DEU NO JORNAL

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MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

ERROS BANAIS

Acabou o governo Bolsonaro e teremos a volta de um presidente corrupto, cujas ações malfazejas foram reconhecidas por aliados atuais. Torna-se repetitivo lembrar que Geraldo Alckmin dizendo “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula quer voltar à cena do crime”. Marina Silva, defenestrada do petismo no primeiro governo Lula, humilhada na campanha presidencial contra Dilma, deu inúmeras entrevistas falando da crença que tinha sobre Lula ter se corrompido. Ciro Gomes, tão canalha quanto Alckmin, tentou o apoio do PT em 2018 prometendo, inclusive, indultar Lula se eleito fosse. A lista de canalhas que criticaram Lula e que agora estão ao seu lado é imensa, mas não é dela que pretendo falar aqui.

Minha proposta é trazer aqui erros que considero banais praticados pelo presidente Bolsonaro. Nenhum dos leitores é obrigado a concordar e podem criticar com bem entender, mas vou usar o meu direito de expressão – enquanto está disponível – para externar o que penso que poderia ter sido feito diferente. Começo por 2018 e pela escolha do Gal. Mourão como Vice-Presidente. Até então, o general era um mero desconhecido e entrou na chapa por falta absoluta de opção, visto que Janaína Paschoal, que houvera sido sondada, declinou da proposta. Eu não tenho dúvidas que se ela tivesse concorrido, em pouco tempo criaria uma racha por conta de opiniões publicadas que iam de encontro a atitudes de Bolsonaro. Em 2022, faltou gente com votos, como Teresa Cristina que se elegeu senadora e que fez um bom trabalho no ministério da agricultura.

As pessoas personificam um governo na pessoa do seu presidente, esquecendo que governo é um gabinete e como tal, o governo Bolsonaro trouxe para a esplanada pessoas com características técnicas como Paulo Guedes, Sérgio Moro e Tarcísio Freitas, por exemplo. A necessidade de apoio no congresso, absolutamente hostil, abriu espaço para alguns políticos como ministro, mas nada comparado ao que faz, atualmente, o PT.

O comportamento de alguns ministros com publicações ou comentários inoportunos foi minando o governo e afastando algumas pessoas. Roberto Alvim, por exemplo, copiou trechos da propaganda nazista, num pronunciamento, e isso fortaleceu o discurso da luta contra o “fascismo e o nazismo” no Brasil. Abraham Weintraub, como ministro da educação, perdeu a educação ao defender a prisão de ministros do STF. O presidente não tem esse poder, mas cabe lembrar que em 1968, com a instituição do AI-5, Barata Ribeiro foi afastado pelo senado e Evandro Lins, Hermes Lima e Victor Nunes foram cassados pelo regime militar. Reproduzir isso seria um erro drástico perante a comunidade internacional.

A briga com Moro assumiu contornos desnecessários. Ambos cometeram excessos e ambos erram na dose de entendimento. Se havia discordância, isso deveria ser tratado internamente, com diálogo, sem imposições. Moro teve apoio do governo quando surgiram os diálogos da Vaza Jato e se ele tivesse permanecido juiz nessa ocasião, seria algo desastroso para a carreira dele. Provavelmente seria aposentado compulsoriamente, mas o dano profissional existiria.

O presidente perdeu tempo e foi infinitamente mal assessorado em momentos cruciais como no caso da pandemia. Sua preocupação era a economia, mas ficou nas suas costas a irresponsabilidade de Mandetta a quem eu atribuo responsabilidade pela por muitos óbitos no início de 2020. Mandetta defendeu com unhas e dentes a permanência em casa e a busca pelo hospital apenas quando não tivesse mais condições de respirar. Era o achatamento da curva que nunca chegou e aqui acho que cabe um esclarecimento sobre essa porra desse achatamento. É uma questão técnica, matemática.

Existe uma distribuição de probabilidade chamada distribuição Normal que devida ao grande matemático alemão Karl Friedrich Gauss. Ela tem o formato de um sino como a figura abaixo.

No eixo horizontal, observe que a área entre -1 e 1 representa uma probabilidade de 68,26% de ocorrência. Por exemplo, se a altura média dos brasileiros fosse 170 cm com desvio padrão de 5 cm, entre 165 cm e 175 cm (um desvio padrão a esquerda e um desvio padrão a direita da média) teria 68,26% das alturas da população brasileira. Pois bem: o desgraçado do Mandetta falava no “achatamento” dessa curva considerando a quantidade de contaminados. O tal “achamento” representava uma diluição no número de contaminados e a liberação de leitos nos hospitais. Um estudo do Instituto John Hopkins publicado em janeiro/22 mostrou que o lockdown nos Estados Unidos reduziu o número de óbitos em 3,29%, apenas.

