
Arquivo diários:21 de novembro de 2023
DEU NO X

ALEXANDRE GARCIA

LIÇÕES ARGENTINAS
Javier Milei vota em Buenos Aires, no segundo turno da eleição presidencial argentina, realizado no domingo
Imagino que todo eleitor brasileiro ficou admirado com a eleição argentina. Não pelo resultado, mas pela rapidez e segurança. A votação terminou às 18 horas e às 20 horas já circulava o nome do vitorioso. E voto em papel. Contagem manual. Sob um exército de fiscais dos partidos de olho no escrutínio. Auditagem imediata e cristalina. As desconfianças ficaram na campanha, com acusações de distribuição de cestas básicas, de envolver o papa, de intromissão brasileira. Mas quanto à contagem dos votos, nenhuma dúvida, apuração transparente, fiscalizada, auditada e acabada rapidamente. Nem o derrotado teve dúvidas e reconheceu logo a vitória do adversário apenas duas horas e 17 minutos após o encerramento da votação.
Na mesma noite, logo depois, o presidente do Brasil desejou sorte ao novo governo, sem mencionar o nome do vitorioso, e escreveu nas redes sociais: “Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica”. Se Lula acha que merecem parabéns as instituições e o processo eleitoral, por que não enviar ao Congresso um projeto de lei tornando o nosso processo eleitoral tão confiável, transparente, auditável e rápido quanto o argentino? Ano que vem haverá eleições municipais, base da nossa federação, de nossa instituição política, de nossa representação, de nossa democracia. Eleições ainda carregando mistérios e dúvidas, pela falta de transparência na apuração, exigida pelo senso comum no mundo inteiro.
O sistema digital é caro e, segundo os entendidos de informática, não é isento de falhas. Caro porque no mundo digital a obsolescência vem rápido. A contagem manual é passível de engodos, mas aí os engodos são passíveis de serem descobertos; no mundo digital não, como já comprovou a auditagem do PSDB sobre a eleição de Dilma contra Aécio. Meus amigos argentinos contam que Milei investiu muito nos fiscais das apurações e anunciou isso, a ponto de deixar os escrutinadores cônscios de que estavam sendo observados e fiscalizados. Por aqui aprovou-se o comprovante impresso do voto, vetado por Dilma a pretexto de gastos, mas o veto foi derrubado por 66% do Congresso. Ainda assim, a vontade reiterada de 368 deputados e 56 senadores foi derrubada por oito ministros do Supremo.
Na Argentina, os eleitores põem o voto de papel no envelope que recebem no local de votação. Ao sair da cabine, o envelope é depositado na urna. Encerrada a votação, os votos são contados ali mesmo, sob intensa fiscalização dos partidos. Depois, a Direccion Nacional Electoral soma as atas. A DNE diz que fraude é impossível, porque há controles cruzados pela Justiça, partidos e cidadãos, e tudo é conferido mais de uma vez. É um sistema aberto. O nosso é fechado. Por que me ufano do nosso sistema eleitoral digital, se ele me deixa dúvidas?
LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

