PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

AS FLORES ESTÃO CHORANDO – Miguel Jansen Filho

Os lilases murcharam . . . As roseiras,
Ao castigo do outono, estão despidas . . .
Hão de viver assim horas inteiras,
Mergulhadas nas sombras esquecidas . . .

Outrora foram elas mensageiras
Das alegres paisagens coloridas . . .
Hoje ostentam nas hastes agoureiras.
A tristeza das rosas fenecidas . . .

Desce a noite orvalhada sobre os mirtos,
A secura das plantas abrandando
Na frouxidão letal dos cravos hirtos!

Enquanto o orvalho se transforma em bolhas
Que pelos ramos murchos vão rolando
Como se fossem lágrimas das folhas! . . .

Miguel Jansen Filho, Monteiro-PB, (1925-1994)

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

GLOSAS

Meu mundo é mal-assombrado
Pelas lendas do Sertão.

O Poeta Felipe Amaral criou o mote acima e escreveu a décima:

Rasga-mortalha que voa
No escuro do firmamento,
À noite, um canto agourento,
Por cima da casa, entoa.
Triste daquela pessoa
Que escuta a sua canção,
Que dá até a impressão
Que a ave arranha o telhado.
Meu mundo é mal-assombrado
Pelas lendas do Sertão.

O poeta Chico Potengy escreveu sobre o mesmo mote, e me enviou por WhatsApp a seguinte obra:

Nos tempos da meninice
Vivendo noutro lugar
Ouvia o povo contar
Tudo o que era crendice
Para mim, uma tolice
Estórias de assombração
Mas jamais eu abri mão
De um causo bem contado
“Meu mundo é mal-assombrado
Pelas lendas do Sertão.”

Eu recebendo os dois trabalhos acima, devolvi a Chico os seguintes versos meus:

Naquela curva fechada
De branco toda vestida
Perdeu precoce a vida
A noiva recém casada.
À noite na mesma estrada
Seu vulto na escuridão
É visto dando com a mão
Num aceno desesperado
“Meu mundo é mal-assombrado
Pelas lendas do Sertão”.

DEU NO JORNAL

MANDOU PRO EVENTO ERRADO

Carta que Lula enviou aos organizadores da Marcha para Jesus nem mesmo foi lida no palco do evento.

Na edição do ano passado, a simples menção ao nome do petista impulsionou saraivada de vaias.

* * *

O Descondenado enviou a carta pro evento errado.

Se tivesse enviada à Marcha para o Diabo, certamente ele seria aplaudido pelos satanistas.

Com muito entusiasmo.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

A PALAVRA DO EDITOR

COLUNISTA FUBÂNICO CITADO NO PROGRAMA “SEM CENSURA”

Nesta sexta, 31/05, o programma Sem Censura prestou homenagem à grande cantora Elba Ramalho, uma paraibana que faz sucesso em todo o Brasil.

No programa é citado o compositor Xico Bizerra, um amigo especial e colunista desta gazeta.

O cantor pernambucano Ayrton Montarroyos interpretou um dos maiores sucessos de Xico, a composição “Se Tu Quiser“.

Para ver o vídeo completo, basta clicar na imagem abaixo.

E para ir diretamente à interpretação da música de Xico, acesse o vídeo em 1:36:54

DEU NO JORNAL

JANJA CONTRA LULA

Adriano Gianturco

JANJA AVIÃO CESTA BÁSICA

Janja conferindo se todas as cestas básicas estão com os cintos de segurança afivelados, mesinhas fechadas e travadas e assentos na posição vertical

Esqueçam Zema, Tarcisio, Michelle ou Caiado: a verdadeira puxadora de votos da oposição é Janja! Declaração após declaração, postagem após postagem, viagem internacional após viagem, sorriso após sorriso, gasto faraônico após gasto, cara vislumbrada após cara, a primeira-dama não erra uma e faz perder votos a Lula!

Vamos lembrar alguns casos: gasto de R$ 26,8 milhões com móveis e reforma do Alvorada, com direito a sofá de R$ 65 mil e cama de R$ 42 mil – fora a descoberta dos móveis velhos e a revelação de que não era verdade que Jair Bolsonaro os tinha roubado ou destruído. Sapato de marca de luxo, valendo R$ 8 mil, em um evento na ONU, em Nova York, sobre “combate à pobreza”. Gravata de outra marca de luxo, no valor de R$ 1 mil, comprada em Lisboa como presente para Lula. Fotos com cara deslumbrada na Times Square, em Nova York. O vídeo em iate na Amazônia, tomando suco de fruta em uma taça de vidro como se fosse champanhe. Bolsa de luxo de R$ 21 mil. Imagens “turistando”, de folga, nas pirâmides do Egito. A dancinha aterrissando em solo indiano, enquanto o sul do Brasil sofria com ciclones e dezenas de mortos (o vídeo foi criticado até por aliados e acabou apagado). Toda aquela cena para o cavalo nas enchentes do Rio Grande do Sul enquanto havia seres humanos morrendo, fora a tentativa de se apropriar do resgate do animal, como se ele estivesse sendo salvo graças a ela.

