PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Não tenhas medo, não! Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono…

A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono…

O que há depois? Depois?… O azul dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?

Que importa? Que te importa, ó moribundo?
– Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

Um comentário em “A UM MORIBUNDO – Florbela Espanca

  1. Poema de alento a um moribundo.

    E a eterna dúvida; o que há depois da partida desta vida?

    Como se garante que o que há depois é melhor do que o agora, se não se acredita em Deus? Foi só para consolar o moribundo?

    Depois da morte temos um encontro para dizer ao Criador o que fizemos de nossa vida e com os talentos que Deus nos deu.

    Florbela recebeu de Deus um talento dado a pouquíssimos, deixou uma obra que nos trás muitas reflexões.

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