DEU NO JORNAL

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ENEM E A DIFAMAÇÃO DO AGRO: O GOVERNO COLOU ERRADO

Pedro Lupion

O ministro da Educação, Camilo Santana, principal responsável pelo vexame do Enem 2023.

O ministro da Educação, Camilo Santana, principal responsável pelo vexame do Enem 2023

Nos meus tempos de escola, quando alguém não sabia a resposta para alguma pergunta, usava a estratégia de “colar” a de algum colega. Obviamente, trata-se de uma estratégia muito mais antiga do que apenas ao tempo da minha juventude. Era um processo simples, que dependia de alguma sorte. Ao que parece, os responsáveis pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tentaram colar de alguém, e ainda erraram no gabarito. Resultado: uma vergonha.

Não há o que se defender no que foi exposto aos nossos estudantes no último domingo, em todo o país. A prova não é polêmica, nem as questões foram mal formuladas. O que existiu ali foi a mais sincera arte de desconstruir a verdade de todo um setor. Mais que isso, imbecilizar uma nação a troco de ver sua base eleitoral aplaudir o ridículo.

Os governos passam, acreditem. Podem durar 4, 8, 20 anos, mas passam. O aprendizado fica para sempre. Por isso que custa tão caro – seja no sentido financeiro, no valor para sua vida, enfim. E esse deveria ser o foco do atual governo: apresentar condições para que nossas crianças e, no caso concreto, nossos adolescentes, possam se transformar em homens e mulheres com condições de discernimento.

Mas o governo PT fez o contrário. Optou pela mediocridade, pelo raso. Olhou para o lado, tinha a resposta certa, e colou errado do colega. E, vejam só, para surpresa de ninguém, especialmente nas questões referentes ao agro brasileiro. Houve outros absurdos na prova, diga-se. Não cansam de errar, e pior, sem um pingo de autocrítica ou de arrependimento.

É método. Está mais do que provado. Evidente que tudo aquilo escrito na prova foi ratificado durante a semana. Inclusive, comemorado por alguns vermelhos. Nós, que conhecemos a verdade do setor produtivo brasileiro, sabemos que este é o único país cujo próprio governo propaga desinformação sobre a principal atividade econômica e de produção de riqueza, renda e empregos.

Três questões do Enem com afirmações subjetivas, de cunho pejorativo contra o agro brasileiro, os produtores rurais e, principalmente, o povo da região Centro-Oeste, mas que apontavam o dedo da cruel narrativa falaciosa para cada produtor rural brasileiro.

Os “gênios” responsáveis pela prova utilizam o negacionismo científico que eles tanto atribuíam àqueles que não defendem a narrativa petista. Uma guerra que eles decidiram manter desde que assumiram o poder. Fizeram de nós, do agro, seu alvo preferencial. Nós, que levamos a segurança alimentar ao nosso país e ao mundo, ao alimentarmos um bilhão de pessoas, através do esforço de pequenos, médios e grandes produtores.

Por isso, pedimos a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para que ele explique mais esse erro. Ele irá à Câmara dos Deputados para explicar esse novo “erro” do governo, que tenta forçar quase 4 milhões de estudantes a acreditarem que, para estar “certo”, é preciso dizer que o “errado” é o agro. É, no mínimo, uma grande irresponsabilidade.

Que fique muito claro mais uma vez: somos um só e não aceitamos a divisão daqueles que querem alimentar a guerra de narrativas no país. Não admitimos mentiras para estimular palanque de ódio. E não aceitaremos calados quando tentam jogar a população brasileira contra o agro brasileiro.

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Prezados cabarelistas, mais uma vez peço um pouco de paciência para retomar nossa reunião semanal.

Infelizmente, entrei numa maré de muitas atividades, cuidando de dois processos seletivos para o Mestrado e não estou conseguindo nem ler direito o JBF.

Em meio a tanta coisa, tem orientação de aluno e, particularmente, hoje eu terei que atender uma aluna cuja defesa será esta semana.

Infelizmente, não restou outro horário senão hoje a noite.

Lamento, mas vamos retomar na próxima sexta-feira.

Ou então, peço demissão!!!!!

R. Fique tranquilo, nobre gerente cabarelista.

Entendemos perfeitamente o arrocho e o desmantelo em que você está metido e teremos paciência.

