O Congresso deveria investigar o que fazia no palanque de Lula (PT), na favela do Moinho, a mulher que foi presa pela polícia por tráfico de drogas e por extorquir moradores.
Seu irmão chefia o PCC na região central de São Paulo.
O Congresso deveria investigar, mas não o fará.
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Ô imprensa fuxiqueira!
Num sei porque ficam publicando esse tipo de notícia.
Os governos federal, estaduais e municipais já custaram mais de R$ 3,5 trilhões aos pagadores de impostos somente nos primeiros oito meses do ano, no Brasil.
A máquina federal de Lula (PT) fez a maior parte dos gastos do governo, R$ 1,53 trilhão (até o momento, em 2025), bem mais que R$ 1 trilhão de todos os 27 governos estaduais somados e outros R$ 1 trilhão torrado pelas mais de 5,5 mil prefeituras.
A conta que expõe a gastança do setor público é da plataforma Gasto Brasil.
O presidente Luíz Inácio Lula da Silva, em seu pronunciamento oficial
Nunca vi alguém, na grande imprensa, fazer qualquer ressalva ao discurso de Lula em rede nacional na véspera do 7 de Setembro. Todos aceitaram, de cabeça baixa, como se fosse a mais pura verdade. Quero, então, pontuar algumas distorções. Lula disse: “O 7 de setembro representa o momento em que deixamos de ser colônia”. Não. O Brasil deixou de ser colônia no dia 2 de setembro, quando a princesa regente Leopoldina assinou a separação de Portugal. O 7 de setembro foi apenas o grito, simbólico, dado quando D. Pedro recebeu a comunicação da decisão tomada por sua esposa, como regente, perante o Conselho de Estado.
Em outro trecho, afirmou: “Na época da colonização, nosso ouro, nossas madeiras, nossas pedras preciosas, nada disso pertencia ao povo brasileiro”. Ora, ainda hoje não pertencem. O ouro é do Estado brasileiro, as pedras preciosas também, e as madeiras, muitas, são contrabandeadas.
Lula declarou ainda: “Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro”. Mas a realidade é outra. Estamos sendo incapazes de cuidar da nossa terra e da nossa gente. Chineses compram minas, contrabandistas atravessam fronteiras, drogas entram livremente — não produzimos cocaína no Brasil, mas ela chega de fora, junto com grupos guerrilheiros, e isso não é de hoje. E nosso povo segue desassistido, amedrontado pela insegurança pública.
Outra frase: “Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais”. Felizmente, nesse ponto, parece ter feito um ato de contrição em nome dos políticos egoístas — porque isso, de fato, temos visto.
“Soberania está no dia a dia da gente”, disse. Sim, está. E podemos notar que o crime organizado exerce soberania sobre territórios do Rio de Janeiro, da Amazônia, sobre rios da Amazônia. Lula também declarou: “Soberania é apoio aos jovens para que tenham um futuro melhor”. Mas qual apoio? É um ensino de qualidade, que ensina matemática, português, capacita para bons empregos e para vencer na vida? Ou é um ensino reduzido à catequese ideológica, que pouco ou nada ensina — e, quando ensina, ensina errado?
Quando entrei no primeiro ano primário, não era governo militar, e eu já estava alfabetizado no pré-primário. Hoje, crianças chegam ao segundo, ao terceiro ano, e ainda não estão alfabetizadas.
Lula disse ainda: “Tivemos coragem de fazer a maior operação contra o crime organizado da história”. Se foi a maior, como deixou o crime crescer tanto? Por que deixou? Porque, sabemos, o crime já está infiltrado no Estado. “Defender nossa soberania, defender o Brasil” — ótima frase. Mas é preciso explicar o que é soberania, para que o povo saiba do que se trata.
Sobre as redes digitais, afirmou: não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discurso de ódio. Não é preciso censura para isso. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Penal já existem. Basta aplicá-los. Não há necessidade de criar novas leis para impor censura política nas redes sociais.
Queria apenas fazer essas observações. E, para concluir: “Zelamos pelo cumprimento da nossa Constituição”, disse o presidente. Mas cabe lembrar que ele jurou, perante o Congresso Nacional, defender a Constituição. Resta a pergunta: está, de fato, defendendo?
