ALEXANDRE GARCIA

MESA DE BOTECO

reforma tributária

Congresso Nacional: Reforma Tributária segue em discussão no Legislativo Federal no segundo semestre de 2023

A Casa dos nossos representantes reabre neste 1.º de agosto. Vai votar de novo o “arcabouço fiscal”, que voltou do Senado, e deve ter de votar de novo a reforma tributária, que provavelmente será modificada no Senado. E ainda terá de examinar a proposta para censurar as redes sociais, e os ensaios de reforma administrativa e mudança na trabalhista, feita durante o governo Temer.

Os 513 deputados que lá estão são nossos representantes, nossos mandatários. Pergunto se nós, como mandantes e representados, estamos sendo consultados sobre o aumento além do teto de gastos que consome os impostos que pagamos; ou se estão nos perguntando se abrimos mão da nossa liberdade de expressão e opinião nas redes sociais, aliás garantida por cláusula pétrea da Constituição. Afinal, a Constituição diz que todo poder emana do povo, e supõe-se que numa democracia verdadeira nossos representantes devam manter afinidade com nossas aspirações, pois o voto não é uma procuração em branco – ou a representação democrática é uma farsa.

Há, entre os políticos, duas ideologias. A de um Estado mínimo, para não pesar no pagador de impostos, ágil, para poder prestar bons serviços públicos – e que não atrapalha a atividade da nação que investe, emprega, compra, vende, produz. E há aquela ideologia em que o Estado é maior e mais importante que a nação. Um Estado senhor, patrão maior, fiscalizador, bisbilhoteiro, gastador, supostamente para estimular a economia, criar emprego e gerar bem-estar. Esse Estado acaba gastando mais do que arrecada, desestimula o pagador de impostos, gera inflação, castra as liberdades, a iniciativa, o empreendedorismo. Prefere ter clientes que vivam de seu paternalismo, tanto entre os desempregados quanto entre os empregados e empregadores. Acaba pondo a nação a seu serviço, invertendo o fato saudável de que a nação se organiza num Estado, para que o Estado possa servi-la com defesa, Justiça, polícia e serviços sociais.

Passamos quatro anos com um Estado que procurava ficar mais leve para o contribuinte e mais eficiente na prestação de serviços. Um período em que vigorou a liberdade econômica e, por parte do Executivo, as demais liberdades, como a de xingar o presidente ou de estar apto à autodefesa dessas liberdades e direitos. Agora estamos rapidamente enveredando pela opção do Estado forte. O Executivo faz o oposto do que o governo anterior julgava importante; o Judiciário cresce com empoderamento do Estado; e o principal poder de representação popular, o Legislativo, parece apático ou perplexo. Mais do que isso, afina-se mais com o governo deste turno de quatro anos que com os eleitores que lhe deram a procuração do mandato. Partidos de centro-direita que ganharam folgada maioria em 3 de outubro trocaram a fidelidade aos eleitores por cargos em ministérios e estatais. O eleitor de 2022 ainda não conseguiu mudar o triste fisiologismo.

Investidores nacionais e estrangeiros devem estar atônitos. O Brasil não consegue dar segurança jurídica nem política – isso sem falar da segurança pública. Escolas que poderiam servir de modelo para se afastarem do traficante, da violência e da indisciplina, garantindo menos evasão e mais aproveitamento, são fechadas pelo governo federal. E, como se sabe, sem ensino eficiente não há futuro. Somos o país ciclotímico, do sobe e desce. Dois degraus para cima, dois para baixo. Não conseguimos aproveitar o que o destino nos deu, como que apostando em nós. Não temos a necessária estabilidade política e jurídica para permitir desenvolvimento econômico e social. Os plenários do Senado e da Câmara, que reabrem agora, não são mesa de boteco. Os que os ocupam têm de estar à altura de sua representação.

DEU NO X

OS FATOS SÃO TEIMOSOS

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

SONETO DA DONZELLA ANSIOSA – Bocage

Arreitada donzela em fofo leito,
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis pachocho estreito.

