RLIPPI CARTOONS

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

RLIPPI CARTOONS

J.R. GUZZO

LULA E A DEFESA DO CRIME

Não existe nenhuma desgraça que oprima tanto e de forma tão direta a população brasileira, sobretudo os mais pobres, quanto o crime. Num país em que o governo diz 24 horas por dia que é “popular”, que cuida dos “menos favorecidos”, etc. etc. essa deveria ser a prioridade das prioridades: dar um pouco mais de segurança pessoal para o cidadão que trabalha, paga imposto, respeita a lei e, muitas vezes, sustenta uma família. Mas o que acontece no mundo das realidades é exatamente o contrário. A noção de “segurança”, para o governo Lula, é fornecer conforto, proteção e apoio aos criminosos, principalmente os que estão nas prisões; a ideia fixa do presidente e do seu Sistema é proteger os direitos de quem praticou crimes, e não os direitos de quem sofre diariamente com eles.

Num país que teve quase 41.000 assassinatos no ano passado, a preocupação do governo é o bem-estar de quem matou, e não de quem foi morto; o bem mais precioso que o Estado tem a obrigação de defender, a vida humana, é tratado publicamente como lixo pelo governo, e a sua defesa é excomungada como coisa “de direita”, “fascista” e daí para baixo. Do direito a não ser roubado, então, é melhor nem falar nada.

A última prova desta opção oficial pelos criminosos e pelo crime é a ressurreição do “plano de segurança”, que vigorou no Brasil entre 2007 e 2016 e durante o qual, entre outras calamidades, o número de homicídios aumentou 30%. É um desses casos, medidos numericamente, em que o governo age de maneira concreta em favor do crime. Com a deposição do PT e a eliminação do “plano”, o número de assassinatos começou a cair imediatamente, e continuou caindo sem parar até dezembro de 2022; continua sendo um dos mais altos do mundo, mas só nos últimos cinco anos foram 18.000 homicídios a menos, ou 18.000 vidas salvas.

Lula anuncia, agora, a retomada do projeto que deu errado – errado para o povo brasileiro, e certo para os criminosos. Suas taras são perfeitamente conhecidas. Soltar gente que está presa, para diminuir a “superpopulação” das penitenciárias. Em vez de dar verbas para a polícia (que, segundo Lula, tem de ser mais “civilizada”) forrar de dinheiro as “ONGs” que se dedicam à proteção de presidiários. Desarmar os cidadãos que têm armas compradas legalmente – e por aí se vai.

“As cadeias estão cheias de gente inocente no Brasil”, disse Lula ao relançar o “plano”. É isso, com toda a tragédia que está aí, que o presidente da República tem a dizer para os brasileiros em matéria de segurança: que o problema do Brasil é a “injustiça” com os presos, e não os assassinatos, roubos e estupros. É a contratação de mais um desastre.

DEU NO X

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

AS MESMAS MENTIRAS DE SEMPRE

Qualquer aspirante a ditador sabe que é mais fácil controlar as pessoas quando elas são ignorantes. Para conseguir esse objetivo, praticamente todos os governos se esforçam para controlar duas coisas: a educação e a imprensa. Controlando as duas, fica fácil produzir um povo ignorante, basta acostumá-lo a não pensar e a aceitar sem questionar qualquer coisa que as “autoridades” digam. Entre os vários campos do conhecimento, o mais crucial, aquele que deve ser mantido afastado do entendimento das pessoas, é o conhecimento sobre os princípios básicos da economia.

O JBF publicou no último dia 6 um editorial da Gazeta do Povo (um dos melhores jornais do país atualmente) que mostra bem como a imprensa repete dogmas e trata o governo como algo divino e inquestionável. Entre análises corretas sobre as consequências indesejáveis da inflação, o jornalista declara que ela, a inflação, é “um dos temas mais complexos da ciência econômica”.

Não, caro jornalista. A inflação não é nada complexa. É simples, desde que se use o cérebro para pensar.

Se tentarmos pensar em “inflação” como “todos os preços subindo ao mesmo tempo”, realmente seria algo complexo. O mundo é povoado por milhões de pessoas que interagem entre si, cada uma com seus desejos e gostos, e por milhões de empresas que competem entre si para conquistar a preferência destas pessoas, em um conjunto chamado “mercado”. É impossível achar que o mercado possa ser controlado ou regulamentado por um governo, embora muitos tenham tentado (e falhado). Um fenômeno que afetasse todos os preços dentro dessa enorme rede de informações que é o mercado é mesmo difícil de imaginar.

