
Arquivo diários:1 de setembro de 2023
DEU NO JORNAL

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

AS APARÊNCIAS ENGANAM
Quase sempre, somos levados pelas aparências. Não somente pela aparência física, como por uma voz bonita, traquejo social, educação e cultura. A voz, então, é um fator que engana muito.
O que mais distancia as pessoas, não é o dinheiro, mas a educação e o caráter.
Aí, vem o ditado popular: “Nem tudo que reluz é ouro.” Nem sempre um elogio é verdadeiro. Muitas vezes, por trás de um elogio açucarado, existe ironia e despeito.
Antigamente, quando não existia televisão nas cidades do interior, à noite, a distração era conversar nas calçadas, onde se reuniam amigas e amigos verdadeiros. Nesse tempo, em Nova-Cruz, não existia ladrão, salvo ladrão de galinha. Podia-se ficar nas calçadas até tarde, compadrio tranquilamente, sem medo de malfeitor. E as amizades eram verdadeiras.
Era um tempo bem melhor, pois a era cibernética era utopia, e tudo era verdadeiro. As amizades e conversas eram “olho no olho”, sem espaço para demagogia.
As conversas na calçada eram uma higiene mental maravilhosa, como se a calçada fosse um divã de relax. As conversas eram desabafos de problemas do dia a dia, comuns a quase todas as famílias.
A solidariedade humana era a marca maior da vizinhança. Todos formavam uma irmandade e o compadrio era comum. Padrinhos, madrinhas e afilhados completavam as famílias.
O calor humano e a certeza de amizades sinceras eram o marco maior de uma época distante. Ninguém precisava falar por telefone, que não existia, e, quando muito, em assuntos urgentes, a comunicação era por cartas e telegramas. Notícia de tragédia, era comunicada através do telégrafo da estação ferroviária.
Pois bem. “Pra não dizer que não falei de flores”, vou falar sobre uma linda borboleta, que adorava flores, e foi eleita “miss” de um belo jardim.
Pois bem. – Miss borboleta, todas as manhãs, pousava em cada flor de um jardim, com toda sua graça. Todos a cercavam, queriam apalpá-la e contemplar de perto o fulgor de suas asas. Muito ancha por se sentir querida, “miss” borboleta, distribuía carinhos e deixava-se apalpar, de mão em mão. Não imaginava que nos dedos delicados que a apalpavam, ia deixando aos poucos o pó de ouro de suas lindas asas. Assim, de mão em mão, as asas perderam aquele tom dourado maravilhoso, orgulho das borboletas.
Aos poucos, “miss” borboleta perdeu o brilho e o viço, tornando-se uma borboleta sem graça. Os admiradores sumiram e ninguém mais a cortejava.
É o reverso da medalha. A “miss” borboleta sentiu arrependimento tardio, por não ter percebido, a tempo, que quem a cortejava somente queria o pó de ouro de suas asas.
A história de “miss” borboleta é a mesma de muitas pessoas vaidosas, que terminam sendo vítimas de suas próprias ilusões.
DEU NO X

O MELANCIA DO GUNVERNO PETRALHA
O que você acha: G. Dias ainda é próximo de Lula? pic.twitter.com/pWRpJsQzeb
— Marcel van Hattem (@marcelvanhattem) August 31, 2023
JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

