
Arquivo diários:12 de agosto de 2023
RLIPPI CARTOONS

DEU NO X

TÁ EXPLICADO
Sabem porque querem regular tanto a nossa internet?
Para não aparecer pérolas como essa⤵️ pic.twitter.com/0YkaeEhTLP
— Pavão Misterious🇧🇷 (@misteriouspavao) August 12, 2023
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

BUDISMO MODERNO – Augusto dos Anjos
Tome, Dr., esta tesoura, e…corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!
Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;
Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, Cruz do Espírito Santo, Paraíba (1884-1914)
DEU NO JORNAL

E SÓ ATACAM ELEITORES DO PT
J.R. GUZZO

PARA O JUDICIÁRIO, OS IRMÃOS BATISTA SÃO DIFERENTES DE TODOS OS OUTROS BRASILEIROS
A convivência de seis anos entre o Ministério Público e os irmãos Batista, donos de um dos maiores complexos de produção de carnes do mundo, é uma lição inesquecível sobre como a justiça brasileira criou dois tipos diferentes de cidadão neste país – os muito ricos, que sempre têm direito a tudo e nunca devem nada, e todos os demais, que são obrigados a cumprir a lei 24 horas por dia. Os proprietários da JBS aceitaram em juízo, em 2017, pagar 10,3 bilhões de reais para não irem para a cadeia. Em troca, delataram à Operação Lava-Jato os barões mais ilustres da corrupção passiva do Brasil. Como se sabe, não aconteceu nada com os barões, que têm a proteção automática do Supremo – um deles, inclusive, acabou virando presidente da República. Mas também não aconteceu nada com os Batista. Já foi, logo de cara, um negócio de pai para filho – os delatores ganharam 25 anos para pagar o que deviam. Depois, ficou melhor ainda. Os empresários entraram no MP com uma ação contra o próprio acordo que tinham assinado, e até agora, seis anos depois, não pagaram quase nada do que se comprometeram a pagar; não mais que 5% do total. Ainda assim, não ficaram satisfeitos. Estão conseguindo, no Ministério Público Federal, um desconto de quase 70% no total da fatura que não pagaram. Ou seja, eles não querem pagar, não querem ir para a cadeia e não querem ficar devendo.
O procurador que cuidava do caso até há pouco, Carlos Lima, já tinha negado o recurso de “revisão” do acordo apresentado pelos irmãos Batista; estão querendo que os 10,3 bilhões prometidos se transformem em 3,5 bi. O procurador, na ocasião, disse que o pedido não tinha nenhum cabimento, e negou-se a permitir o desconto. Os empresários, argumentou ele, assinaram o acordo de sua livre e espontânea vontade, com a plena assistência dos seus advogados. Para ficar soltos, confessaram a prática de crimes e delataram cúmplices. Se não querem pagar a importância que o MP propôs, por que raios aceitaram o acordo? Bastaria não assinar; ninguém obrigou nem um nem o outro a assinar papel nenhum. De lá para cá, lembrou Lima, não aconteceu nada de novo para mudar os termos do que foi combinado. Estão achando, agora, que os valores são “excessivos”? Mas por que não falaram isso em 2017?
Mais que tudo, ao prometerem pagar os 10 bilhões, os irmãos Batista se livraram do xadrez da Lava Jato, no qual foram parar tantos gatos gordos da roubalheira nacional. Agora estão querendo, ao mesmo tempo, escapar da cadeia e do pagamento. Inicialmente o MP federal achou que não dava para eles terem as duas coisas – se não querem pagar, deveriam ter optado pela cadeia. Ou é uma ou é outra. Mas isso aqui é Brasil democrático de 2022, onde o artigo 1º. da Constituição (não a que você conhece, mas a que realmente está valendo) diz que é mais fácil o camelo da Bíblia passar pelo buraco de uma agulha do que um réu confesso de corrupção ir para a penitenciária – sobretudo se a ladroagem foi de milhões. A defesa dos empresários (incluindo-se o ex-ministro Ricardo Lewandowski, que até outro dia dava sentenças no STF), conseguiu ressuscitar o pedido que já estava enterrado – só que agora, por uma dessas coincidências sobrenaturais que só acontecem na justiça brasileira, o processo foi parar com um novo procurador, Ronaldo Albo. O que você acha que aconteceu? O dr. Albo decidiu que a JBS, subitamente, passou a ter razão – e concordou em descontar 70% do valor a ser pago, como querem os empresários.
Não tente fazer isso com as suas dívidas. Eles são diferentes de você.
LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