Mas inflação é muito mais simples que isso. Imagine que você pesou todos os habitantes de uma cidade. Depois de alguns dias, você pesa todos novamente e descobre que todos estão pesando mais. O que é mais provável: que todas as pessoas resolveram engordar ao mesmo tempo ou que a balança tenha se desregulado? Inflação é quando o dinheiro passa a valer menos; como estamos acostumados a usar o dinheiro como medida de valor, achamos que o valor de todas as coisas aumentou quando na verdade foi apenas o valor do dinheiro que diminuiu.

Como e por que o valor do dinheiro diminui? Por causa da mais fundamental lei da economia: oferta e procura. Acontece que o governo concede a si mesmo o poder de fabricar dinheiro, que ele usa para pagar suas contas. Só que quando a quantidade (ou “oferta”) de dinheiro na economia aumenta, o seu valor diminui, como acontece com qualquer bem. Para ser mais exato: se a oferta de dinheiro aumentar no mesmo ritmo do crescimento da economia, não haverá inflação, porque a procura também aumentará, mantendo o equilíbrio. Só que não é isso que os governos constumam fazer: eles gostam de imprimir dinheiro aos montes, e isso causa inflação.

Existe muita gente que afirma que imprimir dinheiro não causa inflação. Todas as explicações, quando existem, só funcionam no modo “aceite sem questionar”; nenhuma resiste a duas ou três perguntas. Existe até gente nas redes sociais que afirma que “não porque não, e pronto”, sem sequer se dar ao trabalho de inventar uma explicação. Enquanto isso, o fato é que na história toda vez que o governo fabricou dinheiro além do que devia houve inflação, e toda vez que houve inflação o governo fabricou dinheiro. É uma relação direta: não se encontram casos de um sem o outro nem do outro sem o um.

Para mostrar melhor como a imprensa do mundo todo fala do assunto, vamos dar uma examinada nas falácias mais comuns, e fazer algumas perguntas “inconvenientes”:

Inflação de demanda: significaria que os preços subiram porque as pessoas passaram a gastar mais, desequilibrando oferta e demanda.

Pergunta: de onde veio o aumento de dinheiro que as pessoas estão gastando? Se elas ganharam mais dinheiro trabalhando, então houve aumento de produção antes do aumento de consumo, o que significa que a oferta começou a crescer antes da demanda, e isso por definição causa redução de preços, não aumento. Aliás, é exatamente assim que funciona uma economia saudável.

A explicação real: o governo imprime dinheiro, esse dinheiro vai para os bancos, os bancos aumentam o crédito, e as pessoas começam a gastar o dinheiro que não têm, fazendo dívidas. A demanda sem dúvida aumenta, mas isso é consequência, não algo que aconteceu do nada. Ou seja, “inflação de demanda” é apenas a consequência daquilo que o governo fez.

A prova: se aumento de consumo baseado em crédito causa “inflação de demanda”, quando o crédito volta a encolher (inevitável), a demanda volta a diminuir e os preços deveriam voltar ao que eram. Mas não é isso que acontece: se o governo reduz a fabricação de dinheiro, o crédito some e costuma haver recessão, mas os preços não diminuem, apenas param de aumentar.

Inflação de custos: significa que a culpa é do tomate, da gasolina ou do remédio, que subiram muito, e fizeram os outros preços subir também.

Pergunta: quando o preço de alguma coisa sobe, o consumo cai, e isso tende a estabilizar o preço. Quando é algo que as pessoas não podem deixar de comprar, como gasolina, a tendência é que o consumo de outras coisas caia, o que faz o preço cair. Assim, se a gasolina sobe, faz sentido dizer que as pessoas vão gastar mais em gasolina e também vão gastar mais em todas as outras coisas, e continuar consumindo na mesma quantidade? Com que dinheiro?

A explicação real: a inflação do tomate ou da gasolina é só uma desculpa do ministro para negar que o responsável pela inflação é ele mesmo. Enquanto o governo está imprimindo dinheiro e fabricando inflação, sempre haverá alguma coisa que pode ser usada para desviar a atenção. Pode ser uma seca ou uma enchente, que causa uma redução na oferta de algum alimento, ou pode ser a própria inflação: o governo faz os preços subirem e depois finge que não sabe porque os preços subiram. É como dizer que o culpado pela febre é o termômetro.

A prova: se fatores externos como chuva ou guerra na Ucrânia fazem todos os preços subirem, porque os preços não voltam a baixar quando estes fatores se normalizam?

