PENINHA - DICA MUSICAL

AGNALDO RAYOL – NOSSA HOMENAGEM

Agnaldo Rayol – 86 anos

3 de Maio de1938
4 de Novembro de 2024

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Agnaldo Rayol em 1982 no programa da TV Cultura “Festa Baile” interpretando
um pout-pourri de seus grandes sucessos.

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Agnaldo Rayol – Festival Vozes da Melhor Idade – Parte 1

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Agnaldo Rayol – Festival Vozes da Melhor Idade – Parte 2

DEU NO JORNAL

RODRIGO CONSTANTINO

O DIA D PARA A AMÉRICA (E O MUNDO)

O republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris, que concentraram suas campanhas nos swing states, especialmente na reta final

O republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris, que concentraram suas campanhas nos swing states, especialmente na reta final

Em situações normais de temperatura e pressão, confesso não gostar do tom alarmista em eleições, do tipo “é a última chance de salvar a democracia”. O mundo não costuma acabar por conta de um resultado eleitoral, em que pese o risco nada desprezível de estragos enormes. Mas desta vez, na escolha entre Donald Trump e Kamala Harris, acompanho Elon Musk: o que está em jogo é a própria sobrevivência dos Estados Unidos.

O Partido Democrata se radicalizou demais, Kamala Harris é a Dilma americana e o perigo da destruição da América como a conhecemos não é um exagero. Há muita coisa em risco, e por isso mesmo o jogo tem sido violento. Os democratas torraram uma montanha de recursos, Obama entrou pesado em campo, a velha imprensa coloca suas fichas e as celebridades ameaçam abandonar o país – novamente.

Em desespero por conta das pesquisas e do momento favorável da campanha de Donald Trump, a esquerda voltou a repetir a ladainha do Hitler reencarnado, o que esgarça ainda mais o tecido social da nação. Ora, se é Hitler do outro lado, então vale tudo para derrotá-lo e salvar a democracia, não? Até mesmo… tentativas de assassinato? Mentir, então, é algo que sai naturalmente dos “progressistas”.

Glenn Greenwald, de esquerda mas com respeito aos fatos, apontou um problema grave do país: Biden está senil, os democratas tentaram esconder isso do mundo, mas ele segue como presidente, ou seja, quem está tomando conta do governo? Isso mostra como uma enorme burocracia assumiu o establishment, o Deep State, e controla o Estado administrativo. É para manter esse grande aparato que os donos do poder fazem de tudo para derrotar Trump.

Trump representa, por outro lado, o homem comum, esquecido e explorado pelo sistema. Se a coalizão democrata apela para minorias que se vitimizam e mulheres que desejam a “liberdade” de matar seus bebês no ventre, os republicanos atraem a classe média abandonada, com receio da imigração ilegal descontrolada, da economia ruim e da confusão geopolítica.

Biden se referiu aos apoiadores de Trump como “lixo”, seguindo a deixa de Hillary Clinton, que falou em “cesta de deploráveis”. Mas são apenas patriotas trabalhadores que querem resgatar uma América mais forte e livre. Elon Musk, com a ajuda do libertário Ron Paul, quer desburocratizar o Estado. Os conservadores miram na volta do império das leis, do respeito à Constituição. E não aceitam, claro, que o Estado invada sua casa para matar seu esquilo de estimação em nome da “saúde pública”.

Nos “swing states”, que decidem a eleição, a economia pesa bastante, e isso joga contra a gestão Biden/Harris. Não por acaso a vice tenta se dissociar do presidente. Ben Shapiro fez um bom resumo do quadro: os apoiadores de Trump sustentam seu voto defendendo Trump e criticando Kamala; os apoiadores de Kamala justificam seu voto demonizando Trump, mas não defendem Kamala. Pois não há defesa possível para ela…

Por isso manchetes tão bizarras e histéricas na imprensa. Na CNN: “Trump oferece escuridão na véspera da eleição e Kamala, otimismo”. Na Folha: “Possível volta de Trump à Casa Branca preocupa Itamaraty” (o governo lulista no eixo do mal deveria mesmo se preocupar, mas não o povo). No Valor: “EUA se dividem entre estabilidade e o radicalismo”. Estadão: “Que danos Trump realmente pode causar”.

