DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

VANDALISMO – Augusto dos Anjos

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos…

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, Cruz do Espírito Santo-PB (1884-1914)

DEU NO X

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

7 x 1

Eu volto à coluna para comentar sobre mais um fracasso da Seleção Brasileira.

Como nossa seleção consegue ser tão inoperante, mesmo com “craques” de milhões de dólares em seu elenco?

São todos saídos dos nossos campos para gramas mais verdes e badaladas, e nelas esses meninos perdem a referência do drible, do toque genial, da tabela em busca do gol (e não apenas para posse de bola, com passes para trás), da alegria do gol… deixam escapar a honra de vestir a Amarelinha!

Perdem também o contato com uma torcida que os viu crescer nas preliminares dos jogos principais.

Ganham seus milhões. Perdem o valor do “servir à pátria de chuteiras”.

Ganham cortes estilizados de cabelos e tatuagens coloridas e de gosto duvidoso, enquanto perdem a referência com o Brasil do povo simples. Humilde. Tatuado apenas na alma pelas humilhações diárias.

Ganham mulheres lindas, modelos perfeitas. Se perdem no sentido do amor sem interesses.

Utopia minha? Talvez.

E para completar o quadro, de uns anos para cá os treinadores dos times brasileiros têm que ser estrangeiros.

Vamos perdendo nossa identidade aceleradamente.

Mas, convenhamos, o futebol não é mais a paixão número um dos brasileiros. Perdeu seu espaço para a política. E na política contemporânea os torcedores, digo, eleitores, estão mais fanáticos que qualquer membro de torcida organizada gritando num estádio.

Na política o processo de decadência e piora está mais adiantado que no futebol. Nela já definhamos a cada dois anos há mais de três décadas. Afinal, desde a Carta Magna de 1988 que nada no Brasil funciona como deveria. Ou seja, de fato, em favor do povo.

A cada eleição um “7×1” é assistido das arquibancadas ocupadas pelas nossas duas fanáticas torcidas partidárias, divididas sempre entre o ruim e o menos pior.

Ultimamente para completar o quadro da partida no jogo da política a “arbitragem” dita o jogo, cria regras, expulsa, põe para jogar, escolhe o placar, desempenha o papel de um VAR viciado em traçar linhas à sua conveniência e manda retirar do “estádio” qualquer um que ameace a festa do perdedor.

Perdedor sim! Porque no jogo político há muito não temos vencedores. Apenas derrotados. Nós. O povo.

No entanto, igualmente aos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, no jogo político cada vez mais os milhões recebidos pelo seus jogadores (do executivo ao legislativo, passando pela “arbitragem”) só beneficiam a eles mesmo. Não honram a “amarelinha” no exercício de suas funções, quando se vendem fácil, sendo raras as exceções. Suas tatuagens são desenhos feios na consciência sem remorsos, corrompendo a moral. A sua falta de Ética é semelhante ao fair play deixado de lado. Importa apenas o grito enlouquecido da parte da torcida lhe sendo favorável. Flertam, namoram e casam com uma mulher terrível: a corrupção. Com ela ganham a paixão desenfreada pelo dinheiro fácil.

Os torcedores, ou melhor, os eleitores, seguem nas arquibancadas e se iludem vez em quando quando um placar magro lhe traz algum empate bobo. No máximo.

Parece-me mesmo que não temos na política o mesmo poder de indignação demonstrado por poucos torcedores quando a Seleção Brasileira de Futebol perde dentro de campo.

Não importa se no futebol, ou na política, nós temos sido vencidos constantemente de “sete a um”.

O ruim é que se no futebol já são poucos os que se importam, na política o número é ainda menor.

DEU NO JORNAL

MACONHA E AGRESSÃO AO CONGRESSO

Carlos Alberto Di Franco

Planta de Cannabis sativa.

A liberação do porte da maconha pelo STF é muito mais que uma nova manifestação do ativismo judicial. É uma invasão explícita de prerrogativa do Congresso Nacional.

O ministro Luiz Fux, ao defender a constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, deu um recado de bom senso: “Sem atuação do Poder Legislativo, a liberação do uso da maconha vai trazer muito mais problema que solução”. Disse o óbvio: Só o Congresso, representante efetivo da sociedade, tem legitimidade para tratar de temas tão sensíveis.

