CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

HÉLIO FONTES – VIDEIRA-SC

Para ajudar no 13° salário da Chupicleide

E rações natalinas do Polodoro e da Xolinha.

Um abraço.

R. Vossa doação já está na conta desta gazeta escrota, meu caro amigo e leitor.

O 13º salário de Chupicleide está mesmo garantido, graças à generosidade de vocês que ajudam a manter este jornaleco nos ares.

Isso sem falar nas rações natalinas de Polodoro e Xolinha, conforme você citou.

O trio está aqui na maior alegria!

Minha gratidão aos leitores Arnaldo Portela, Márcia Maria, Eurico Schwind, A.M.C, Ronald Carvalho e Manoel F. Feitosa que também fizeram suas doações.

Vocês são a força que mantém esta gazeta escrota nos ares e que cobrem as despesas com hospedagem e manutenção técnica feita pela empresa Bartolomeu Silva.

Vai voltar tudo em dobro na forma de paz, saúde, tranquilidade, harmonia, longa vida e um 2022 arretado de bom.

Que todos os queridos amigos da comunidade fubânica tenham um feliz dia de hoje e que sejam felizes em todos os dias do próximo ano.

E, daqui na nossa querida Recife, desejo um Natal arretado pros leitores de todos os outros recantos deste imenso Brasil.

Um Natal nordestinado, com chapéu de couro de vaqueiro, triângulo, zabumba e sanfona de um trio de forró pé-de-serra.

E cantando pra vocês, aqui está o meu querido e talentoso amigo alagoano Eliezer Setton:

JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

UM CONTO DE NATAL

Fernando Pessoa, no Cancioneiro, escreveu poema (Natal) em que dizia “Nasce um Deus. Outros morrem… Temos agora outra Eternidade, / E era sempre melhor o que passou”. Seguindo nessa trilha, recordo uma eternidade pessoal que se deu em Natal do passado. E começo dizendo que, também naquele ano, visitei lugares da infância. Com “Saudades de mim” (título do livro de António Ferro). Faço isso todo 24 de dezembro. E tinha realizado sonho antigo, que era ter órgão de 3 teclados, com pedais para os graves, comprado na Rua da Concórdia. Foi amor à primeira vista. Já voltando, reproduzi roteiro que fazia todos os dias. O ponto do casal ficava numa esquina da Av. Conselheiro Aguiar, por trás do Acaiaca. Onde parava para comprar milho assado. Assim foi, também, naquele Natal. Problema é que, junto ao fogareiro, estava só a mulher. E João, encostado no muro, chorava como um desesperado.

– Maria, que está acontecendo com seu marido?

– É que ele prometeu a nosso filho uma bicicleta usada, doutor. Foi ao Recife hoje, comprar. Só que, no ônibus, um ladrão levou seu dinheiro. Voltou a pé, sem ter nem como pagar a passagem de volta. E não sabe como vai dizer isso ao menino.

Pensei na vida. Eu, chegando em casa com um órgão. E, João, de mãos vazias. Algo, no mundo, estava fora do lugar. E fiz a única coisa que poderia fazer. Ou deveria. Abri a porta do carro e disse

– João, entre aqui.

– Vamos para onde?, doutor.

– Entre, por favor.

Adiante, chegamos nas Lojas Verão. Com um extenso mostruário de bicicletas, logo na entrada, embandeiradas para chamar a atenção dos compradores. Saltamos.

– A bicicleta que ia comprar era como?, amigo.

– Essa aqui.

– Então monte nela e vá embora.

João, assustado, pareceu não compreender a cena. E o vendedor da loja mais ainda, ante o risco de perder sua mercadoria.

– Suba na bicicleta e vá embora, homem.

Foi o que fez. O vendedor tentou impedir mas se conteve, ainda bem. Paguei e fui para casa. Ao chegar, satisfeito (dava para ver na cara), dona Lectícia perguntou

– Que aconteceu?

– Nada. Foi só um presente de Natal que acabei de ganhar.

Tudo certo. Que, no fundo, Natal é isso. Ou deveria ser. Mais dar, que receber. É, sobretudo, fraternidade. É permitir que o melhor de nós se revele. É ainda crer que o mundo, algum dia, vai ser mais justo. E melhor. Bom Natal para todos.

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

LEVI ALBERNAZ – ANÁPOLIS-GO

Amigos leitores do nosso jornal:

O Lula, primeiro lugar nas pesquisas do Datafolha, o homem mais popular do Brasil segundo a grande mídia, faria o mesmo que Bolsonaro faz, de sair pra rua e ficar no meio do povo?

Algum petista poderia me responder?

Estou esperando, viu.

