DEU NO JORNAL

CORAGEM!

Marcel van Hattem

Jordan Peterson durante a famosa entrevista com Cathy Newman | Reprodução/Youtube

O psicólogo e ex-professor da Universidade de Toronto Jordan Peterson

O diagnóstico está bastante claro: a intolerância de quem não admite a expressão de ideias diferentes das suas; a estratégia woke colocada em prática no dia a dia para subverter toda ordem e evolução humana ocorrida ao longo de séculos de nossa existência; o uso de temas importantes como o combate ao racismo, a defesa do meio ambiente e redução das desigualdades sociais utilizados primordialmente para sinalização de virtude e a semeadura da discórdia política. Os estratagemas e discursos falsos de um neo-marxismo pós-soviético disseminados na mídia, nas instituições públicas (parlamentos, Judiciário, burocracia), privadas, nas escolas e faculdades, impregnou o tecido social mundial e contaminou grande parte de uma nova geração que tem dificuldade em tomar responsabilidade para sua própria vida e cuja melhor justificativa para seus próprios fracassos está sempre na ação do outro, não na sua. E agora?

Agora é hora de reação! É hora de coragem e determinação para enfrentar esta que, possivelmente, é a maior batalha que enfrentaremos durante nossa passagem na Terra: a batalha pelo resgate dos valores fundamentais que mais trouxeram progresso, liberdade e dignidade à humanidade. Para discutir o assunto e, principalmente, reverter a situação em que estamos colocados, é que surgiu a Aliança para a Cidadania Responsável (ARC – Alliance for Responsible Citizenship). A reunião de pessoas capazes de entender a realidade, discuti-la e enfrentá-la para melhorá-la ocorre nesta semana na cidade de Londres, Inglaterra, sob a liderança de Jordan Peterson, psicólogo, escritor e professor canadense.

Durante três dias, iniciados na última segunda-feira, 30 de outubro, quase cem intelectuais, empreendedores, artistas e lideranças políticas de todo o mundo subiram ao palco do centro de eventos Magazine London e compartilharam com as mais de mil pessoas presentes ao evento como escrever uma história melhor para o mundo.

Como deputado federal e também representante dos Institutos Liberal e Livre Mercado neste evento, posso afirmar com renovado otimismo: a reação, de fato, está começando. Reação à mentira como instrumento de convencimento político; ao divisionismo como estratégia de conquista de grupos sociais; reação à submissão que uma minoria imoral e barulhenta quer impor a uma maioria silenciosa, mas consciente de que os valores judaico-cristãos e a cultura da liberdade foram os maiores responsáveis pelo saudável desenvolvimento humano em todas as áreas.

O título deste artigo, contudo, não poderia ser mais claro sobre o que precisamos exercitar primeiro. As palavras da empreendedora africana e ativista pró-liberdade Magatte Wade foram ao ponto primordial: “Vivemos uma crise de coragem”. A cultura do cancelamento nas redes sociais e a perseguição dos poderosos sobre seus opositores são instrumentos utilizados para causar medo e intimidação. O medo pode, por sua vez, gerar duas principais reações: a paralisia ou a coragem necessária para enfrentá-lo. Não é necessário teorizar muito: é evidente que só se pode vencer o medo com coragem pois, como disse Sir Winston Churchill, “a coragem é a primeira das virtudes pois garante todas as outras”.

Coragem. Coragem! Para vencermos a crise civilizacional em que nos encontramos, precisamos vencer, antes de tudo, a crise mencionada por Wade: a crise de coragem. Falar sobre o assunto, discutir em conjunto e, finalmente, agir para recuperar os valores e princípios ora socialmente marginalizados é o que a Aliança para a Cidadania Responsável se propõe a fazer. Após três dias de intensos debates, a conclusão a que chega qualquer participante deste evento internacional, um verdadeiro divisor de águas do movimento liberal e conservador, é que uma história melhor para nós mesmos e para as futuras gerações é, sim, possível.

DEU NO JORNAL

PENINHA - DICA MUSICAL

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NA INTERNET

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

CUIDADO – Carlos Drummond de Andrade

A porta cerrada
não abras.
Pode ser que encontres
o que não buscavas
nem esperavas.

