DEU NO X

NO PAÍS DA SUPREMA IMPUNIDADE

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

EURICO SCHWINDEN – BRASÍLIA-DF

Só pra avisar à honorável secretária que os trocados das Termópilas já chegaram.

Incrível foi o único jeito de comunicar este feito modesto.

Aqui posso declarar-me de batismo.

R. Batizado e sacramentado, meu caro.

Use sempre este meio quando quiser se comunicar conosco.

É só clicar no “Escreva para o JBF” que está aí no cabeçalho.

Sua generosa doação já está na conta desta gazeta escrota.

E Chupicleide, aquela inxirida que você chama de “honorável secretária”, está aqui se rindo-se, fazendo planos pras Termópilas que você sugeriu.

Brigadão pela audiência e pela força, meu caro.

Nossos leitores são as asas que fazem este jornaleco avuar pelos ares de todos os brasis.

Fique certo que vai voltar tudo em dobro pra você!!!

“Um xêro bem gostoso no cangote, meu lindão Eurico!!”

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

SONETO COR-DE-ROSA – Lêdo Ivo

O meu amor é apenas um dorso
que se deixa dourar pelo cair da tarde.
Só o ar que respiro conhece o tesouro
que guardo, em sigilo, num mundo de alardes.

Quando a alvura da tarde se transmuda
num negror de pentelhos, e a caliça
das estrelas me cega, um delta de betume
numa mulher deitada me enfeitiça.

E a noite, que suprime a forma dos gasômetros
e corrói a carcaça dos navios,
nas galáxias de asfalto finca as paliçadas

que escondem os amantes num horizonte
onde os fogos escorrem como rios
entre a rósea bainha e a ardida espada.

Lêdo Ivo, Maceió-AL, (1924-2012)

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURO PEREIRA – ITAPEVA-SP

Caro Berto, boa tarde.

Tenha uma excelente semana, meu caro amigo.

Para quem já leu, serve como releitura. Para quem não conhece:

Conheça Ribeirão dos Pradas, antes que acabe!

Decepcionado com a bandalheira política e institucional que tomou conta do País, busquei refúgio nos grotões jamais palmilhados de minha insanidade. Lá, descobri Ribeirão dos Pradas, onde, vez ou outra, me recolho à procura de um pouco de paz e da ingenuidade perdida.

Conheça Ribeirão dos Pradas, antes que acabe!

A cidade de Ribeirão dos Pradas não consta nos mapas. Mas, segundo os pradaenses, há documentos comprovadores de sua existência. Suas autoridades têm se manifestado, indignadas, sobre essa injustiça.

Nesta Antares mais recatada, o insólito dita a regra.

Embora já apresentando sintomas da decomposição social imposta pela modernidade, como toda cidade interiorana tradicional a minha amada Ribeirão dos Pradas ainda cultiva as tradições e não enterrou por inteiro a simplicidade quase ingênua e o profundo apego à religiosidade de seu povo. Nem a indigência moral de seus políticos. Por lá, ainda existem pessoas que ousam ruborizar-se.

Talvez devido a uma falha geográfica, suas latitudes e longitudes são bastante distintas: de dia limita-se mais para o sul com um município rico e desenvolvido polo metalúrgico, conhecido como a terra das oportunidades, ou berço dos oportunistas. Aí é uma questão de ponto de vista. À noite, mais ao nordeste, confronta-se com um município famoso por produzir mães dotadas de pouco estudo. Essa condição diferenciada ainda gera muitas dúvidas quanto a origem do sotaque nativo. Uns juram que é do sul do Rio Grande do Norte, outros sustentam que é do norte do Rio Grande do Sul.

Continue lendo

DEU NO X

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ARAEL COSTA – JOÃO PESSOA-PB

Caríssimo e Venerável Mestre Berto

Infelizmente recebi esse email, com o inacreditável vídeo, já no final deste dia radioso de domingo, pelo que lamento profundamente não tê-lo (olha Jânio, aí!) passado à redação desse intimorato jornal, em tempo hábil, que permitisse à incansável secretária Chupicleide, garimpar uma vaga em uma dessas pousadas, para repousar do ingente trabalho que ela desenvolve durante toda a semana, dando curso às diatribes que o JBF acolhe.

Mas, quem sabe.

Na próxima semana talvez ainda sobre uma “laminha” dessa verba, suficiente para premiar a dedicação com que ela se entrega – olhe lá a interpretação dessa afirmativa, às muitas tarefas dessa casa, até, mesmo, cuidando dos possuídos do Polodoro.

Com meus votos de pleno êxito e bom gôzo (danou-se) da Chupicleide, a reverência devida.

R. Meu caro, Chupicleide ficou aqui se rindo-se todinha com a sua insinuação de que ela “cuide dos possuídos de Polodoro“.

Ela chega ficou de priquito aceso com a esse “bom gôzo” que você botou na sua mensagem.

Sujeitinha safada é essa nossa secretária. 

Quanto ao vídeo que você mandou, trata-se do jornalista pernambucano Cardinot, uma excelente figura e cujo programa eu curtia muito.

Digo curtia porque há pouco tempo tiraram do ar o programa dele, que era logo após o meio-dia, na TV Jornal aqui do Recife, e que eu não perdia um.

Inventaram umas desculpas esfarradadas sobre contrato.

Mas todo mundo sabe que acabaram com o programa exatamente por conta das cacetadas que ele dava nos poderosos.

Cacetadas como esta que está no vídeo que você nos mandou.

E que não foi gravado no estúdio de uma emissora, e sim na casa dele.