SE FALTAR MÉDICO, TENHA FÉ
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

LUIS MEZETTI – VITÓRIA-ES
DEU NO JORNAL

REZA FORTE DE DONA GINA
* * *
Depois que li está notícia aí em cima, me veio uma ideia à cabeça.
Acabei de enviar mensagem para o CNS dando uma sugestão.
Sugeri que aquele órgão contrate Dona Gina, a maior catimbozeira de Palmares, pra participar deste novo programa de cura do governo federal, através do SUS.
Num tem doença que Dona Gina num resolva!!!
DEU NO X

FALA, MINISTRO !
Esse é o ministro de Lula
Petista Ruy Costa pic.twitter.com/MJ1bHQWiEZ— A TROMBETA (@ATROMBETA3) August 11, 2023
MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

A IDADE PÓS-CONTEMPORÂNEA
Aprendemos na escola que a história se divide em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Eu nunca gostei dessa classificação, por ser muito voltada à Europa ocidental para algo que deveria ser universal, e porque é uma classificação datada; afinal, toda época é contemporânea de alguma coisa. Além disso, pressupõe um conjunto fechado: o que virá depois da idade contemporânea?
A discussão se torna importante porque eu acho óbvio que estamos em um quinto período. Vamos relembrar os anteriores para entender:
A Idade Antiga se caracteriza pelos grandes impérios. É uma visão eurocêntrica, que ignora o mundo além dos domínios romanos, gregos ou persas. Seu marco final é a queda do último imperador de Roma, Rômulo Augusto, em 476.
Seguiu-se a Idade Média, que ao contrário da anterior se caracterizou pela descentralização. Com o fim do poder de Roma, a Europa se dividiu em centenas de pequenos feudos, cada um governado pelo seu príncipe, duque ou conde, com pouca interação entre eles. O comércio diminuiu e durante cinco séculos o progresso tecnológico foi mínimo. Somente por volta do século 10 é que o comércio e a interação entre as diferentes comunidades voltou a crescer.
A Idade Moderna tem como marco inicial mais comum a queda de Constantinopla em 1453, embora alguns autores prefiram outros eventos como a viagem de Colombo em 1492 ou a reforma protestante em 1517. De qualquer forma, este período se caracteriza pela “globalização” que interliga Europa, América, Ásia e África através do comércio e do estabelecimento de colônias (o interior da África só participaria deste processo séculos depois). Politicamente, os pequenos feudos perdem importância e o poder se centraliza nos grandes estados nacionais.
Um fator comum nestas três épocas é a divisão social entre nobres e plebeus. Os primeiros exercem o poder, promovem guerras, constroem castelos, conquistam e perdem territórios. O restante da população apenas trabalha e sobrevive; do que produzem, ficam apenas com o mínimo necessário para não morrer, o resto é tomado na forma de impostos.
A Idade Contemporânea, que tem como marco inicial a Revolução Francesa (1789), nasceu junto com o iluminismo. Foi nessa época que as pessoas comuns deixaram de ser apenas mão-de-obra e passaram a ser vistas como indivíduos. A justiça, por exemplo, deixou de ser simplesmente a vontade do rei e passou a ser estabelecida por leis. A Revolução Industrial trouxe uma abundância sem precedentes para o cidadão comum, e pode-se dizer que o século 19 viu mais mudanças do que qualquer outro na história. Por volta de 1800 uma casa de classe média era iluminada por velas ou lampiões de óleo, e a única máquina existente era talvez uma roca de fiar lã. Viagens eram feitas a cavalo e o único meio de comunicação era a carta. Cem anos depois, havia fonógrafos, fogões a gás, máquinas de costura, lâmpadas elétricas, automóveis, trens, telégrafos. O comércio internacional cresceu enormemente. Mas, voltando ao início do parágrafo, o mais importante é que pela primeira vez o progresso beneficiava principalmente o cidadão comum e não a elite governante.
E é aí que tudo se complica. Os otimistas gostam de ver esse progresso existindo até hoje, falando em “conquistas sociais”. Para eles, o mundo continua melhorando. Para os pessimistas, como eu, a coisa não é bem assim.
Terminado o século 19, a Primeira Guerra Mundial mostrou que o povo continuava correndo o risco de morrer em um campo de batalha simplesmente porque alguns reis ou presidentes não tinham nada melhor para fazer. E quando a guerra terminou, os antigos costumes do feudalismo, onde as pessoas eram tratadas como propriedade pelos poderosos, voltou com nova roupagem: o regime de servidão mudou de nome para nacionalismo; a obediência ao rei virou obediência ao governo, e a justificativa deixou de ser o “direito divino” e passou a se chamar “contrato social” ou “estado democrático de direito”. A obrigação de pagar impostos, essa não mudou muito, só aumentou em variedade e em quantidade.
Além da Primeira Guerra, outros fatos poderiam ser escolhidos como marco final da Idade Contemporânea: a Grande Depressão em 1929, o fim do padrão-ouro em 1971 ou o anúncio oficial de que o governo se concedeu o direito de fazer o que quiser em nome da “segurança nacional”, após o 11 de setembro de 2001.
Mas nada se compara ao que aconteceu entre 2020 e 2022, no período conhecido como “a pandemia”. Foi quando a população do mundo renunciou a seus direitos de adulto e declarou que prefere viver como criança, sendo cuidada pelo papai governo. O governo declarou que era preciso evitar aglomerações, e para isso iria limitar o horário de funcionamento dos supermercados e reduzir o número de ônibus, e a população apoiou. A OMS declarou que não adiantava usar máscaras, mas um mês depois disse que todos deveriam usar máscaras, e todos não só obedeceram como transformaram o uso em motivo de orgulho, talvez em um reflexo atávico dos tempos em que tampar a boca era o tratamento dado aos escravos como símbolo de sujeição.
Nessa época, governos do mundo inteiro disseram que iriam ignorar todos os protocolos sobre testes e certificações de novos medicamentos, e que iriam usar o dinheiro público para adquirir, a qualquer preço, vacinas que não haviam sido testadas, e cujos fabricantes declaravam explicitamente que não assumiriam nenhuma responsabilidade em caso de efeitos colaterais indesejados. Os governos ainda ordenaram que a população deveria não apenas receber essas vacinas não testadas, mas acreditar que “a ciência” garantia que elas eram seguras; quem duvidasse deveria ser xingado de “negacionista” ou “terraplanista”. A população obedeceu alegremente.
Governos do mundo inteiro declararam que, em nome do “bem comum”, eles poderiam fazer o que quisessem, e que coisas como Liberdade de Expressão, Direitos Individuais ou Segurança Jurídica eram coisas antigas, fora de moda e perigosas. O povo aplaudiu, agradecido, e pediu mais.
Nesta Idade Pós-Contemporânea, as pessoas não têm mais noção própria do que é verdade; ao invés disso, a mídia informa aquilo que o governo determinou que é verdade, e todos se sentem confortáveis em acreditar. Em nome de uma certa “democracia”, todos gostam daquilo que todos devem gostar e têm medo daquilo que devem ter medo – discordar da maioria, por exemplo.
Algum dia, talvez tenhamos um novo Iluminismo, e as pessoas (ou pelo menos algumas delas) voltem a acreditar que possam pensar por si mesmas. Ou antes disso teremos uma guerra nuclear e uma nova Idade Média.