DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

RODRIGO CONSTANTINO

BOMBA! A VOLTA DA NARRATIVA CANALHA

Explosões em Brasília

Polícia Militar patrulha a Praça dos Três Poderes, em Brasília, após explosão em frente ao STF

Explosões são ouvidas em Brasília, perto do STF, e temos um morto. As manchetes já começam: bombas explodem em ataque terrorista ao Supremo! Quando se descobre a identidade do sujeito, que foi candidato pelo PL a vereador em 2020, ao menos um jornalista já solta o óbvio: “terrorista bolsonarista”.

Imediatamente surge uma investigação da PF para investigar as explosões em Brasília com o comando de Alexandre de Moraes, que já inicia discursos sobre a necessidade de regular redes sociais para combater o “discurso de ódio”. O Brasil é previsível demais. E como cansa!

O jornalismo tradicional se fazia com respeito aos fatos e muita cautela. O que temos hoje são só narrativas buscando pretextos para serem empurradas goela abaixo do público. Após as explosões em Brasília, ministros do STF já voltaram a falar de “gabinete do ódio”, e os militantes disfarçados de jornalistas já tentam culpar as lideranças políticas que falam em anistia. Tudo podre demais!

Então se um maluco se explode deixando um recado contra Bolsonaro e Lula e era do PL antes de Bolsonaro entrar no partido, mas sim quando a coligação local era com o esquerdista PDT, isso é prova de que a culpa é dos “golpistas” e precisamos abortar as conversas sobre anistia aos presos do 8 de janeiro?

Vamos colocar mais lenha na fogueira, como se não fosse justamente a postura autoritária atual que estivesse esgarçando ao máximo o tecido social e fomentando desespero em muita gente? Por que o sujeito amalucado que se explode é culpa dos bolsonaristas, mas Adélio Bispo, ligado ao PSOL, não passa de um “lobo isolado” sem qualquer responsabilidade de quem demoniza seu alvo há anos como se fosse Hitler em pessoa?

É tudo tão canalha que realmente parece um script de filme de terror. Enquanto os verdadeiros golpistas farejam a oportunidade de realimentar uma narrativa cafajeste num momento de empolgação da direita com a vitória de Trump, Bolsonaro busca colocar panos quentes de forma madura e responsável:

Pela pacificação. Lamento e repudio todo e qualquer ato de violência, a exemplo do triste episódio de ontem na Praça dos Três Poderes. Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão. Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força. A defesa da democracia e da liberdade não será consequente enquanto não se restaurar no nosso país a possibilidade de diálogo entre todas as forças da nação. E as instituições têm um papel fundamental na construção desse diálogo e desse ambiente de união. Por isso, apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional. Quem vai ganhar com isso não será um ou outro partido, líder ou facção política. Vai ser o Brasil.

Infelizmente, algumas autoridades estão investidas demais em suas narrativas canalhas e não conseguem mais recuar. Demonstram também o perfil de psicopatia típico dos tiranos. É por isso que não resta a menor dúvida de que vão utilizar as explosões em Brasília para avançar ainda mais com a repressão, a censura e o arbítrio. Já começaram. E era evidente que agiriam desta maneira. Como eu disse, o Brasil cansa…

DEU NO JORNAL

J.R. GUZZO

NEUROSE NOS TRÊS PODERES PREJUDICA INVESTIGAÇÃO SOBRE EXPLOSÕES EM BRASÍLIA

Palácio do Planalto, próximo à Praça dos Três Poderes, em Brasília (Brasil), durante operação em busca de novos explosivos

Palácio do Planalto, próximo à Praça dos Três Poderes, em Brasília (Brasil), durante operação em busca de novos explosivos

A melhor maneira de se começar a as investigações sobre as explosões de bombas em Brasília, uma perto da Câmara dos Deputados e outra próxima ao STF, é comprovar que o responsável pelo crime é o indivíduo que fez as bombas explodirem. Como dizia Freud, não se pode excluir a possibilidade de que um charuto, muitas vezes, seja apenas isso – um charuto.

No caso de Brasília, as evidências reunidas até o momento mostram que o mais provável é que as bombas tenham sido obra de alguém com problemas severos de desequilíbrio mental, além de inepto para fazer o que pretendia – mesmo porque a única vítima das explosões foi ele mesmo.

Bombas detonadas nas proximidades da Câmara dos Deputados e sobretudo do Supremo são delito de natureza gravíssima. Seria pior, é claro, se o artefato tivesse explodido num supermercado cheio de gente, por exemplo, ou na estação de metrô. Tendo acontecido, e sendo impossível para a autoridade pública evitar que fatos assim aconteçam, a saída, em primeiro lugar, é saber o que realmente aconteceu – elemento fundamental para se organizar medidas de segurança capazes de reduzir a possibilidade de acontecer outra vez.

