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CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

SAM PECKINPAH – O POETA DA VIOLÊNCIA

Peckinpah nos bastidores das filmagens de Pat Garrett & Billy the Kid

Sam Peckinpah sempre foi um diretor polêmico desde seus primeiros filmes The Deadly Companions, traduzido no Brasil por Parceiros da Morte (1961); Ride The High Country, traduzido no Brasil para Pistoleiros do Entardecer (1962); Major Dundee, traduzido no Brasil para Juramento de Vingança (1965), dentre outras obras-primas da sua filmografia.

Pat Garrett & Billy the Kid (1973), como outros filmes de Peckinpah, foi assolado por problemas. A produção do filme ficou conhecida pelas batalhas nos bastidores entre Peckinpah e os chefões do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer. Devido às muitas confusões, logo após o término das filmagens, o diretor perdeu o controle sobre o longa e o corte e a edição foram assumidos inteiramente pelo estúdio. O filme foi substancialmente reeditado, resultando em uma versão truncada lançada nos cinemas e amplamente rejeitada pelo elenco, pela equipe técnica e pelo próprio diretor. Esta versão também foi bastante criticada pelo público. A “versão prévia” de Peckinpah (também conhecida como versão do diretor), só foi lançada em home vídeo 15 anos depois, em 1988. Esta, levou a uma reavaliação do filme, com muitos críticos aclamando-o como um clássico maltratado e um dos melhores filmes da época.

A começar por James Coburn que aceitou trabalhar no filme, porque queria interpretar o legendário xerife Garrett. Era para ser dirigido por Monte Hellman, que alcançara êxito com Two-Lane Blacktop. Quando Peckinpah foi chamado para a direção, sua intenção era transformar a história num fecho da revisão do Velho Oeste que ele havia começado em Ride the High Country e continuado em The Wild Bunch.

Peckinpah reescreveu o roteiro de Wurlitzer, alterando a relação de Billy e Garrett, o que abalou o escritor. Peckinpah queria Bo Hopkins para o papel de Billy, mas acabou acertando com o cantor de música country Kris Kristofferson (sem barba). Kris trouxe para o elenco sua então esposa Rita Coolidge e o cantor Bob Dylan.

Peckinpah procurou homenagear atores lendários do gênero western, contratando para o filme Chill Wills, Katy Jurado, Jack Elam, Slim Pickens e Paul Fix. Jason Robards, que trabalhou com o diretor em seu conturbado filme de 1970, The Ballad of Cable Hogue, também fez uma pequena ponta.

O filme foi rodado em Durango, México, por pressão dos produtores. As dificuldades da realização e montagem acabaram por prejudicar o resultado final, e Peckinpah não obteve o retorno do público e da crítica que merecia. Nos últimos anos foram lançadas versões mais próximas do que o diretor desejava, fazendo com que o filme fosse valorizado.

Peckinpah consagrou-se como um dos mais vigorosos e hábeis cineastas estadunidenses pela utilização estética da violência e da brutalidade na maioria das suas obras. Ele desenvolveu um cinema cheio de realismo, onde a característica principal não era a violência que os filmes continham e sim a forma como ele a manipulava em função de seus personagens.

Encantou-se jovem (59), mas deixou um legado para a posteridade.

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PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

CHOPP – Carlos Pena Filho

O extinto Bar Savoy, na Avenida Guararapes, centro do Recife, um ponto de encontro dos anos 50/60

Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.

Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.

Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.

Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.

Carlos Souto Pena Filho, Recife-PE, (1929-1960)

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JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

A ÁRVORE

Foto 1 – Árvore genealógica

A escola dos anos 50, outros tantos anos antes, e poucos anos depois, nos ensinou que, 21 de setembro era consagrado à “árvore” – aquela que nos alimenta bem ou mal, desde o Jardim do Éden.

No livro de Ciências Naturais aprendemos a Botânica, e, noutros livros, a vida. A vida das árvores produtoras de frutos e de sombra, e, como bônus necessário começamos a ouvir falar e aprender uma tal de “árvore genealógica”, a raiz profunda que produz a vida humana.

Há alguém querendo, pretensiosamente, interromper essa cadeia reprodutiva aprovando leis desumanas que garantirão a cessação da vida. Não pelas raízes, mas pelos cordões umbilicais.

A tecnologia nos roubou os jardineiros e nos sequestrou os jardins. As flores primaveris só são importantes e belas, nos poemas – o que acaba sendo uma verdadeira hipocrisia, donde se percebe que a teoria (poema) é uma coisa, e a prática (plantar e defender) é outra.

Árvore carregada de frutos

A onipotência divina, pela Natureza de todas as coisas, foi tão sábia que disseminou sementes e terras apropriadas para cada espécie de árvore.

A árvore genealógica requer saúde corpórea, zelo, afetividade e amor, além de raízes tão profundas quanto a do Ipê de qualquer um dos vários tons.

Saudável, produzirá bons frutos, desde que semeadas em terras férteis.

A sombra produzirá descanso quando for chegada a hora. Quando o cansaço bater e provocar a exaustão – em qualquer árvore.

Há quem afirme que, o baobá, é tão antigo ou mais, quanto qualquer ser humano.

Árvore produzindo sombra

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JESSIER QUIRINO - DE CUMPADE PRA CUMPADE

DEU NO JORNAL