O HINO
Lisboa. Encerro, aqui, essa pequena série sobre histórias da redemocratização do Brasil, naqueles distantes anos. Vamos a elas:
PODER ABSOLUTO. Começo por quando tudo começou, nos tempos da Redentora. Em Santiago do Chile, Adão Pereira Nunes, Fernando Gasparian (que contou essa história), Fernando Henrique Cardoso, Tiago de Mello, entre outros exilados. Alguns já então condenados, outros quase. Darcy Ribeiro contou como, no fim do Governo Jango, se sentiu com “poderes imperiais”. É que o presidente da República voara para o sul do País ‒ acompanhado pelo chefe da Casa Militar, o general Assis Brasil. O ministro da Marinha, Pedro Paulo de Araújo Suzano, pediu demissão. O ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, gravemente enfermo, estava no hospital. O que fazia de Darcy, chefe da Casa Civil, o comandante supremo das Forças Armadas. E, ao grupo, declarou
‒ Foi quando tive a agradável sensação do poder absoluto.
Após o que Celso Furtado concluiu
‒ Agora está explicado porque estamos aqui.
Dado o Golpe Militar, em 01/04, o bravo Darcy ainda ficou três dias sozinho dentro do Palácio, para resistir, até de lá ser retirado por Waldir Pires.
A BOMBA. Nesse mesmo 1964 vinha caminhando tranquilo, pela Rua do Hospício, Karl Marx Guimarães Coelho. Já na calçada do 4º Exército (em frente à Faculdade de Direito do Recife), um militar considerou suspeita sua bolsa e perguntou
‒ O que tem aí dentro?
¬‒ Nada.
‒ Quero ver.
E encontrou, lá, uma nota – “comprar fios e bobinas para a bomba”. Perguntou o nome do cidadão
¬‒ Karl Marx.
Era demais. Com certeza, comunista. E uma bomba, com certeza terrorista. Foi preso. Sem ter tempo de explicar que se tratava de bomba compressora para um ar-condicionado que estava consertando. Apanhou tanto que passou três meses no hospital. Viva a Democracia.
UM ESTUPROZINHO. Passa o tempo, vem a Transição, e o país se preparava para a posse que seria de Tancredo e acabou de Sarney. Estávamos todos juntos, nessa reunião com ele. O ministro da Justiça da Ditadura, Ibrahim Abi-Ackel, tentava ser simpático. Até chamou seu sucessor, Fernando Lyra, de jurista. E Lyra confirmou, todo prosa,
– Sou mesmo e de Caruaru!
Vendo Ruth (Maria Rita, de nascença) Escobar chegar, quiz fazer as pazes com ela.
– Dona Ruth, preciso explicar. Nunca lhe deixei representar peças de teatro, nas prisões, pensando em sua segurança.
– Como?
– É que os presos, lhe vendo, iriam ficar com alguma fixação sexual. E nas ruas, daqui a dez anos, poderiam querer lhe estuprar.
– Agora é que não lhe desculpo mesmo, ministro. Pois um estuprozinho, comigo dez anos mais velha, seria muito bom.
O HINO. 21 de abril de 1985. Tancredo morto e Fafá de Belém cantou, nas tvs, o Hino Nacional sem nenhum instrumento acompanhando. Com muita emoção. E queria fazer o mesmo num disco. Ocorre que não podia, segundo a gravadora, a partir de interpretação equivocada da Lei 5.700/71.
Assinei parecer autorizando. Porque a exigência de “andamento metronômico de uma semínima igual a 120, em tonalidade si bemol” (art. 24), era só para “Sessões Cívicas” (art. 25). E o disco saiu. Dedicado a mim, beijos Maria de Fátima.
Fevereiro de 1986. Transmissão do cargo de ministro da Justiça. Tomaria posse Paulo Brossard, para Brizola um “Rui Barbosa em compota”. Lyra, o ministro da Justiça que partia, gostava muito daquela gravação. E deu ordem
– Na hora da posse, bota o disco de Fafá.
Entrei na conversa
– Perdão, ministro. Mas seu último ato, no ministério, não pode ser uma ilegalidade, que a transmissão do cargo é uma Sessão Cívica.
– Lá vem você, de novo, botando gosto ruim.
– Desculpe.
– Mas Sarney e Brossard vão ficar putos.
– Será ruim, para você.
Pensou um pouco e disse
– Deixe comigo.
– Fernando…
– Confie.
Todos em seus lugares, no auditório, e o locutor convocou autoridades para a mesa: Presidente da República, ministro que sai, ministro que entra, outros ministros, Procurador Geral da República. Só então anunciou
– Formada a mesa, e ANTES de se iniciar esta Sessão Cívica, vamos ouvir o Hino Nacional cantado por Fafá de Belém.
Todos de pé. Ouve-se o Hino, em disco, e o povo chorando. Em seguida,
– Começa, AGORA, a Sessão Cívica da transmissão de posse.
E Lyra, rindo,
– Viu como é?
Saudades de um tempo em que política se fazia com graça, engenho e arte.
DEU NO JORNAL