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Julgamento
Hoje reiniciou-se o julgamento de Bolsonaro e dos demais acusados de uma suposta conspiração para um golpe está em andamento. Mas o que se vê são apenas narrativas no inquérito. Não há materialidade, não há fatos concretos. Não houve golpe, ninguém sequer tinha armas para isso. Confundiu-se uma manifestação – que foi, na verdade, a explosão da paciência de quem estava há muito tempo inconformado com a derrota de Bolsonaro nas eleições – com uma tentativa de ruptura institucional.
Ao rever um recorte de um artigo meu, publicado nos jornais em 19 de agosto de 2020, intitulado “Preconceitos”, lembro que o então vice-presidente do TSE, ministro Edson Fachin, declarou que a eleição de 2022 poderia trazer um “cavalo de troia do autoritarismo” e que seria bom para a democracia se Lula tivesse podido ser candidato em 2018.
Ou seja, um ministro do Supremo já deixava claro seu posicionamento político. Naquele artigo, destaquei também que o único voto contrário às constantes fustigações movidas por PSOL, Rede e PT, que recorriam ao Supremo para tentar atrapalhar o governo Bolsonaro, foi o do ministro Marco Aurélio. Ele foi voto vencido, isolado, em uma decisão de 9 a 1. Tratava-se de um pedido do Partido Socialista e da Rede para impedir que a Abin compartilhasse informações com outros órgãos públicos. Marco Aurélio disse, com clareza: “Recuso-me a julgar com base em preconceitos”.
Pouco depois, negou uma liminar que pedia o afastamento de Paulo Guedes, solicitado pelo PDT. Na sequência, PSOL e PSB ingressaram contra a reforma da Previdência, e o ministro Alexandre de Moraes afirmou ver nisso uma “tirania da maioria”. Uma falácia. Porque quem governa é a maioria. Democracia é a vontade da maioria — não é, jamais, a tirania da maioria.
Enquanto filmava as cenas externas de sua obra-prima, ERA UMA VEZ NO OESTE, no Monument Vallery, Arizona, nos Estados Unidos, locação costumeira de John Ford; em Utah, na Andaluzia e no deserto de Almeria, na Espanha, o genial diretor italiano Sergio Leone não tomou conhecimento de que um diretor maluco, ousado, genial, para aquele momento histórico do Oeste, também estava revolucionando o tema com uma pegada revolucionária. Seu nome: Sam Peckinpah, conhecido como o “Poeta da Violência”, com “Meu Ódio Será Sua Herança”, um western divisor de água entre o tradicional e o moderno.
A abertura do faroeste “Meu Ódio Será Sua Herança” (The Wild Bunch, EUA, 1969) possui uma intrigante simetria com a longa e antológica seqüência final do longa-metragem. O filme começa com um grupo de policiais uniformizados, montados a cavalo, entrando numa pequena cidade norte-americana. O bando cruza com crianças que brincam no meio da rua, perto dos trilhos de um trem. Algumas tomadas esparsas mostram que a brincadeira infantil é um bocado cruel: os meninos jogaram escorpiões no meio de um formigueiro, e os bichos venenosos estão sendo devorados pelas formigas.
“Meu Ódio Será Sua Herança” encerra enfocando os remanescentes do mesmo grupo de homens que aparece no princípio. Eles não são policiais, e sim uma quadrilha de assaltantes de banco; aquele era apenas um disfarce, como o espectador logo vai descobrir na movimentada e sangrenta sequência que abre o filme com gosto de pólvora. Não há heróis aqui, nem vilões. Todo o longo espectro de personagens é moralmente questionável.
Na ocasião do fim do longa os bandoleiros estão no México, e se dirigem para resgatar um dos membros do grupo, preso por um rebelde paramilitar chamado General Mapache (Emilio Fernandez). O violentíssimo tiroteio que se segue não apenas encerra o filme de maneira brilhante, mas fecha um círculo e explica a cena dos escorpiões da abertura; os escorpiões são uma metáfora para os bandidos.
