DEU NO X

ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

QUI-QUI

Essa eu ouvi já a um bom tempo, quando eu ainda tinha cabelos negros, conseguia mijar na altura dos ombros e fazia concurso de quem pinchava a gala mais longe. Hoje, se eu não mijar nas minhas pernas, e somente nos meus pés já é lucro. Isso para que vocês saibam quando eu ouvi essa história, e que, por sinal já era dos tempos de antanho (Esse preciosismo é para a Violante Pimentel!) – eu acho que aconteceu mesmo – em uma dessas cidadezinhas do interior daqui do Mato Grosso do sul, região que os soldados de Lopes chamavam de Ñe Guaçu, antes de serem tomadas por Caxias. Lugar em que as pessoas usavam portas e janelas só porque nas cidades grandes se usavam. Hoje se tem a mania de colocar grade, cadeado, fechadura com trava eletrônica e segredo e transformaram as praças e jardins em depósito de lixo e as casas em casamatas.

O “causo” foi que ocorreu um crime de sangue em uma cidadezinha aqui do Mato Grosso do Sul – cidadezinha educada, criada a licor mimoso, dada a esses educativismos e vassalagem só registrada em contos da carochinha. Cidades dessas onde as pessoas dão bom dia até para sombra de cavalo, onde as véias são os melhores circuitos de segurança do que qualquer tipo de tecnologia inventada, ou Xing ling.

Pois bem, feita a diligência do caso, preso o acusado, que gramou duas tardes e duas noites no justo corretivo do delegado Irineu Bacamarte. Para o delegado, não importava o confessionismo gratuito do meliante. Todos passavam na palmatória, para melhor ofício da justiça e do bom ministramento da lei. Feita a confissão, com o réu mais escangalhado que armarinho de berloques em lojas de trapizongas onde se acha de tudo, armou-se o circo, digo, armou-se o júri para a execução da justiça dos homens, já que a justiça divina, segundo o delegado Irineu, era lá do agente criminosista com Nosso Senhor Jesus Cristo. O juiz, desses de fornada nova, com os canudos ainda úmidos das sabatinas, sério e fechado mandou o meirinho, uma vez formado o picadeiro do julgamento, fazer a chamada dos jurados, tudo em ordem alfabética, formado pelos mais ilustres cidadãos da cidade.

Cidadãos importantes, com as burras forradas de várias pelegas de cem mil réis, com mando até na capital e em sala e saleta de governo. Alguns ainda cultivavam aqueles bigodes encerados à brilhantina, bota de couro e cinto de fivela grande. Todos assentados, começou o meirinho a fazer a chamada dos jurados que iriam ser o juiz de fato da questão. Delegado Irineu sentava-se na primeira fileira de bancos, repimpado, com os dois colt prateados com cabo de madrepérola no coldre, feliz por ter “abrido” e “fechado” – palavras dele – o caso em somente dois dias, vinte oito dias aquém do prazo dado pelo juiz. E começou a dita chamada:

– Arnaldo Faria de Souza;

– Presente!

– Bento de Lima Albuquerque.

– Presente!

– Cacildo de Souza Teixeira;

– Presente!

– Deusdélio dos Santos Ximenes;

– Presente!

– Fortunato Jaguariúna Cornélio;

– Presente!

– Qui…Qui…

E pulou esse nome….

-Robércio de Moura Matos

– Presente

– Waldir de Lima Constante;

– Presente!

– Zenóbio de Frias Cançado;

– Presente.

– Qui…Qui… perdão meritíssimo, mas não vou ler esse nome, não.

– Pois é uma ordem, se é um jurado tem que ser chamado, fuzilou o juiz, por baixo de um bigodinho que parecia um caminho de lacraia, e que depois o Coronel Ponciano, chefe político da cidade chamava de safadeza sem-vergonhista.

O meirinho encheu o peito, pigarreou e tascou lá….

– Senhor Quinhentos Réis de Bosta;

– Um bigode graúdo, desses que se pode fazer três perucas e um espanador com os cabelos das ventas, levantou-se do lá do fundo do banco dos jurados, colocando seus dois metros de responsabilidade em cima das botinas e respondeu…

– Presente, sob protesto meritíssimo…. meu nome é Quirino Reis de Bastos.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

GEORGE MASCENA – TABIRA-PE

O FIM DO TURISMO NA PÉROLA DO CARIBE

Dois anos antes de Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, Cristóvão Colombo pisou na ilha de Margarita, hoje território da Venezuela, a partir daquela data, começou uma história de desenvolvimento impulsionado principalmente pelo turismo. Com a venda do petróleo, a Venezuela se transformou em um dos países mais desenvolvidos do mundo, isto mesmo, do mundo, muitos europeus vieram buscar na Venezuela dias melhores e a Ilha de Margarita era o ponto de encontro dos endinheirados venezuelanos.