E damos todo apoio a você nessa sua luta acadêmica, um trabalho edificante, desejando muito sucesso.

Sexta-feira que vem estaremos reunidos, com certeza!

E, pra iluminar a nossa tarde, vamos homenagear o jumento Polodoro, mascote desta gazeta escrota.

Luiz Gonzaga interpretando um clássico da música nordestina, Apologia ao Jumento, uma composição que é parceria do Mestre Gonzaga com José Clementino.

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

DOIS TALENTOSOS POETAS (I)

Marcílio Pá Seca Siqueira e Jesus de Ritinha de Miúdo, colunista do JBF

* * *

Mote de Edionaldo Souza:

A saudade é a estrada sem destino
Que os amantes percorrem todo dia.

A saudade encontrou meu endereço
No casebre que moro fez morada
Desde o dia infeliz que minha amada
Desistiu de tentar um recomeço
Infeliz hoje em dia pago o preço
Duma conta infeliz que não devia
Quando tento me achar que pego a via
Eu derrapo na curva e perco o tino
A saudade é a estrada sem destino
Que os amantes percorrem todo dia.

Marcílio Pá Seca Siqueira

Nos caminhos que sigo vou perdido
Sem um norte qualquer que me oriente
Não sei mais o que tenho à minha frente
Nada à frente que tenho faz sentido.
Meu futuro é tão desconhecido
Quanto o fim dessa minha romaria
Sem você me tornei o que temia
Um eterno e sofrido beduíno
A saudade é a estrada sem destino
Que os amantes percorrem todo dia.

Jesus de Ritinha de Miúdo

* * *

Mote de Edionaldo Souza:

A família é a base estrutural
Arcabouço central de uma nação.

Quando a viga da vida é levantada
Que a coluna sustenta a estrutura
A família se torna aquela altura
As pilastras de apoio da latada
Se a base da fé for abalada
Se faltar no convívio uma oração
Toda força esquelética vai ao chão
A nação se transforma em lamaçal
A família é a base estrutural
Arcabouço central de uma nação.

Marcilio Pá Seca Siqueira

Se a moral for deixada para trás
Esquecida em lugar de pouco acesso
O país entrará num retrocesso
Vai perder seu valor e sua paz.
Se investir no amor não valer mais
Ou amar for apenas ilusão
Quando a falta de fé for opção
Nossa pátria será só mãe banal
A família é a base estrutural
Arcabouço central de uma nação.

Jesus de Ritinha de Miúdo

* * *

Mote de Edionaldo Souza:

Toda fome que vi quando criança
Me ensinou dividir o pão da mesa.

Sofri tanto no tempo de menino
Quase morro de seca, sede e fome
Amarelo Empambado era meu nome
Minha perna era bamba o gogó fino
Mas, a vida mudou o meu destino
Aprendi com bastante sutileza
Que amor, caridade e gentileza
São o pão do carinho e da mudança
Toda fome que vi quando criança
Me ensinou dividir o pão da mesa.

Marcilio Pá Seca Siqueira

O colégio da vida é puxado
Muitas vezes ensina só lição
De abandono, de fome e precisão…
Aprendi tudo isso no passado.
Quando ainda menino, ao meu lado,
Enxergava os sinais da aspereza
Ante a lousa terrível da pobreza
Na escola do mundo sem esperança
Toda fome que vi quando criança
Me ensinou dividir o pão da mesa.

Jesus de Ritinha de Miúdo

* * *

Mote de Adalberto Santos:

Eu não tenho vergonha de dizer
Como foi minha vida no sertão.

Fui criado cuidando de uma roça
Vou contar para todos como foi
Cada osso de vaca era um boi
Que eu treinava brincando de carroça
A primeira morada uma palhoça
O vigia da casa era um cão
O banheiro da casa um cacimbão
Era simples demais o meu viver
Eu não tenho vergonha de dizer
Como foi minha vida no sertão.

Marcilio Pá Seca Siqueira

Meu tesouro foi um carro de lata
A fazenda de ossos feito gado
Num curral de gravetos, ajuntado,
Num terreiro varrido de alpercata.
Quantas vezes no meio da sucata
Fiz de pano rasgado o meu gibão
Vaqueirei num cavalo feito à mão
Aboiando o vento por prazer
Eu não tenho vergonha de dizer
Como foi minha infância no sertão.

