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J.R. GUZZO

NÃO À ANISTIA: A VINGANÇA DA ESQUERDA DISFARÇADA DE “DEFESA DA DEMOCRACIA”

Manifestação Bolsonaro Rio de Janeiro

Cartaz empunhado por participantes de manifestação pede liberdade e anistia aos presos do 8 de Janeiro

De todas as taras políticas que conduzem a política brasileira de hoje – e olhem que nunca houve tanta tara junta no mesmo momento –, uma das mais neuróticas é a guerra de Lula, do PT e da esquerda contra a anistia. Historicamente, e em condições mais ou menos normais do ponto de vista mental, as pessoas e organizações só se mobilizam em favor de anistias. No Brasil de Lula é o exato contrário – eles conseguiram montar uma cruzada colérica contra a anistia. Negam a possibilidade de qualquer tipo de concórdia. Não abrem mão da vingança – e chamam isso de “defesa da democracia”.

É, sem dúvida, um dos momentos mais baixos na história da esquerda nacional. Sua posição não é apenas um monumento ao ódio. É, talvez pior ainda do que isso, um grave distúrbio cognitivo. A anistia aos presos do “8 de janeiro” é muito mais que um gesto de perdão: é a solução para eliminar a maior infâmia já cometida pelo Sistema de Justiça do Brasil, com suas histéricas condenações a pobres coitados que fizeram um quebra-quebra em Brasília e estão sendo punidos pelo crime de “golpe de Estado”. Mais ainda: estão sendo punidos por “golpe de Estado” e “abolição violenta do Estado de Direito” ao mesmo tempo, como se alguém fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

A anistia em discussão na Câmara dos Deputados, na verdade, nem é uma anistia no sentido correto dessa palavra. Anistia é perdão para crimes que foram cometidos, e na baderna do “8 de janeiro” os baderneiros não cometeram o crime de golpe de Estado que lhes é imputado. No caso, o que está sendo solicitado é um perdão para quem não pecou. É a correção de um absurdo judicial, e não uma ação política. No fundo, é a maneira mais eficaz e mais discreta de consertar o erro do Supremo nesses processos que ficarão para sempre como uma vergonha para a Justiça brasileira. Mas nem isso eles aceitam. Ao contrário, ao combater a anistia, fazem questão de deixar essa vergonha em exibição pública.

Afirmar, numa sentença da mais alta corte de Justiça do Brasil, que estilingues e bolas de gude são armas usadas para dar um “gole de Estado”, é ou não é uma vergonha? Foi o que fez o ministro Alexandre de Moraes em sua última bateria de condenações. E que tal dizer, como fez o mesmo ministro, que um tubo de batom é uma arma que contém “substância inflamável”? É ou não é uma vergonha condenar a até 17 anos de prisão uma multidão de motoboys, barbeiros, encanadores, vendedores ambulantes ou manicures – como se fosse possível, materialmente, essa gente derrotar o Exército Brasileiro e derrubar o “governo democrático” de Lula.

A anistia serviria para conduzir ao esquecimento essa coleção de decisões doentes. Também serviria, além de dar liberdade a inocentes, para anistiar os próprios ministros que tiveram a responsabilidade por elas. Mas não – querem transformar atos juridicamente monstruosos num poema da “democracia”. Não há, entre as vítimas do STF, nenhuma pessoa, mas nenhuma mesmo, que tenha dinheiro, influência ou posição social. Ninguém ali é de qualquer tipo de elite.

São todos simples, humildes, sem relações com gente importante, sem advogados caros – um retrato, em suma, do sujeito que vive nas castas inferiores da sociedade brasileira. São eles, justamente, os inimigos mais odiados por Lula, pelo PT e pela esquerda. Podem conversar até com Jair Bolsonaro. Mas não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio.

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REBECA, A MULHER INESQUECÍVEL

– Não case com Rebeca, você vai ser o maior corno do Estado.

Plínio ouviu esse conselho várias vezes depois que anunciou e convidou os amigos para casamento no ano novo.

Verdade seja dita, em seus 25 aninhos, Rebeca, morena dos lábios grossos, expirava sensualidade por todos os poros, tinha um requebro provocativo, os homens davam em cima da jovem, ela não rejeitou. Em resumo, Rebeca gosta de homem, nunca escondeu. Certa festa de batizado, ela foi apresentada ao pacato Plínio, 43 anos, celibatário por convicção. Ele achava o casamento muito complicado. Gostava de garota de programa. Dizia ele que pagava o sossego, o descompromisso.

Rebeca entusiasmou-se com aquele coroa calmo de uma beleza máscula, queixo quadrado, olhos sonhadores. Encantada, conversou alegre, divertida puxando risadas com Plínio, um convicto religioso. Marcaram encontro, ele interessado no traseiro maravilhoso, tiveram conversas agradáveis, inconsequentes. Quem podia com o feitiço e encantamento de Rebeca? Na primeira oportunidade estavam aos beijos nas esquinas, até que chegou a hora da onça beber água, uma noitada no motel. Plínio transformou-se. Não conhecia as variações e possiblidades em torno do tema, Rebeca ensinou tudo, sábia de nascença.

Plínio ficou acostumado, já não podia viver sem os carinhos da jovem, pediu Rebeca em casamento. Sem ligar as advertências, o casamento foi celebrado na Igreja de Santa Rita, no Farol. O casal viveu tranquilo, Plínio dedicou-se ao trabalho, professor universitário, cultura fecunda adquirida nos livros. O tempo passou normalmente, Plínio satisfeito com a esposa, um o vulcão na cama. Rebeca, ao contrário, não se acostumou com a vida de casada, tinha saudades de sua vida solta na boemia, fez força para ficar em casa sossegada, mas foi difícil se conter. Não havia completado dois anos de casados ela já dava umas fugidas, cada vez mais constantes, foi relaxando, quando Plínio descobriu, já era o maior corno do Estado. Decepcionado, expulsou Rebeca de casa. Chorona, ela pedia perdão. Em um mês vendeu a casa, teve que dividir a grana com Rebeca. Prometeu nunca mais casar. Porém, vez em quando vinham lembranças de Rebeca.

Passeando no Shopping encontrou sua prima, Eunice, quarentona, desquitada, enfermeira, independente, com uma filha jovem. Os dois se deram bem, começaram a sair. Um ano de encontros, marcaram compromisso. Plínio quebrou a jura, pela segunda vez casou-se na Igreja de Bebedouro.

Ao conhecer Joana, filha de Eunice, 20 anos, ele teve um sentimento estranho, os lábios da moça, sua pele morena, seu sorriso debochado lembrava Rebeca. Veio-lhe um sentimento de atração e lembranças dos feitos de Rebeca na cama. Evitava encarar, conversar com a enteada. Certa noite ela perguntou-lhe com malícia.

– Porquê você me evita? Não gosta de mim? Sou uma mulher adulta, não sou criança.

Plínio continuou equidistante de Joana, ao retornar à sua casa numa noite de calor em que Eunice estava de plantão, encontrou a enteada sentada à mesa, estudando, vestia apenas calcinha e uma blusa transparente. O sangue de Plínio ferveu nas veias, entrou rapidamente no seu quarto, logo a porta se abriu, era Joana com todo esplendor, sem blusa, olhou-o nos olhos, estendeu-lhe os braços.

O ex celibatário tornou-se bígamo de mãe e filha. Eunice, calada, melhorou sua vida, faz que não sabe. Plínio enche a enteada de presentes, já deu até um carro. Nas horas íntimas, muitas vezes chama a enteada de Rebeca.

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO