COMENTÁRIO DO LEITOR

TEMPOS SOMBRIOS

Comentário sobre a postagem É ISSO

Otoya Iamaguchi:

Entendo que a política partidária foi extinta entre 2018/19.

Não há mais partidos com plano de ação “apenas politicamente” divergentes.

Houve e há, extrapolação de poderes, confronto à constituição, proteção surdina e suspeita a tudo de podre contra a sociedade, ao trabalho, à família, à moral e aos bons costumes, mediante métodos da cartilha de Gramsci.

Tempos sombrios.

E, que voltemos algum dia, à democracia plena, de partidos apenas divergentes.

DEU NO JORNAL

COM MARCO CIVIL RETALHADO, REDES VÃO SER MAIS REALISTAS QUE O REI STF

Diogo Schelp

O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) retomado na quinta-feira (28) analisa em conjunto três ações que dizem respeito ao artigo 19 do Marco Civil da Internet, de 2014. Esse artigo define quando uma empresa de internet pode ser responsabilizada por conteúdos de terceiros. Por esse artigo, isso só acontece quando elas deixam de remover uma postagem ou outro conteúdo em desrespeito a uma ordem judicial. O dispositivo dá liberdade para que as empresas criem suas próprias regras do que pode ou não ser publicado em seus sites, apps ou redes. E, quando alguém quer que algo seja excluído, entra com ação judicial para remoção imediata.

Os três casos julgados são relatados pelos ministros Dias Toffoli, Luiz Fux e Edson Fachin. Dizem respeito, respectivamente, a uma mulher que acionou a Justiça contra um perfil falso no Facebook, a uma professora que pediu ao Orkut, uma rede que nem existe mais, para derrubar uma comunidade que foi criada para criticá-la, e a um conjunto de ações contra o WhatsApp, pedindo a derrubada do app de mensagens.

A tendência, pelo que se escutou dos ministros na sessão da quinta-feira passada, é que o artigo 19 do Marco Civil seja considerado inconstitucional. E que o STF passe a determinar que as empresas de internet sejam responsáveis por moderar os conteúdos que os usuários divulgam em suas plataformas (no juridiquês da corte, “dever de cuidado”). Existe também o risco de os ministros do STF criarem uma lista de conteúdos que precisam ser moderados ou evitados, obrigando as empresas de internet a assumir a responsabilidade de fazer esse filtro.

É uma situação paradoxal, porque o STF está basicamente tirando poder do Judiciário, que atualmente é o único que pode decidir pela remoção de conteúdo — feita a posteriori, como deve ser para preservar a liberdade de expressão. Primeiro a liberdade de expressão é exercida e depois se decide se um conteúdo é ofensivo ou não. Esse é o princípio básico do livre mercado de ideias. Evidentemente, há conteúdos que precisam ser evitados de antemão, como pedofilia, entre outros, e essa moderação a maioria das plataformas online já fazem.

Mas a sede do STF por moderação de conteúdo, como demonstram as declarações que seus ministros têm soltado, se estende a temas bem mais amplos e subjetivos, como fake news e ataques ao Estado Democrático de Direito. Como é possível colocar na mão de uma empresa privada decidir o que é um ataque à democracia ou o que é desinformação ou não? É uma responsabilidade muito grande. Já é difícil quando a decisão cabe à Justiça. Imagine deixar isso a cargo dos funcionários das redes sociais. É evidente que, para se precaver, eles vão pecar pelo excesso. Vão acabar censurando conteúdos que são, por exemplo, críticas legítimas a governos, a políticos ou à própria Justiça.

A sanha liberticida dos ministros do STF fica clara por algumas das frases escutadas na sessão de quinta-feira do julgamento. Dias Toffoli, por exemplo, reclamou que existe muita burocracia para a retirada de conteúdo, mesmo quando há ordem judicial. Alexandre de Moraes relacionou os atos de 8 de janeiro de 2023, com a invasão das sedes dos Três Poderes, ao que ele chamou de “total falência” do modelo de autorregulação das empresas de internet propiciado pelo Marco Civil, acusando-as até mesmo de “conivência”, obviamente se referindo à disseminação de discursos de ódio e de desinformação. O problema é que, aparentemente, os ministros acreditam que a solução para isso é instituir a censura prévia pura e simples, forçando as empresas a criar filtros para determinados tipos de conteúdo que são absolutamente complexos e subjetivos. Detalhe: a Advocacia-Geral da União, que representa o governo federal, se posicionou a favor da derrubada do artigo 19, colocando-se ao lado do STF pela censura.

Ainda mais espantosa foi a fala do ministro Luís Roberto Barroso, que deixou claro que caberá ao STF decidir sobre o assunto já que o Congresso se omitiu, deixando de legislar sobre o tema. É uma fala absurda, porque é uma confissão de Barroso de que o STF está assumindo para si uma atribuição que é do Congresso, ou seja, criar leis. E tão ou mais absurda também porque o Congresso não tem prazo para decidir sobre os temas. Cabe à sociedade fazer essa pressão. E já existe um projeto sobre o assunto no Congresso, o Projeto de Lei das Fake News, que deve ser discutido ainda no ano que vem. Aliás, nem o PL das Fake News vai tão longe a ponto de determinar que as big techs decidam o que é ataque à democracia ou não.

O que está prestes a acontecer com o Marco Civil da Internet, em julgamento no STF que será retomado nesta quarta-feira, é gravíssimo. Trata-se de uma consequência do limbo jurídico em que as fake news se encontram, mas isso não justifica que os ministros não-eleitos do STF criem regras que cabem ao parlamento discutir.

COMENTÁRIO DO LEITOR

DEU NO X

RODRIGO CONSTANTINO

A CORRUPÇÃO DE BIDEN

Hunter Biden se declara culpado e evita julgamento sobre caso de fraude fiscal

Hunter Biden deixando o tribunal em Los Angeles

No apagar das luzes, Joe Biden resolve proteger seu filho problemático com um perdão presidencial que inclui crimes confessados e eventuais crimes cometidos. Essa decisão aos 45 do segundo tempo ilustra com perfeição uma longa vida pública que sempre colocou a família em primeiro lugar. Biden é a cara da política democrata corrupta.

O perdão presidencial de Biden ao filho ignora uma promessa pública feita pelo mandatário democrata em diversas ocasiões antes e depois de abandonar a corrida presidencial de 2024. Em uma das declarações, de julho, Biden disse que não usaria o cargo para que o filho se visse livre das condenações de porte ilegal de arma e evasão fiscal. A porta-voz da Casa Branca repetidas vezes afirmou que Biden jamais perdoaria o filho. Mas proteger o clã era mais importante do que tudo.

Hunter Biden sempre foi sinônimo de problema, mas também de dinheiro para o papai. Em mensagens para seus filhos, Hunter admitiu que pagava as contas do “velho”. Numa entrevista, ele teve de confessar que jamais teria os cargos bem remunerados mundo afora sem o sobrenome Biden. Sem nada entender de energia – ou de coisa alguma – Hunter levava 50 mil dólares mensais para casa só por ser do board de uma empresa ucraniana de energia. Havia acordos com empresas chinesas também, onde abertamente era falado em nome do “Big Guy”.

Hunter Biden é o caso mais claro, mas os irmãos de Joe Biden também rondaram o poder por décadas coletando sacolas de dinheiro em nome do presidente, que antes foi vice-presidente e senador. Uma vida inteira de “serviço público” que enriqueceu não só o próprio Biden como toda a sua família: o retrato da corrupção que reina em Washington, e que Donald Trump quer limpar.

Em sua rede social Truth Social, o republicano classificou a medida do democrata como um “abuso da Justiça”, comparando o caso aos presos pela invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. “O perdão dado por Joe a Hunter inclui os reféns do 6 de janeiro que estão presos há anos? Que abuso e erro judiciário!”, escreveu Trump.

Não custa lembrar que os democratas usaram o indiciamento de Hunter Biden como “prova” de que a Justiça não havia sido instrumentalizada pelo partido para perseguir Trump. Afinal, se até o filho do presidente é alvo, ninguém está acima das leis! Ocorre que todos sempre souberam que Hunter acabaria perdoado pelo pai, pois tudo não passava de um teatro. O acordo que a Justiça quase fez com Hunter Biden era uma molezinha que só não foi adiante pois o juiz denunciou o esquema. Restou ao pai livrar a pele do filho criminoso, contrariando o que tinha prometido. A Justiça democrata, afinal, foi instrumentalizada.

“O mundo ficará mais suave sem Trump. Acabou o pesadelo da era Trump. Pode-se criticar Biden (e tenham certeza de que criticarei muito quando for necessário). Mas é uma pessoa normal. Trump era mau”. Essa mensagem de Guga Chacra, publicada no dia 20 de janeiro de 2021, mostra bem a mentalidade da esquerda. Biden, “uma pessoa normal”, sempre foi um típico corrupto de Washington, e o resultado está aí: uma lambança geopolítica e uma economia fraca.

