UMA SAUDADE COM CHEIRO DE “SÃO JOÃO”
“SÃO JOÃO DISSE,
SÃO PEDRO CONFIRMOU
QUE VOCÊ FOSSE MINHA MADRINHA,
QUE JESUS CRISTO MANDOU.”
Sonho sempre com Nova-Cruz, e de ontem para hoje o meu sonho teve cheiro de SAUDADE, misturado com o cheiro do “SÃO JOÃO”.
Vi a Praça Barão do Rio Branco transformada num corredor iluminado.
São 18 horas. Já está na hora de acender a fogueira.
Meu pai ornamentava o terraço da nossa casa, com lanternas coloridas, enquanto minha mãe preparava a mesa com iguarias deliciosas, típicas dessa época do ano. Não faltavam canjica, pamonha, milho cozido e pé-de-moleque.
O maior destaque viria em seguida: O milho assado na fogueira de São João. Isso encantava minha alma de criança.
A notícia de que o fogo havia pegado e a fogueira estava acesa era recebida com alegria, por crianças e adultos. O cheiro de lenha queimada inundava o ar. A fumaça da fogueira fazia chorar. Mas eram lágrimas misturadas com sorrisos.
Lágrimas de felicidade.
A noite de São João era uma festa! E a alegria era contagiante.
Não havia energia elétrica em Nova-Cruz, e os balões eram permitidos, sem qualquer perigo.
Todos os corações estavam em festa.
Os fogos, bandeirinhas e lanternas coloridas completavam o cenário daquela noite iluminada, que representava o nascimento de São João Batista, primo de Jesus Cristo, o Salvador. Tempos depois, São João foi o responsável pelo Batismo de Jesus, no Rio Jordão.
A fogueira aquecia e iluminava a nossa alma. E o sereno era o bálsamo, que caía sobre as famílias reunidas em torno das fogueiras.
Era uma noite de magia, brincadeiras, adivinhações e outras crendices populares.
Hoje, ao recordar o antigo São João de Nova-Cruz, meus olhos ficam molhados de saudade… Saudade dessa terra abençoada, da antiga paz que reinava na cidade, e do meu porto seguro, Dona Lia e Seu Francisco, com a família toda reunida.
Feliz São João!