DEU NO X

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

PASSAPORTE VACINAL

O Brasil está dividido entre cientistas e reacionários. Tudo começou em 2020 com a pandemia. A ciência foi usada exaustivamente para permitir que fosse distribuído crachá de cientistas para uns e de imbecis para outros. Particularmente, registei momentos nos quais a ciência poderia ter se imposto de forma apartidária, mas não foi isso que ocorreu. Apenas para citar um caso: pesquisadores do Amazonas fizeram uma experiência com 81 pacientes dando 1200mg de hidroxicloraquina duas vezes ao dia, replicando (agora vai Roberto Cappelletti) uma experiência realizada na China que matou pessoas. Aqui morreram onze, ou seja, já se sabia que essa dosagem diária de HCQ matava pessoas, mas a ciência ficou em dúvida e resolveu contribuir matando mais onze. Ninguém foi punido e até onde sei não houve autorização dessas pessoas para participar dessa experiência. Lembro que seria aberto um inquérito, mas no Brasil é não quer dizer nada. Não há cientistas presos.

A ciência poderia ter desenvolvido a racionalidade dos governantes, mas não me parece que isso tenha sido atingido. De modo amplo, ainda se usa uma série de procedimentos que violam o raciocínio mais simples, mais lógico, a exemplo do tal passaporte vacinal. Recentemente, através de decreto, o governo de Pernambuco impôs a necessidade de apresentação do passaporte vacinal para entrar em restaurantes, praça de alimentação, dentre outros. No fundo, acho que todos os governos que fazem isso cometem um grande equívoco porque, de acordo com um estudo feito pela Fiocruz, 48% das contaminações de Covid ocorrem nos terminais de transporte público, 22% ocorrem em hospitais, ou nas suas proximidades, e em atividades como restaurantes, o risco de contaminação é 2,2%. Ou seja, pune-se a atividade por um risco tão baixo, enquanto nada se faz no transporte público.

Não precisa ser cientista para entender que o transporte urbano foi, é e será, o foco principal de transmissão de covid. O metrô do Recife transporta 400 mil pessoas por dia; o transporte público da cidade de São Paulo absorve 7 milhões de pessoas; do Rio de Janeiro, outro tanto. Um estudo de uma universidade inglesa visitou academias 62 milhões de vezes, em 14 países, e encontrou 497 casos de covid, ou seja, uma proporção absolutamente desprezível. Mas, por conta de 2,2% de risco foram adotadas por diversos governos mais medidas de restrição as atividades econômicas.

Em 2020, com a suspensão das atividades econômicas “até que a curva achatasse” comentei sobre os danos e o impacto que teria para nossa economia que apresentava sinais de otimismo. A Bolsa bateu 113 mil pontos, houve um crescimento econômico pequeno (1,1%), mas houve. Enfim, havia uma série de indicadores que preconizavam melhoras. Fui ensinar Macroeconomia numa turma de Ciência Política e o que a gente estava vivendo era o melhor programa para ser apresentado. Mostrei que inflação ia crescer por falta de insumos, de renda, de desemprego e tudo mais. Foi assim e está sendo no mundo inteiro. Os americanos experimentaram uma inflação de 7%. Na Alemanha, a Destatis (a agência de estatística) comunicou uma inflação de 24,2% ao produtor. Então, não fica a menor dúvida de que a suspensão da atividade econômica tem uma enorme responsabilidade sobre isso.

Estamos diante de fatos inusitados. Todos nós tomamos vacina contra poliomielite, sarampo, catapora, tuberculose, tétano, etc. e todos nós mantemos o cadastro de vacina dos filhos atualizado. Então, me parece que não é a vacina… é esta vacina que tem algo estranho e que a gente não pode comentar sob o risco de ser taxado de “minion”, “gado”, “negacionista” e outros adjetivos menos qualificados. A vacina da poliomielite erradicou a doença e Albert Sabin abriu mão dos direitos para que houvesse agilidade na aplicação da vacina no mundo inteiro. A quantidade de pessoas que se vacinaram contra poliomielite e que pegaram a doença, se existir, é irrisória, ao contrário da vacina contra covid. Até o momento não vi um laboratório falar em abrir da grana que está recebendo por essa vacina.

A gente tomava vacina para não ter a doença, mas esta é diferente: a gente toma para que os efeitos da doença sejam minimizados. Eu acho absolutamente estranho quando se fala que a vacina diminui os efeitos da variante ômicron. Ué!!!! Mas, eu não lembro de ninguém que tomou vacina contra tétano para que os efeitos do tétano fossem reduzidos. Tomava para não contrair tétano. Vacina é isso: prevenção!

Assim, o que nós estamos vendo são pessoas vacinadas contraindo a doença e acredito que a sociedade precisa saber, por exemplo, quantas pessoas vacinadas foram contaminadas? Pessoas que contraem a doença duas ou três vezes se deve a quê? Qual o perfil das pessoas que morreram por covid? As pessoas contaminadas atualmente possuem comorbidades? Quais? É dito que a vacina tem ajudado a reduzir o número de óbitos, mas existem trabalhos que avaliam a autoimunidade?

Eu sou defensor da ciência, mas eu gosto da ciência apartidária. Não simpatizo muito com quem pega a Economia para favorecer um partido político ou um projeto político, embora saiba que isso é muito difícil de separar porque a Economia é decidida por pessoas. Eu quando oriento um aluno digo sempre que a Teoria está dada e que se os resultados que a gente encontrar não forma de acordo com a teoria, a culpa não é dela e não vamos adequar a Teoria aos nossos dados. Vamos rever se estamos fazendo os pressupostos corretamente.

Enquanto tivermos a contenda do tipo cientista x imbecis negacionistas, nós vamos ter doenças e mortos. Vamos ter incoerência como essa do passaporte vacinal que é um desses casos que vai de encontro ao que diz a teoria e da forma que está sendo tratado, em pouco tempo será exigido passaporte vacinal para assistirmos enterros de pessoas vacinados.

DEU NO X