DEU NO JORNAL

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

ASA DE CORVO – Augusto dos Anjos

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa…

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza…

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte – a costureira funerária –
Cose para o homem a última camisa!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, Cruz do Espírito Santo, Paraíba (1884-1914)

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

PERCIVAL PUGGINA

O SILÊNCIO DOS NADA INOCENTES

Por que a Câmara dos Deputados aprovou a prisão do deputado Daniel Silveira, silenciou perante o “fique em casa” e o “lockdown”, aceitou os primeiros ataques à liberdade de expressão e tolerou que até seus membros fossem sancionados com restrições de direitos de uso das redes sociais?

Por que, como poder de Estado com legitimidade para representação do povo, conformou-se quando a cúpula do Judiciário foi assumindo competências do Governo e do Parlamento?

Por que se aquietou quando ato soberano de concessão de graça a um parlamentar foi jogado à lixeira no plenário do STF? E por que o Senado da República nunca reagiu aos abusos de poder, reelegeu com ampla margem o mais omisso de seus presidentes e nada faz para conter a onda totalitária que agora conflui ao novo governo? Por que apenas uns poucos e valorosos discursos ousaram protestar contra a violência que caracteriza a cassação do deputado Deltan Dallagnol?

Nesse já longo e sinistro caminho, enquanto tantos se ocupam com a CPI das apostas, das Americanas, das criptomoedas, e outras questões de variado porte, uns poucos e bravos deputados custam a encontrar assinantes para a CPI do abuso de autoridade. Então, cravo aqui mais um “por quê?”.

Há várias respostas, mas a essencial é a enorme distância que nosso sistema de eleição proporcional estabelece entre os parlamentares e os cidadãos, entre Brasília e a Santana do Livramento onde nasci. Em nosso sistema, deputados e senadores só têm contato com quem está na sua bolha. Não são abordados, nem conhecidos. Menos ainda são reconhecidos e cobrados por quem está fora de seu convívio, de suas equipes e dos recursos que liberam em destinações específicas. Cristalizou-se no Brasil um sistema antipovo.

Por isso, temas da cidadania não suscitam interesse do parlamento, a menos que, em surtos de animação, as redes sociais sejam acionadas. Por isso, cá nas escarpas da realidade, longe da planície dos favores, costumamos dizer perante raros congressistas favorecidos por convite para se manifestar em algum canal de tevê: “Esse me representa!”. É o cidadão brasileiro que habita em nós diante de alguém que desviou os olhos dos interesses pessoais e viu a nação, viu a democracia solapada, o estado de Direito corrompido, a liberdade sendo suprimida, os brutamontes se multiplicando e elevando o tom de voz.

Os temas da cidadania morrem à míngua com esse sistema eleitoral! Creia, leitor amigo, voto distrital faz de cada deputado representante de todos em seu distrito, devedor de explicações a quaisquer de seus cidadãos. Se não os representar bem, perde o mandato por decisão daqueles que o concederam. É vacina indispensável à cura da enfermidade que descrevi, capaz de sanar o primado da estupidez e da aberração instalado no país. Sei que isso não é fácil nem para já. Por enquanto, só posso apontar a razão não-monetária pela qual nosso Congresso não lhe dá a mínima bola, cidadão. Os votos da reeleição já estão sendo comprados com recursos da torneira conectada a seu bolso.

RLIPPI CARTOONS

RODRIGO CONSTANTINO

TRUMP E O CONLUIO COM OS RUSSOS

Hillary Clinton, Donald Trump e Barack Obama

Esqueçam Watergate! O escândalo que forçou a renúncia de Nixon foi fichinha perto do que temos diante de nós hoje. Com o relatório de John Durham sobre as origens da investigação do FBI sobre o suposto conluio de Trump com os russos, o que vem à tona é possivelmente algo sem precedentes na história dos Estados Unidos.

O ex-procurador-geral dos Estados Unidos William Barr disse, durante uma entrevista nesta semana, que o relatório do conselheiro especial Durham a respeito das origens da investigação do FBI sobre o ex-presidente Donald Trump “vingou” o ex-presidente e que Trump estava certo desde o início em relação ao que a esquerda estava tentando fazer com ele.

O relatório de Durham descobriu que o FBI não tinha evidências para apoiar o lançamento da investigação e encontrou diferenças “sensatas” no modo como o FBI abordou a investigação de Trump em comparação com outras investigações politicamente sensíveis. “Não vamos esquecer qual era a mentira. A mentira era o Russiagate”, disse Barr. “A mentira era que havia conluio. Não havia nada para apoiá-lo.”

William Barr

O WSJ escreveu um editorial sobre por que o relatório de Durham importa para a democracia norte-americana. Logo no subtítulo o jornal deixa claro o motivo: é um relato condenatório da corrupção do FBI e de seus cúmplices. Eis o primeiro parágrafo: “Dois conselheiros especiais, vários relatórios de inspetores-gerais e seis anos depois, o país finalmente tem um relato mais completo da investigação de conluio russo do FBI sobre a campanha de Donald Trump em 2016. O relatório final do conselheiro especial John Durham deixa claro que um FBI partidário se tornou um funil para desinformação da campanha de Hillary Clinton por meio de uma investigação secreta que a agência nunca deveria ter lançado”.

