
Arquivo diários:9 de setembro de 2023
SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

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FOTO COM OS ELEITORES
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

MUNDO INTERIOR – Machado de Assis
Ouço que a Natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
De sol à ínfima luzerna.
Ouço que a natureza, – a natureza externa, –
Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna
Entre as flores da bela Armida.
E contudo, se fecho os olhos, e mergulho
Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho,
Rola a vida imortal e o eterno cataclismo,
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
Um segredo que atrai, que desafia – e dorme.
Joaquim Maria Machado de Assis, Rio de Janeiro-RJ, (1839-1908)
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LOCALIZADA A ESQUERDA QUE NÃO COMPARECEU AO DESFILE
J.R. GUZZO

SETE DE SETEMBRO SEM POVO E NEM VERDE E AMARELO É O PROJETO DE LULA PARA O PAÍS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfila em carro aberto acompanhado da primeira-dama, Janja, no 7 de Setembro
O projeto mais ambicioso do governo Lula – além, é claro, da utilização permanente da máquina pública para atender os interesses privados das castas que se penduram nele – é construir um Brasil sem povo. O assalto permanente ao Erário, por meios formalmente legais, ou por outros meios, é traço genético do PT e da esquerda nacional. Não sabem, simplesmente, viver de outro jeito.
É por isso, e só por isso, que não param de exigir um “Estado Forte” e de cofre cada vez mais cheio. Já a ideia de criar um Brasil só para quem manda, e com uma população destinada unicamente a trabalhar para o sustento, conforto e prosperidade do ecossistema estatal, é coisa da atual encarnação de Lula.
A demonstração mais recente deste “projeto de país”, como eles dizem, foi o desfile do Sete de Setembro em Brasília. No ano passado, a Esplanada dos Ministérios recebeu possivelmente a maior concentração de povo em toda a sua história. O governo não teve nada a ver com isso; a manifestação foi espontânea.
Nas capitais e outras cidades multidões também foram à rua, de verde amarelo e por sua livre e espontânea. Foi tanta gente, na verdade, que o consórcio Lula-TSE proibiu que as imagens fossem mostradas no programa eleitoral do ex-presidente; eram, segundo essa decisão, um “ato antidemocrático”. A maioria da mídia escondeu o que tinha acontecido. O ministro Luís Roberto Barroso disse que as multidões presentes na praça pública serviam para medir “o tamanho do fascismo no Brasil”. Na comemoração este ano foi tudo maravilhosamente “democrático”, segundo a propaganda oficial. Em compensação, não havia povo.
Para Lula, o PT e seu sistema esse é o Brasil ideal. No palanque das autoridades, no desfile de Brasília, se amontoaram 250 autoridades. Havia general, almirante e brigadeiro. O verde e amarelo das cores nacionais, que hoje é equiparado pela associação Lula-STF aos símbolos do fascismo, foi escanteado em favor do vermelho. Para compensar as duas ministras que já foram demitidas nestes primeiros oito meses de governo, os gerentes de marketing do Planalto fizeram Lula aparecer espremido no meio de uma penca de mulheres.
Povo, que é bom, não havia – nada remotamente comparável ao oceano de gente que estava no mesmo lugar no ano passado. Desta vez, ao contrário, as pessoas tiveram de se cadastrar previamente na internet e mostrar QR Code para ir ao desfile. Tiveram de passar por barreiras de ferro, detector de metais e revistas de mochilas e de bolsas. Foram fichadas pelo GSI. E nas outras cidades? A população não apareceu.
Foi uma manifestação em que só houve, mesmo, a presença do Estado. Funcionários do governo federal foram pressionados a comparecer. O Banco do Brasil distribuiu bonés. A mídia não anunciou casos de mortadela, mas tudo ficou uma cópia de um desses eventos do PT em ambiente controlado; havia militares, mas apenas como elemento de exibição para a plateia. De mais a mais, quem está disposto a colocar camiseta amarela e sair à rua com a bandeira do Brasil?
A Polícia Federal do ministro Dino pode aparecer na sua casa às 6 horas da manhã. O STF pode enfiar você no inquérito perpétuo contra os “atos antidemocráticos”. É mais prudente ficar com a segurança de uma camisa vermelha. É a cor que a mulher do presidente usa na data da independência nacional. É a cor que ficou obrigatória nas peças de propaganda o governo Lula. É a cor de um Brasil feito só de autoridades.
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ CLAUDINO PRIMO – IPIRANGA DO PIAUI-PI
LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