Trump, o sujeito “mau”, vem novamente limpar a bagunça, e dessa vez com uma equipe melhor, sem infiltrados do sistema para boicotar sua agenda contra o Deep State. A República será fortalecida e os clãs da elite democrata estão em polvorosa justamente por conta disso.

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

NADA SE PODE COMPARAR CONTIGO – Bocage

O ledo passarinho, que gorjeia
D’alma exprimindo a cândida ternura;
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia;

O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da Aurora, alegre e pura,
A rosa, que entre os Zéfiros ondeia;

A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A Deusa das paixões e de Citera;

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera.
Nada se pode comparar contigo.

Manuel Maria Barbosa du Bocage, Setúbal, Portugal (1765-1805)

DEU NO JORNAL

O CANÁRIO NA MINA

Roberto Motta

Há muito tempo o carvão é usado como combustível. Em geral, ele é retirado de minas cavadas profundamente na terra. É uma atividade cheia de perigos. Um deles é a existência de gases tóxicos, sem cheiro, que podem envenenar os trabalhadores. Para evitar que isso acontecesse foi criado um sistema de alerta surpreendentemente simples. Passou-se a usar pássaros – canários – para alertar os trabalhadores sobre a presença de gases tóxicos. Os canários eram os primeiros a morrer envenenados pelo gás na mina. Enquanto o canário estava cantando, os mineiros estavam seguros. Quando não se ouvia mais o canto, era hora de fugir.

A expressão canário de mina passou a ser usada como uma metáfora para indicar algo que funciona como alerta para um perigo grave e invisível. As redes sociais são um canário de mina.

No Brasil, qualquer decisão ou ato pode ser revisto e modificado, a qualquer momento, às vezes em uma direção oposta à original. Isso não é razoável. Sentenças e leis que já foram decididas, aprovadas, confirmadas, carimbadas, juramentadas e transitadas múltiplas vezes em julgado estão sempre sujeitas a ser revistas de forma aleatória, arbitrária, imprevisível e – muitas vezes – com efeitos retroativos.

Talvez não se trate mais de insegurança jurídica. Talvez seja outro paradigma. A necessidade de uma ordem jurídica pode ter se tornado obsoleta, e sido substituída pela aplicação de sentimentos voláteis, indefinidos e fluidos. Seria uma forma inteiramente nova de pensar o Direito. É a doutrina Tim Maia: esquece a lei e faz o que o seu coração mandar.

O cidadão tem receio de abrir os jornais e ler as últimas declarações dos custodiantes da ordem. A vítima da vez é o Marco Civil da Internet, uma legislação que custou um esforço enorme do Estado brasileiro e que é considerada exemplo internacional de regulação do ambiente on-line.

Inexplicavelmente, essa lei está sendo rediscutida. O desejo – mal disfarçado com argumentos porosos sustentados em juridiquês claudicante – é que as redes sociais atuem preventivamente como polícia política de pensamento, garantindo que nenhum material seja publicado se houve uma remota possibilidade de que ele ofenda a sensibilidade mercurial de poderosos.

Quase todas as redes sociais já têm seu departamento de censura. Elas sempre atuaram para suprimir, de uma forma ou de outra, manifestações divergentes da hegemonia progressista, usando shadowbans, desmonetização ou até cancelamento – o exílio virtual. Ainda assim, o pensamento liberal e conservador domina as redes.

Desesperadas com a pobreza de suas ideias, ignorantes dos fundamentos do mundo moderno e viciadas nas ferramentas do arbítrio e da violência, as forças políticas de esquerda recorrem ao tapetão na esperança de recuperar o tempo e o eleitor perdido. Mas essa “regulamentação” de redes que já são regulamentadas não passa de censura. E de um tipo especialmente rudimentar e tacanho, fundamentado em vaidade e ignorância.

Todos os conflitos gerados pelo uso de redes já podem ser tratados aplicando-se a legislação existente: a Lei Geral de Proteção de Dados, o Marco Civil da Internet e outras leis que definem inúmeras condutas como crimes. O resto é ativismo judicial, usurpação de competências, supressão de direitos e aumento da insegurança.

A liberdade de dizer o que se pensa nas redes é o canário na mina. Morto o canário, restará apenas o silêncio – e a sensação da ameaça invisível e cada vez mais próxima.