CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

BOAVENTURA BONFIM – FORTALEZA-CE

Meu caro Berto,

Nosso amigo Sancho Pança fez belíssimo comentário na postagem de minha correspondência sobre o “velho” que cantou em uma festa da neta, só porque outrora ele havia participado de uma “bandinha”.

Transcrevo uma parte do comentário do nosso estimado Sancho:

“…Com tão rico histórico musical, eis que poderia Boaventura Bonfim soltar a voz em um vídeo e mandar para Berto publicar aqui no JBF. Boa música sempre é uma “boa ventura” e terá “bom fim” aqui nas páginas fubânicas.“

Prometi ao grande vate fubânico, o inteligentíssimo Sancho Pança, que atenderia de bom grado o pedido dele.

Por isso, envio-lhe um vídeo gravado no aconchego do lar.

DEU NO X

J.R. GUZZO

VENEZUELA TRATA O BRASIL COMO INIMIGO. SÓ RODRIGO MAIA NÃO VÊ

Causou escândalo no noticiário político, dias atrás, a visita à Roraima do secretário de Estado norte americano Mike Pompeo, chefe das relações exteriores dos Estados Unidos. Escândalo de 15 minutos, é claro, porque hoje há em média uma meia dúzia de escândalos por dia, e a sua duração, em consequência de toda essa oferta, é necessariamente curta. No caso, quem teve o ataque de nervos foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Disse que a visita do secretário Pompeo era “uma afronta” ao Brasil, aparentemente porque ele esteve próximo à fronteira com a Venezuela — e essa parte do território nacional, no entender do deputado, não está subordinada às decisões políticas e diplomáticas do governo brasileiro.

“Afronta”? De onde o presidente da Câmara foi tirar essa ideia? Pompeo fez a sua visita à convite oficial, e perfeitamente legal, das autoridades nacionais com responsabilidades sobre as relações externas do Brasil. Não veio clandestinamente, como já fez o Rei da Noruega, que um dia resolveu aparecer no meio de uma tribo na Amazônia, nos braços de uma ONG – mas aí vale tudo, porque seria um ato de apoio aos “povos da floresta”.

Além disso, tanto quanto se saiba, os Estados Unidos são um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas plenas; qual o problema que poderia haver na visita de uma das mais altas autoridades norte-americanas a um dos 27 estados brasileiros? Enfim, o secretário Pompeo não veio aqui para falar mal do papa Francisco ou do Dalai Lama, nem para criticar nenhum país aliado do Brasil. Veio para sentar a pua na Venezuela – que insulta os Estados Unidos diariamente e trata o governo brasileiro como um inimigo, além de fascista, genocida, ditatorial-militar, etc, etc.

A Venezuela, ao exato contrário do que foi dito no chilique do presidente da Câmara, não é “país amigo do Brasil” coisa nenhuma. Pode ser amiga dele, e de seus amigos do “campo progressista”, mas do Brasil não é. Está em vigor, ali, uma ditadura grosseira, a única da América do Sul neste momento e a diplomacia brasileira tem todo o direito de deixar claro que reprova o regime “bolivariano” e não quer conversa com ele, assim como não quer médicos cubanos e relações íntimas com Cuba.

Por que o Brasil deveria ser a favor da Venezuela? Ainda bem que é contra. O acesso antiamericano do deputado pode ter ocorrido a pedidos do “campo progressista”, mas daí não passa. O restante do país não tem nada a ver com isso.

O presidente da Câmara dos Deputados, imitando outros vultos de grande destaque da política nacional como João Doria, Wilson Witzel ou Renan Calheiros, para não falar de Luciano Huck, tornou-se um neo-esquerdista. Dá a impressão de achar, como os outros, que isso é uma ideia e tanto para o futuro da sua carreira – quem sabe, desse jeito, ainda não acabam presidentes da República? As próximas eleições dirão se o cálculo foi bem feito.

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JESUS DE RITINHA DE MIÚDO – ACARI-RN

PRELEÇÃO NO CABARÉ DO BERTO

Aí, sexta-feira cedinho, me ligou Papai sob os raros atos lúcidos ainda liberados pelo alemão Alzheimer.

E foi logo me dizendo em tom de reclamação:

– Tentei falar com você e não consegui. Parece que foi ontem de noite.

– Bença, papai!

– Deus te faça feliz, macho. Como vai?

– Vou bem, papai. E o senhor?

– Tudo caminhando. Mas você nem me atendeu.

– Eu estava fazendo uma preleção, Papai.

– Aonde?

– No Cabaré do Papa Berto?

– E sobre o quê?

– Sobre doidos.

– Eu sempre soube que você daria certo, macho. Tenho orgulho de você.

R. Êita peste!!!

Eu chega se mijei-me todinho de tanto se rir-se-me com essa tua história arretada, meu caro amigo.

Só mesmo nesse nosso antro escroto seria possível uma situação surreal feito esta.

Pois é: quinta-feira passada tu foi o conferencista da assembleia semanal da patota fubânica, e não pudeste falar com teu pai, que ligou na hora do evento.

“Cabaré do Papa Berto”...

Vocês inventam cada uma da porra!!!

Bom, quinta-feira, depois de amanhã, a partir das sete e meia da noite, vai ter mais desmantelos.

A audiência está crescendo a cada semana, por conta de divulgação feita pelos frequentadores deste movimentado e divertido cabaré.

Até lá, meu Poeta!!!

DEU NO JORNAL

VAMOS CONVERSAR COM A TIA

Vivian Mansano

Vamos conversar com a tia. Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica, nãobinariofóbica e o kralho a 4 que queiram inventar de fobias aí. Eu sou professora de português.

Eu estava explicando um conceito de português e fui chamada de desrespeitosa por isso (ué).

Eu estava explicando por que não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser “neutre”.

Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra. Vou mostrar pra vocês:

O motorista. Termina em A e não é feminino.

O poeta. Termina em A e não é feminino.

A ação, depressão, impressão, ficção. Todas essas palavras que terminam em ção são femininas, embora terminem com O.

Boa parte dos adjetivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc.

Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra.

A alface. Termina em E e é feminino.

O elefante. Termina em E e é masculino.

Como o gênero em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E.

E mesmo que fosse o caso, o português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro pra combater o “preconceito”.

Meu conselho é: ao invés de insistir tanto na coisa do gênero, entendam de uma vez por todas que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída. O que existe é sexo.

Entendam, em segundo lugar, que gênero linguístico, gênero literário, gênero musical, são coisas totalmente diferentes de “gênero”. Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar gêneros de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor.

E entendam em terceiro lugar que vocês podiam tirar o dedo da tela e parar de falar abobrinha, e se engajar em algo que realmente fizesse a diferença ao invés de ficar arrumando pano pra manga pra discutir coisas sem sentido.

Tenham atitude! (Palavra que termina em E e é feminina). E parem de ficar militando no sofá. (Palavra que termina em A e é masculina).

Enfim, é isso.

(Isso é uma palavra neutra, sabiam?)

PENINHA - DICA MUSICAL