A CAVALARIA ESTÁ CHEGANDO
DEU NO JORNAL

VAZIO ZIO
O casal presidencial agiu como atores, no 7 de Setembro em Brasília, acenando sorridente e até fazendo o L para… ninguém.
O povo sumiu.
O teatro incluiu espaços vazios ignorados pela emissora oficial.
* * *
O espaço destinado ao público estava mais vazio do cabeça de petista.
O que tinha muito era tolôte de bosta no chão.
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LIVE DO PRESOMENTE
MARCOS MAIRTON - CONTOS, CRÔNICAS E CORDEIS

UMA PASSAGEM PARA ARAGUAÍNA
Devo publicar, algum dia, um livro só de crônicas relacionadas a aeroportos.
É um lugar muito rico em personagens e situações que não podem simplesmente ser esquecidos, sem uma reflexão ou pelo menos um registro.
Hoje, por exemplo (7 de setembro de 2023), encontrei no aeroporto de Brasília um rapaz pedindo dinheiro para completar o pagamento de uma passagem para sua cidade de origem.
Caminhava ao lado da fila de despacho de bagagem, expondo a fragilidade da sua situação e sua necessidade de voltar para casa.
Por alguma razão, ele havia se deslocado até a capital do país. Por outro motivo, ainda mais urgente, precisava voltar.
Não se sabia como havia chegado a Brasília, mas, quanto ao modo pelo qual pretendia regressar, entendi que, alcançando a quantia almejada, ele compraria a passagem imediatamente, no balcão da companhia aérea, e embarcaria no próximo voo para o destino pretendido.
Não se pode dizer que seja uma conduta padrão, nesses tempos de compras de passagens e checkin feitos pela internet. Mas, convenhamos, o cara não tinha nem onde ficar em Brasília. Onde é que arrumaria um computador com internet, para adquirir uma passagem aérea?
Então, ele estava lá, fazendo a arrecadação para sua “vaquinha”, e isso é o que importa agora.
Caminhava de um lado para outro, lamentando-se e olhando nos olhos das pessoas, como se procurasse identificar em alguém um pouco de compaixão. Alguém que escutasse sua história e se sensibilizasse com ela.
Tinha a perna direita envolvida por ataduras, desde o joelho até o pé, deixando à mostra apenas os dedos. Apoiava-se em duas muletas de alumínio, dessas que tem uma parte onde se encaixa o antebraço, enquanto as mãos seguram outras partes, que lembram um guidão de bicicleta.
Difícil imaginar que alguém se prestaria àquele papel com o intuito de se aproveitar da boa fé dos transeuntes. Salvo por um motivo: devia ser a quarta ou quinta vez que eu presenciava aquela cena no aeroporto de Brasília. Não que se tratasse da mesma pessoa. Não sou tão bom fisionomista assim. Mas me chama a atenção que esse tipo de situação seja tão recorrente.
Segui observando, e percebi o rapaz dizer que teria como destino a cidade de Araguaína, no Maranhão. Aquilo me despertou uma dúvida: Araguaína fica no Maranhão?
Sem vontade de consultar o Google Maps naquele momento, e com o rapaz vindo em minha direção, simplesmente me posicionei de forma a deixar claro que eu estava atento aos seus movimentos. Talvez ele me desse mais detalhes de como havia chegado àquela situação.
Nossos olhares se encontraram, e isso pareceu ter causado algum efeito negativo sobre ele, porque olhou para o chão e afastou-se repentinamente, sumindo na multidão.
Pela maneira como caminhava, ao se afastar, fiquei com a impressão de que o ferimento da perna era falso.
Minutos depois, diante do portão de embarque, consultei o Google Maps, e confirmei o que minha memória já havia alertado: a cidade de Araguaína fica no Estado do Tocantins.