Durante seu voto, Fux citou estudos de psiquiatras e de pesquisadores que, segundo ele, mostram que “não existem drogas leves” e que elas “não mexem apenas no prazer, mas em outras áreas do cérebro, que empobrecem as pessoas”. Também citou estudos que relacionam maconha com a piora no quadro de doenças mentais, como ansiedade ou esquizofrenia. A corte, mais uma vez, assumiu o papel do legislador. Quer impor à sociedade a agenda identitária. A qualquer preço.

Houve reação do Congresso, com críticas no Senado e aceleração da PEC das Drogas na Câmara. Espera-se que não fiquem na retórica vazia, mas defendam, finalmente, as prerrogativas do Poder Legislativo. Caso contrário, é ditadura do Judiciário.

O povo não deseja um Estado leniente com o consumo de entorpecentes. Mas o ativismo judicial não está nem aí para o sentimento da sociedade. O motivo real para este julgamento não é a descriminalização do consumo de pequenas quantidades de maconha. Esse é apenas o pretexto, o primeiro passo, de uma engenharia de costumes muito maior: a legalização não apenas da maconha, mas de toda a sorte de entorpecentes.

Existe uma agenda mundial para a naturalização do consumo de drogas. E o STF, passando por cima do Congresso, está alinhado com a perversa estratégia global.

Não cabe, insisto, ao Judiciário substituir o legislador. O Congresso precisa manter uma firme defesa da sua prerrogativa constitucional de fazer as leis. A perda crescente e preocupante de credibilidade do STF está intimamente relacionada com suas sucessivas invasões do espaço de outros poderes da República.

As drogas avançam. Devastam. Matam. No mercado da cocaína o Brasil exerce triste liderança. O país é hoje o maior espaço consumidor da droga na América do Sul e, provavelmente, o segundo maior nas Américas. Cresce em progressão geométrica a demanda doméstica. Ademais, somos hoje um importante corredor de distribuição mundial. As consequências dessa assustadora escalada podem ser comprovadas nos boletins de ocorrência de qualquer delegacia de polícia. O tráfico e o consumo de drogas estão na raiz dos roubos, das rebeliões nos presídios e da imensa maioria dos homicídios.

Quando falamos sobre políticas públicas relacionadas à maconha, é muito comum a população, a mídia e até os governantes buscarem modelos que estão sendo implementados em outros países para verificar quais medidas relacionadas ao assunto poderiam ser aplicadas aqui. Esquece-se, no entanto, de algo muito importante: as evidências científicas.

De forma surpreendente, e na contramão do bom senso, elas muitas vezes são ignoradas na tomada de decisões relacionadas às ações em saúde. Destacam-se, ao contrário, argumentos rasos, modismos e, no caso da Cannabis, fortemente influenciados pelo lobby a favor da legalização.

Alerta o respeitado psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “Artigos recentes mostram de uma forma inquestionável que o consumo de maconha aumenta em muito o risco de os jovens desenvolverem doenças mentais. Do meu ponto de vista, essa geração que consome maiores quantidades de maconha do que a geração anterior pagará um alto preço em termo de aumento de quadros psiquiátricos”.

Multiplicam-se, paradoxalmente, declarações otimistas a respeito das estratégias de redução de danos. O essencial, imaginam os defensores dessa corrente, não é a interrupção imediata do uso de drogas pelo dependente, mas que ele tenha uma melhora em suas condições gerais. A opção pela redução de danos pode ser justificada em determinadas situações, mas não deve ser guindada à condição de política pública. Afinal, todos sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. Embora alguns usuários possam imaginar que sejam capazes de controlar o consumo, cedo ou tarde descobrem que, de fato, já não são senhores de si próprios. Não existe consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante que, frequentemente, engrossa as fileiras dos dependentes crônicos. Afinal, a compulsão é a marca do usuário de drogas. Um cigarro de maconha pode ser o começo de um itinerário rumo ao desespero.

O papel do STF não é fazer leis. A orientação da política de drogas brasileira cabe ao Legislativo, aos representantes eleitos pela população. As drogas matam, provocam imenso estrago na saúde pública e sequestram a esperança e o futuro de milhões de jovens. Não é assunto para ser decidido por um colegiado, sobretudo de costas para a cidadania.

DEU NO X

DEU NO JORNAL

ACERTOU

Para o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, a briga de Lula com o atual titular do cargo, Roberto Campos Neto, mostra “retrocesso” e classificou as ideias do governo como “velhas”.

* * *

Acertou em cheio.

Retrocesso em tudo quanto é resolução e velhice de ideias esquerdóides são marcas fortes da gerência lulosa.

Isso sem falar do principal: a gatunagem.

DEU NO X