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RAÍ E O MST, E A RESISTÊNCIA CONTRA A “EXTREMA-DIREITA”

Guilherme Fiuza

O ex-jogador Raí veio de Paris para visitar uma invasão do MST. Raí se apresenta como uma espécie de resistência democrática contra a extrema-direita. Pelo menos foi isso que ele disse num daqueles comícios que fez em francês na eleição parlamentar do país este ano.

A noção de democracia do Raí está mais ou menos no nível do francês que ele fala (quem viu seu comício pode atestar). Claro que cada um fala do que quiser, na língua que quiser, com os erros que quiser, e se mete no problema que bem entender. A suposta ou aparente, ou pretensa, incursão política do ídolo do São Paulo nem é um assunto tão relevante assim. A questão é o exemplo. 

Nem todos notaram, mas esse negócio de dizer combater “a direita” e coisas afins virou uma mina de ouro. O mundo de fato chegou à apoteose do que algumas décadas atrás se chamava de “esquerda festiva”. Basta enunciar uma cartilha tosca de humanismo de butique – como a recitada por Raí em seu comício em Paris, onde até o slogan “touche pas à mon pote” ele usou – que um mundo de oportunidades se abrem. A indústria da demagogia é um sucesso estrondoso. 

Se apresentar como um missionário da democracia e abraçar o MST não cabem na mesma ideia.

Personalidades como Raí e Chico Buarque deveriam, ao levantar (literalmente) a bandeira do MST, esclarecer: nós somos a favor de métodos violentos para fazer política.

Portanto, não nos confundam com pacifistas. Nós somos a favor do atropelo da lei e do direito para fazer política. Portanto, não nos confundam com legalistas. Não seria um jeito mais honesto de ostentar a mística da “revolução”?

Será muito importante se Donald Trump fizer um governo pragmático e politicamente moderado – sem deixar naturalmente de agir contra as armadilhas do chamado “Deep State”, uma casta burocrática que mina tudo o que for representação popular legítima.

O Brasil e o mundo estão exauridos dessa suposta “polarização” que faz a festa dos oportunistas e acirra os ânimos em torno de conflitos que muitas vezes são fantasiosos. Chega da estridência demagógica dos “Macrons” e seus “Raís”. 

Os bons projetos e a liderança transparente sempre serão mais poderosos que os arreganhos sectários. A saída política não está no triunfo cinematográfico de um gueto sobre outro gueto. Que a nova liderança nos EUA pelo menos comece a nos livrar da dicotomia tribal.

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