Fiz algumas análises sobre a covid-19 baseadas em números do Ministério da Saúde e, no caso de Pernambuco, dados da SEPLAG – Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado. Uma dessas foi submetida hoje para uma revista na forma de artigo acadêmico; a outra, falta um pequeno ajuste numas contas. Espero terminar hoje. A impressão que fiquei é que o protocolo adotado, no início, pelos estados era adquirir respiradores e deixar a população infectada nestes respiradores até que período de incubação do vírus se concluísse e o paciente tivesse a sorte de se recuperar. Se morresse, a culpa era do vírus.
Não sabemos ao certo o protocolo, mas no caso de Pernambuco há posicionamento público do secretario de saúde dizendo que cada hospital tinha seu protocolo e que a hidroxicloroquina (HCQ) era uma decisão do médico. Acho que nesse ponto ele está correto: é um médico quem decide que tratamento um paciente vai seguir. Em 2006 eu perdi uma irmã que estava fazendo um tratamento com uma medicação que estava dando bons resultados. A médica responsável pelo tratamento me chamou e falou de uma medicação nova, revolucionária, me consultando sobre usar. Eu respondi que não tinha dados (minha maldita mania de querer dados de tudo para medir resultados) para saber a taxa de sucesso do remédio, ou a eficiência do remédio. e cientificamente ela teria mais respaldo do que eu para decidir. Mudou o remédio. Ele não fez os efeitos prometidos. Se alguém me perguntar eu direi que não trouxe resultados para minha Irmã. Continua sem dados para saber se ele foi eficiente em outras situações.
Análises e previsões estatísticas não são infalíveis. A gente trabalha com uma margem de erro, caso contrário seria onisciência. Dizer que, estatisticamente, uma pessoa com câncer de pulmão tem dez meses de vida, não é uma sentença. Há casos de pessoas que tiveram sobrevida maior. Dizer que HCQ causa arritmia cardíaca não é uma sentença. A observação pode falhar. Eu verifiquei que 29.704 pessoas com malária e delas 169 óbitos. HCQ é indicado para malária e olhando os sintomas dessa doença a gente encontra: calafrios, febre, fadiga, dor de cabeça, falta de ar, ritmo cardíaco acelerado, dentre outros. Então, se cloroquina acelera o coração, isso também vale para quem tem malária.
Obviamente, que não vou travar uma queda de braços com cientistas. Um laboratório disse que a HCQ é ineficiente no combate ao covid-19. Imediatamente, a OMS mandou suspendeu testes com cloroquina e o resultado disso foi comemorado largamente aqui no Brasil. Francamente, não consigo entender como se deseja que tudo aqui dê errado. Ao invés de ouvir “que pena” a gente ouve as palmas. Estranho isso, principalmente porque há relatos de pessoas que tomaram esse remédio e se recuperaram. Que se investigue o que há por trás dessas curas.
Minha formação acadêmica é fria e é como base nela que eu encaro decisões. Por exemplo: o ministério da saúde solicitou ao INPI, órgão que registra patentes, pressa na análise de 46 pedidos feitos para remédios como remdesivir, tocilizumabe, favipirarvir, que são remédios testados no tratamento da covid-19. Duas particularidades: nenhum deles teve comprovado sua eficiência, ou seja, é uma tentativa tal qual a HCQ e todos eles são fabricados por laboratórios estrangeiros.
É ai que entra meu lado maldoso. Vou repetir o que escrevi na minha dissertação de mestrado. “Um remédio que cure uma doença é um desastre para indústria farmacêutica”. Economicamente, é mais vantagem manter o paciente tomando remédio para o resto da vida do que dá um remédio que cure a doença. A AIDS e o câncer estão aí para provar minha tese. O soropositivo toma, diariamente, um coquetel antiviral e vai continuar assim para o resto da vida. O tratamento quimioterápico custa, em média, R$ 5 mil por sessão. Qual o sentido lógico de curar isso? Só se for burro. Quem quiser entender o que é a indústria farmacêutica procure na internet um livro chamado Medicamentos e Crime Organizado: Como a Indústria Farmacêutica corrompeu a assistência médica.
Adicionalmente, temos diversas polêmicas entre cientistas. A primeira em relação a origem do vírus. Quem disser que foi criado em laboratório é excomungado pela OMS. O francês Luc Montagnier, prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do vírus da AIDS, entendeu que os chineses estavam tentando uma vacina contra a AIDS. Tem os defensores de que origem é animal; tem os defensores de que foi a natureza que criou isso. Mas, como amante da ciência, gosto muito da frase de Lavoisier “na natureza, nada se cria, nada se perde e tudo se transforma”.
No meu entendimento o que parte dos cientistas querem é chamar a atenção para seu próprio trabalho em busca de reconhecimento internacional ou de uma indicação para Nobel. Eu imagino que seria mais salutar se estas pessoas trocassem informações sintonizadas com o mesmo fim. Sabe aquele caso no qual Cristovão Colombo chegou à América, mas ela tem esse nome por conta de outro cara chamado Américo Vespúcio?
Jô Soares criou um personagem, baseado em Marco Maciel, que era indicado para ser candidato a vice-presidente. Ela perguntava “quem é vice-presidente da França?” Os assessores respondiam “é o … é o….”. Ele arrematava: “Se eu não puder ser o “o”, o é “o”, não quero ser”. Eu penso que a discórdia entre cientistas tem isso, também.