Na escuridão
pode ser que esbarres
no casal em pé
tentando se amar
apressadamente.

Pode ser que a vela
que trazes na mão
te revele, trêmula,
tua escrava nova,
teu dono-marido.

Descuidosa, a porta
apenas cerrada
pode te contar
conto que não queres
saber.

Carlos Drummond de Andrade, Itabira-MG, (1902-1987)

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DEU NA INTERNET

ALEXANDRE GARCIA

ADMINISTRAÇÃO INTERNACIONAL PARA GAZA SERIA UM AVANÇO BEM-VINDO

Palestinos deixam a Cidade de Gaza rumo ao sul do enclave, após aviso do exército israelense, em 14 de outubro de 2023.

Palestinos deixam a Cidade de Gaza rumo ao sul do enclave, após aviso do exército israelense

Parece boa a sugestão dos Estados Unidos, de que a Faixa de Gaza passe a ter controle internacional, ou seja, pela ONU. Quando eu estive lá, em 1982, durante a guerra no norte de Israel e sul do Líbano, havia soldados das forças de paz da ONU, vindos dos países nórdicos, principalmente da Suécia. Foi a primeira vez que vi soldado de brinquinho – e não cheguei a ver soldado no front, só nos lugares onde se vendia cerveja.

Nos anos 1950 – eu servi em 1959 – houve seleção de tropas brasileiras para ir a Gaza. Muitos brasileiros serviram lá. E a Faixa de Gaza sempre foi um problema, desde 1956. Poderia ser uma solução, desde que a ONU soubesse cuidar realmente daquela região, para evitar que grupos terroristas voltem a atacar Israel como fizeram os nazistas da Alemanha, do nacional-socialismo. O objetivo dos nazistas era matar todos os judeus, extirpá-los. Chamavam isso de “solução final” para o “problema judeu”. O Hamas e aqueles que o apoiam têm o mesmo objetivo nazista: matar os judeus. Então, tirar a Faixa de Gaza dos terroristas e colocá-la sob administração internacional seria uma boa solução.

Na ONU, o embaixador de Israel lembrou de 90 anos atrás ao dizer que a delegação de Israel passaria a usar a Estrela de Davi amarela, a mesma que os nazistas obrigavam os judeus a usar no peito para mostrar que havia uma “raça inferior” circulando entre os alemães. Este é o antissemitismo que está sendo ressuscitado hoje, pelos nazistas de 90 anos depois.

* * *

Congresso abre outra frente para tentar restaurar paz no campo

O Legislativo está tentando resolver toda essa inquietação fundiária depois que Lula vetou a decisão do Congresso Nacional de repor o marco temporal que está na Constituição, mas que o Supremo tirou. É incrível isso: o Supremo declarou que um pedaço da Constituição, no artigo 231, é inconstitucional. Os constituintes trabalharam 20 meses para fazer uma regra que trouxesse paz no campo, o Supremo derrubou, o Congresso repôs, e Lula vetou. O Congresso certamente tem votos mais que suficientes para derrubar o veto.

Mas não é só isso. Uma comissão da Câmara, que andou examinando terras indígenas no Mato Grosso e no Pará, chegou à conclusão de que é preciso fazer uma CPI para investigar fraudes nas demarcações de terras indígenas. A terra que eles visitaram, por exemplo, tem 362 mil hectares e 60 índios. A reserva Apyterewa, objeto de um relatório reservado da Secretaria Nacional de Segurança Pública, feito em 2017 e que eu li, tinha 775 mil hectares para 470 índios naquela época. Na terça votaram e aprovaram um parecer recomendando a criação de uma CPI para examinar todas as terras que são objeto de laudos falsos sobre presença de indígenas.

Que é preciso estabelecer reservas é algo que está na Constituição. O artigo 231 garante para os índios “as terras que tradicionalmente ocupam”. “Ocupam” se refere às terras onde eles estavam no dia da promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988. O texto não diz “que vierem a ocupar”, ou “que tenham ocupado e depois tenham desistido de ocupar”. Agora, é saber o que o Congresso Nacional vai fazer pela paz no campo, que já está afetado por esses dez meses de política econômica totalmente tortuosa e sem rumo.