Jesus de Ritinha de Miúdo

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DEU NO JORNAL

GLO DE LULA É INEFICAZ, CONTRAPRODUCENTE E ENVIESADA

Deltan Dallagnol

Ataques no Rio

Um dos ônibus queimados na onda de violência provocada por traficantes no Rio de Janeiro

Dizem os estudiosos da língua portuguesa e historiadores que, nos tempos do Império, quando o Brasil estava em conflito com a Inglaterra em razão do tráfico transatlântico de escravos africanos (a Inglaterra era abolicionista, enquanto o Brasil era escravagista), as autoridades brasileiras fingiam ceder às pressões dos ingleses para acabar com a venda de escravos, tomando medidas de “mentirinha” para dizer que combatiam a escravidão, apenas “para inglês ver”.

Agora, vemos a história se repetir. Na última quarta-feira (01), o presidente Lula anunciou a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo, com previsão de término em maio de 2024. A decisão de Lula vem na esteira de uma escalada gigantesca de violência e de criminalidade no país que seu ministro da Lacração, também conhecido como ministro da Justiça, Flávio Dino, parece incapaz de resolver.

O cúmulo da violência foram as imagens assustadoras de mais de 30 ônibus sendo queimados no Rio de Janeiro após uma briga generalizada entre milicianos e traficantes que disputam território na Zona Oeste do Rio, que se seguiu à morte de um dos chefes da milícia, o “Faustão”, deixando a cidade em caos. Alguns dias antes, o Brasil assistiu horrorizado a milicianos executarem um grupo de médicos na Barra da Tijuca.

O que é a GLO? É uma operação militar de competência exclusiva do presidente da República, que, por meio de decreto, convoca as Forças Armadas nos casos em que há um esgotamento das forças de segurança pública tradicionais, como as polícias civis e militares e as guardas municipais. É uma medida excepcional e que deve ser implementada em graves situações de perturbação da ordem, para que as Forças Armadas auxiliem a volta da normalidade.

De acordo com a nossa legislação, a GLO só pode ser decretada de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, para desenvolvimento de ações preventivas e repressivas de combate à criminalidade. A GLO de Lula ficou restrita apenas aos portos e aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, e a justificativa do governo, dada pelo ministro Flávio Dino, foi de que era preciso “asfixiar” a logística financeira e operacional das facções e organizações criminosas.

Dos vários problemas da GLO de Lula, o principal deles é justamente o fato de que a medida é absolutamente ineficaz para atingir o objetivo anunciado pelo lacrador Dino, já que as atividades principais das milícias e do narcotráfico não ocorrem, em regra, nos portos e aeroportos, mas sim nas comunidades dominadas pelo crime, onde tanto o tráfico quanto a milícia fazem as vezes de Estado – um Estado paralelo – e subjugam e oprimem a população do local.

O próprio Estado do Rio de Janeiro não pediu ajuda ao governo federal por uma dificuldade em combater o crime nos portos e aeroportos, mas sim por causa da incapacidade das forças de segurança de conter o tráfico de drogas nas comunidades e os ataques violentos das milícias por toda a cidade do Rio. O Estado de São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), sequer pediu ajuda ao governo federal, mas também foi incluído no pacote.

Um segundo problema da GLO é de que é contraproducente, pode fomentar o crime organizado que busca coibir: ao decretar a medida apenas em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo, o governo apenas obriga as grandes facções criminosas a levarem suas atividades delituosas para os portos e aeroportos de outros Estados, levando o crime para novos lugares, o que obriga o tráfico a criar novas estruturas criminosas, agora em outros Estados, o que apenas vai dar mais capilaridade ao crime.

Logicamente, nenhum grande líder de facção, milícia ou organização criminosa continuará a traficar armas, drogas e movimentar dinheiro nos portos e aeroportos com forte presença das Forças Armadas, agora que é público onde estarão – os criminosos apenas evitarão esses locais e farão tudo isso em outros Estados. Só isso é o bastante para perceber que a GLO de Lula, além de ineficaz, é burra, pois dissemina o mal que objetiva combater.

