
Arquivo diários:23 de setembro de 2025
SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

DEU NO JORNAL

CRITÉRIOS DO BRASIL BRASILEIRO
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

AMOR QUE MORRE – Florbela Espanca
O nosso amor morreu… Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria…
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre… e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia…
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
DEU NO X

VÃO SENTIR UMA FALTA ENORME…
COMENTÁRIO DO LEITOR

É MUITA MICACAGEM…
Comentário sobre a postagem MICAGEM OU PICARETAGEM?
Nonato:
M ilhões
I nvariavelmente
C orrompidos
O portunisticamente
DEU NO JORNAL

AGRAVANDO A CRISE
A ala ideológica radical do Ministério das Relações Exteriores, que contamina a política externa brasileira, tenta fazer Lula (PT) agravar a crise com os EUA chamando de volta a embaixadora Maria Luiza Viotti, que já não tem muito a fazer em Washington.
Essa turma defende até que Viotti abandone os EUA no voo de Lula, nesta quarta (24). Seria em “resposta” às sanções contra autoridades brasileiras acusadas de violar direitos humanos e de perseguir adversários ou de ajudar os violadores.
Chamar de volta a chefia da embaixada é gesto grave, na escala de tensões entre países. Precede o rompimento das relações diplomáticas.
Com três ministros, o governo Lula está entre os mais sancionados, no mínimo, com proibição de entrar em território americano.
No STF, a situação é ainda pior: nenhum país tem oito dos ministros de suprema corte sancionados, um deles incurso na Lei Magnitsky.
Mesmo limitado a circular apenas entre hotel e a ONU, o ministro Ricardo Lewandowski não se fez de rogado e acompanhou Lula a Nova York.
* * *
Essa nota aí de cima abre com a frase “a ala ideológica radical do Ministério das Relações Exteriores“.
Num deveria ser “ideológica”, e sim “sem lógica”.
Uma ala estúpida, boçal, petralhal.
Está em perfeita consonância com a guvernança luleira da atualidade.
Saudades daqueles tempos em que o Itamaraty era um órgão sério e respeitado.
E os nosso diplomatas tinham formação de altíssima categoria.
ALEXANDRE GARCIA

LULA FALA NA ONU SOB A SOMBRA DAS SANÇÕES NORTE-AMERICANAS
Lula chega a Nova York, onde discursará na Assembleia Geral da ONU
Esta terça-feira é dia de discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU. Fará seu discurso sob a sombra das medidas anunciadas na segunda-feira: a empresa holding da família Moraes foi atingida pela Lei Magnitsky, e perderam o visto mais um ministro do governo (o advogado-geral da União, Jorge Messias) e um grupo formado, em geral, por juízes e auxiliares de Moraes, além de Benedito Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça que ficou famoso com aquele cochicho no ouvido de Moraes, o “missão dada, missão cumprida”. Depois da fala de Lula, será a vez do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Será um dia interessante.
* * *
Motta acha que anistia e defesa do Legislativo são “pautas tóxicas”
Na segunda-feira o presidente da Câmara, Hugo Motta, apareceu com mais uma: “É preciso tirar essas pautas tóxicas, porque ninguém aguenta mais essa discussão”, ele disse. O que são as “pautas tóxicas”? Seriam os projetos criticados nas manifestações – que estavam mais para show musical, porque havia mais artista que político – da esquerda no último domingo? Parece que sim. Motta quer esconder a anistia e esconder o amor próprio do Congresso, expresso por essa reação de blindagem em relação ao Supremo, porque ele disse que na próxima semana a pauta será a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Ou seja, o resto vai para baixo do tapete. As grandes discussões nacionais sobre a independência do Congresso, a força do Congresso, a militância e o ativismo do Supremo, inclusive fazendo e alterando leis e a Constituição, tudo isso que promove a imensa polarização nacional, Motta quer passar para baixo do tapete. Mas isso vai acumulando e um dia explode, como explodiu o 8 de janeiro. Isso é óbvio. Motta tinha uma fama de político jovem, mas muito astuto e conhecedor dos meandros da Câmara, e agora está cometendo um grave erro estratégico. Não sei até onde ele pretende levar isso.
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Programa de Jimmy Kimmel está de volta após suspensão
Nesta terça-feira o programa de Jimmy Kimmel volta à ABC, que é uma das três grandes redes de televisão nacional dos Estados Unidos. A ABC suspendeu a suspensão. Kimmel havia feito piadas sobre a morte do Charlie Kirk, mais ou menos como o Peninha, e foi suspenso. Agora, quem passou vergonha nesse episódio foi o ex-presidente Barack Obama, que acusou Trump de ser responsável pela suspensão. Mas a porta-voz da Casa Branca entrou nas redes sociais e desmentiu: “Eu estava com o presidente Trump na Inglaterra. Estávamos naquela beleza do Palácio de Windsor, quando eu recebi a notícia da suspensão e a levei ao presidente. O presidente quase não acreditou, foi surpreendido. Não sabia de nada, não tinha a menor ideia”. Mas ele certamente achou justa a suspensão, porque não se faz piada com a morte, com o assassinato dos outros.
Trump, então, não teve nada a ver com isso. E a porta-voz, sem citar Obama, disse ainda: “Um ex-presidente andou dizendo isso e não é verdade. Fica ruim quando uma pessoa que é ou já foi presidente provoca a opinião pública com frases a respeito de fatos que não são verdadeiros”. Aqui, no Brasil, já estamos acostumados com isso – aliás, é uma pena que já tenhamos nos acostumado com isso, achando que é rotina, em vez de achar escandaloso.
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MARLENA MOTTA – PIRACICABA-SP
CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

