RLIPPI CARTOONS

A PALAVRA DO EDITOR

CHEGOU O SÃO JOÃO!

Hoje, sexta-feira, 23  de junho, é véspera de São João, dia de dançar quadrilha, comer milho assado, canjica, pamonha e muito vadiar.

Chupicleide já está aqui assanhada, pronta pra se esfregar e rebolar mais tarde, tomando umas e outras no Sítio da Trindade, um dos polos do animadíssimo São João do Recife.

EDSON HOLANDA/PCR

São João no Sítio da Trindade, Recife

Nossa inxirida secretária de redação manda um xêro pros leitores Eurico Schwinden, Luiz Francisco, Luiz Leôncio, Benigno Aleixo, João Heraldo,  Marta Bianchi e José Mateus.

Graças à generosidade dos fubânicos com suas doações nesta semana, que  nos ajudam a manter essa gazeta escrota nos ares, Chupicleide vai poder encher a cara e relar o bucho, dançando o autêntico forró pé-de-serra, começando o fuá logo na boca-da-noite.

Hoje, 23 de junho, é véspera de São João, dia de acender a fogueira e dançar até o dia amanhecer.

E vamos fechar a postagem alegrando a nossa tarde com uma música junina interpretada pelo saudoso Gonzagão.

Assim como no final do ano se deseja um “Feliz Natal”, aqui no Nordeste, nesta época, a gente deseja um “Feliz São João” para todos!

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Prezado Papa,

por favor, informe aos cabarelistas que hoje não vamos abrir o Cabaré.

Temos a véspera de São João que é uma festa tradicional aqui para nós nordestinos e muitos amigos aproveitam para “queimar a rodinha”, assar milho na fogueira, fazer simpatias, viajar e também participar do freje regado a sanfona, zabumba e triângulo.

Além do mais, peguei uma gripe “fundentícia” que tá de lascar o cano.

Meu nariz está tão entupido que pedi emprestado a broca que o pessoal da prefeitura utiliza para furar o asfalto, para ver se consigo uma nesguinha de ar.

Assim, agradecendo a compreensão dos amigos, informo a todos que na próxima sexta feira estaremos aqui de volta.

Bom São João a todos.

R. Isso mesmo, nobre gerente cabarelista: hoje é véspera de São João, dia de acender a fogueira, comer milho assado e pamonha, e dançar forró!

O foguetório cobre o Nordeste de canto a canto.

Semana que vem estaremos de volta, para o nosso gostoso encontro semanal.

Pra ficar bom dessa sua gripe fundentícia, tome uma lapada de aguardente com limão.

Depois levante a cabeça e assopre pra riba com força.

Por fim, bata nos peitos três vezes, gritando “Hei de vencer, hei de vencer, hei de vencer!!!

E, pra alegrar a nossa sexta-feira, um forró dos anos 60 com a saudosa Marinês.

Vamos sacolejar!!!

DEU NO JORNAL

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

JOÃO PARAIBANO, UM MESTRE DO REPENTE

Poeta cantador João Pereira da Luz (1952-2014), o João Paraibano

* * *

HABEAS POETA

Doutor, eu sei que eu errei,
Por dois fatos: dama e porre
Por amor se mata e morre
Eu não morri, nem matei
Apenas prejudiquei
Um ambiente de classe
Depois de apanhar na face,
Bati na flor do meu ramo
Me prenderam porque amo,
Quanto mais se odiasse.

Poeta mesmo ofendido
Ainda oferece afeto
Faz pena dormir no teto
Da morada do bandido
Se humilha, faz pedido
Ninguém escuta a voz sua
Sem ver o sol, nem a lua,
Deixando um espaço aceso,
Pra que um poeta preso
Com tanto ladrão na rua?

Sei que não sou marginal,
Mas por ciúmes de alguém
Bebi pra fazer o bem,
Acabei fazendo o mal
Eu tendo casa, quintal,
Portão, cortina e janela
Deixei pra dormir na cela
Com minha cabeça lesa
Só sabe a cruz quanto pesa
Quem tá carregando ela.

Poeta é como passarinho
Que quando está na cadeia
Sua pena fica feia,
Sente saudades do ninho,
Do calor do filhotinho,
Do fruto da imensidade
Se come, deixa a metade
Da ração que o dono bota
Se canta esquece uma nota
Da canção da liberdade.

Doutor, se eu perder meu nome
Não vejo mais quem me empreste,
A minha mulher não veste,
A minha filha não come,
A minha fama se some
Para nunca mais voltar
Não querendo lhe comprar,
Pois humildemente lhe peço
Por favor, rasgue o processo
Deixe o poeta cantar!

* * *

Eu nasci no Sertão e me criei
Escutando o xexéu de manhãzinha
O Nordeste me deu quando eu não tinha
E Jesus me atendeu quando chamei
Poesia foi quadro que plantei
Nas paredes do meu interior
O espelho da mente é refletor
Onde eu vejo Jesus quando me deito
Obrigado meu Deus por ter me feito
Nordestino poeta e cantador.

*

Vi o fantasma da seca
Ser transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.