Além de a GLO de Lula ser ineficaz e contraproducente, há sinais de viés político-eleitoral. De fato, o governo não explicou por que decretou a GLO apenas nos portos e aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas não da Bahia, por exemplo, que hoje é o estado mais violento do Brasil e, por coincidência (ou não), é governado pelo PT há 20 anos. A Bahia tem o pior índice do país em número de assassinatos, com mais de 6.659 homicídios em 2022. As quatro cidades mais violentas do país estão todas na Bahia: Jequié, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari. Por que Lula não decretou GLO também na Bahia, governada pelo companheiro Jerônimo Rodrigues?

Em São Paulo, onde Lula decretou GLO, a taxa de homicídios é uma das menores do país: são 8,4 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que na Bahia a taxa é de 50 homicídios por 100 mil habitantes, índice comparável a países com altas taxas de violência, como a Venezuela e a Jamaica. É coincidência o fato de Lula ter decretado GLO apenas nos dois maiores Estados do país, liderados por governadores de direita e que representam potenciais ameaças para a reeleição de Lula em 2026?

Além da GLO de Lula ser ineficaz, contraproducente e enviesada, ela está em rota de colisão com o próprio fato de o governo Lula não ter qualquer intenção de adotar medidas estruturais, com base em evidências e em experiências internacionais, que realmente ajudariam a enfrentar de forma sistêmica a criminalidade organizada, como uma ampla reforma nas leis penais e processuais penais do país, que hoje garantem a impunidade dos criminosos. O governo Lula também não enfrenta, e nem tem intenção de enfrentar, a leniência do Poder Judiciário com o crime.

Não está na prioridade de Lula, por exemplo, a aprovação da prisão em segunda instância, que colocaria na cadeia não só os milicianos, traficantes, ladrões e homicidas das facções criminosas como também os grandes criminosos de colarinho branco – dentre eles, figurões políticos do Congresso Nacional e empresários que vivem não de inovação e de competitividade, mas do pagamento universal de suborno como estratégia vencedora de negócios.

De nada adianta, ainda, decretar uma GLO se os eventuais criminosos que forem presos pelas Forças Armadas tiverem as provas de seus crimes anuladas, seus inquéritos e processos trancados, suas condenações apagadas e os bens apreendidos com eles devolvidos pelo Poder Judiciário, que tem tido uma postura generalizada de leniência com o crime organizado, seguindo a cartilha petista de que os bandidos são vítimas da sociedade e de que as polícias são opressoras. O PT sempre foi adepto da bandidolatria e do coitadismo penal como política de segurança pública, e quem sofre as consequências disso somos todos nós.

Como disse, a história no Brasil se repete, só que, dessa vez, o governo Lula está tomando medidas de “mentirinha” para combater o crime, fingindo que trabalha enquanto a imprensa finge que não vê, e quem está sendo feito de trouxa, palhaço e de iludido não são os ingleses, mas os brasileiros honestos, trabalhadores e de bem que sofrem diariamente com a violência e o crime. No teatro de Lula, a GLO serve apenas para brasileiro ver.

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UM PAÍS NA CONDIÇÃO DE PÁRIA

Os 34 brasileiros à espera para sair de Gaza não podiam esperar, mas o futuro embaixador do Brasil no Catar só deve assumir em janeiro, dizem fontes do Itamaraty. 

A longa vacância, desrespeitosa, retirou do Brasil a interlocução de alto nível com o país, que exerce papel-chave na escolha de estrangeiros autorizados a deixar Gaza.

Nenhum brasileiro esteve entre aqueles 3.400 que já voltaram para casa, mas a expectativa é que o façam nesta sexta-feira (10).

Sem explicar a falta do encarregado de negócios, que saiu do Catar em agosto, e com Lula passando pano no Hamas, o Brasil virou um pária.

A exclusão de brasileiros nas primeiras seis listas mostrou desprestígio constrangedor do Itamaraty sob o fraquíssimo chanceler Mauro Vieira.

* * *

A expressão “Brasil virou um pária”, contida nesse nota aí de cima, é uma síntese perfeita.

Assim como a expressão “Lula passando o pano no Hamas” é asquerosa, causa nojo.

Desde que o Ladrão Descondenado assumiu que este infeliz país vem decaindo em todos os sentidos.

E vamos torcer pra que nesta sexta-feira os 34 brasileiros que ainda estão em Gaza sejam resgatados.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA