DEU NO JORNAL

DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A UM MORIBUNDO – Florbela Espanca

Não tenhas medo, não! Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono…

A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono…

O que há depois? Depois?… O azul dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?

Que importa? Que te importa, ó moribundo?
– Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

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DEU NO JORNAL

O FATOR X E AS TRÊS ALTERNATIVAS PARA O BRASIL

Roberto Motta

Precisamos falar do futuro do Brasil. Niels Bohr, ganhador do Prêmio Nobel de física e criador do modelo do átomo observou certa vez que fazer previsões é muito difícil, “especialmente sobre o futuro”. O ex-ministro da fazenda Pedro Malan já explicou que, no Brasil, análises do passado também são um desafio. Aqui no Brasil futuro e passado são elásticos, maleáveis, reconstruídos a todo o momento em função de um presente incerto, volátil e perigoso. Ainda assim, é preciso falar do futuro.

Vamos imaginá-lo na forma de três cenários. São três alternativas para a situação nacional nos próximos anos. O futuro real estará em algum lugar entre esses exercícios de simplificação.

Primeiro, imaginemos um cenário positivo, ao qual daremos o nome de Caminhada Para a Luz. Nessa alternativa de futuro, o Brasil retoma o que chamamos de normalidade. Esse estado normal vem sendo substituído, nos últimos anos por insegurança jurídica e institucional ilimitada. A origem dessa insegurança é algo que chamaremos, para os propósitos desse artigo, de Fator X. Todos sabem do que estamos falando.

No cenário positivo, de alguma forma e por razões que não importam agora, o Fator X retorna a sua caixinha. Erros não são mais cometidos e erros anteriores são reparados e compensados. As regras do Estado de Direito e da República voltam a vigorar em (sempre relativa) plenitude, permitindo o funcionamento da forma fraca de livre iniciativa que sempre caracterizou a economia brasileira. Isso é suficiente para o retorno de uma modesta prosperidade. O ano de 2026 produz uma medida de renovação da política e, porque somos brasileiros e nunca desistimos, retomamos a esperança de que nossos filhos tenham uma vida melhor que a nossa. Esse foi o cenário positivo.

O segundo cenário para o futuro do Brasil que consideraremos é o neutro – nem pior e nem melhor do que vivemos hoje. Vamos chamá-lo de Me Engana Que Eu Gosto. O país continua, aos tropeços, seguindo a trajetória iniciada em 2019. O Fator X continua se impondo como uma força dominante no Direito, na política, na mídia, na economia, no combate (ou não) ao crime, na resolução e criação de disputas, na alocação de receitas e autorização de despesas e na definição de crenças, preferências estéticas, hábitos farmacêuticos, inquietações ecológicas e até performances musicais.

O país continua envolto em um nevoeiro de incerteza jurídica e avança a subordinação do Estado às idiossincrasias, fobias e obsessões de um grupo de ungidos (para usar a expressão favorita de Thomas Sowell). Nesse cenário não podemos esperar nem mais nem menos do que aquilo que temos vivido nos últimos anos. O país, com a respiração ofegante, resigna-se a uma trajetória de perdas cumulativas e constantes em troca de futebol, carnaval e bets. Pelo menos nesse futuro não há nenhuma súbita tragédia nos esperando.

A tragédia está no último cenário – aquele que batizaremos de Estado Novo de Direito. Nesse futuro alternativo, tudo de errado aconteceu. As instituições foram absorvidas pelo Fator X, inclusive política, leis, justiça, propriedades e o próprio conceito de direitos individuais. A economia colapsou. O dólar ultrapassou R$ 10, as remessas ao exterior foram proibidas e a posse de moeda estrangeira foi criminalizada e passou a ser investigada pela Polícia Ostensiva Bolivariana, formada pela união das antigas polícias estaduais. A letalidade policial finalmente foi reduzida a zero com o novo Código Penal Popular Democrático, que descriminalizou as condutas violentas – como assalto, sequestro, tráfico e homicídio – e consolidou a criminalização de fake news.

Infelizmente, a hiperinflação tornou necessária nova mudança da moeda: o real foi substituído pelo supremo real, que vale um milhão de reais antigos. Foi decretado o congelamento de preços e aluguéis, iniciada a desapropriação em massa de imóveis urbanos – um apartamento de quatro quartos pode perfeitamente acomodar quatro famílias – e construídos presídios em todo o país para os presos em manifestações antidemocráticas. Qualquer manifestação contra o Estado é antidemocrática.

A Argentina acaba de anunciar que acolherá os milhões de refugiados brasileiros que se concentram em suas fronteiras. Uma nova constituição é finalmente aprovada. Ela substitui Executivo, Legislativo e Judiciário por uma junta formada pelo Fator X e pelos Conselhos Nacionais Populares Ultrademocráticos.

Estão aqui três cenários, três futuros possíveis para o Brasil, três resultados potenciais das escolhas dos cidadãos brasileiros. Percebam que nenhum desses cenários leva em conta os resultados das eleições de 2026. A dominância do Fator X sobrepuja e torna irrelevante meros resultados eleitorais. Não importa quem ganha; importa quem manda, quem define, quem impede, quem anula, quem desfaz ou refaz presente, futuro e passado.