O quão dissociados são da realidade? Os “analistas” fingem que Trump não foi presidente agora mesmo, com bons resultados, e que Kamala não é a vice deste governo medíocre, com péssimos resultados. Vivem da visão estética de mundo, das aparências, dos discursos, sem qualquer compromisso com os fatos. Talvez o melhor resumo disso seja a troca de mensagens de dois típicos petistas:

Marcelo Rubens Paiva: “A vitória de Trump pode gerar a maior crise humanitária do planeta. Será o último empurrão ao abismo”. Xico Sá: “Apenas o fim do mundo, meu caro”. Impossível não rir, ainda que bata aquele desespero depois por lembrar que essa gente está no poder!

Vamos falar de danos potenciais que podem ser causados por Trump: Israel ser atacado pelo Irã e seus satélites terroristas, com financiamento do próprio governo americano? Talvez a Ucrânia ser invadida por Putin, pela falta de firmeza do governo americano? Quem sabe a China investir contra Taiwan, por sentir fragilidade na postura americana? Ou ainda relações piores com a Índia? Quem sabe o Brasil, maior país da América Latina, cair no comunismo e entrar no eixo do mal?

Isso tudo “seria” terrível, não é mesmo? E tudo isso aconteceu, mas sob o governo democrata. Enquanto isso, nossos “analistas” fazem análises infantiloides, do tipo “Trump é malvado e Biden (ou agora Kamala) trará tranquilidade e estabilidade”. É realmente um espanto!

A vitória de Trump não seria, nem de perto, o fim do mundo. Ao contrário: seria a melhor chance de colocar ordem nessa bagunça. A começar pelo Brasil, já que Trump e Elon Musk poderia intensificar a pressão contra nosso sistema autoritário. É justamente isso que nossa esquerda quer evitar a todo custo…

COMENTÁRIO DO LEITOR

CENAS GROTESCAS

Comentário sobre a postagem CENA BRASÍLICA: CANDIDATO DO ENEM QUE CHEGOU ATRASADO

Roque Nunes:

Uma cena triste.

É triste ver a juventude do país, que dorme durante três, quatro dias, para ver apresentação de “artistas” que remexem bem a bunda, mas como cantores são uma lástima, mas perdem o horário quando o assunto é decidir sobre seu futuro profissional e de cidadania.

Não há o que comemorar.

Não o que aplaudir.

Há que se envergonhar e refletir sobre os motivos dessas cenas grotescas se repetirem todos os anos.

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DEU NO JORNAL

DEU NO X

RLIPPI CARTOONS

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

VOLÚPIA – Florbela Espanca

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frêmito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade…
A nuvem que arrastou o vento norte…
– Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

DEU NO JORNAL

ESQUERDA, DIREITA E O RADICAL DE CENTRO

Roberto Motta

A última eleição para governador do Rio de Janeiro foi disputada por um candidato de esquerda conhecido por suas críticas à polícia e pela defesa da descriminalização das drogas. Eu fiz uma previsão: antes que a campanha termine, ele irá à missa, renunciará às drogas e vestirá o uniforme da polícia militar. Das minhas três previsões, errei apenas uma. Um fenômeno parecido foi observado na última eleição para prefeito de São Paulo, quando um candidato – também da esquerda – que construiu uma reputação como ativista radical tentou, sem muito sucesso, se posicionar como um candidato de “centro”.

Mas o que é ser um político “de centro”? E já que estamos falando disso, o que é ser “de direita” ou de “esquerda”? Jair Bolsonaro é o maior fenômeno político brasileiro das últimas décadas. Para reconhecer isso não é preciso gostar de Bolsonaro, nem achar que ele é perfeito. Basta observar a realidade. Bolsonaro é um fenômeno de comunicação. No Brasil, poucos políticos e autoridades podem andar pelas ruas despreocupados. Bolsonaro anda, e por onde vai ele atrai multidões.

Esse é um dos aspectos do fenômeno Bolsonaro.

O outro aspecto, que ainda não é devidamente reconhecido, tem a ver com seu período como presidente, de 2019 a 2022. O governo de Jair Bolsonaro, que teve Paulo Guedes no Ministério da Economia, foi o primeiro, do qual eu tive conhecimento, que aplicou o ideário conservador e liberal.  Ele enxugou a máquina do Estado, reduziu impostos e privatizou um terço das empresas estatais. A orientação geral da política econômica foi a de reduzir a burocracia, o peso e o protagonismo do Estado, dando liberdade e protagonismo à iniciativa privada e aos cidadãos.