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.

A voraz porra, as guelras encrespando,
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando.

Como é inda boçal, perder os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.

Manuel Maria Barbosa du Bocage, Setúbal, Portugal (1765-1805)

DEU NO X

AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTERFOFOCA

DEU NO JORNAL

LULA ACABA COM AVALIAÇÃO PERIÓDICA DAS ESTATAIS: ADIVINHE QUEM SERÁ BENEFICIADO?

Paulo Uebel

Depois de frear processos de privatização como o dos Correios, Lula agora acaba com avaliação periódica das estatais.

Depois de frear processos de privatização como o dos Correios, Lula agora acaba com avaliação periódica das estatais

Um dos principais pilares da boa gestão governamental é a avaliação regular das políticas públicas. Indo em sentido contrário, o governo Lula decidiu acabar com a avaliação periódica das empresas estatais. Essa avaliação era fundamental para verificar se as empresas estatais estavam, efetivamente, cumprindo a missão para qual foram criadas ou se deviam ser incluídas no Programa Nacional de Desestatização (PDN). Além disso, ele acabou com a regra de verificar se as razões que justificaram a criação de uma estatal permanecem. Quem ganha com isso?

A decisão de Lula só beneficia a má gestão, os beneficiados por cargos políticos que não possuem qualificação técnica e os velhos interesses políticos, nem sempre republicanos, que trabalham para manter o Estado ineficiente e pesado. Para os brasileiros, não há vantagem.

Em março de 2020, por iniciativa do secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, com apoio decisivo do ministro Paulo Guedes, o então presidente Jair Bolsonaro fez um decreto acrescentando uma norma na regulamentação do Programa Nacional de Desestatização, impondo a análise periódica das estatais. O objetivo da avaliação era verificar a sustentabilidade econômica e financeira das estatais e se as razões de interesse público ou segurança nacional para sua criação permaneciam, seguindo as melhores práticas internacionais de gestão e governança.

“Além de alinhar o Brasil às melhores práticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mecanismo de avaliação periódica das estatais permite que se verifique se o pressuposto de sua criação ainda permanece, bem como se há maneiras mais eficientes, eficazes e econômicas de prestar o serviço e a política pública a cargo da estatal”, afirmou, na época, Salim Mattar.

O sistema da avaliação periódica das estatais trouxe ao Brasil a esperança de ser um país com gestão saudável dessas empresas, com mais eficiência e menos corrupção, garantindo que o interesse público de longo prazo prevalecesse sobre o interesse político de curto prazo. “As ações do governo estão sendo feitas no sentido de transformar o Estado. Estamos tentando romper o viés intervencionista das gestões anteriores. Vamos melhorar a alocação dos recursos públicos, deixando de investir em estatais e passar a cuidar da qualidade de vida do cidadão. Estamos arrumando a casa”, disse, ainda, Salim Mattar.

Na época, definiu-se que as 27 estatais não dependentes seriam analisadas a cada quatro anos e que as 19 dependentes seriam analisadas a cada dois anos. A primeira avaliação ocorreu em até seis meses depois da publicação do Decreto 10.263. O governo anterior justificou a criação do decreto. “Entre 2009 e 2018, as estatais deficitárias custaram aos cofres públicos R$ 160 bilhões, enquanto as não dependentes receberam aportes de R$ 30 bilhões no mesmo período, totalizando R$ 190 bilhões”, disse o Ministério da Economia. “Em 2020, a previsão orçamentária para as estatais dependentes é de cerca de R$ 20 bilhões.”

As avaliações, além de buscar resultados nas estatais, estimulavam boas práticas de gestão, incentivando as diretorias das empresas a buscarem operar com mais eficiência, menos déficits e mais resultados positivos. Além, é claro, de desestimular esquemas de corrupção ou de desperdício de dinheiro público.