EFEITO MILEI
RLIPPI CARTOONS

UM MARCO
RODRIGO CONSTANTINO

ATÉ QUANDO, BRASIL?
Alegria de patriota dura pouco mesmo. Ainda festejando a vitória do libertário Javier Milei na Argentina, contra todo o sistema peronista e os comunistas do Foro de SP, eis que todos fomos pegos de surpresa com a notícia triste da morte do empresário Clériston Pereira da Cunha, um dos presos do 8 de Janeiro que morreu nesta segunda-feira (20) no Complexo Penitenciário da Papuda depois de sofrer uma convulsão seguida de parada cardíaca.
Com sérios problemas de saúde, ele tinha parecer favorável do Ministério Público Federal para ser solto desde o dia 1° de setembro. A única pendência era a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para conceder a liberdade provisória.
Eduardo Girão (Novo-CE), senador responsável pela iniciativa da homenagem a Cleriston no Parlamento, destacou que o detento sequer participou dos ataques aos prédios públicos, só buscando abrigo quando as bombas de efeito moral foram lançadas. “Culpados devem ser punidos, mas com culpa identificada e individualizada. Mas todos são tratados como terroristas”, disse.
Girão expressou a sua indignação com o fato de o pedido ter ficado parado por dois meses e meio na mesa de Alexandre de Moraes, considerando-o algo “estarrecedor”. “Como é que a pessoa bota a cabeça no travesseiro e dorme depois de uma situação dessa?”, protestou. Pois é: a única explicação é total falta de empatia pelo próximo.
A advogada e fundadora da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), Gabriela Ritter, disse que o ministro Alexandre de Moraes, demais ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da União (PGU) precisam ser responsabilizados pela morte do empresário Cleriston Pereira, ocorrida nesta segunda-feira (20) durante banho de sol na Papuda. Ela está certa.
A morte de Clériston é um homicídio culposo por omissão, sabem os juristas. É inquestionável a responsabilidade da Administração Pública. Se houvesse o devido processo legal, o caso receberia tarja de réu preso com trâmite prioritário. Juiz e promotor, no primeiro grau, respondem sempre em casos assim. Como disse um jurista conhecido meu:
Se tivesse sido observado o devido processo legal essa morte poderia ter sido evitada. Se ele tivesse morrido em casa não haveria o problema da omissão culposa. O fato é que ele morreu e enquanto estava sob guarda INDEVIDA do Poder Público.
Que o Brasil virou uma ditadura, muita gente já se deu conta. Temos parlamentares presos por crime de opinião, apesar da imunidade material e até da graça presidencial. Temos jornalistas perseguidos, censurados, com contas bancárias congeladas e até passaportes cancelados, isso sem qualquer indício de crime. Temos presos políticos, arrastados para uma “culpa coletiva” inadmissível nas leis e pela acusação esdrúxula de atentar contra o Estado de Direito e a democracia. E agora temos um morto.
Até quando, Brasil? Os principais jornais do país sequer estamparam como manchete em suas capas a notícia trágica da morte de Clériston. É como se sua vida não valesse nada para esses veículos de comunicação, que são cúmplices da ditadura, que ajudam na narrativa absurda de golpe antidemocrático para blindar ministros supremos que agem à margem das leis.
Onde estão as ONGs dos Direitos Humanos também?! O silêncio ensurdecedor dessa turma diz muito. Como Paulo Polzonoff resumiu: “O fato de a morte de Cleriston não estampar a capa de todos os jornais na manhã desta terça-feira é um sinal, mais um, da nossa degeneração moral. A vida não vale mais nada. A única coisa que vale é a ideologia”. Ideologia, poder, grana. Essa gente vendeu sua alma ao Diabo!
No dia seguinte à morte do preso político, eis que a Operação Lesa Pátria entra em ação novamente e a Polícia Federal prende suspeitos de “incitar atos golpistas do 8 de janeiro”. Até quando esses policiais vão agir como capangas de uma ditadura? Vão acatar as ordens mais bizarras e depois alegar que estavam apenas cumprindo ordens? Isso tem um precedente histórico vergonhoso, não?
DEU NO X

O CRIMINOSO CONTINUA SOLTO…
Não consigo imaginar a dor dessa esposa, das filhas e dos familiares do Cleriston.💔😢
Nos resta orar pelo conforto de Deus por essa família e cobrar a responsabilização de todos que permitiram, seja por ação ou omissão, esse desfecho trágico. pic.twitter.com/HFf6t8NczL
— Elisa Brom (@brom_elisa) November 21, 2023
DEU NO X

E AGORA, O QUE VAI DIZER GILMAR?
Agora que uma pessoa MORREU em vez de ser solta, após ter sido presa preventivamente pelo STF, o que o ministro Gilmar Mendes vai dizer? Vai chamar seu colega Alexandre de Moraes de “pervertido e “torturador”?
O Poder Judiciário vai assumir “esse tipo de ônus”? pic.twitter.com/jGvRATfUFh
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) November 21, 2023
SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

FOLGADO !
DEU NO JORNAL

HÁ ALGUNS ANOS ERA ASSIM…
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

PÁLIDA, À LUZ DA LÂMPADA SOMBRIA – Álvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
sobre o leito de flores reclinada,
como a Lua por noite embalsamada,
entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens de alvorada,
que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando…
Negros olhos as pálpebras abrindo…
Formas nuas no leito resvalando…
Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, São Paulo (1831-1852)