DEU NO X

DUPLO PADRÃO, FALTA DE SENSO

Leandro Ruschel

Duplo padrão, falta de senso de proporção e ilegalidades na investigação sobre a venda de presentes do ex-presidente Bolsonaro

A militância de redação não esconde a euforia com o caso da suposta venda de presentes do ex-presidente Bolsonaro por assessores seus. O sentimento é de “finalmente pegamos ele”, depois de uma longuíssima campanha de perseguição de assassinato de reputação.

O duplo padrão é patente. Militantes de redação que ajudaram a colocar na presidência o político condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em dois processos, no maior escândalo da história, um esquema que movimentou mais de trilhão de reais, adotam agora um discurso moralista, chegando a defender a prisão do ex-presidente pela suposta venda de presentes que recebeu enquanto estava no cargo. Tudo isso enquanto tratam o descondenado como “estadista”.

Vamos relembrar, pois a memória não parece ser o forte dos brasileiros: foi montando um grande esquema para desviar bilhões de reais dos cofres públicos, com o objetivo de financiar um projeto totalitário de poder continental. Na época, o ministro Gilmar Mendes chegou a afirmar que o PT teria instalado uma cleptocracia no Brasil. Os recursos foram usados até mesmo para bancar ditaduras brutais, como Cuba e Venezuela. Pior ainda, ao vício foi somada a inépcia, através de políticas econômicas que produziram a maior crise já vista, em tempos de prosperidade no mundo.

Como disse o ministro Fux, a descondenação do chamado líder do esquema pelo Ministério Público ocorreu por “questões formais”, mas “ninguém pode esquecer que ocorreu no Brasil, no mensalão, na Lava Jato. Muito embora tenha havido uma anulação formal, mas aqueles R$ 50 milhões das malas eram verdadeiros, não eram notas americanas falsificadas. O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu 98 milhões de dólares e confessou efetivamente que tinha assim agido”.

Não podemos esquecer que a descondenação foi justificada por supostos “excessos” de Moro e procuradores durante a Lava Jato, em que o juiz seria “parcial” e teria mantido “contato excessivo com o MP”, entre outras acusações. Qualquer “abuso” da Lava Jato fica parecendo brincadeirinha de criança quando avaliamos esses inquéritos supremos.

A respeito do caso em questão: a investigação do assessor de Bolsonaro ocorre no âmbito do inquérito das “Milícias Digitais”. Tal inquérito é um filhote do inquérito dos “Atos Antidemocráticos”, que foi aberto pela PGR, ainda em 2020, para investigar supostas manifestações “inconstitucionais” ocorridas no 7 de setembro daquele ano.

Sem ter amealhado provas para indiciar ninguém, a PGR pediu o arquivamento do inquérito. O ministro Moraes acolheu o arquivamento, mas abriu de ofício outro inquérito com praticamente o mesmo teor, e com os mesmos alvos.

O inquérito segue o mesmo padrão de outro, que deu início aos procedimentos persecutórios contra a direita brasileira: o das “Fake News”. Procedimentos sigilosos, abertos pelas próprias vítimas, com pouca ou nenhuma participação do MP, prorrogados ad infinitum, em que os advogados relatam profunda dificuldade até mesmo para acessar os autos. Recursos são julgados pelo mesmo magistrados que abriu os procedimentos, e quando um Habeas Corpus é impetrado no colegiado, ministros negam a medida, sob justificativa da jurisprudência que um ministro não pode cassar ato de outro ministro…

Mas tudo isso nem é o mais escandaloso no caso do Mauro Cid, assessor de Bolsonaro que está em prisão preventiva: o crime pelo qual ele está sendo acusado não tem NADA A VER com o objetivo do inquérito das “Milícias Digitais”. Tanto é assim, que a PGR se posicionou pelo envio das investigações à primeira instância, já que os investigados não contam com foro privilegiado e os atos não tem conexão com “ataques à democracia”.

Mais uma vez, o Ministério Público foi completamente ignorado, e nem mesmo participou da decisão sobre prisões e buscas e apreensões posteriores. Lembre, Lula e seus asseclas tiveram acesso a amplo direito de defesa e a todos os graus de apelação, sendo preso após o caso ter passado por QUATRO cortes e dezenas de juízes, sempre com acompanhamento do MP. No caso dos inquéritos contra a direita, não há nada disso, e a defesa é praticamente impossível.

Supostamente em nome da “democracia”, os direitos fundamentais são deixados de lado, e a direita está sendo criminalizada, como ocorre em qualquer regime de exceção.

Sobre a acusação em si, ela não é tão “preto no branco” como a imprensa está apresentando. Presentes recebidos pelo presidente devem ser avaliados por uma Comissão, para identificar aqueles que devem ser integrados ao patrimônio público, enquanto itens “personalíssimos” podem ficar com o mandatário.