A sensação de novidade das notícias desaparece à medida que conhecemos melhor nossa história. O conhecimento nos traz esperança, mas também ceticismo e tristeza. Não há nada de novo sob o sol. O futuro do Brasil se encontra em algum lugar entre esses três cenários.

Na véspera de Natal, eu fiz a seguinte postagem no X: “Os presentes de Natal dos quais os brasileiros precisam: metade precisa de coragem, a outra metade de vergonha na cara”. Faço o mesmo comentário no Ano Novo. Faço votos que, pelo menos, evitemos o pior cenário.

Tenham todos um admirável ano novo.

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

DISPARADA

A descoberta do “gabinete paralelo” da primeira-dama Janja, com gastos de mais de R$ 1,2 milhão somente em viagens, fez o Janjômetro disparar antes da virada do ano.

R$ 66,9 milhões é o novo total de gastos.

* * *

A cuidadora do descondenado não perde tempo.

Adora torrar dinheiro público.

Este esbanjanjamento é uma das marcas salientes do atual gunverno petralha.

ALEXANDRE GARCIA

SE 2025 CONTINUAR ASSIM…

Câmbio do dólar Google

Dólar já passou de R$ 6,20

A gente vive os últimos dias do ano e as pessoas perguntam: como será o ano que vem? Não é preciso bola de cristal para imaginar que se continuar assim, a gente só vai afundando, em tudo. O governo prejudicando a vida privada e a vida das empresas. Atrapalha tudo. Porque o governo se mete em tudo, então qualquer coisa que o governo faça de errado afeta a iniciativa privada e a vida dos cidadãos e das famílias.

Por exemplo, vejam só o dólar.

O dólar, antes do fim da semana, passou de R$ 6,20. Aí o Banco Central, no último dia útil, botou 3 bilhões de dólares à venda e compraram logo. É gente que quer transferir para o exterior bens e precisa transferir em dólar. E está apostando que vai ganhar com isso porque está comprando dólar a R$ 6,20, sei lá, e ainda assim vai ficar barato daqui alguns dias. O Banco Central está gastando reserva inutilmente, porque não é isso, não é o mercado de dólar. Não é a lei de oferta e procura aplicada à mercadoria chamada dólar.

Vejam as reservas externas brasileiras. No dia 28 de outubro eram 366 bilhões de dólares, agora 332 bilhões. Nós já jogamos fora 34 bilhões de dólares de reservas. Quanto é isso? 200 bilhões de reais. E não adiantou nada. Pode ser que se não tivesse feito isso o dólar já estaria a R$ 7, não sei, mas aí é chute. Mas por quê?

Noticiou-se nesse fim de semana. A Folha de S.Paulo botou em manchete: déficit das estatais é recorde desde 2009. 2009 também era o mesmo governo. 4 bilhões, 450 milhões de dólares. Só para ressalvar: o Banco Central exclui desse cálculo a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e a Eletrobras. 4 bilhões, 450 milhões o déficit até novembro.

No último ano de Bolsonaro, foi superávit: 5 bilhões e 800 milhões de reais. Quer dizer, uma diferença de 10 bilhões de dólares. Por quê? Porque tinha uma lei proibindo botar político em estatal, para dirigir estatal. Ricardo Lewandowski derrubou isso, aí já entrou gente…

Só para a gente lembrar: a ponte que caiu lá no rio Tocantins, entre o Maranhão e o estado do Tocantins. Quem é o superintendente do DNIT no Maranhão? Tiraram um engenheiro e puseram um psicólogo, por indicação política, claro.

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Tratamento diferenciado nas emendas parlamentares

E uma outra questão de bilhões são essas emendas parlamentares. Dino bloqueou 4 bilhões e 200 milhões de reais e agora liberou aquelas que já tinham empenho até dia 23 de dezembro para não deixar mal os prefeitos. Mas isso não diminui, não suaviza a briga que está entre Dino, Lula e Arthur Lira, que há de perguntar: por que isso aconteceu também no Senado, igualzinho, e ninguém fala. Lá no Senado tem algum tratamento diferente? É como o tratamento Daniel Silveira, Michelle Bolsonaro? Será que é isso? Fica tudo muito estranho.

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PT quer a joia da coroa do Exército

Para concluir, um alerta: a deputada Maria do Rosário, que é do PT, está com um projeto de lei para todo transferir todo o ensino das Forças Armadas para o Ministério da Educação. O ensino nas Forças Armadas é a joia da coroa, como muito bem acentua o último ministro do Exército, Gleuber Vieira.

A joia da coroa é o ensino. São os colégios militares, a escola preparatória, a academia militar, a EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais), a ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), que formam as pessoas e que formam os valores militares. Na hora que destruírem a formação de valores militares, assim como os lares formam os valores da nacionalidade – eu falei isso lembrando a Sagrada Família, dizendo que todas as famílias são sagradas, é onde começa a cidadania –, é onde começam esses valores que são diferentes, de respeito à lei e à ordem, do mais estrito respeito à lei. É bom que a gente fale muito de respeito à lei e à Constituição, para botar na cabeça.