Eu sou como os colibris,
Que sempre alegres viveram;
Por decorrência das secas
Há muito já entristeceram,
Por não beijarem mais flores,
Pois flores secas não cheiram.
Antônio Ferreira
Eu admiro o garrote
Que sofre o maior mau trato,
Se calculasse a força
Que ele tem de fato,
Metia as pontas no dono
Jogava a canga no mato.
José Cardoso
A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho no feno,
No meio, bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.
Manoel Xudu (1932-1985)
Acho bonito as abelhas
Dentro do oco zumbindo
Na construção do seu favo.
Uma entrando, outra saindo,
Que a gente de longe pensa,
Que o pau está se bulindo.
Moacir Laurentino
O grilo vive a cantar
Sem futuro e sem progresso;
Não sofre dor de garganta,
Dá show e não cobra ingresso;
Tá certo, canta de graça;
Mas também não faz sucesso.
Luisinho de Irauçuba
Sou um admirador fervoroso da cantoria de viola desde a minha adolescência. Acredito que por ter nascido em um munícipio da região do Pajeú tendo contato com os poetas populares e repentistas comecei a gostar da poesia. Lendo o artigo sobre a fauna nos versos dos repentista resolvi comentar, e escolher a estrofe de Manoel Xudu como a mais interessante: A arte do passarinho/Nos causa admiração:/Prepara o ninho no feno,/No meio, bota algodão/Para os filhotes implumes/Não levarem um arranhão.
Rafael,
Agradeço ao seu comentário, e o depoimento sobre seu apreço ao maravilhoso universo do repente e dos poetas populares. Concordo com o grande número de bons repentistas e poetas populares na região do Pajeú, então parabenizo-a por morar num lugar onde a poesia é cultivada e valorizada.
Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para compartilhar uma estrofe do genial Manoel Xudu (1932-1985):
Tristeza é a do peruzinho
Beliscando essa maniva
Correndo atrás da galinha
A sua mãe adotiva
Como quem está dizendo
Ah se mamãe fosse viva !
Saudações fraternas,
Aristeu
A seleção de versos sobre a fauna feito pelos repentistas constituem verdadeiros pérolas. Se fosse votar, eu elegeria os versos do cantor e repentista Luisinho de Irauçuba: O grilo vive a cantar/Sem futuro e sem progresso;/Não sofre dor de garganta,/Dá show e não cobra ingresso;/Tá certo, canta de graça;/Mas também não faz sucesso.
Dione,
Grato por seu comentário incentivador. Na minha pesquisa sobre a fauna nos versos dos repentistas, tive oportunidade de ler muitas estrofes bem elaboradas. Tenho certeza que voltarei ao assunto em outras oportunidades devido a qualidade e quantidade dos versos.
Compartilho com a prezada amiga uma belíssima estrofe do repentista
Otacílio Batista (1923 – 2003):
Admiro o vaga-lume
Voando ao morrer do dia.
Desafiando a ciência
Que o homem na Terra cria.
Com um pisca-pisca na bunda
Sem precisar bateria.
Saudações fraternas,
Aristeu
Gostei desta coletânea reunindo versos de grandes repentistas sobre a nossa fauna. A estrofe do cantador de viola José Cardoso demonstra que o animal se tivesse ideia da sua força seria um revoltado e se voltaria contra seu algoz. Uma bela inspiração constituem estes versos: Eu admiro o garrote/Que sofre o maior mau trato,/Se calculasse a força/Que ele tem de fato,/Metia as pontas no dono/Jogava a canga no mato.
Edmilson,
Muito obrigado por prestigiar a poesia pura dos cantadores de viola. Concordo plenamente com seu argumento sobre a estrofe do repentista José Cardoso. Toda vez que vou fazer uma pesquisa sobre os versos da cantoria de viola surpreendo-me com o fascínio encontrado na poesia, e as metáforas bem elaboradas pelos mestres do repente.
Compartilho uma estrofe do talentoso poeta popular Leonardo Bastião com o prezado amigo :
A mosca e a muriçoca
São dois bichos que aborrece;
A mosca anda o dia inteiro,
Se esconde quando anoitece;
Mas quando um cão vai embora,
A outra peste aparece.