No ambiente de neurose agravada que se formou nos escalões mais altos dos Três Poderes, a reação imediata da Polícia Federal, da esquerda em geral e da maior parte da imprensa foi levantar a hipótese de que estaria havendo mais uma tentativa de agredir a democracia brasileira com atos de violência armada – sendo que, desta vez, houve armas de verdade, e não estilingues ou bolinhas de gude.

As investigações sobre as explosões em Brasília devem deixar claro, ou deveriam, que Francisco Luiz, o homem morto, resolveu explodir as bombas por conta própria – ou, então, provar materialmente que ele faz parte de uma conspiração maior. O ruim é ficar massageando suspeitas de mais um “golpe de Estado” – e sugerir que os culpados “podem ser” os adversários políticos.

Luiz foi candidato a vereador pelo PL na eleição municipal de 2020, numa cidade no interior de Santa Catarina; teve 98 votos. Bolsonaro, na ocasião, não estava no PL – embora o noticiário, até agora, diga que hoje ele está no partido. Como de hábito, a polícia e autoridades judiciárias dizem aos jornalistas que “não se exclui nenhuma hipótese”, que estão trabalhando com “todos os cenários” e que as linhas de investigação “estão abertas”. O sujeito oculto da frase é que o “8 de janeiro” continua vivo, e o ministro Alexandre de Moraes tem de escalar sua repressão aos acusados de “atos antidemocráticos”. Também já apareceram novos gritos de guerra contra a anistia.

Como dar uma anistia aos presos pela baderna do ano passado, se os terroristas continuam a toda, agora soltando bombas? Não pode. À vista, a partir de agora, mais condenações a dezessete anos para participantes de um quebra-quebra transformado em golpe.

DEU NO JORNAL

A JORNADA DE TRABALHO E A DEMAGOGIA TRABALHISTA DO PSOL

Guilherme Macalossi

Deputada Erika Hilton, do PSOL, é autora da PEC para redução da jornada 6x1

Deputada Erika Hilton, do PSOL, é autora da PEC para redução da jornada 6×1

Nunca antes um partido tão irrelevante conseguiu pautar tanto a política nacional quanto o PSOL. Na última eleição, não emplacou um único prefeito. Ainda assim, o assunto do momento é uma emenda constitucional proposta por uma parlamentar da legenda que estabelece a alteração da jornada de trabalho no país.

A deputada Erika Hilton, de São Paulo, quer que a atual jornada semanal de trabalho, de 6X1, mude para 4×3. No texto oficial consta que a eventual mudança “reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis aos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e seus familiares”. Não passa de demagogia.

A proposta psolista encanta pela inegável boa intenção, mas não guarda fundamento na realidade do país. E é aí que mora o perigo. Ela parte do prisma humanístico de dar qualidade de vida e descanso aos trabalhadores, mas ignora os fatores essenciais para sua viabilização.

O governo Lula ainda não firmou posição sobre a matéria, mas o vice-presidente Geraldo Alckmin chegou se manifestou durante uma coletiva de imprensa na COP 29, que ocorre no Azerbaijão. “À medida que a tecnologia avança e você pode fazer mais com menos pessoas, é natural que a jornada de trabalho também evolua”, disse. Ainda que isso seja verdade, não é a realidade brasileira. A verdade é que estamos longe de jornada melhor, e os números evidenciam isso.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a produtividade do Brasil caiu 4,5% apenas em 2022. O que um trabalhador americano faz em 15 minutos, um trabalhador brasileiro consegue em 1 hora. Em um estudo intitulado Produtividade e Crescimento no Brasil, o economista Fernando Veloso apresenta um cenário histórico preocupante. Nos últimos 40 anos, a produtividade média dos trabalhadores brasileiros cresceu apenas 0,5%. Estamos na rabeira nos indicadores internacionais. E isso, além de inviabilizar alterações na jornada de trabalho, também impossibilita o ganho salarial efetivo.

Se a proposta psolista prosperar, o que teremos é uma redução na força de trabalho proporcional ao aumento no custo de produção, e o potencial aumento da informalidade, que hoje atinge impressionantes 39 milhões de brasileiros. Qualquer redução ou flexibilização na escala que não considere fatores e índices de produtividade média está condenada a gerar efeitos negativos na economia, contribuindo, isso sim, para a redução salarial, o desemprego e inflação. E é isso que a deputada, bem como parte dos apoiadores da proposta, ignoram solenemente.

Há quem já esteja atribuindo aos malvados “patrões” o interesse mesquinho e egoísta de manter os assalariados numa condição permanente de carestia, trabalhando muito e ganhando pouco. Como se isso fizesse algum sentido, inclusive para a busca de lucros maiores. A produtividade baixa é o resultado de uma conjuntura social, que inclui de saneamento básico ao nível educacional. Assuntos esses que são de competência do Estado. É, portanto, um tema mais complexo do que supõe certo resquício de ranço marxista a desorientar a cabeça de muita gente que se julga esclarecida.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

JESSIER QUIRINO - DE CUMPADE PRA CUMPADE

DEU NO X