DEU NO X

MAGNOVALDO BEZERRA - EXCRESCÊNCIAS

O PAINEL ELÉTRICO

Em um longínquo ano que longe se vai, houve a necessidade de se reformar o restaurante dos mensalistas da General Motors em São José dos Campos, que já se mostrava insuficiente para atender ao crescimento do quadro de pessoal da empresa.

Essa reforma tinha que ser feita em um final de semana prolongado, já que demandava a demolição de uma parede, a construção de uma nova, a instalação de novos equipamentos e a relocação de alguns existentes.

Para ganhar umas horinhas extras, ofereci-me para ficar de plantão durante o final de semana, já que o bendito orçamento familiar estava curto e uma graninha adicional ajudaria muito a pagar a mensalidade das escolas das crianças.

Logo no primeiro dia, haveria a derrubada da parede interna. Quando os operários da construtora iam começar a demolição, notaram que havia um painel elétrico que estava fechado com cadeado e também mostrava aquele famoso sinal da caveira com ossos cruzados e o aviso de perigo:

Claro, a demolição foi interrompida e o mestre de obras veio procurar-me, já que não havíamos sido avisados dessa instalação elétrica.

Verificando as plantas, vi que não deveria haver nenhuma rede elétrica de alta ou baixa tensão naquele local. Como não se pode brincar com eletricidade nem com mulher de sovaco cabeludo, chamei meu colega eletricista, que teve seu final de semana interrompido e veio em meu socorro.

Consultando velhos arquivos na Manutenção Elétrica, meu colega verificou que muito tempo atrás havia um painel de controle naquele local, mas que tinha sido desativado.

Quando estávamos para arrebentar o cadeado e remover o painel, chegou um arretado mineirinho com os olhos arregalados, mais assustado que beradeiro entrando num avião, e, usando uma chave do seu chaveiro, abriu a caixa. Não havia nada lá dentro, exceto alguns palitos e farelos de pão.

O simpático mineirinho trabalhava no restaurante. Sua amorosa esposa todos os dias preparava um lanchinho caprichado para ele. Para evitar que lhe afanassem o lanche, como já havia acontecido, ele teve a brilhante ideia de arrumar um decalque com a caveira e um cadeado, usando a caixa vazia como local para guardar seu precioso tesouro. Nunca mais se lho roubaram (êta língua a nossa)!
Quem não gostou do episódio foi meu colega, que perdeu um dia de seu descanso.

DEU NO X

XICO COM X, BIZERRA COM I

PEQUENÍSSIMA CRONIQUETA DE NATAL

Nossa ‘croniqueta’ de hoje é curtinha, menor ainda que as que costumo escrever, mas nem por isso menos sincera.

Que seria do mundo se não existissem sonhadores Poetas e Anjos serenos que fazem desenhos das sombras e, dos sonhos, azulejos coloridos? Os ‘normais’ jamais agem assim. E o mundo precisa de Anjos e Poetas que enxerguem um pouco além do que se vê. Que estes, sonhadores e serenos, sadios e sãos, belos e sorridentes, estejam sempre presentes em nossas vidas neste Natal e no 2022 que ‘tá já chegando. É o que desejamos a todos: que sejamos felizes.

Aos que gostam de mim, um FELIZ NATAL; Aos que não gostam, um NATAL FELIZ.

Xico Bizerra

NATAL MATUTO

Nos galhos perto do chão
Vou pendurar mil carinhos
Pra iluminar os caminhos
Do povo do meu sertão;
Acima, ao alcance da mão,
Mais um verso especial,
Sem nada artificial.
Ao lixo, a hipocrisia.
As luzes da poesia
Vão acender meu natal

DEU NO X

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

A NOITE DE NATAL

O Natal é a maior festa da cristandade. Há uma Luz nessa festa, e não são luzes artificiais.

A Noite de Natal é sagrada. Noite de encanto, mistério e ternura, para crianças e adultos, principalmente aqueles que tem boas condições financeiras. Para os pobres, é mais uma noite, onde as diferenças sociais são gritantes e eles sabem que a solidariedade, típica da época natalina, é passageira.

É também uma noite de saudade dos nossos entes queridos, que já não se encontram entre nós.

O meu Pai, Francisco Bezerra Souto, se encantou na véspera de Natal (24.12.1984). A partir de então, apesar dos anos decorridos, essa data, para mim, permanece marcada e a minha alegria é triste. Por isso, a celebração natalina me traz melancolia. Tento disfarçar a minha dor, mas a saudade e as lembranças são mais fortes.

Entretanto, na noite de Natal, o brilho das estrelas é mais intenso. Entre elas, há o brilho dos olhos dos entes queridos que nos deixaram e que, lá do Céu onde se encontram, estão a nos iluminar.