Inflação mundial: é a falácia mais recente, diz que a inflação se espalha de um país para o outro, como a covid.

Pergunta: a primeira coisa que sobe quando o governo imprime dinheiro é o câmbio. Isso significa que a moeda dos outros países ficou mais forte e o preço dos produtos para os estrangeiros ficou mais baixo. Como isso pode gerar inflação nos outros países?

Outra pergunta: se a inflação é mundial, porque na Suiça, Singapura e Japão a inflação não subiu? Será mera coincidência que estes países não fabricaram dinheiro, enquanto Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Européia, que imprimiram trilhões de dólares, libras e euros durante a pandemia, estão apavorados com a inflação?

A explicação real: muitos países imprimiram dinheiro como loucos para tentar compensar os prejuízos dos lockdowns, e obviamente só pioraram as coisas. Como a guerra da Ucrânia causou um aumento temporário nos preços do petróleo, os culpados de sempre correram para colocar a culpa no coronavírus e no Putin.

A prova: se o aumento dos preços do petróleo foi a causa da subida de preços no mundo inteiro, porque agora que o petróleo voltou para onde estava antes da guerra os preços não voltaram também?

Quem prestou atenção notou que há muita coisa repetitiva nesta explicação. É assim mesmo, porque toda essa “complexidade” que o jornalista da Gazeta diz existir é apenas lero-lero para esconder uma verdade que é bem simples.

XICO COM X, BIZERRA COM I

MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS, ou simplesmente GARRINCHA

Conversando com Bernardo, meu neto, 9 anos, lembrei de quando era criança, menor que ele, idos de 1958, copa da Suécia. Meu pai andava comigo pelas ruas do Crato e, ao encontrar amigos, pedia que eu recitasse a escalação da Seleção Brasileira que havia disputado e ganho, um mês antes, a Copa do Mundo de Futebol. E lá ia eu, misto de orgulho e vaidade: Gilmar dos Santos Neves, Djalma dos Santos, Hideraldo Luiz Bellini até Edson Arantes do Nascimento e, finalmente, Mário Jorge Lobo Zagalo, o ponta esquerda, número 11 (naquela época ainda existia o ponteiro esquerdo nos times). Sabia de cor o nome completo de todos os titulares da ‘canarinha’. Nesta última Copa contei a Bernardo este fato e sabendo ele mais que eu sobre times, seleções e jogadores, perguntou-me, curioso: – Vô, e a seleção atual, você sabe o nome dos jogadores? Não sei, respondi-lhe e, para ser sincero, nem me interessa saber os nomes, ou apelidos desses ostentadores exibicionistas, tatuados do pescoço ao mocotó, cabelos descoloridos, que vestem a ‘amarelinha’ da seleção. Causam-lhe preocupação, muito mais que qualquer outra coisa, seus interesses pessoais. Ao lixo a causa maior que deveria ser a defesa, com bravura, das cores de nosso País. Não disse isso a Bernardo: não seria justo decepcioná-lo, ele que está empolgadíssimo com o futebol brasileiro e sonhando ser goleiro. Eu preferia vê-lo médico. Ou advogado. Engenheiro, quem sabe? Aliás, melhor pensando, eu preferia vê-lo feliz, praticando o bem, qualquer que seja a profissão por ele escolhida. Apenas deu-me saudade dos tempos de Manoel Francisco dos Santos, sem tatuagens, jogando por amor, encantando a todos como fazem os passarinhos iguais a ele, ariscos, de drible fácil, difíceis de serem caçados …

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DEU NO X

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

A FAUNA NOS VERSOS DOS REPENTISTAS

Eu sou como os colibris,
Que sempre alegres viveram;
Por decorrência das secas
Há muito já entristeceram,
Por não beijarem mais flores,
Pois flores secas não cheiram.

Antônio Ferreira

Eu admiro o garrote
Que sofre o maior mau trato,
Se calculasse a força
Que ele tem de fato,
Metia as pontas no dono
Jogava a canga no mato.

José Cardoso

A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho no feno,
No meio, bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.

Manoel Xudu (1932-1985)

Acho bonito as abelhas
Dentro do oco zumbindo
Na construção do seu favo.
Uma entrando, outra saindo,
Que a gente de longe pensa,
Que o pau está se bulindo.

Moacir Laurentino

O grilo vive a cantar
Sem futuro e sem progresso;
Não sofre dor de garganta,
Dá show e não cobra ingresso;
Tá certo, canta de graça;
Mas também não faz sucesso.

Luisinho de Irauçuba

PENINHA - DICA MUSICAL