O governo Bolsonaro foi o primeiro – que eu me lembre – que defendeu o direito do cidadão de ter armas para se defender de criminosos e proteger sua liberdade. Aliás, não me lembro de ter ouvido outro presidente usar tantas vezes a palavra liberdade. O governo Bolsonaro foi também o primeiro desde a redemocratização que terminou gastando menos do que gastava quando começou. Isso não é opinião. São fatos.

As realizações do governo de Jair Bolsonaro são importantes não apenas porque apontam o caminho da prosperidade, mas porque são consequência direta das ideias professadas pelo presidente. Ideias de direita. Ideias têm consequências.  Ideologias – como comunismo ou socialismo – têm consequências nefastas porque, como disse o escritor americano George Packer, a ideologia já tem a resposta antes que a pergunta seja feita.

É importante lembrar isso agora, quando parece haver uma disputa entre políticos sobre qual deles representaria melhor a direita. Não é suficiente o político dizer “sou de direita”. É preciso que tudo o que ele fez até agora, e a sua história política, sejam coerentes com as ideias que a direita prega.

Muita gente acha que o debate sobre esquerda e direita é uma tolice que não leva a nada. Estão profundamente enganados. A forma como você enxerga o mundo determina a forma como você governa um país, um estado ou uma cidade. Determina também como você faz, interpreta e aplica leis, como conduz as relações internacionais e até sua disposição moral de condenar criminosos por seus atos ou de considerá-los “vítimas da sociedade”.

O núcleo do pensamento de esquerda é a ideia de que o Estado tem que ser grande, gastar muito e resolver tudo. Para a esquerda o indivíduo deve ser totalmente subordinado ao governo que, na busca por uma certa justiça social, deve interferir em todos os aspectos da vida privada. Ao indivíduo cabe pagar impostos e servir ao Estado.

O núcleo do pensamento de direita é o oposto. Para conservadores e liberais, o indivíduo é soberano e a função essencial do Estado é garantir os direitos do indivíduo, apenas isso – todas as outras atividades devem ficar com a iniciativa privada.

Não é correto dizer que a “maioria das pessoas não é de esquerda e nem de direita”. A maioria dos brasileiros é a favor de punição rigorosa para criminosos, e isso é uma pauta de direita. A maioria dos brasileiros é a favor da redução de impostos, novamente uma pauta fundamental da direita. A maioria dos brasileiros é contra a liberação das drogas – e liberação das drogas é um item essencial da pauta de esquerda.

O sociólogo holandês Gert Hofstede tem um trabalho clássico sobre cultura, que analiso no meu livro Jogando Para Ganhar. Hofstede demonstrou que os valores da classe média e dos pobres são valores de direita. Só os ricos podem se dar ao luxo de defender o radicalismo revolucionário da esquerda.

Ideias têm consequências. Aqueles que preferem ignorar isso se refugiam em uma posição política batizada de “centro”. Mas o que é ser “de centro”? Se a esquerda quer cobrar impostos altíssimos, e a direita quer reduzir a carga tributária, o que deseja o político de “centro”? Manter os impostos como estão? Mas a carga tributária do Brasil é elevadíssima – maior do que a dos Estados Unidos.

A esquerda quer liberar as drogas. A direita quer manter a proibição. Qual é a posição “de centro” nessa questão? Liberar até 40 gramas de maconha?

A verdade é que, como a esquerda atingiu a hegemonia na cultura, no ensino, no entretenimento, na mídia e na intelectualidade, boa parte do que passa hoje por senso comum consiste, na verdade, de ideias de esquerda. Isso faz com que boa parte das posições “de centro” sejam, na verdade, posições de esquerda.

Por isso é preciso ter cuidado com termos como “centro-direita”, que significam coisas diferentes para pessoas diferentes, ou não significam nada. “Centro”, no Brasil, se tornou um passe livre para o político flex, aquele que apoia qualquer ideia ou política pública, independente das consequências, desde que lhe seja politicamente conveniente.

Esse é o “centro” da questão.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA