
Arquivo diários:3 de setembro de 2025
SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

O JULGAMENTO MAIS TRISTE DA HISTÓRIA
Luciano Trigo
A condenação de Bolsonaro não pacifica nem fortalece a democracia; aprofunda divisões, gera desconfiança e fragiliza ainda mais o país
Líquidas e certas, a condenação e a prisão de Jair Bolsonaro não resolverão nenhum problema do nosso país. Ao contrário, aprofundarão ainda mais o abismo no qual o Brasil vem despencando, dia após dia. Longe de encerrar um ciclo, abrirão feridas ainda mais difíceis de cicatrizar.
Nesse jogo de cartas marcadas, até os vencedores saboreiam um triunfo vazio. O sonho de um consenso nacional contra Bolsonaro revelou-se uma ilusão. O que resta é um país incapaz de se reconciliar consigo mesmo, prisioneiro de um ciclo infinito de frustração e ressentimento.
O bolsonarismo não desaparecerá com a prisão de seu líder — ao contrário, tende a se fortalecer. A História já mostrou inúmeras vezes que a perseguição judicial costuma produzir mártires, e mártires podem deter mais poder simbólico que políticos em liberdade.
Ao abraçarem uma agenda de ódio e perseguição ao ex-presidente, o STF e a grande mídia criaram um monstro maior que as alegadas ameaças à democracia que afirmam combater: um Brasil dominado pela melancolia e pela exaustão.
Já vivemos há tempos em uma democracia disfuncional, mas agora corremos o risco de mergulhar de vez em um período de naturalização de medidas autoritárias. A eleição de 2026 será disputada sob o signo da desconfiança, não da esperança.
Não se trata mais de uma divisão entre direita e esquerda, mas do sentimento difuso de que o país perdeu sua bússola. A censura às vozes dissidentes, a perseguição a jornalistas e a intimidação de cidadãos comuns criaram um ambiente sufocante. O medo de falar, de postar, de compartilhar opiniões divergentes tornou-se parte da vida cotidiana.
Tentaram vender o julgamento de Bolsonaro como o momento decisivo em que o Brasil construiria um consenso e se uniria contra a ameaça autoritária. Sua condenação conciliaria o país em torno das instituições, da democracia e do Estado de Direito.
Nada disso está acontecendo, porque não há grandeza em vencer um adversário quando o juiz distorce as regras do jogo no meio da partida e diante da torcida. O triunfo tem gosto amargo, porque, no fundo, todos sabem que a democracia não se fortalece com censura, perseguição e tribunais políticos. Ao contrário, ela se enfraquece.
Não é segredo que o STF assumiu um papel de protagonismo político. A Corte já não se contenta em interpretar a Constituição e arbitrar disputas jurídicas: ela interfere, legisla, suprime liberdades e pune seletivamente. Por sua vez, a grande mídia abre mão de seu papel fiscalizador para se tornar repetidora das decisões do Supremo, tratando seus ministros como oráculos e paladinos.
Por tudo isso, o julgamento de Bolsonaro não gera festa, mas amargura. Entre seus apoiadores, a sensação é de impotência e indignação. Entre seus adversários, não há euforia: apenas o prazer sombrio de ver um inimigo cair, misturado ao incômodo de reconhecer que o caminho percorrido até a vitória foi tortuoso, feito de expedientes que lembram as piores ditaduras. Isso revela a pobreza do debate público e a incapacidade do país de superar sua crise política sem recorrer a medidas excepcionais.
Essa grande mídia promoveu incansavelmente a ideia de um consenso nacional contra Bolsonaro. Manchetes, editoriais e comentaristas repetiram durante anos a mesma ladainha sobre defesa da democracia e do Estado de Direito, na expectativa de construir um inimigo comum a ser linchado e de promover uma catarse coletiva.
Mas essa expectativa se frustrou de forma espetacular. O que se viu não foi catarse, nem alívio. A cobertura homogênea da mídia contrastou com a realidade das ruas e das redes sociais. A promessa de consenso revelou-se uma miragem.
Decorridos anos de espetáculo midiático, o que se percebe é justamente o contrário: longe de ser um marco de unidade nacional, o julgamento está servindo para expor de forma crua a descrença e a tristeza coletivas que marcam hoje o país.
O prazer amargo também vem da percepção de que, ao perseguir Bolsonaro, o STF não persegue apenas um homem, mas uma enorme parcela da sociedade que nele se reconhece. Essa exclusão simbólica de dezenas de milhões de brasileiros reforça a divisão da sociedade e inviabiliza qualquer projeto de reconciliação nacional.
Cresce também o receio de que a mesma lógica usada contra Bolsonaro possa ser usada amanhã contra qualquer um. Demorou, mas os militantes da esquerda estão começando a entender que o poder sem limites não gera segurança, mas medo.
O Judiciário reduziu-se a instrumento de guerra política. A Corte se apresenta como guardiã da Constituição, mas cada vez mais atua como partido político togado, em um pêndulo infinito de vingança e revanchismo.
A seletividade das punições, que poupa aliados do poder enquanto esmaga opositores, mina a credibilidade da Justiça. A consequência é grave: se parte significativa da população não reconhece legitimidade na condenação de um ex-presidente, a própria ideia de Estado de Direito se fragiliza.
Mesmo entre militantes progressistas já há quem perceba que a democracia se empobrece quando depende, para sobreviver, de juízes onipotentes e jornalistas moralmente invertebrados.
Após as eleições de 2022, esperava-se que o bolsonarismo evaporasse, mas pesquisas indicam que, mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro mantém aprovação em torno de 40% nas redes, superando Lula em engajamento.
O plano deu errado por um motivo bastante simples: mesmo que seja preso, o ex-presidente continuará representando valores arraigados em metade da população. O bolsonarismo é um movimento que vai muito além de Bolsonaro.
O julgamento deveria ser um ponto final, mas será apenas o início de um novo ciclo de instabilidade. A direita transformará seu líder em mártir; a esquerda seguirá dependente de tribunais para conter seus adversários; e a sociedade como um todo continuará presa a um clima de desconfiança e medo.
A condenação de Bolsonaro não pacifica o país, não restaura a confiança nas instituições e não fortalece a democracia. Ao contrário, mostra que vivemos em um regime no qual juízes fazem política, jornalistas atuam como militantes e cidadãos comuns são constrangidos ao silêncio. Mais do que um processo contra um homem, este julgamento é o retrato de um país distópico, dividido e amordaçado.
Acorda, Brasil, antes que a sua tristeza se torne irreversível.
DEU NO X