BARRY LYNDON (1975) – UM ÉPICO POUCO LEMBRADO DO MESTRE KUBRICK
Barry Lyndon: cena de batalha externa filmada na Irlanda
BARRY LYNDON é uma das obras-primas do gênio da diversificação, Stanley Kubrick, pouco lembrada, mas memorável, com todo o apuro técnico kubrickiano elevado ao infinito. Uma história dramática e pungente contada com a estética e os planos mais aprimorados que o cinema já conheceu.
Aqui temos talvez o mais belo filme de batalha de todos os tempos, com uma fotografia e uma direção de arte única, levando o telespectador à sensação de estar dentro de tudo aquilo que ocorre num roteiro maravilhoso, de uma história contada em mais de três horas que não cansa, ainda temos um elenco espetacular, com ótimas performances.
Barry Lyndon é a história de um ambicioso irlandês sem futuro, ou a esperança de que ele pretenda alcançar uma alta posição social, tornando-se parte da nobreza inglesa do século XVIII. Para Lyndon (Ryan O ‘Neal), as respostas sobre como alcançar o poder e suas ambições são simples: de qualquer maneira possível. Sua ascensão à riqueza em uma suntuosa revisão realizada por Stanley Kubrick baseado no romance de William Makepeace (1811-1863), As Memórias de Barry Lyndon.
Para a criação desta inteligente sátira, ganhadora de quatro prêmios da Academia em 1975, Kubrick encontrou inspiração nas obras dos pintores da época, colocando em exposição o excelente ambiente cinematográfico que em todos os aspectos alicerçam o filme. Os aspectos técnicos, objetivos, pioneiros de utilização das câmeras foram desenvolvidos e utilizados para fotografar ao ar livre e nos interiores, obtendo um efeito de luz natural. Barry Lyndon permanece como um filme de vanguarda que recupera um período da história como nunca visto na tela grande. Uma obra-prima de um realizador cujos filmes são todos magníficos.
Mas o grande triunfo de Barry Lyndon vai além de sua inebriante história de ascensão e queda. Filmado quase que inteiramente em locação na Irlanda – tanto exteriores quanto interiores – a película é uma viagem fantástica, que realmente faz o espectador mergulhar na ambientação do século XVIII como nenhum outro filme havia feito ou viria a fazer.
Genialmente Stanley Kubrick determinou, para desespero de seu diretor de fotografia John Alcott (que trabalhara com ele em Laranja Mecânica e 2001- Uma Odisseia no Espaço), que, sempre que humanamente possível, a iluminação fosse 100% natural. Assim, na grande maioria das tomadas, a iluminação ou é gerada pelo sol ou por velas. Nas tomadas exteriores, durante o dia, o resultado é belíssimo, de uma naturalidade que é difícil de ver em épicos. As cores saltam aos olhos e as tomadas em plano geral são de uma perfeição técnica e simetria sem par.
Reparem na composição das sequências, com a obsessão de Stanley Kubrick por paralelismos. Normalmente, o lado esquerdo da tela emula o direito e vice-versa, mas aqui o diretor consegue ir mais além ainda, quebrando o paralelismo absoluto com pequenos desvios, pequenos desequilíbrios da encenação.
Mas são as cenas de interiores que realmente tiram Barry Lyndon do lugar comum. Sem luz artificial, Alcott teve que se reinventar com a claridade entrando pela janela, frestas aqui e ali e muita contra luz. E, se tirar uma foto de um ambiente iluminado com velas é um trabalho hercúleo, imagine fazer o mesmo com uma câmera de filmar, para se alcançar um resultado aceitável. E o uso de velas permeia todo o filme e isso funciona não só para envolver o espectador na vida do século XVIII como, também, para criar imagens amareladas irretocáveis, além de sombras fantasmagóricas, talvez um prenúncio do destino dos personagens. Cada sequência parece ser tirada de pinturas clássicas, como as de William Hogarth, tamanha é a precisão do trabalho de Kubrick e Alcott.
O uso do som diegético também é fundamental para esse envolvimento e Kubrick faz questão de nos deixar ouvir passos pisando na grama, cascos de cavalo tocando o solo e o arrulhar de pombos na lenta, mas envolvente cena de ação final dentro de um enorme celeiro. E, em cima disso tudo, Kubrick ainda se esmera na escolha de uma trilha sonora clássica – Bach, Vivaldi, Mozart, Schubert e especialmente Sarabande, de Handel – que acompanha a progressão e regressão da complicada vida do protagonista.
É difícil escolher o melhor filme desse fantástico diretor, mas Barry Lyndon talvez seja o verdadeiro ponto alto de sua carreira. A afirmação é polêmica, especialmente diante de sua curta, mas quase irretocável filmografia. No entanto, se o cinéfilo der uma chance a esse filme, que exige paciência e calma, tenho certeza que, se ele já não está dentre os maiores em sua lista, subirá algumas colocações.
Assistindo a Barry Lyndon, com a sua exuberante e panorâmica fotografia, quase toda realizada em locações externas, principalmente as cenas de batalha, fica difícil de acreditar que o cinema não tenha perdido sua narrativa pungency e seu encanto penetrante, com essas porcarias que são lançadas nos serviços streaming todos os dias, com seus heróis decadentes e babacas.
Barry Lyndon – Official Trailer [1975] HD
BARRY LYNDON (1975) – Crítica
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