Mas o que não se consegue transmitir em palavras neste artigo são as caras, os sorrisos, as expressões, as poses. Impagáveis! A pérola máxima talvez tenha sido a foto em um avião da FAB com cestas básicas. Uma cesta básica por assento, sem aproveitar o espaço – imaginem o custo unitário de enviar essas cestas básicas de forma tão ineficiente. E alguém ainda perdeu tempo para afivelar o cinto de segurança em cada cesta básica (!) para que a foto da primeira-dama no avião ficasse melhor – imaginem quantas tentativas foram necessárias para se escolher a melhor imagem. A dúvida surge espontânea: é para fazer ou para aparecer?

Além do cavalo e do avião da FAB, Janja quis mais vezes o papel de protagonista no Rio Grande do Sul. Antecipou que Lula indicaria um representante do governo federal para atuar no estado, passando por cima do ministro da Casa Civil. Em um encontro com uma família abrigada, nem considerou a mulher e a filha, e ficou só dando atenção ao cachorro. Durante um comício de Lula, mandou o ministro Paulo Pimenta largar o celular. Depois, publicaram um vídeo em que ela ajudava a doar cestas básicas em São Leopoldo, com trilha sonora! Imaginem a cara de espanto de velhas raposas da política, como José Dirceu ou José Genoino, perante esse show de horrores e de amadorismo!

Os problemas são dois. Primeiro, é muito protagonismo para uma pessoa que não tem nenhum cargo. Lula disse que ela é um “agente politico”, e ela adicionou que tem “total autonomia”. Consta que ela pediu até um gabinete próprio, afinal “a primeira-dama dos EUA tem!”, teria alegado. Segundo, em um país com muita pobreza e miséria, essas atitudes, esses gastos faraônicos, esse protagonismo, essas caras “deslumbradas”, a falta de seriedade, são muito inadequadas, fora da realidade, demonstram descolamento do mundo real, aparentam muito apreço pelas benesses da posição.

Nas redes sociais, o povo não perdoa. Os comentários negativos abundam, e “esbanja” e “deslumbrada” são os termos mais recorrentes. Nunca o país esteve tão de acordo sobre algo; Janja está unindo o país! A mídia já a apelidou de “a primeira-dama mais deslumbrada da história” e  “deslumbrada-geral da República”. As pesquisas de opinião mostram a mesma coisa. O instituto Paraná Pesquisas relevou que 43,4% dos entrevistados preferem Michelle Bolsonaro, contra 34,7% que preferem Janja. Outra pesquisa, do Poder 360, sobre a atuação da primeira-dama, mostra que mais pessoas a consideram negativa (28%) que positiva (22%); os demais consideram que ela não tem impacto; até mesmo 24% dos eleitores de Lula pensam que a atuação de Janja é negativa.

Janja já está criando desconfortos em Brasília – até entre aliados – e prejudicando a imagem de Lula e do governo. Por enquanto ninguém fala abertamente, mas o PT entenderá; eles não são nem bobos, nem amadores. Mais perto das eleições, chegará a hora da verdade, a hora da contagem das intenções de voto. Alguém começará a falar e reclamar internamente. E então veremos se o PT calará Janja, ou se Janja ganhará, e de qual lado estará Lula.

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO – E NA JANELA

“Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.

Não tendes vós muito mais valor do que elas?

E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos?

Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”.

Mt 6,26-29

Lírios da Paz no campo

O mundo está moderno. Pessoas estão a caminho e, deduz-se, vão demorar chegar para um encontro. Outras, faz tanto tempo que chegaram, estão ávidas para ir embora – deixando o encontro para Pasárgada. Mas, é bom lembrar que, lá, nem todos são amigos do Rei.

Elvira, “Vivi”, filha primogênita e única daquele casal que herdou fortuna dos pais e dos avós. Fazendeiros ricos que continuaram investindo no agronegócio no interior goiano. Investiram, duplicaram a riqueza e empregaram centenas de pessoas. Boa gente, melhor dizendo.

Além do alto investimento na bovinocultura e ovinocultura, o casal investiu, também, na floricultura. Os resultados imediatos satisfizeram e, nesse campo, o investimento foi maior, quando problemas familiares surgiram.

Vivi, filha do casal, sentia incômodos e deficiência visual. Diagnosticada, adquirira doença visual rara, de nome “presbiopia”, provavelmente fruto de sequelas de uma toxoplasmose.

O patamar financeiro dos pais de nada servia para resolver o problema de Vivi. Os pais se dedicaram inteiramente à filha. Nada lhe faltava.

Vivi não ficou cega. Teve acuidade visual diminuída em noventa por cento, o que lhe causava profunda tristeza e irritação. O amor e a dedicação dos pais aliviavam os problemas.