Hotel Hesperia é um dos hotéis que não encerram atividades

A ilha atraia brasileiros do norte do país que tinham em Margarita a opção mais barata de visitar o Caribe. De Manaus dá pra ir de carro até a ilha, um ferriboat transporta o veículo e os passageiros do continente até a ilha, muitas empresas de turismo ofereciam pacotes rodoviários em confortáveis ônibus ou de avião. O aeroporto recebia voos diretos dos Estados Unidos e da Europa, hoje só tem voos para Caracas.

A falta de água é um problema atual na ilha, a adutora que leva água do continente quebrou

Grandes redes de hotéis e lojas de marcas caras se instalaram em Margarita, hoje estão quase todas fechadas, o lugar não atrai mais turistas de outros países e os venezuelanos estão descapitalizados pela inflação astronômica que assola o país. Os hotéis e lojas agora atraem vândalos e saqueadores, as ruas estão abandonadas. Alguns empresários mantêm as portas abertas à espera de um tempo melhor que parece não vir.

Venezuelanos saqueiam um luxuoso hotel abandonado

Na África outra ilha vive dias prósperos, a população de pescadores que nela residem tem uma renda 10 vezes superior aos seus colegas do “continente”. Lá não tem água encanada nem energia elétrica e o “banheiro” é dentro dágua, só de um lado da ilha, porque do outro é onde se coleta água em balde para tomar banho e lavar os pratos. Lá tem até hotel, mas de um nível bem abaixo dos de Margarita. Veja o vídeo sobre a Ilha Migingo.

DEU NO X

JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

PEDRO BELUGA

Final da tarde de ontem, após uma passagem rápida no Sebo Vermelho e um aperto de mão caloroso no meu amigo Abimael, eu procurei um lugar no centro de Natal para merendar.

Partindo da larga avenida Rio Branco, fui entrando e saindo de ruas, vielas e becos, entre gritos de vendedores, pedintes e outras pessoas existentes e fazendo do centro de qualquer capital um ambiente, por si, atraente do ponto de vista humano em suas variedades, dificuldades, lutas, perseveranças e – por que não? – alegrias de viver.

Daí, nessa minha caminhada, fui me ver em uma rua sem trânsito de carros, muito mais um beco aberto que rua propriamente dita, com algumas lanchonetes bem arrumadinhas, limpas e organizadas.

Ante uma delas, a que escolhi e sentei para merendar, essa figura do vídeo acima me despertou a atenção.

Ora! Como eu aprecio o artista!

O artista jovem sem nome e sem sobrenome piscando em grandes painéis. O artista cujo palco é a rua, a praça, um beco! O artista quase invisível, se avistado, olhado e admirado não fosse por passantes. O artista sem espaço na grande mídia e sem direito real ao Real dos incentivos dos governos. O artista digno da real apreciação no Real de moedas e cédulas de pouco valor deixadas em sua “caixa da bondade”. O artista fazendo de sua arte a realidade do seu ganha pão honesto. O artista também, sem a vergonha de se mostrar artista. É a simplicidade desse artista que me enche especialmente os olhos!

Eu fui me aproximando para deixar cair na “caixa da bondade” a minha contribuição.

Depositada lá a quantia muito menor que a minha boa vontade, inquieto que sou, perguntei logo ao artista após lhe desejar boa tarde:

– Qual o seu nome?

– Pedro – ele respondeu quase comendo a minha última palavra.

– Pedro – eu repeti.

E novamente ele engoliu parte da minha voz para se corrigir.

– Pedro não! Beluga!

E rimos juntos apertando as mãos.

– Pedro é o homem. O artista. Beluga o personagem. A criação de Pedro – eu falei.

– Desse jeito – ele assentiu.

Voltei e sentei à mesa enquanto a minha Vigélia lá dentro fazia o pedido da merenda.

Fiquei observando aquele rapaz encantando crianças, rodopiando sobre seus patins, indo numa mesa, noutra, e transmitindo alegria para quem passava, quem estava sentado… Principalmente às crianças por perto.

Até o casal que brigara havia poucos minutos, pela demora da senhora em chegar ao lugar combinado, sorria esquecido das farpas trocadas.

E assim o meu final de tarde foi mais colorido e musical.

Beluga deixou minha alma em paz.

– Beluga, toca Czardas, de Vittorio Monti? – perguntei esperando a minha mulher terminar de merendar.

Pedro arregalou os olhos.

– Um pouco, senhor – ele me respondeu já arrumando novamente o violino, como se dissesse que para Czardas o instrumento deveria estar mais perto do rosto, alinhado ao coração. E completou: – Faz tempo que não toco.

Ajeitou-se todo quando eu perguntei se podia lhe filmar, dando permissão através da linguagem corporal.

Tocou um pouco, e eu gravei a metade.

Depois Pedro me confessaria:

– Estranhei alguém aqui conhecer Czardas pelo nome – e acrescentou: – Grata surpresa.

Nos despedimos com um “boa sorte” gritado por ele, e um “Deus te abençoe” como minha resposta.

Quem quiser ver Beluga introduzindo Czardas, assista ao vídeo abaixo:

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

LEVI ALBERNAZ – ANÁPOLIS-GO

Caro editor e leitores do nosso jornal,

Esta é a pesquisa Data Povo.