Não podemos esquecer que Lula levou 11 containers de “tranqueiras” quando saiu da presidência, incluindo bens de altíssimo valor, e nada disso gerou qualquer condenação. Segunda o Poder 360, em 2016, Lula havia devolvido só 9 dos 568 presentes ao Patrimônio Nacional. Os itens foram guardados num galpão bancados pela OAS, com o custo de R$ 1,3 milhão. Posteriormente, ele devolveu outros 360 itens, mas 74 peças seguem sem devolução, segundo o portal. Teriam sido vendidas?

De qualquer forma, é reprovável a ação de buscar vender certos presentes presidenciais sem passar por todos os trâmites legais, e o caso deveria sim ser investigado, mas dentro do DEVIDO PROCESSO LEGAL.

Além da questão ética, chama a atenção a falta de inteligência e sensibilidade do entorno do ex-presidente. Sabendo que há uma verdadeira caçada contra ele, como puderam agir dessa forma, para arrecadar um punhado de reais? O ex-presidente levantou R$ 17 milhões em doações, completamente legais e legítimas, em questão de duas semanas. Por que arriscar a imagem e a perseguição judicial pela venda de um presente de R$ 100 mil? Infelizmente, as lideranças de direita que surgiram no país não parecem à altura do desafio, e estão auxiliando a esquerda no seu projeto totalitário.

Qualquer que seja o caso, o circo está armado. O objetivo é desmoralizar Bolsonaro e apresentá-lo como um corrupto, “igual a todos os outros”, além de justificar uma prisão, depois da cassação dos seus direitos políticos, seguindo a lógica do direito penal do inimigo.

Prender um ex-presidente pela suposta venda de um presente, enquanto em apenas UM caso na Lava Jato, tivemos o dono de uma grande empresa confessando ter depositado R$ 70 milhões na Suíça em benefício do ATUAL presidente e do seu partido, para se eternizar no poder…

É uma mistura de hipocrisia, cinismo e escárnio, que representa muito bem o momento que estamos vivendo no Brasil.

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DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

NACINHA – CUIABÁ-MT

Gente amada!!!

Está do jeito que o Diabo gosta.

Lojas e fábricas fechando e demitindo tanto quanto numa pandemia, mas é só a democracia relativa e os amigos da liberdade comunista!

Afé!!!!

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LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MARLUCE MONTEIRO – JOÃO PESSOA-PB

Caros leitores do JBF:

Gostaria sinceramente de saber quem é o artista que mostrou com clareza a realidade brasileira atualmente.

Quem souber me conte, por favor!

Essa imagem está em todos os lugares, mas gostaria de dar os créditos!

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DEU NO JORNAL

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

A BODEGA

A bodega do Antônio que virou “Totó”

Antônio era o nome dele. Mais precisamente, Antônio Oliveira dos Anjos, recebido na pia batismal e no Cartório de Registros. Mas ninguém o conhecia dessa forma. Era “Totó” – o “Totó da Bodega” ou, no máximo, a “Bodega do Totó”.

Totó adquirira o hábito de acordar cedo em qualquer dia, pois precisava abrir as portas da bodega que, distante de qualquer padaria, vendia, principalmente, pão e leite. Pão d´água e sovado, hoje conhecidos como pão francês e massa fina. O leite (líquido) recebia ensacado da Usina e assim o vendia. Se vendesse fora do invólucro, com certeza, 20 litros virariam 30 ou mais.

Como qualquer bodega de bairro que se preze, a Bodega do Totó era ampla, montada na frente da casa, com três portas inteiras. Duas na frente e uma na lateral esquerda – essa porta dava acesso a um local improvisado que vendia carvão, medido numa lata de querosene das grandes. Gás butano era sonho ainda distante.

O balcão inteiriço, feito de madeira, não permitia que Totó saísse, tampouco que o freguês entrasse. Ali, sobre o balcão, repousavam uma balança antiga, um alguidá de cimento que servia de depósito para toucinho salgado, tripas suínas e bovinas, pés de porco e alguns ossos carnudos que serviam de tempero para os feijões cozidos. Além, claro, de papel de embrulho e folhas de revistas que eram usadas para “enrolar” sabão, fumo de rolo e outros que tais.

Por fora do balcão, lavado uma vez por semana, ainda repousavam fechadas, sacas de café em grãos, milho, vassouras, e latas de banha suína e de côco. Por dentro do balcão, uma bacia de ágata com água, que Totó não tinha o hábito de substituir, onde depositava copos que servia doses de cachaça.

Entre o balcão e as prateleiras, sacos abertos contendo arroz, feijão, farinha – que ainda não eram embalados, e precisavam ser pesados – e um cesto feito de cipós, contendo pão.
Afixada na prateleira, a famosa e tradicional placa com o aviso: “Fiado, só amanhã”!

Mas, o que seria de Totó, se não vendesse fiado!

Era ali, no fiado, que Totó concentrava todo o percentual do seu lucro.

