DEU NO X

DEU NO JORNAL

PÃO, CIRCO, COCAÍNA E MACONHA: OS LIBERTÁRIOS E A LIBERAÇÃO DAS DROGAS

Roberto Motta

Pão, circo, cocaína e maconha: os libertários e a liberação das drogas

Em todos os debates sobre liberação, ou “descriminalização” de drogas, é rotina me fazerem uma pergunta interessantíssima.

“Mas Roberto, você prefere que os usuários comprem maconha no morro, de traficantes? Você prefere manter tudo na ilegalidade?”

A resposta para essa pergunta é óbvia.

O fato de alguém desejar fazer algo ilegal não obriga a sociedade a “legalizar” aquele ato para que o indivíduo possa se sentir melhor.

Sempre existirão desejos e vontades individuais que não podem ser transformados em práticas socialmente aceitas. Ainda bem.

A questão da “descriminalização” da maconha tem outra face, nunca apresentada por seus defensores. No Brasil, uma mudança na lei penal retroage para beneficiar o réu. Se a maconha for legalizada, as ruas serão inundadas por uma multidão de traficantes que serão colocados em liberdade.

Os traficantes de drogas não são exatamente as pessoas mais gentis do mundo.

Como dizia o grande ideólogo da moderna esquerda americana Saul Alinsky, a questão nunca é a questão.

Um dos argumentos mais usados a favor da liberação, principalmente por aqueles sem qualquer experiência prática no combate ao crime, é que “não é possível vencer a guerra contra o tráfico de drogas”. Mas não combatemos essa guerra para “vencer”; isso é uma armadilha retórica. Sabemos que sempre haverá tráfico de drogas, assim como sempre haverá assaltos e homicídios. Combatemos para não perder. Para não ter que pedir permissão a um traficante para sair à rua (como já acontece em inúmeros territórios dominados pelo narcotráfico em todo o país). Combatemos para que amanhã não exista uma banquinha oferecendo maconha, cocaína e crack na porta da escola de nossos filhos.

Muitas pessoas defendem a liberação das drogas com base em princípios libertários, esquecendo os interesses ocultos, envolvidos nessa proposta. A maioria desses interesses nada tem a ver com liberdade.

A dura realidade é que “legalizar as drogas” significa liberar a venda de produtos que causam dependência e transtornos mentais graves e irreversíveis. Por mais que isso incomoda algumas pessoas, isso inclui a maconha.

Uma das declarações mais irônicas sobre o assunto foi feita há alguns anos por uma grande personalidade da música popular brasileira, um sujeito boa-praça, que declarou: “Maconha não vicia. Eu fumo maconha todos os dias há 50 anos e não sou viciado”.

É preciso perguntar: a quem interessa que fumar maconha seja considerado normal?

Fumar cigarro de tabaco saiu de moda. Então por que fumar um cigarro de maconha é, cada vez mais, descrito como um hábito moderno e saudável?

Na resposta a essa pergunta encontram-se uma agenda ideológica, hedonismo cultural e interesses inconfessáveis. Não há ciência, agenda de saúde pública ou reflexão consciente que explique a contradição entre demonizar o tabaco e glorificar a cannabis.

O jovem que abomina cigarro e apoia a proibição de fumar é o mesmo jovem que acende um baseado.

Por quê?

Por que a mídia, a cultura popular e até as universidades vêm, nas últimas décadas, glamourizando e promovendo o consumo de maconha, ao mesmo tempo em que demonizam e apoiam a proibição do consumo de cigarros?

Não procurem a resposta na ciência.

A fumaça do tabaco e a fumaça da maconha têm quase os mesmos produtos químicos tóxicos em concentrações semelhantes. Um desses produtos é o alcatrão, responsável por forrar os pulmões dos fumantes com uma gosma negra. Estudos mostram que os níveis de amônia são até 20 vezes mais altos na fumaça da maconha do que na do tabaco.