VÉIO MACHO!!!
DEU NO JORNAL

“JULGAMENTO”
O julgamento na 1ª Turma do STF iniciado ontem (2), que põe mais um ex-presidente da República no banco dos réus, é também um dos mais previsíveis da história do Direito: ninguém aposta na absolvição de nenhum dos réus, ainda que seus advogados tenham se esforçado na alegação de falta de provas etc.
Nos meios políticos e jurídicos do Brasil a voz corrente é que os acusados já estão condenados há muito, faltando só definir a dosimetria das penas para cada um dos oito réus.
Apenas há incerteza em relação ao voto do ministro Luiz Fux, juiz-raiz de cuja cabeça não se sabe o que sairá. Bem ao contrário dos demais.
Descrente em julgamento justo e imparcial, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), o definiu como “cartas marcadas”.
Acusações de perseguição a Bolsonaro, feitas por Donald Trump, ajudaram a lançar dúvidas internacionalmente sobre o julgamento.
* * *
O mundo inteiro já tomou conhecimento da triste realidade que estamos vivendo.
É desolador o panorama desta republiqueta banânica nos dias atuais.
Que os céus se apiedem de nós.
DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

AINDA FAÇO MENINO
Cangaceirinho: artesanato feito por esta colunista
Eu para fazer menino
No tempo da mocidade
Virava só os olhinhos
Cheia de felicidade
O tempo foi se passando
E foi chegando a idade
Lá se foi a primavera
Meu Deus quanta crueldade
Hoje pra fazer menino
É uma dificuldade
Preciso de agulha e linha
Tecido em variedade
Uma máquina de costura
Só para essa atividade
O tempo passa e faz dano
Essa é a mais pura verdade
E para meu desengano
Com toda sinceridade
Menino me arisco e faço
E vendo por unidade.
Mas é menino de pano
Minha especialidade.
DEU NO X

SERÁ QUE HÁ???
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ANDRÉ – RIBEIRÃO PRETO-SP
BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

VIROU
ALEXANDRE GARCIA

PP E UNIÃO BRASIL DESEMBARCAM DO GOVERNO E COMPLICAM LULA
Anúncio da federação entre União Brasil e PP, em abril de 2025
União Brasil e PP, que agora integram a União Progressista, uma federação de partidos que se tornou líder em tudo – Câmara, Senado, número de prefeitos, número de vereadores, número de deputados estaduais –, decidiu, formalizou e anunciou na terça-feira a sua saída do governo Lula, onde tem três ministros. O ministro que quiser ficar tem de sair do partido. O anúncio foi feito pelos presidentes dos dois partidos, Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP), que já foi ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Eis aí mais uma dificuldade para o governo Lula e para sua campanha presidencial no ano que vem.
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Lula segue megalomaníaco, achando que é Trump quem precisa procurá-lo
E Lula insiste que é Donald Trump quem tem de tomar a iniciativa de negociar. Lula sabe muito bem que só ele fez isso, que todos os demais atingidos pelas tarifas tomaram a iniciativa de fazer contato com Trump, perguntar o que fizeram para ser alvo dessa tarifa, e se mostrar dispostos a corrigir, achar um meio termo. E muitos acertos foram feitos assim. Menos para o Brasil – e os brasileiros pagam as birras do presidente Lula. Não é ele quem vai ser humilhado se conversar com Trump, como ele diz; qualquer dono de empresa se humilha para manter o emprego dos seus assalariados. Mas Lula parece não entender isso, e faz esse teatro para dizer que está sempre disposto a conversar. “Lulinha paz e amor” nada. O “Lulinha paz e amor” provoca e faz blague todos os dias.
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Erika Hilton perde processo contra feminista no STF
Erika Hilton perdeu no Supremo, como tinha perdido na 7.ª Vara Criminal de São Paulo, um processo contra a feminista Isabella Cêpa. Em 2020, quando saiu o resultado das eleições para vereador em São Paulo, Isabella lamentou que poucas mulheres tinham sido eleitas e postou que a vereadora mais votada era um homem. Erika Hilton achou que tinha de processar, porque o Supremo decidiu que homofobia e transfobia se equiparavam ao racismo, mas não conseguiu nada no STF. Gilmar Mendes disse que não havia discurso de ódio. Isabella, por sua vez, está no exterior, comemorou e disse que não se pode silenciar alguém por dizer o óbvio, mas afirmou também que não vai voltar ao Brasil por insegurança jurídica. Se os brasileiros, que estão acostumados com isso aqui, não voltam por insegurança jurídica, imaginem os investidores estrangeiros que já estão se mobilizando e saindo muito.
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Lula passou por todas as instâncias da Justiça; Bolsonaro não terá a quem recorrer
Não estou acompanhando o teatro no Supremo porque, se todos já sabemos a conclusão, por que vamos perder tempo? Mas questiono: o processo de Lula começou na primeira instância, na 13ª Vara Federal de Curitiba; depois foi para o Tribunal Regional Federal em Porto Alegre; a seguir, houve recurso no Superior Tribunal de Justiça; e acabou no Supremo. Lula teve chance de recurso em várias instâncias. Agora, Jair Bolsonaro e seus companheiros, esse pessoal que está preso com tornozeleira, foram todos para a instância derradeira, não há mais nada acima para recorrer. Não têm chance de recurso. Isso é mais uma violação do direito à ampla defesa. Na terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça anulou um processo em que uma mulher foi condenada a 61 anos de prisão simplesmente porque a defesa não teve acesso aos depoimentos que incriminavam a sua cliente.
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De quem é a culpa por termos tantos incapazes eleitos?
Termino com uma provocação: eu estava olhando, como nós elegemos incapazes. Como é que somos capazes de eleger incapazes? Será que também nós somos incapazes, como eleitores, de discernir quem são as pessoas? Nós reclamamos que “o Congresso não reage”. Mas o Congresso é formado pelos nossos representantes. Se não reage, é porque certamente há ali uma maioria de incapazes de resolver as grandes questões nacionais. Vamos pensar nisso.
DEU NO X

JÁ TÁ NOS ZISTEITES
Tagliaferro diz que Trump está de posse de todo material apresentado por ele, na Comissão do Senado. pic.twitter.com/uGEtBtOqGt
— Joaquim Ribeiro (@joaquimrib1801) September 2, 2025