Mães desavisadas mandavam filhos pequenos comprar na Bodega do Totó e mandar anotar na “cardeneta” (era assim mesmo que algumas falavam).

Nessa hora, 1 Kg de qualquer coisa só pesaria 800 gramas em outro local; “meia barra de sabão” só teria um terço dela e meia garrafa de querosene para a lamparina noturna só encheria um daqueles antigos frascos azuis de leite de magnésio.

Pior que, ao somar a conta dos fiados do mês ou da semana – alguns trabalhadores recebiam pagamento semanal – Totó “levava 1” quando a soma atingia 8 ou 9 e não 10.

Três, mais dois cinco, mais quatro, nove. “Vai um”!

Era assim na Bodega do Totó, que, infelizmente resolveu agradecer ao seu santo preferido, dando o nome de fantasia de “Mercearia Santo Expedito”.

DEU NO X

CONSEQUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÓS-CARCERÁRIA

MARCOS MAIRTON - CONTOS, CRÔNICAS E CORDEIS

SEU MANSUETO E A PIADA DO PATRÃO

Dia dos pais é dia de lembrar das histórias do Seu Mansueto. E esse é um tema no qual não falta assunto quando estamos reunidos, eu e meu irmão Materson (a quem chamamos carinhosamente de Bat, em referência ao famoso xerife americano dos tempos do velho oeste, que virou série de TV no final dos anos 1950 e inspirou seu nome: Bat Masterson).

Pois bem. Lembrando agora das histórias do Seu Mansueto, recordo que uma de suas muitas peculiaridades era sua reação a piadas e anedotas.

Pra começo de conversa, Mansueto era bem humorado, mas nunca dava uma gargalhada. Tinha um riso tranquilo, alegre, deixando aparecer o dente de ouro, mas ria em silêncio, como se reservasse o riso apenas para quem estivesse mais próximo.

Nosso Tio Detinho é que dava umas gargalhadas sonoras. Às vezes, quando isso acontecia, Mansueto olhava para Detinho admirado e dizia:

– Eu tenho vontade de saber como é dar uma gargalhada dessas…

De fato, eu e Bat concordamos que nunca vimos nosso pai rindo alto. Quando alguém começava a contar uma piada, já ficávamos na expectativa, para ver se o piadista conseguiria arrancar-lhe uma gargalhada. Mas isso nunca aconteceu.

Aliás, Mansueto tinha uma exigência para quem fosse lhe contar uma piada ou anedota: se, durante a narrativa, o piadista começasse a rir, Mansueto o interrompia.

– Peraí, rapaz! O contador de piadas não pode rir.

– Como assim, Seu Mansueto?

– Não pode! Porque tira a graça da piada. Se você vai contar uma piada pra mim, quem tem que rir sou eu. Se você, que tá contando a história, já tá rindo, não tem mais necessidade de eu rir.

– Mas a história é engraçada, Seu Mansueto…

– Eu acredito que seja mesmo, mas você tem que me deixar à vontade, pra eu rir quando a parte engraçada acontecer. Se você ficar rindo desde o começo, quando chegar a parte que é pra rir não vai ter mais graça…

A discussão seguia nisso e a piada estava perdida. O piadista teria que tentar outro dia. E tratasse de apresentar uma piada que Mansueto não conhecesse, porque piada velha não fazia ele rir, nem quando era o patrão quem contava.

Certo dia, estando Mansueto com vários colegas, no refeitório da empresa onde trabalhava, Doutor Antônio, dono do negócio, entrou no recinto e passou a conversar com eles. Conversa vai, conversa vem, o patrão resolveu contar uma piada.

Claro que todos fizeram silêncio para prestar atenção.

Ao final da narrativa, gargalhadas explodiram no ambiente. Alguns choravam de rir. Só Mansueto observava tudo com um sorriso contido. Um colega percebeu e perguntou:

– Gostou da piada do patrão não, Mansueto?

– A piada é boa, mas eu já conhecia. Eu que contei pra ele. Num foi Doutor Antônio?

– Foi – confirmou o patrão. E, dirigindo-se aos outros empregados, prosseguiu. – Ele me contou essa ontem. O Mansueto é exigente com piadas, mas ele pode, porque sabe contar bem contado.

– Pois é, Doutor Antônio – emendou Mansueto. – O senhor diz que eu sei contar piada, mas essa mesma piada, que lhe contei ontem, eu contei aqui pra eles, faz uma meia hora. Ninguém riu. Agora, como foi o senhor que contou, foi esse sucesso. Teve um ali que parece que se urinou de rir.

Agora foi a vez do patrão explodir numa gargalhada. Os empregados o acompanharam, cada um rindo mais alto que o outro. Menos Mansueto, que também ria, mas silenciosamente, como de costume.

Era assim o Velho Mansueto. Autêntico, verdadeiro e respeitado. Até quando fazia graça.