*

Terreno ruim não dá fruto,
Por mais que a gente cultive,
No seu céu eu nunca fui,
Sua estrela eu nunca tive,
Que o espinho não se hospeda,
Na mansão que a rosa vive.

*

A juventude não dá
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria.

*

Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça.

*

Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.

*

Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.

*

A cantoria transcende
Um panorama mais lindo
Poeta é a voz do povo
Que está lhe assistindo
Que quer dizer, mas não pode
Tudo o que está sentindo.

DEU NO X

DEU NO X

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

NÊGO JAIME

Nêgo Jaime, mais de 1,90 m, elegante, enfermeiro da Rede Ferroviária, boêmio, calmo como um budista, contudo, não levava desaforo para casa.

Certa vez, no Bar do Relógio, ponto de boemia, de virada de noite de Maceió, dois marinheiros bêbados tomavam a saideira para retornarem ao navio. Ao avistarem o Nêgo Jaime solitário em uma mesa bebendo uma cervejinha, um dos marinheiros, com ar de superioridade, entregou-lhe uma dose de cachaça, “Toma Negão, quero ver se você é bom”. Jaime, na maior paciência, disse que estava apenas de cervejinha, no dia seguinte tinha trabalho. O marinheiro bêbado insistiu, provocando: “Você não é homem, Macaco?” Jaime levantou-se calmamente, aproximou-se do marinheiro, deu-lhe um violento murro na cara e iniciou boa briga de fim de noite.

Os marinheiros também eram de briga, entretanto, Jaime ficou com o diabo no corpo. Mais de meia hora entre murros e golpes, o Negão bateu com raiva, quase mata um dos marujos. Levaram-no para o Pronto Socorro com a cara e o corpo cheios de pancadas. No dia seguinte cinco marinheiros ficaram rondando o Bar do Relógio, perguntando onde Jaime trabalhava, queriam matar o Negão. Precisou de um sério entendimento entre a Capitania dos Portos e a Rede Ferroviária. Só houve sossego quando o navio partiu.

Jaime não era desordeiro, nem arruaceiro, era debochado, apenas gostava de umas biritas e de umas cabrochas, o que atraía os provocadores. Toda sexta-feira, antes de comparecer à boêmia de Jaraguá, ele tomava umas cervejinhas no Bar da Maravilha. Numa dessas noites apareceram três playboys de lambreta e provocaram Nêgo Jaime, quieto em sua mesa. Ele se retirou elegantemente, deixou os provocadores, foi para os braços de Lourdinha na Boate Tabariz. Na sexta-feira seguinte Nêgo Jaime apareceu no Bar Maravilha segurando um paletó de linho entre os dedos; ao sentar-se, colocou seu paletó branco pendurado na cadeira ao lado, pediu cerveja e ficou observando o movimento.

De repente apareceram os três playboys fazendo a maior zoada. Ao sentarem começaram a perturbar: “Olha aí o Picolé de Onça todo de branco”. “Macaco de branco fica mais feio”. Jaime segurou seu paletó pelos dedos, aproximou-se na maior calma, nem conversou, rodou o paletó na cara do primeiro que caiu no chão, ao se levantar levou outra paletozada, ficou estatelado, o Negão virou-se e mandou o paletó num lourinho metido a James Dean que se arriou no calçamento. Desesperados, os playboys montaram nas lambretas, partiram sem destino. Nunca mais apareceram às sextas-feiras no Bar Maravilha. Nêgo Jaime mostrou sua estratégia ao dono do bar ao descosturar a manga do paletó e tirar pedras arrumadas dentro das mangas: criativo, inventou uma arma.

Jaime tinha um chamego com a Nêga Jandira, dona de um bar e de uma bela bunda. Todo ano eles desfilavam pela Escola de Samba Unidos do Poço. Jandira era a porta-estandarte; bonita, sabia requebrar sua maravilhosa bunda deixando a moçada com água na boca. No carnaval, a Unidos do Poço desfilava para valer, queria ganhar o terceiro campeonato seguido. Jandira fazia evoluções com o estandarte no ar, delirantemente aplaudida pelo povo na Rua do Comércio; ao passar pelo palanque, defronte ao Cine São Luiz, Jandira deu tudo de si. Nêgo Jaime dançando, acompanhava mais atrás sua amiga a evoluir. De repente apareceu um popular, como disse o jornal, que não aguentou, atravessou a corda de segurança, passou a mão na bunda da Jandira e agarrou-a à retaguarda. Foi preciso Jaime destravá-lo do abraço traseiro, deu-lhe um murro, o tarado caiu de costas em frente à bilheteria do Cine São Luiz. Mesmo com esse inusitado acontecimento, como foi noticiado, os jurados compreenderam o desvario do tarado, deram à Escola de Samba Unidos do Poço o título de tricampeã do carnaval alagoano.

DEU NO JORNAL

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

CPMI DO DIA 8 DE JANEIRO

A qual a imprensa lixo insiste em denominar “CPMI dos atos golpistas”, começou a “fazer água” no convés da canhotagem.

Apesar de serem minoria, os parlamentares do lado da verdade estão tratorando sem piedade.

Vai ter fogueira.

Começou o pânico em Brasília e estamos apenas juntando a lenha.