Pálida, à luz da lâmpada sombria,
sobre o leito de flores reclinada,
como a Lua por noite embalsamada,
entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens de alvorada,
que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando…
Negros olhos as pálpebras abrindo…
Formas nuas no leito resvalando…
Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, São Paulo (1831-1852)