Recapitulando os fatos, aqui resumidos, o FBI lançou uma enorme investigação contra Trump com base em pura fumaça. O que o relatório de Durham, com cerca de 300 páginas, mostra de forma inequívoca é que as lideranças da agência federal que detém o monopólio da força sabiam muito bem que pisavam em terreno pantanoso e, mesmo assim, decidiram seguir adiante.

Os principais responsáveis pela operação deixavam claro, em mensagens privadas, que detestavam Trump e o consideravam uma ameaça à democracia norte-americana. Com base nessa premissa falsa, aceitaram a máxima soviética de que os “nobres fins” justificavam quaisquer meios. O FBI foi, então, transformado num instrumento partidário democrata para tentar prejudicar Trump na campanha e, depois de eleito, derrubá-lo.

John H. Durham

O que deu início a essa investigação gigantesca, que custou dezenas de milhões de dólares dos pagadores de impostos e mobilizou inúmeros agentes responsáveis por várias intimações e quebras de sigilo, foram boatos plantados pelo próprio Diretório Nacional Democrata, retirados de uma fonte russa sem nenhuma credibilidade. Os agentes federais sabiam disso e, mesmo assim, escolheram ignorar seus critérios objetivos e lançar a investigação.

A cronologia também é chocante. O que o relatório revela é que o próprio presidente Obama foi “brifado” sobre o tema e nada fez para impedir a ação partidária do FBI. Sua advogada-geral, Loretta Lynch, encontrou-se com Bill Clinton dentro de um avião parado no Aeroporto de Phoenix, numa reunião fora da agenda oficial. Clinton certamente revelou os detalhes para ela, que os repassou para o chefe. O presidente Obama, porém, odeia Trump, e tudo indica que participou do verdadeiro conluio existente: aquele que reunia a Casa Branca, o FBI e o Diretório Nacional Democrata comandado por Hillary Clinton para impedir uma vitória de Trump.

O presidente Barack Obama e a procuradora-geral Loretta Lynch no Salão Oval, em 27/4/2015

Como ironizou o filho de Trump, no tal conluio entre Trump e a Rússia, os únicos que não participaram, pelo visto, foram Trump e a Rússia. Obama já tinha sido denunciado por permitir que o IRS – a Receita Federal – fosse utilizado de forma partidária para perseguir conservadores. Esse relatório de Durham coloca tudo em outra dimensão: o presidente, mesmo sabendo que tudo era fumaça criada pelos Clinton, permitiu a transformação do FBI num porrete democrata contra seu adversário na campanha. Coisa de republiqueta das bananas, sem dúvida.

Sei que esta semana merecia uma coluna sobre o mandato de Deltan Dallagnol cassado pelo TSE por unanimidade, numa votação que durou um minuto e sem debates. Mas muita gente boa está comentando esse assunto, e achei melhor relatar algo aqui dos Estados Unidos que dominou a pauta da imprensa e das redes sociais no país. Afinal, se até os Estados Unidos estão sob esse abuso de poder, com o Deep State, em conluio com a imprensa, fazendo de tudo para se livrar de um político incômodo tido como ameaça, então podemos esperar tudo de um país como o Brasil mesmo, que nunca foi lá muito sério.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO JORNAL

JUSTICIARIA ELEITORATIVA

As frágeis alegações para a cassação de Deltan Dallagnol causaram a chamada “vergonha alheia” em magistrados experientes, como o ministro aposentado do STF Marco Aurélio.

Ele lamentou que o TSE, do qual foi presidente por três vezes, já não faz justiça.

Faz justiçamento.

* * *

Acertou em cheio o ministro aposentado de fala mansa: justiçamento.

E, em falando de justiçamento praticado por esse tribuneleco eleitorativo, vocês sabem quem é o atual presidente do PTSE?

Hein?

Num me lembro quem é…

A PALAVRA DO EDITOR

SABADOU

Caiu num belo sábado este vigésimo dia do mês de maio de 2023.

Tudo funcionando a contento no Complexo Midiático Besta Fubana, com audiência sempre crescente e intensa participação dos viciados que nos dão força e nos encorajam a continuar tocando pra frente esse trabalho escroto.

Chupicleide amanheceu o dia relinchando de alegria, já fazendo planos pra encher o rabo neste sábado ensolarado, gozando (êpa) a magnífica beleza desta beirada de Atlântico.

Ela e Bosticler vão farrar e dançar no Bar Rabo da Gata, localizado na Praia Del Chifre, em Olinda, também conhecida como Punta Del Chifre, que outra coisa não é senão a Punta del Leste pernambucana.

Chupicleide manda um xêro nordestinado para os fubânicos Magnovaldo Santos, Esdras Serrano, Expedito Mateus, Cassio Ornelas e Manuel M. Sabino, que nos deram força essa semana e graças aos quais nossa fogosa secretária vai encher a cara hoje.

“Um xêro cangote pra todos vocês, meus queridos!!!”

E, atendendo a um pedido dela, fecho a postagem com uma composição que ela adora e que tem o sugestivo título de “Só Gosto de Tudo Grande“.

Ô sujetinha safada!

Uma interpretação da saudosa artista pernambucana Marinês.

RLIPPI CARTOONS