Os escorpiões são intrigantes porque jamais estiveram no roteiro do longa-metragem. Na verdade, eles foram uma sugestão de Emilio Fernandez, que contou ao cineasta Sam Peckinpah como se divertia no deserto mexicano, quando era menino. Peckinpah percebeu a fascinante simetria e filmou o ataque das formigas aos escorpiões abusando de planos-detalhes. Ao fazê-lo, acabou concebendo uma das aberturas mais estranhas, criativas e interessantes do cinema contemporâneo.
Enquanto filmava nos sets poeirentos do México, é possível que o diretor não soubesse que estava colocando uma pá de cal no já combalido gênero western. Adepto dos chamados westerns crepusculares, que lamentavam a proximidade do fim do gênero por causa do crescente desinteresse das novas gerações de espectadores, “Meu Ódio Será Sua Herança” transportava para a história este lamento. Foi uma despedida honrosa e adequada, já que o filme não é ambientado nos anos de ouro do Velho Oeste, mas em 1913.
Às vésperas da Revolução Mexicana, o antigo código de honra dos homens violentos e beberrões já não valia mais nada. O mundo agora era urbano. Botas viravam sapatos engraxados, revólveres transformavam-se em metralhadoras. A violência migrava dos descampados empoeirados para as cidades grandes. O Velho Oeste dava os últimos suspiros. Esse é o grande tema da obra de Sam Peckinpah, e também o pano de fundo do mais controverso e impactante dos filmes que dirigiu.
O crítico Roger Ebert lembra que, em 1969, “Meu Ódio Será Sua Herança” foi recebido da mesma forma que “Clube da Luta” o foi em 1999: sob acusações pesadas de ser hiperviolento e gratuito, até mesmo fascista. Para alguns, Peckinpah glorificava a violência. Reza a lenda que o astro William Holden teve uma violenta briga com o cineasta, após ver o filme pronto e odiar o resultado final. A verdade é o filme é tremendamente violento mesmo: somente no verdadeiro balé de sangue que é o duelo final, Peckinpah gastou doze dias e mais de 10 mil cartuchos de bala de festim.
Sim, é verdade que o filme apresentou uma nova maneira de representar a violência no cinema, utilizando pela primeira vez a câmera lenta para mostrar mortes. Caprichando no sangue e no estilo, Peckinpah enfatizava o sangue e fazia as mortes ganharem um significado simbólico e poético que ultrapassa a morte em si. No cinema dele, morrer dói para caramba. Mas muita gente não entendeu.
A péssima recepção do filme pelas plateias foi ajudada pela estrutura narrativa incomum. Um filme tradicional enfatiza o enredo ou os personagens; “Meu Ódio Será Sua Herança” não faz nenhum dos dois. Pike (William Holden) lidera o bando de assaltantes que se encaminha para uma última missão, que é roubar um trem carregado de armas para um rebelde mexicano. Eles são perseguidos por um grupo, liderado por Deke Thornton (Robert Ryan), cujo objetivo é capturar ou matar Pike.
Os dois já foram parceiros, anos antes, mas algo separou seus caminhos. Nenhum deles é retratado com profundidade; Peckinpah só oferece fragmentos do passado. Pike e Deke são homens duros, que mostram nos rostos cansados e nos ombros caídos o peso dos anos. Ambos são melancólicos. Sabem que estão ultrapassados pelo tempo. Sabem que o fim está próximo.
O grupo de Pike bebe o tempo todo e frequentemente cai na gargalhada com piadas bobas, como se estivesse à beira da histeria. O personagem de William Holden, ruminando as palavras e com o olhar perdido no horizonte, resume perfeitamente o clima do filme: eles pertencem ao passado. Não há futuro possível para gente assim.
“Meu Ódio Será Sua Herança” documenta a melancolia do fim de uma era, a troca de guarda entre duas gerações muito diferentes. E, à medida que encerrou o tempo dos faroestes e inaugurou a fase da hiperviolência, representou a mesma coisa para Hollywood. Pouquíssimos filmes têm essa honra de serem marcos divisórios. Por isso, “Meu Ódio Será Sua Herança” é um clássico inesquecível.