A rotina doméstica mudou intempestivamente. O pai, que se acostumou a resolver quase todos os problemas ao lado da esposa, passou a resolvê-los só. A mãe precisou dividir as tarefas diárias, dedicando a maioria delas à Vivi.

A parte da manhã era rotina um passeio no campo, onde os “lírios da paz” – todos brancos! – eram cultivados. Vivi acompanhava a mãe, que aproveitava para colher ramalhetes de lírios que colocava num vaso na janela. Todo dia os lírios eram trocados, e a janela, sempre aberta, permitia que o vento perfumasse levemente os aposentos de Vivi.

– Vamos filha! Vamos passear no campo e colher lírios!

– Vamos mãe. Já estou pronta. O que a senhora faz com os lírios que são substituídos?

– Tiro uma das pétalas e guardo. Depois, dou o destino necessário pata as pétalas que sobram. Rezo, e as jogo no córrego pedindo Paz!

– Deus tem sido bom e tem atendido seus pedidos?

As duas saem em direção ao campo. O vento trazia um perfume inconfundível, enquanto mãe e filha caminhavam em passos lentos, usufruindo a paz dos lírios no campo.

Por um momento, o comentário de Vivi (“que coisa mais linda mamãe, a beleza de cada lírio branco contrastando com o verde das folhas”) chamou a atenção da mãe, e lágrimas rolaram pelos seus olhos.

– Nem duvido que você esteja vendo tudo isso, filha!

– Deus é bom, mãe. Sinto, como se estivesse vendo!

E as duas se abraçaram fraternal e carinhosamente. A mãe aproveitou para colher os ramalhetes de lírios brancos. As duas, agora em passos mais lentos para aproveitar aquele momento de paz e felicidade, voltaram para casa.

Os lírios do vaso na janela foram trocados. A mãe arrancou suavemente uma pétala e guardou. Saiu da casa e foi até o córrego, onde “ofereceu” aos santos, os lírios brancos da paz.

No novo dia que chegou, após o café matinal, e antes da saída do pai para o trabalho na granja, Vivi pediu:

– Pai, compra um computador e me dá de presente!

Ainda que achasse aquele pedido estranho, o pai ouviu e nada respondeu. Os dias se passaram e o computador com teclado apropriado foi instalado no cômodo de Vivi.

Os dias de Vivi passaram a ser diferentes. Mais alegres. Parecendo até que algumas horas foram acrescentadas nas vinte e quatro normais. Apesar disso, os passeios no campo de lírios não diminuíram. Ao contrário. Ficaram mais divertidos e aquilo alegrava também a mãe de Vivi. Era visível a felicidade da filha, ainda que acometida de problema tão grave e de difícil solução.

Certo dia, operando o computador, Vivi falou em voz alta:

– Como é você? Perguntou Vivi, no exato momento que a mãe entrava no quarto com uma pequena bandeja nas mãos. O susto foi enorme.

– Com quem você está falando filha? Perguntou a mãe, aflita!

– Com um rapaz que conheci ontem no Facebook. Respondeu Vivi.

– Deus dos céus! (“Minhas preces quando jogo os ramalhetes de lírios no córrego estão sendo ouvidas por Deus”)

Além do teclado especial para deficiente visual, o pai de Vivi comprou, também, fones/microfones modernos, o que permitia que a filha mantivesse contatos com outras pessoas.

Aquele era um momento diferente. Frank, o nome do interlocutor e, agora, amigo de Vivi.

A casa recebeu novo astral. A preocupação com a “presbiopia”, contraída por Vivi diminuiu ante a possibilidade de recuperação total: graças ao amor.

Vivi nunca falou para Frank o seu problema visual. Os momentos de alegria com o relacionamento superaram qualquer necessidade de revelação. O amor poderia curar tudo.

Uma visita de Frank à casa de Vivi foi marcada. Chegado o dia, Vivi recebeu da mãe o comunicado que a visita havia chegado. As duas preferiram receber o visitante no cômodo onde Vivi permanecia sempre. A janela foi aberta. As cortinas foram amarradas e o ar puro que entrava fazia do cômodo um lugar prazeroso.

A mãe de Vivi convidou Frank para ir ao encontro da filha, no quarto. Os três estavam juntos. A mãe preferiu deixá-los a sós. Vivi, tão emocionada com o momento, permaneceu sentada e acessando o computador.

Frank se aproximou, cumprimentou Vivi. A jovem pediu para que Frank lesse uma postagem recente que fizera. Só então Frank percebeu a diferença especial do teclado, concluindo que Vivi era cega. Embora não fosse.

Lírios da Paz na janela

Vivi levantou, cumprimentou Frank e o convidou a ir até a janela, de onde poderiam olhar os lírios no campo.

Aquele horizonte branco que apareceu, visto da janela, por um momento foi visto pelos dois. Vivi, intempestivamente, viu o campo repleto de lírios da paz. Agora, também do amor.