.twitter.com/CuPFiwYpzc
— Rafael Gloves (@rafaelgloves) May 12, 2023
Pintura de Emanuel Leutze: Washington cruzando o Delaware, sobre o ataque de George Washington aos hessianos em Trenton, na manhã de 26 de dezembro de 1776
Na minha última coluna aqui no JBF, conversamos sobre essa estranha sensação de estarmos trancados no filme Feitiço do Tempo, sim, aquele do “dia da marmota”. Todas as manhãs, o protagonista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, acorda sempre no mesmo dia. As mesmas coisas acontecem repetitivamente e ele parece estar diante de um transe, um feitiço do tempo, que faz com que o dia de hoje se repita da mesma maneira.
Ultimamente, a sensação é de que todo brasileiro poderia adotar o sobrenome Connors. Já nem sabemos há quanto tempo estamos trancados no feitiço que o STF e Alexandre de Moraes impuseram sobre o Brasil. Entra dia e sai dia, abrimos as páginas dos jornais e o mesmo está nas manchetes: STF interfere no Legislativo, Alexandre de Moraes manda prender alguém inconstitucionalmente, ministro não sei quem desrespeita a Constituição e decreta não sei o quê ilegalmente. O Senado, única ferramenta constitucional para frear essa insanidade jurídica, continua de joelhos aos desmandos narcisistas do Supremo, e o Congresso se mostra praticamente inexistente diante da barbárie judicial a que estamos sendo submetidos diariamente.
Foram quatro anos de perseguição a um governo legítimo que tentou fazer o seu melhor. E fez. O legado bendito está aí em números, ações e em uma renovação no Legislativo. O povo foi às ruas em muitas ocasiões pedir respeito à Constituição, pediu reformas importantes, cobrou parlamentares, discutiu política — mas foi calado na pandemia e nas eleições presidenciais. O debate público foi cerceado, as multas e as ações do TSE já começavam a mostrar que a censura seria o foco do Judiciário. “Povo chato que anda falando demais sobre política e cobrando o sistema, o nosso sistema. Vejam só… Agora essa gente vai querer cobrar parlamentar… Vai querer cobrar que a Constituição seja seguida… Era só o que faltava…”
Alexandre de Moraes no lançamento do Anuário da Justiça, em 10/5/2023
E 2023 bateu com força na gente. A carreta furacão do desgoverno veio sem freio. Atropelou tudo pela frente. Da saúde fiscal do país à nossa saúde mental que está por um fio assistindo ao mais absurdo aparelhamento do Judiciário, que, dentre outras tantas barbaridades jurídicas apontadas até por juristas renomados, agora resolveu calar de vez a boca dos brasileiros. Sem votos para aprovar o PL 2630 da Censura, o governo sofreu uma derrota importante na Câmara, empurrada principalmente pelo povo chato que cobrou de seus parlamentares a não aprovação de um texto que institucionalizaria a censura no Brasil. Pois bem, os monstros do pântano não gostaram. Povo chato! Lá vem essa gentalha cobrar parlamentar!
Em uma semana testemunhamos a outrora gloriosa Polícia Federal fazer operação de busca a cartão de vacina de ex-presidente, o desgoverno liberar R$ 10 bilhões em emendas do relator — aquilo que o consórcio de imprensa e a Simone Tebet chamavam de “Orçamento secreto”, para a compra de votos na Câmara e no Senado, o STF derrubar o indulto presidencial constitucional a Daniel Silveira, e o mais recente ato de censura — Google e Telegram tiveram de apagar suas opiniões negativas sobre o PL da Censura. As plataformas também tiveram de acatar as decisões do ministro da (in)Justiça, Flávio Dino, e do ministro de tudo o que está a nossa volta no passado, presente e futuro, Alexandre de Moraes, de “reformular” suas opiniões sobre o PL para que agradasse à sanha bolchevique de ambos. Caso não acatassem as vontades magnânimas e inconstitucionais dos digníssimos, multas milionárias seriam aplicadas.
Olha o Gópiiiii😂😂
“Eu estava até em São Paulo” pic.twitter.com/up9vbyBRug
— Elisa Brom (@brom_elisa) May 12, 2023