O novo decreto de Lula abre a porteira para que os péssimos resultados deficitários do passado voltem a acontecer. Além disso, tornam a realidade das privatizações, tão necessárias para o desenvolvimento da economia brasileira, ainda mais distante.

Lula já havia retirado empresas como Correios, EBC, Dataprev, Nuclep, Serpro, ABGF e Ceitec do Programa Nacional de Desestatização. Sem avaliação, o que vai motivar os diretores das estatais a se esforçaram por bons resultados? Como muitos brasileiros já perceberam, as estatais são estratégicas apenas para os políticos, que se aproveitam de sua estrutura para fazer cabides de emprego, beneficiar amigos e orquestrar esquemas de corrupção. No caso de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT), nem se trata de uma acusação injusta, já que eles fizeram, na Petrobras, o esquema de corrupção do petrolão, que foi o segundo maior do mundo.

“Sempre que o Brasil adota uma agenda de privatizações, ele atrai investimento em infraestrutura”, ressalta o Instituto Millenium. “Os números mostram que essa agenda funciona muito melhor do que a adotada em governos que, ao contrário, criam mais empresas públicas, como nos últimos governos petistas.”

O investimento em infraestrutura no Brasil era de cerca de 2% do PIB na primeira metade da década de 1990. O programa de privatizações da segunda metade da década de 90 elevou esse investimento para até 3,3% do PIB. Esses investimentos poderiam ter crescido mais e mais, mas então veio a substituição da agenda de privatizações e da atração do investimento privado pela agenda de intervenção estatal dos petistas nos anos 2000, o que fez a taxa voltar a cair e a se estabilizar em algo em torno de 2% do PIB novamente, conforme explicou Diogo MacCord, que também foi secretário especial de Desestatização do governo Bolsonaro.

Esses investimentos podem parecer distantes da população, mas as privatizações, no geral, melhoraram a vida dos brasileiros, principalmente dos mais vulneráveis, que puderam sentir os benefícios. As privatizações, em sua maioria, aumentaram a arrecadação de impostos e o número de postos de trabalho, algo ignorado, ironicamente, pelo Partido dos Trabalhadores.

Um exemplo é a Embraer: antes da privatização, ela tinha 9 mil funcionários. Depois, ela chegou a ter mais de 28 mil funcionários e se tornou a terceira maior fábrica de aviões do mundo. O quadro de funcionários se reduziu por questões estratégicas da empresa (algo mais difícil de se fazer numa estatal), mas em julho a Embraer anunciou estar oferecendo bolsas de R$ 5 mil mensais para alunos de mestrado em Engenharia Aeroespacial. Além da bolsa, que chega a R$ 6 mil na última fase do curso, a empresa também oferece convênio médico e odontológico, seguro de vida e vale-alimentação. Ou seja, além de conseguir empregar mais pessoas, a empresa também oferece melhores condições de trabalho, inclusive para quem está em fase de formação.

A vida das pessoas e a infraestrutura melhoraram no Brasil depois das privatizações. “Antes da privatização, um em cada dez brasileiros tinha telefone fixo, e quase ninguém tinha celular”, disse a economista Marina Helena, ex-diretora de Desestatização do Ministério da Economia. “Tinha fila para telefonar de orelhão. Uma linha telefônica custava US$ 5 mil. Hoje, temos mais linhas telefônicas [considerando também celulares] que habitantes.”

Será que o presidente Lula vai apresentar resultados melhores em relação às estatais quando acabar seu atual mandato, em 2027? Sem avaliação de resultados e um foco em boa gestão e governança, parece muito difícil. O mais provável é que os escândalos de corrupção voltem a estampar os jornais. Infelizmente, o governo petista precisa aprender que as empresas estatais são meios para entregar melhores serviços aos cidadãos, e não meras estruturas para empregar companheiros, contratar fornecedores amigos ou usar verba publicitária para influenciar veículos de comunicação. Assim, quais razões o governo Lula pode apresentar, além de seus próprios interesses, para acabar com a avaliação periódica das estatais? Os brasileiros aguardam a resposta.