REVERTENDO TUDO
BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

PLACAR DO JULGAMENTO ESTÁ EM 4 A 2
J.R. GUZZO

COMO NAS DITADURAS, “SISTEMA L” QUER REESCREVER HISTÓRIA – E FAZER DE DILMA UMA MÁRTIR
Lula agora quer devolver, simbolicamente, o mandato presidencial de Dilma, destituída em 2016
Como fazem o tempo todo, Lula, o PT e a esquerda em geral estão querendo, mais uma vez, transformar a História do Brasil num despacho a ser publicado no Diário Oficial da União.
O que vale não tem nada a ver com o que aconteceu na vida real. Para o presidente e seu “sistema”, história é unicamente aquilo que o governo conta, como manda fazer o catecismo básico das ditaduras – desde a Rússia de Stalin até essas cópias bananeiras que há na Venezuela, Nicarágua, Cuba e coisas parecidas.
A fraude da vez é a anulação do impeachment de Dilma Rousseff, deposta da Presidência da República por ter praticado crime de responsabilidade. No mundo dos fatos, a decisão foi tomada livremente, e com a supervisão do STF, pelos votos de 367 deputados federais contra 157, e de 55 senadores contra 22; foi uma das maiorias mais arrasadoras que já se formou no Congresso Nacional. No mundo do “Sistema L”, Dilma sofreu um “golpe de Estado”.
Essa ficção vem sendo sustentada há sete anos pela esquerda nacional, estrelas de Hollywood, ou pelo menos do Projac, e o papa Francisco. É como dizer que Pilatos foi condenado por Jesus Cristo, mas a regra deles é essa mesmo: diante de qualquer crime cometido pelo nosso lado, temos de inventar que toda a culpa é de quem aplicou a lei contra nós.
Não é só uma mentira. Com Lula, o PT e suas polícias no governo já cassaram um deputado federal que os acusou, como promotor, na Operação Lava Jato. Querem cassar o juiz que condenou Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Não apenas livraram todos os milionários corruptos que confessaram seus crimes e devolveram dinheiro roubado – agora querem abrir de novo o Tesouro Nacional para eles.
Dilma Rousseff se transformou numa ideia fixa para a esquerda brasileira em geral e para Lula em particular. O presidente se refere sistematicamente a uma decisão constitucional do Poder Legislativo deste país, plenamente sancionada pelo STF, como um “golpe” – como se ela fosse uma reencarnação de João Goulart, ou algo assim.
No mundo de Lula e do PT, naturalmente, não se perde viagem – assim que algum peixe gordo recebe o selo de mártir, ganha junto a entrada para o paraíso do Erário Público. Dilma já levou a sua: um emprego na presidência do Banco dos “BRICS”, com pelo menos 300.000 dólares de salário anual, na vez de o Brasil indicar o ocupante do cargo.
É um fenômeno: a capacidade real de Dilma para administrar um banco é a mesma que teria para guiar uma nave espacial. Não vão deixar que decida nada de relevante, é claro, mas os 300.000 estão garantidos. Só que isso ainda não está bom – o projeto, agora, é fabricar uma decisão “oficial” qualquer declarando que o impeachment não existiu, ou que a decisão do Congresso foi “ilegal”, ou alguma outra miragem da mesma família.
Nessa balada, é claro, vão criar um passado novinho em folha para o próprio Lula. A ideia é eliminar os fatos e ficar socando em cima da população a doutrina suprema da sociedade PT-Rede Globo: “O senhor não deve nada à justiça”. História, para o “campo democrático”, é isso.
DEU NO JORNAL

