Arquivo diários:12 de outubro de 2024
SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA
A VIDA – Florbela Espanca
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento…
Lançar um grande amor aos pés d’alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo “Pedro Sem”,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo donde vem!
A mais nobre ilusão morre… desfaz-se…
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida…
Amar-te a vida inteira eu não podia…
A gente esquece sempre o bem dum dia.
Que queres, ó meu Amor, se é isto a Vida!…
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
DEU NO X
ESSE PASSEIO COM A PROFESSORA PEDRINHO NÃO VAI ESQUECER NUNCA
A verdade é que nunca mais o Pedrinho vai esquecer o passeio com a professora Teresa. pic.twitter.com/PmrFHcl6G1
— Nonô, o Vovô Investidor (@nonoinvestidor) October 11, 2024
DEU NO JORNAL
UM FESTIVO NAUFRÁGIO
DEU NO JORNAL
O COMÉRCIO EXTERIOR A SERVIÇO DE TERRORISTAS E ASSASSINOS
Editorial Gazeta do Povo
Semanas atrás, neste espaço, afirmamos que as abjetas escolhas feitas por Lula em sua política externa, que se distancia das democracias ocidentais enquanto afaga ditadores e valentões mundo afora, “afetam imediata e diretamente a economia” e “não caminham na direção de nenhum pragmatismo digno do nome”. Não demorou para um caso muito concreto voltar à tona, expondo de maneira inequívoca o prejuízo causado pela estima que Lula, Celso Amorim e o PT têm pelo que há de pior neste planeta. Foi preciso que um ministro de fora do grupinho dos delinquentes ideológicos – José Múcio Monteiro, da Defesa – soasse o alarme sobre a situação de nosso comércio exterior, em evento na Confederação Nacional da Indústria.
“Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, afirmou Múcio na última terça-feira, dia 8. Ele se referia à compra de 36 blindados armados com canhões, chamados “obuseiros”. A israelense Elbit Systems venceu empresas de quase 20 outros países na licitação organizada pelo Exército. Não chega a ser surpresa, pelo contrário: é perfeitamente esperado que um país agredido desde o primeiro dia de sua existência, cercado por inimigos estatais e não estatais que desejam sua aniquilação, desenvolva uma indústria bélica de ponta para não depender da generosidade de aliados.
No entanto, o contrato, que deveria ter sido assinado em maio, está engavetado. Múcio, muito polidamente, usou um “nós”, mas evidentemente ele não é parte do grupo que decide por “questões ideológicas”, pois o ministro já havia se queixado anteriormente da resistência à assinatura do acordo, dizendo defender “que a gente tenha oportunidade de dotar o Exército Brasileiro de equipamentos mais modernos”. Como também não foi ideológico o Tribunal de Contas da União, que negou a possibilidade de excluir a empresa israelense e entregar o contrato à segunda colocada, já que não havia nenhum tipo de irregularidade ou impedimento legal na vitória da Elbit Systems.
O governo Lula não se contenta apenas com escolhas ideológicas que premiam o terror; faz questão de acrescentar também uma boa dose de hipocrisia. No mesmo discurso à CNI, Múcio lembrou outro caso: “Nós temos uma munição aqui no Exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos um grande negócio. ‘Não vai. Porque, se não, o alemão vai mandar para a Ucrânia, e a Ucrânia vai usar contra a Rússia, e a Rússia vai mexer nos nossos acordos’”, disse o ministro da Defesa – os “nossos acordos”, no caso, se referem ao fornecimento russo de fertilizantes, ao qual Lula não mexe um dedo para encontrar uma alternativa. As escolhas inaceitáveis da política externa de Lula no comércio exterior inclusive prejudicam a indústria brasileira, essa que o petista diz tanto querer defender e fomentar: em 2023, o petista já havia vetado a venda de 450 blindados leves, fabricados em Minas Gerais, à Ucrânia, que os converteria em ambulâncias desarmadas.
E nem há como invocar o argumento de que o Brasil não quer importar produtos israelenses por considerá-lo um país agressor – o que nem é exatamente uma verdade, pois Israel luta uma contraofensiva, em resposta aos ataques terroristas do Hamas, em Gaza, e do Hezbollah, no Líbano. Não existe, hoje, país que mereça mais o título de “agressor” que a Rússia, responsável por uma invasão não provocada contra a Ucrânia, que já dura dois anos e meio. Mesmo assim, as importações provenientes de Moscou saltaram 75% entre 2021, último ano antes da guerra, e 2023, primeiro ano do governo Lula. Enquanto rejeita negócios com nações que estão se defendendo (caso de Israel), ou com nações que ajudam outras a se defenderem (caso da Alemanha), Lula ajuda com gosto, por meio do comércio exterior, a bancar a máquina de guerra russa que comete atrocidades na Ucrânia.