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

AÇÃO DESPROPORCIONAL DA POLÍCIA MATOU MAIS DE 10 PESSOAS

“O que se sabe sobre a chacina no Guarujá após morte de PM da Rota”

O “suspeito” de ter atirado no policial é o jovem morador Ericksn David, com uma pistola que deve ter sido alugada de algum CAC. O rapaz acertou o tira a uma distância de mais de 60 metros. Num ato heróico, ele se entregou e pediu para que Tarcísio parasse a matança de inocentes.

 

DEU NO X

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ALEXANDRE GARCIA

LISTA DO PIX SÓ TEM BRASILEIROS COMUNS

Bolsonaro

Dados sigilosos de Bolsonaro entregues à CPMI dos atos de 8 de janeiro foram vazados à imprensa nesta semana

Quebraram o sigilo bancário de Bolsonaro, mas não foi por ordem da Justiça; aconteceu alguma coisa, uma quebra de sigilo, mostrando que ele recebeu R$ 17,2 milhões em Pix de 820 mil doadores – ou seja, média de R$ 20 para cada doação –, para pagar as multas que lhe impuseram. Eu não sei se foi só a multa pela falta do pano na cara, mas também por andar de moto sem capacete, essas coisas.

Sabem o que eu não vi entre os doadores? Nenhuma empreiteira. Não estão lá a OAS nem a Odebrecht. Não vi nenhum frigorífico, a JBS não está lá. Não vi nada que pudesse sair daquela planilha com codinomes, é só gente comum, gente simples, 800 mil brasileiros, e parece que não tem imposto: a quantia é tão pequena que não cabe aquele imposto de “transmissão intervivos”, que é um imposto estadual. Tampouco cabe a quem recebeu a doação pagar Imposto de Renda, porque não é renda. Ele vai ter de declarar a doação lá no campo “isentos e não tributáveis”. Coisas que só acontecem aqui no Brasil.

* * *

O artigo 53 da Constituição

Querem derrubar mais uma vez o artigo 53 da Constituição, pelo qual os deputados e senadores são “invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer palavras, votos e opiniões”. É o que os constituintes escreveram na Constituição; muito discutiram o termo “quaisquer”, e é isso mesmo que eles quiseram dizer. Pode ofender a mãe do presidente, a mãe do papa, a mãe de quem quer que seja, está lá escrito: quaisquer palavras.

O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, parece que não acredita no artigo da Constituição que lhe confere essa inviolabilidade por quaisquer palavras. Ele próprio é protegido por isso, mas não quer que o seu par, o deputado federal Zé Trovão, seja protegido, porque ele usou alguns termos contra o presidente, chamou-o de “ladrão”, “bandido”, algo assim; ele se referia a uma fala do presidente sobre a relativização do furto em supermercados e tal, e gravou na rede social em 21 de julho, há pouco. Zeca Dirceu foi ao Supremo; a ministra Rosa Weber, presidente do STF, que estava de plantão, recebeu o pedido de investigação e o encaminhou para a Procuradoria-Geral da República se pronunciar, para saber se é caso de crime que deva ser denunciado no Supremo, ou se não há crime porque o discurso é protegido pela Constituição, e então arquive-se.

Continuo achando que a lei maior precisa existir. Ela não foi abolida por nenhum ato de força, nenhuma revolução, nenhuma assembleia constituinte; a Carta Magna, a lei maior está vigente. E, embora não tenha sido respeitada nesse artigo 53, diz que deputados e senadores são invioláveis por quaisquer palavras, ponto final. Se não for assim, não há Estado Democrático de Direito, não há devido processo legal.

Aliás, a ministra Rosa Weber mandou o pedido à PGR porque o Ministério Público é a origem de todo e qualquer inquérito. Está na Constituição também, nos artigos 127 e 129. Não pode haver inquérito que comece nas mãos de juiz. Tem de começar nas mãos de um promotor, que decide se há indícios para se denunciar um crime, abrir inquérito ou não. É simples.