Foi feita ontem, sexta-feira, no Amapá, terra do Randolfe Dpvat Rodrigues.

Se lembra?

É o Gazela Saltitante.

Veja o vídeo:

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

DEU NO X

CENA ABSURDAMENTE BANÂNICA

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

RESPOSTA AO GUZZO

Barbaridade, que monte de achismos e de mentiras!

Foi isso o que comentei em um artigo do jornalista J.R.Guzzo ontem aqui no JBF. Como prometido, vou explicar por que disse isso.

Infelizmente é difícil negar o completo desconhecimento dos brasileiros sobre economia. Jornalistas, então, se superam, porque além de não saberem nada ainda costumam posar de sábios e despejar asneiras sobre o assunto.

Para começar, um conceito fundamental: inflação é causada pelo governo. Aumento generalizado de preços, que é o que se conhece por inflação, só ocorre APÓS um aumento da oferta monetária, e só quem pode fazer isso é o governo. Quem não concorda só precisaria fornecer exemplos em contrário. Como os exemplos não existem, jornalistas e economistas gastam páginas e páginas jogando a culpa no tomate, na chuva, no petróleo, nos especuladores ou na pandemia. Tudo mentira.

Para dar um exemplo: no século 19 todas as grandes economias do mundo seguiam o padrão-ouro. No Reino Unido, a inflação acumulada durante toda a segunda metade do século, ou seja, de 1851 a 1900, foi estimada em 1%. Durante estes 50 anos, havia especuladores (sempre houve), houve secas e enchentes, houve quebras de safra, houve até pandemias (cólera e peste bubônica, além da endêmica varíola). Mas como o governo não fabricava moeda, não houve aumento generalizado de preços.

No momento, é verdade que não somos o único país a cair na bobagem de fabricar dinheiro. Políticos de vários lugares, sendo políticos, aproveitaram o momento de burrice coletiva causado pela covid para girar a maquininha. Vários, mas não todos, e ainda que fossem todos, isso não transforma o errado em certo.

Por tudo isso, deploro o artigo de ontem do estimado Guzzo, que normalmente é um jornalista equilibrado, mas provou que também sabe desinformar propositalmente.

Se não é proposital, como explicar contorcionismos como “inflação de 7% nos Estados Unidos ou de 6% na Europa equivale a mais de 20% no Brasil”? Que matemática é essa? É verdade que ele mesmo fornece uma possível saída: “Inflação desse tamanho, para país sério, é uma tragédia.” Se o Guzzo não considera o Brasil um dos “países sérios”, aí talvez faça sentido usar termos como “tragédia” e “inflação adoidada” quando fala dos 7% dos EUA mas dizer “não há problema algum” sobre nossos 10%.

Aliás, seria bom notar que os 10% se referem ao altamente manipulado IPCA, já que outros índices mostram aumentos bem maiores: IGP-M, 17,78% em 2021 e 45% acumulado em dois anos; IPA, 18,8% em 2021 e 56% acumulado em dois anos; gasolina, 46% em 2021; eletricidade, 25%. É difícil achar algo que subiu “só” os 10% do IPCA.

Guzzo diz “a inflação brasileira de 10% no ano passado é um sucesso, comparada com a inflação dos países mais bem sucedidos” De que países “bem sucedidos” ele está falando? O Japão fechou o ano com 0,6%, a Suíça com 1,5%. Serão países “mal sucedidos”? Nas Américas, nossa inflação só foi menor que as de Haiti, Argentina, Suriname e Venezuela. Sucesso? Na Europa, empatamos com Lituânia e Estônia e só ficamos atrás da Moldávia e da descontrolada Turquia. Sucesso?

Talvez Guzzo considere a situação atual um sucesso porque não esquece de compará-la com o 2016 pós-Dilma. É outra mania brasileira que não nunca entendi. Dilma é padrão de comparação para alguma coisa? Ser “melhor que a Dilma” não é obrigação, é elogio? Para mim, é como um sujeito elogiar a mulher dizendo que ela é melhor esposa que a Elise Matsunaga, ou que é uma mãe melhor que a madrasta da Isabella Nardoni.

Guzzo também diz “O fato, apoiado por números, é que o Brasil teve com a inflação, no ano passado, resultados melhores que a maioria dos países do mundo.” Um bom jornalista deveria informar de que fato e de que números está falando, para não parecer apenas uma afirmação vazia. Do jeito que está, só faltou acrescentar um “é ciência!” no final.

DEU NO JORNAL

DE MARTELO EM PUNHO

A nova concessão da via Dutra, uma das mais importantes do País, terá investimento de R$ 14,8 bilhões e criará 220 mil empregos.

Além da de uma redução de 35% na tarifa.

“É por isso que quebramos martelo por aí”, disse o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura).

* * *

Eu queria mesmo era que o incansável e imparável ministro Tarcísio quebrasse o martelo na cabeça de uns tabacudos que eu conheço.

Ele começaria pelo primeira da fila.

O primeiro seria….

Ah… Deixa pra lá.

É gente que só a porra.

Fica a cargo dos leitores organizar esta fila de cafajestes da cabeça martelável.