Em resumo, o que for possível fazer para prejudicar Israel e, consequentemente, ajudar os terroristas que desejam erradicar o país e os judeus do mapa, Lula fará. O que for possível fazer para ajudar Vladimir Putin e, consequentemente, prejudicar os ucranianos que lutam pela sobrevivência de seu país, Lula fará. Pouco importa se isso tira da indústria nacional oportunidades valiosas de exportação, ou se deixa nossas Forças Armadas aquém da necessária modernização; sacrificar o interesse brasileiro em benefício dos camaradas ideológicos é prática que Lula, Amorim e o PT executam à perfeição já há um bom tempo, mas que agora também tem consequências assassinas.
CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA
UM MUNDO SUBMERSO
O transporte popular na década de 30
Já adulto, conversando com papai, perguntei como foi a década de 1930, no Recife, período em que nasci.
E ele me falou, mais ou menos, isto:
Quando você nasceu, meu filho, a rua tinha o nome de Avenida Venezuela. Foi engraçado, porque anos mais tarde ela foi rebaixada para Rua Venezuela, no Espinheiro. A casa nº 181 ainda está lá, firme e com a mesma fachada.
O Recife tem fatos curiosos a respeito de ruas, sabia? Sem querer criticar ninguém, mas aproveitando para citar fatos interessantes, anotei o que segue.
Na antiga entrada do Hospital Português, onde fica o edifício mais antigo daquele complexo hospitalar, a rua tem o nome de avenida – Avenida Portugal. Mas é tão magrinha que se assemelha a um bêco do bairro que já foi mais conhecido como: Paissandu.
Mas, continuou papai falando:
Você nasceu e viveu a primeira infância durante acontecimentos preocupantes, dentre eles a Revolução de 1930, e em 1939, quando tinha 3 anos, eclodiu a II Guerra Mundial.
A Revolução de 30 foi um buruçu infame, pois foi deposto o Presidente da República, Dr. Washington Luiz Pereira de Souza. Mas a cidade via com agradável surpresa as ruas novamente calmas, sem a agitação dos comícios políticos e discursos inflamados.
Já havia bondes modernos, todos fechados, semelhantes aos ônibus da atualidade. Os cavalheiros circulavam com trajes completos, geralmente de linho branco, relógios de algibeira, suspensórios nas calças e abotoaduras de ouro. Era moda os chapéus tipo Prada ou Ramezoni.
Os jornais circulavam sem mais suas colunas inteiras em branco, pois antes eram censurados rigorosamente.
Vivia-se um tempo propício às manifestações cordiais que renasciam nos gestos mais simples. Nessa época via-se o espírito associativo que se desenvolvia em todas as camadas populares.
O Recife tinha jeito provinciano, como se desejasse ser, novamente, a Cidade Maurícia.
Comprava-se frutas e verduras através de um vendedor chamado de verdureiro, que carregava nos ombros um pau roliço, os quais, através de cordéis, prendiam dois balaios cheios, e saia oferecendo pelas portas.
Os amoladores de tesoura, vinham de casa em casa, o gás das residências da Boa Vista, circulava através de canos de cobre embutidos nas paredes. No mesmo bairro, o leite de vaca diariamente era entregue na porta, em garrafas de vidro, vedadas com tampinhas de alumínio.
Lá em nossa casa, no alto da Torre, ainda usávamos o carvão para cozinhar alimentos e somente na década de 50 compramos um fogão a querosene.
Ouvia-se muito ruído de carroças puxadas a cavalo, que passavam pelas ruas, calçadas a paralelepípledos, transportando mercadorias. Em várias esquinas havia uma “venda”, estabelecimento que oferecia muitos produtos.
Aos domingos eu saía com você e sua mãe para ver as vitrines das lojas nas ruas Nova e Imperatriz Tereza Cristina, onde estavam as mais chiques; depois aproveitávamos uma visita ao Gemba, para saborear um delicioso sorvete ou apreciar uma “cartola” na Casa Pérola.
Já existiam os famosos clubes: o Internacional, o Náutico, o Flamengo, o Sport, o América, o Santa Cruz, o Grêmio Esportivo da Torre (Jet) o Tramways e o Clube Português do Recife, todos não muito acessíveis ao nosso padrão de vida.
Ah, meu filho, a década de 30 foi um tempo que já vai longe! O mundo parecia girar mais devagar!
As pessoas eram avaliadas por sua inteligência e habilidades, inclusive tinha-se que ter boa caligrafia para se empregar com facilidade. Para saber as notícias – sempre com 24 horas de atraso – só através dos jornais e da única emissora de rádio, a PRA-8 – Rádio Clube de Pernambuco.
Outro passeio, sem despesas, muito apreciado era a gente ir para o Cais de Santa Rita ou para o Chupa, a fim de ver os hidroaviões Catalina fazerem suas incríveis amerissagens na Bacia do Pina.
Tudo isso, meu filho, como disse meu amigo Dr. Valdemar de Oliveira, numa de suas crônicas, faz parte de minhas lembranças, uma espécie de meu mundo submerso.