VAI CONTINUAR ASSIM?
BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ELEIÇÕES DE 2024
PERCIVAL PUGGINA

BRAVA GENTE BRASILEIRA!
Perdi a conta do número de vezes. Ao longo de décadas, foram muitos os 7 de Setembro aproveitados para produção de manifestos, discursos, eventos e nos quais estava ausente o verde e amarelo das bandeiras. Para uma parte da nação, a data era marcada pelo conhecido “Nada a comemorar!”. Era assim se a esquerda não estava no poder.
Sempre me opus a isso e continuo a me opor. É a pátria ou é o poder? A data é nacional e patriótica, não é militar! É de cada um e de todos. Ninguém é dono do 7 de Setembro. A data é também muito minha e não abro mão. Não tenho o hábito de assistir desfiles ou ir às ruas nessa data, mas sempre uma bandeira no coração e outra na sacada.
Por isso, periodicamente, escrevi artigos buscando trazer luz para a toxidez daqueles sentimentos e mobilizações. Como compreender que o amor à Pátria, à Pátria Mãe, o deslumbrante chão onde pisa, vive, ama e labora a brava gente brasileira, dependa da sintonia de cada um com o grupo político instalado no Planalto Central? Que tem a ver uma coisa com a outra?
O amor filial não é assim. Não é saudável o sentimento daquele cujo amor à mãe depende da satisfação de seus desejos. Maus filhos esses para os quais o aniversário da mãe só é comemorável quando estão “de boa”! A Pátria, mãe, fala comigo no belo idioma que aprendi dos meus pais, me educa na herança cultural, me revelou a Fé que a anima e, onde vou, me apresenta meus irmãos, os brasileiros.
Sei que há um esquerdismo, infelizmente dominante entre nós, que não apenas vive dos conflitos que gera, mas para o qual o patriotismo é tiro no pé da revolução proletária internacional. O grito do Manifesto Comunista – “Proletários de todos os países, uni-vos!” – cruzou o século passado e continua a suscitar o interesse na derrubada de fronteiras. O vermelho da revolução não combina com as cores de outras bandeiras.
Aproveitemos este Sete de Setembro para refletir sobre o que certos conterrâneos estão a fazer com nossa gente. Eles não podem continuar transformando o Brasil numa casa de tolerância, desavergonhada como nunca se viu igual. Nela, o banditismo das ruas é justificado em sala de aula e nos livros de Direito. Nela, as bandalheiras deslavadas e sorridentes de uma elite rastaquera e debochada, que conta dinheiro e votos como se fosse a mesma coisa, não mais escandalizam a tantos. Nela, impõe-se uma tirania, a Constituição é derrotada no aggiornamento de suas leituras, a liberdade de expressão é reprimida e a repressão festejada em ruidosas manifestações acadêmicas.
Dedicam-se, há bom tempo, à tarefa de corromper o próprio povo porque são milhões e milhões que já não se repugnam, que já não reclamam, que sequer silenciam, mas aplaudem, mas agradecem, mas reverenciam e se declaram devotos.
Não é apenas na vilania das práticas políticas que a nação vai sendo abusada e corrompida. Também no ataque frontal às mentes infantis (!), nos costumes e no desprezo à ética, à verdade e aos valores perenes, sem esquecer o trabalho dos catadores do lixo histórico dedicados a despejar seus monturos nas salas de aula, suscitando maus sentimentos aos pequenos brasileiros. Também nas novelas, na cultura, nas artes. Nas aspirações individuais e nas perspectivas de vida. Incitaram o conflito racial numa nação mestiça desde os primórdios. À medida que Deus vai sendo expulso, por interditos judiciais e galhofas sociais, instala-se, no Brasil, cheirando a enxofre, o tipo de soberano que se vê pela TV.
Na frente de minha casa, como nos versos de Castro Alves, a brisa do Brasil beija e balança o auriverde pendão da minha terra.