Fica ainda pior: a maconha fumada hoje não é a mesma maconha de décadas atrás. Só entre 1995 e 2015 o conteúdo de THC — o componente psicoativo da maconha — aumentou 212%. Estima-se que 17% dos que começam a usar maconha na adolescência se tornam dependentes e de 25% a 50% daqueles que usam diariamente podem se tornar viciados.

Fumar tabaco é ruim para a saúde — e por isso a propaganda de cigarros foi proibida, os maços contêm advertências, e cada vez menos pessoas fumam. Fumar maconha é ruim para a saúde, mas um número cada vez maior de vozes se levanta em defesa da “legalização”, inclusive vozes de políticos e de juristas.

Novelas, filmes, livros e músicas convencem os jovens de que um baseado é uma coisa normal, saudável e moderna. Um item quase obrigatório, se você não quiser ficar de fora da modernidade.

Um gigantesco esforço é feito há décadas, de todas as formas, para convencer crianças e jovens de que o uso de drogas é parte de um estilo de vida moderno e “descolado”.

O que está acontecendo?

A quem interessa que o uso de drogas, e principalmente o hábito de fumar maconha, se torne disseminado e legal?

E a pergunta mais importante, que todo cidadão consciente precisa se fazer: Por quê?

RLIPPI CARTOONS

DEU NO X

ALEXANDRE GARCIA

ELEIÇÃO MUNICIPAL

A eleição municipal já está mexendo com os partidos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) almoçou na sexta-feira (2), na companhia do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. E ele declarou que Ricardo Nunes é a melhor solução para prefeitura de São Paulo no ano que vem. Ou seja, apoiando a reeleição de Ricardo Nunes, que é do MDB.

Claro que isso desgostou o deputado Ricardo Sales (PL-SP), que foi ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e que é um ativista político e bota a boca no mundo. Nas redes sociais ele já disse que “quem anda com porcos farelo come”. Então, está praticamente rompendo.

Agora eu fico pensando que Bolsonaro, com isso, pode estar se aproximando e atraindo MDB, que é uma grande força de articulação política, principalmente, em termos municipais. E em segundo lugar, está sendo realista, porque o outro o candidato adversário é [Guilherme] Boulos (PSol) e na capital a esquerda é forte. Ou seja, precisa de um candidato com uma veia mais populista.

Talvez seja esse o desejo. E, ao mesmo tempo, é o desejo do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que também está dando força para o prefeito de São Paulo.

* * *

Senador quer mudar relatora da CPMI do 08 de janeiro 

Neste domingo (4), antes da missa, um depoimento de uma senhora que estava lá, na frente do Supremo. Uma senhora que eu digo, uma senhora de mais de 70 anos. Eu a admirava pelo seu restaurante em Brasília. Ela me disse que estava lá [nas manifestações do 08 de janeiro] e que viu as pessoas saindo do Supremo e se vangloriando que já tinham quebrado as coisas. Um veio com a capa do [ministro Alexandre de] Moraes, o outro veio com outra coisa e não eram as pessoas que ela via no acampamento [do QG do Exército]. Eram caras novas e caras esquisitas.

Acho que essas coisas têm que ser apuradas. Agora vai ser difícil apurar, se a relatora [da CPMI] já expressou a sua conclusão. Disse que foi uma tentativa de golpe, que foi um atentado e que ela nunca viu isso nem no governo militar. Não sei se ela tem idade para ter visto alguma coisa no governo militar. A senadora Eliziane [Gama].

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) está pedindo que troquem a relatora, porque ela já expressou a vontade dela. Ela é claramente aliada do seu coestaduano maranhense, que é o senador e ministro da Justiça, Flávio Dino. Não sei se vai conseguir, mas ele anuncia, o senador Marcos do Val, que no âmbito da CPI mista vai fazer esse pedido.

* * *

Governo Lula não tem base no Congresso e dificilmente terá 

Eu queria fazer um levantamento do que foi a votação da Medida Provisória dos Ministérios. O governo desesperado quase perdeu. Quase ficou sem 17 Ministérios e teve que largar R$ 1 bilhão e 700 milhões em emendas para deputados para conseguir 337 votos. Foi um desespero e o governo teve que abrir mão de tudo aquilo que se alterou na medida provisória.

E teve até MPS de que sequer foram votadas e, portanto, não fizeram as mudanças que o governo queria. Por exemplo, a medida provisória que trazia o Coaf de volta para o ministério da Fazenda caducou. Ou seja, Coaf continua no Banco Central.

A medida provisória que extinguia Funasa caducou também e ninguém votou nela. Então não se extinguiu a Funasa e o governo está correndo atrás para reconstruir aquilo que foi desmontado nesses meses de administração do Lula. A Funasa foi enterrada, foi uma medida provisória, mas ressuscitou e isso é um problema sério.

Isso sem falar daquilo que foi retirado e passaram para a medida provisória principal. Retiraram de Marina Silva, do ministério do Meio Ambiente, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a Agência Nacional de Águas (ANA), e retiraram do ministério dos Povos Indígenas, da Sônia Guajajara, a possibilidade de fazer demarcação de terra. Isso é o que a oposição mudou nos desejos do governo e o governo não tem maioria no Congresso e dificilmente vai ter.

DEU NO X

TEM QUE VACINAR OS RATOS

XICO COM X, BIZERRA COM I

FÁBULA DE UM TRÁGICO MATRIMÔNIO COM FINAL POUCO FELIZ

No casamento do gato cor de rosa com a gatinha azul a capela estava lotada. Na primeira fila, o rei do mato, seu Leão, e amigos próximos do casal. Na mesma cerimônia haveria o casamento da Raposa Felpuda. Por isso, aquela chuvinha fina sob um sol inclemente. Claro que os casamentos desses bichos acontecem independentemente dos sóis e chuvas, mas, por tradição, já se esperava esse contraste da natureza: afinal, aconteceria o casamento da Raposa.

A RATINHA FOGOSA

Eis que na calçada da Igreja, bem na hora da marcha nupcial, passou uma Ratinha cinzenta, cor de rato, rebolativa e fogosa, que, de pronto, desconcentrou o Gato casadoiro e tornou solitária e triste a agora não-mais-azul Gatinha. A chuva intensificou-se e o sol, teimoso, permaneceu acima de todos. O felino, soube-se, foi morar na floresta vizinha; a Gatinha emudeceu, não mais sorri, desaprendeu a miar. Da Ratinha, não se teve mais notícias … Nunca mais alguém viu seu rebolado nas calçadas das capelas. Seu Raposo e sua amada vivem felizes, porteiros-guardiões do galinheiro do lugar.

MORAL DA HISTÓRIA

A moral da história, que deve estar contida nas fábulas, fica por conta de cada um que lê-la.

RLIPPI CARTOONS

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

A SAUDADADE NOS VERSOS DOS REPENTISTAS

A saudade quando vem
Corta igual a esmeril
Tem na língua portuguesa
Nem tem acento nem til
Se espalhou por todo mundo,
Porem nasceu no Brasil.

Ivanildo Vilanova

Não esqueço a chaminé
Da moagem fumaçando
Dois bois puxando almanjarra
A garapa derramando
Faço um repente sorrindo
E mato a saudade chorando.

Zé Viola

Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai.

Antônio Pereira (1891-1982)

Eu aqui tenho vivido
Sentindo a saudade ingrata
Pra ficar não meço tempo
E pra voltar não sei a data
Só não morro de saudade
Porque saudade não mata.

Sebastião da Silva

Quando estou com saudade
Não durmo quando me deito
Tem dias que a saudade
Vem visitar o meu peito
Sentir saudade é virtude
Não sentir é um defeito.

Rubens do Valle

PENINHA - DICA MUSICAL