A representação mais verdadeira dessa noite é o Presépio, que revive o cenário em que Jesus nasceu. O primeiro presépio que existiu foi montado por São Francisco de Assis, no século XIII. Ele quis mostrar ao povo como aconteceu o nascimento do Menino Jesus. Depois, o presépio tornou-se uma tradição e passou a ser montado nas casas, nas igrejas e em diversos locais, durante o ciclo natalino.

No presépio, figuram a Sagrada Família, composta por Jesus, Maria e José; os três Reis Magos (Belchior, Gaspar e Baltasar), o Anjo que anunciou a Maria que ela iria ser a Mãe de Jesus, e a Estrela-guia, que iluminou o caminho para que os Reis Magos encontrassem a manjedoura.

No sentido religioso, os anjos usados na decoração do Natal remetem a São Gabriel, o anjo que teria anunciado à Maria que ela seria a mãe de Jesus.

Os três Reis Magos foram à procura do Menino Jesus, para adorá-lo e levar-lhe de presente, incenso, ouro e mirra.

Jesus nasceu em Belém, a menor cidade da Judéia, na simplicidade, humildade e pobreza.

A festa do Natal tem como figura principal o Menino Jesus, que nasceu numa manjedoura, dentro de uma gruta despojada e pobre.

Naquele momento, a gruta abrigou toda a riqueza do Céu e da terra. O Menino estava envolto em panos e deitado na manjedoura, sob o aconchego de Maria e José, seus pais, porque não havia lugar para eles na casa dos homens.

José era um homem justo e santo, carpinteiro, que acolheu o mistério da encarnação do Filho de Deus no ventre de sua esposa. Maria, a jovem mãe judia, deu à luz o Filho gerado em seu ventre, pela ação do Espírito Santo.

Nas lautas ceias de Natal, em casas de pessoas ricas e poderosas, muitas vezes, a figura do Menino Jesus é esquecida. Nessas ocasiões, o espírito cristão, simplesmente, não existe. Comemora-se o Natal como se fosse uma festa profana, e a preocupação são a comida, a bebida, os presentes trocados e a decoração.

O Menino Jesus, Maria e José não são lembrados.

Para os Cristãos, os presentes de Natal remetem à lembrança dos presentes que os Reis Magos levaram para o Menino Jesus: O ouro, o incenso e a mirra.

Os anjos e estrelas, usados nas decorações natalinas, remetem ao Anjo Gabriel, que anunciou à Virgem Maria, que ela daria à luz o Filho de Deus, e à Estrela-guia, que iluminou o caminho de Belchior, Gaspar e Baltasar até à manjedoura.

Pois bem. Numa noite de Natal, dois mendigos caminhavam pela escuridão. De repente, tropeçaram num cachorro vira-lata, que parecia estar faminto e abandonado. Sentiram dó do animal e viram que ele era tão pobre quanto eles. Os pobres são bons para os pobres e ajudam-se uns aos outros, dividindo entre si o pouco que conseguem para comer.

Os dois mendigos, solidários ao vira-lata, levaram-no com eles, e lhe deram para comer um pouco do pão que haviam recebido de esmola. O cachorro, depois de comer, ficou mais forte e saiu caminhando à frente deles, latindo e olhando para trás, como se os estivesse guiando, através da escuridão, até uma cabana abandonada. Na cabana, havia dois bancos e uma lareira apagada, visíveis através do clarão da lua. Os dois mendigos sentaram- se em frente à lareira.

De repente, o cachorro desapareceu. Como por milagre, as duas brasas se acenderam e tornaram-se enormes. A claridade tomou conta da cabana, e os dois sentiram seus corpos aquecidos. Ficaram certos de que tinham sido agraciados com um milagre, pois, somente o Menino Jesus teria sido capaz de se lembrar deles, naquela hora de tanto frio e sofrimento. Acreditavam, piamente, que o Menino Jesus os estava protegendo daquele frio, enviando duas brasas para acender a velha lareira. Adormeceram profundamente. As brasas brilharam até o amanhecer do dia.

Os dois mendigos acordaram, como se estivessem despertando de um lindo sonho. Tinham recebido, de presente de Natal, um verdadeiro tesouro. Mesmo por uma única noite, dormiram sob o teto de uma cabana abandonada, aquecidos por uma misteriosa lareira. Olharam em sua volta e viram o cachorro dormindo. Pobre igual a eles, o vira-lata lhes retribuiu o pão que eles lhe haviam dado, levando-os até aquela cabana encantada.

Pelo menos, naquela noite de Natal, eles dormiram sob um teto, abrigados contra o frio e o vento.

Está provado que o grande tesouro dos pobres é a fantasia.

Nesta Noite de Natal, elevemos uma prece a Deus:

“Senhor, dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão!”

A escuridão dos nossos dias é a fome, a impunidade e a corrupção.

Que a Noite de Natal ilumine os corações do povo brasileiro!