Saudações fraternas,
Aristeu
É bom iniciar a semana tendo o prazer de ler belos versos sobre detalhes da nossa fauna que só os repentistas conseguem detectar transformando em poesia. A estrofe do repentista Antônio Ferreira me chamou a atenção pela simplicidade, poder de síntese e criatividade: Eu sou como os colibris,/Que sempre alegres viveram;/Por decorrência das secas/Há muito já entristeceram,/Por não beijarem mais flores,/Pois flores secas não cheiram.
Fernando,
Grato por seu excelente comentário. Gostei de sua apreciação sobre a estrofe do repentista Antônio Ferreira. Eu assino embaixo do seu elogio sobre a forma simples de fazer versos, a criatividade e poder de síntese dos repentistas nordestinos. Aqui, no Jornal da Besta Fubana, a gente aprende uns com os outros sobre os mais diversos assuntos.
Aproveito a oportunidade para enviar uma estrofe do grande repentista Ivanildo Vila Nova ao prezado amigo:
Abrindo as portas do dia,
Vendo d’aurora o clarão,
O galo é quem marca as horas
E é quem chama atenção;
Fecha os olhos igual a um cego;
Todo relógio dá prego,
Porém o do galo, não!
Saudações fraternas,
Aristeu
Parabéns, Aristeu, pela excelente postagem, “A FAUNA NOS VERSOS DOS REPENTISTAS”!
A seleção de poetas repentistas está ótima, e todas as sextilhas são belíssimas!
Destaco os versos do grande repentista Manoel Xudu (1932 – 1985):
“A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho no feno,
No meio, bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.”
Uma ótima semana, com muita saúde e Paz!,
Violante,
Grato por suas considerações a respeito da fauna nos versos dos repentistas. Faço questão de fazer uma breve observação. Preservar o meio ambiente é fundamental, afinal, é nele onde estão os recursos naturais necessários para a nossa sobrevivência, como água, alimentos e matérias-primas. Sem esses recursos, todas as formas de vida do planeta poderão acabar. Os repentistas ajudam através da poesia a estabelecer o equilíbrio da vida em nosso planeta.
Uma forma de agradecer seu excelente comentário é compartilhar uma belíssima estrofe do genial repentista Manoel Xudu (1932 – 1985):
Quanto é bonito a vaca
Se destacar do rebanho,
Dando de mamar ao filho
Quase do mesmo tamanho,
Lambendo as costas do bicho
Porque não sabe dar banho.
Desejo uma semana plena de paz, saúde e harmonia
Aristeu
Obrigada, Aristeu, por compartilhar comigo esta belíssima estrofe do genial repentista Manoel Xudu (1932 – 1985)!
Peço licença a você, para repetir:
Quanto é bonito a vaca
Se destacar do rebanho,
Dando de mamar ao filho
Quase do mesmo tamanho,
Lambendo as costas do bicho
Porque não sabe dar banho.
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Seu texto “A FAUNA NOS VERSOS DOS REPENTISTAS” está magnífico!
Gostei imensamente das suas palavras, sobre o meio ambiente:
“Preservar o meio ambiente é fundamental, afinal, é nele onde estão os recursos naturais necessários para a nossa sobrevivência, como água, alimentos e matérias-primas. Sem esses recursos, todas as formas de vida do planeta poderão acabar. Os repentistas ajudam através da poesia a estabelecer o equilíbrio da vida em nosso planeta”.
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Uma abençoada semana! Muita saúde e paz!
Aristeu,
Belos versos do poeta, valorizam a fauna (natureza).
Que sirva de exemplo para muitas criaturas. Pois a contrução é Divina e, a destruição é Divida Humana.
A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho no feno,
No meio, bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.
Manoel Xudu (1932-1985)
Uma semana de PAZ.
Carmen.
Carmen,
Agradeço seu ótimo comentário a respeito da fauna nos versos dos repentistas. Gostei das suas palavras quando diz ser a construção Divina e a destruição ser uma dívida humana. Os animais foram criados por um Deus bondoso e amável e, portanto, eles também são bons, amados e valiosos, já que fazem parte da obra de Deus. Os animais não são coisas nem objetos, são criaturas de Deus, ou seja, criados por Deus segundo o relato bíblico e por isso devem ser amados e respeitados.
Compartilho uma sextilha do talentoso repentista Manoel Xudu (1932 – 1985) com a prezada amiga:
Uma galinha pequena
Faz coisa que eu me comovo:
Fica na ponta das asas,
Para beliscar o ovo,
Quando vê que vem, sem força,
O bico do pinto novo.
Saudações fraternas,
Aristeu