O governo deveria se debruçado no tema, criado um fórum de médicos, enviado pesquisadores para ver se o efeito atenuante de óbitos na África era mesmo devido ao ivermectina. Não explorou devidamente a experiência absurda feita com pacientes de Manaus que foram submetidos a uma dosagem de 1200 mg de hidroxicloroquina e passou a ser chamado de “genocida” sem que sua incompetente assessoria fosse capaz de perguntar: “como existe um genocídio se a quantidade de pessoas curadas é maior do que o número de óbitos?”.

Perdeu-se tempo demais com questões banais, a exemplo da ameaça vazia sobre a renovação da concessão da Rede Globo, que salvo engano de minha parte não resolveu seu problema de impostos atrasados e teve sua concessão renovada por mais 15 anos. As ações econômicas desenvolvidas por Guedes, Roberto Campos Neto, Tarcísio Freitas, Teresa Cristina, poderia ter reverberado em outras áreas como Saúde e Educação que não se observou nenhuma política estrutural para ambas as áreas. Na Educação tentou-se o Future-se cujo erro crucial foi deixar de fora as fundações de apoio às instituições de ensino superior em função de OS – Organizações Sociais. Um projeto interessante aqui era a carteira de estudante grátis, mas o erro foi colocar como Medida Provisória, que Rodrigo Maia deixou caducar. Era simples: bastava colocar como opção digital. O aluno poderia fazer e baixar no celular.

Então, eu entendo que os erros de Bolsonaro foram políticos porque, tecnicamente, o governo teve respostas para condições fundamentais como a redução impostos federais sobre combustível e outros setores, e ainda assim, a arrecadação cresceu, a autonomia do banco central, a criação do Pix, a redução de impostos de importação de 1167 produtos durante a pandemia, o controle da inflação e a política de crescimento econômico em patamares mais altos que algumas grandes economias mundiais, a conclusão de obras dos governos anteriores que se arrastaram durante anos com desvio de recursos e o fato de que não tenha ocorrido pagamento de propina a quem quer que fosse. Teve o caso da cobrança de propina sobre vacinas e do ministério da educação com a liberação de verbas para pastores, no entanto, no primeiro caso o governo não pagou um centavo sequer e no segundo há indício de se tratar de recursos constitucionais, que não podem ser desviados.

Entendo que tais erros podem ter tido impacto no número votos. Eu fazia uma conta simples: em 2018, 57.797.847 eleitores disseram não ao PT, então meu entendimento esse pessoal se manteria e o presidente seria capaz de obter um bom percentual de votos dos novos eleitores e dos indecisos, no entanto, os 58.206.354 de votos representam apenas 408.507 a mais. Em resumo: faltou voto e o nordeste, gerido há séculos pela esquerda foi capaz de coroar Lula com 70% dos votos válidos.

Agora é reconstruir novas lideranças. Tasso Jereissati disse recentemente que Lula teria que fazer um grande governo para afastar o risco da volta de Bolsonaro. Particularmente eu não acredito que ela voltará. O apoio do PL vai durar pouco e ele ficará a mercê das ações criminais que irão surgir. A PF já tem um relatório reconhecendo sua culpa por divulgar informações falsas sobre a covid. Sendo racional: duvido que alguém tenha capacidade de afirmar o que é informação verdadeira sobre a covid.

Honestamente, meu desejo é que Tarcísio Freitas faça um grande governo em São Paulo e Romeu Zema em Minas Gerais. Os ministros de Bolsonaro foram eleitos senadores, deputados, governador, então é necessário olhar o comportamento desse pessoal a partir da amanhã. Mais do que qualquer tendência ideológica eu torço para que esse pessoal mantenha os valores demonstrados quando ministros.

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PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

SONETO DE ANO NOVO – Marco Haurélio

Ano novo feliz! É meu desejo
Que o respeito de fato prevaleça,
Que a virtude, qual sebe, refloresça,
Como os calos nas mãos do sertanejo.

Se perguntam-me o que de fato almejo:
É que a sorte aliance quem mereça,
E que um tempo de paz logo alvoreça,
Pondo fim a esse ciclo malfazejo.

Que o martelo nas mãos da iniquidade
Enferruje ante a face da Verdade,
Esta deusa tão mal compreendida.

Que um poema de paz seja composto
E remova a tristeza em cada rosto,
Semeando esperança, amor e vida.

Marco Haurélio Fernandes Farias, Riacho de Santana-BA, 1974

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DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

UMA GLOSA

Mote desta colunista:

Só teme o peso da cruz
Quem já perdeu a esperança.

Não adianta chorar
A vida que foi já era
Os sonhos de primavera
Eu vi o inverno levar
Sem medo de me molhar
Vou seguindo minha andança
Em Deus tenho confiança
É ele quem me conduz
Só teme o peso da cruz
Quem já perdeu a esperança.

* * *

Feliz 2023 para todos, com muita paz e saúde!

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

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