DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

PASSEAR É COM ELE MESMO

Esse governo canhoto não tem limites. O mundo está pequeno para eles.

Essa turma viaja tanto que nem tem tempo para adoecer no Brasil.

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

POEMAS DE MANOEL BENTEVI

Manoel Bentevi, Palmares-PE (1911-1999)

Se eu chegar no Recife aperreado
Eu acabo com todas as fortalezas
Vou no Palácio do Campo das Princesas
Paro todo movimento do Estado
Na Assembleia não deixo um deputado
Na zona não fica uma mulher
Acabo as forças armadas que houver
Tranco banco, instituto, inspetoria
Fecho hospitais, detenções, secretarias
Só funciona o Recife se eu quiser.

Prendo guarda civil, cabo, soldado,
Comandante, Chefe do Estado-Maior
Prendo tenente, capitão, prendo major
Paro todo movimento do Estado.
Prendo telégrafo, imprensa, consulado
Emissora não deixo uma sequer,
Prendo a Lloyd, a Costeira e a Panair
Paro o trânsito, não passa mais ninguém
Da estação central não sai um trem
Só funciona o Recife se eu quiser.

Mas isso foi um sonho muito pesado
Que eu sonhei certa vez quando dormia
Um povo no ouvido me dizia
Paro todo movimento do Estado.
Acordei tristemente atribulado
Vi que era uma coisa sem mister
Não encontrei uma pessoa sequer
Que me dissesse o que tinha acontecido
E uma voz me dizendo no ouvido
Só funciona o Recife se eu quiser!

* * *

Da bobina para o distribuidor
Há um cabo que passa uma centelha clara.
Meto o pé no arranco, ele dispara.
Toda vez que acelero meu motor,
O combustível entra no carburador,
A entrada de ar transforma o gás,
Com a compressão que ele faz,
Forma o jato, o êmbolo vai subindo
Vai queimar na cabeça do cilindo,
A fumaça da gasolina sai por trás.

* * *

Na vida ninguém confia
Em nada sem ter certeza
São obras da natureza
Tudo que a terra cria:
Gente, ave, bicharia,
Tudo começou assim.
O homem é quem é ruim
Nada bom ele planeja
Por muito forte que ele seja
A morte pega e dá fim.

* * *

Naquele tempo odiento e obscuro
Em que a ciência era tragada em um vaso
Todo o mundo imerso no atraso
Eu olhei na janela do futuro:
O panorama da vida é muito duro
E o destino do homem vem traçado.
Eu, pra ver se obtinha resultado,
Do além e de coisas mais incríveis,
Penetrei no setor dos invisíveis,
Vi o mundo sorrir do outro lado.

* * *

Minha carne só é nervo e cabelouro
O espinho de juá bate e não fura
Minha saliva salva qualquer mordidura
Se a jibóia morder por desaforo
Tiro o veneno da bicha faço soro
E dou vida a qualquer um ser vivente.
Seja qual for a qualidade da serpente
Estando mesmo quieta ou assanhada
Por acaso ela me dando uma picada
É capaz de ficar sem nenhum dente…

DEU NO X

SUJEITO AMOSTRADO. LULA GANHA DELE

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Ilustre,

dia de sexta é de Cabaré.

E cabaré na sexta só faz sentido se for logo no início da noite.

Então, às 19h30 vamos abrir as portas do Cabaré do Berto para fuxicar, falar da vida dos outros e rir de tudo que acontece nesse país.

Por favor, publique no JBF que para participar basta clicar aqui.

R. Esse “ilustre” que abre a vossa mensagem me deixou ancho que só a porra.

Já fui chamado de tudo nesta vida, desde “cabra safado” até “fi d’uma égua”.

Mas de “ilustre” é a primeira vez!

Vou acrescentar ao meu currículo. (êpa!).

E às sete e meia da noite estaremos todos lá, reunidos no nosso pacífico e ordeiro cabaré.

Até mais tarde!

Um novo tempo de quebra-pau - Angelo Rigon

DEU NO JORNAL

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

AMOR MATERNO

Soneto do tempo do Ronca, encontrei “Amor Materno”, da autoria do poeta pernambucano Cyridião Durval (03.03.1860 – 17.10.1895), num caderno de poesias, escrito com a letra da minha saudosa mãe.

Com certeza, esse soneto, anos depois, deve ter servido de inspiração ao compositor e cantor Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 – São Paulo, 23 de agosto de 1968 ), ao compor a canção “Coração Materno”.

AMOR MATERNO (Cyridião Durval – 03/Mar/1860 – 17/Out/1895)

Isaura, a mais cruel de todas as perdidas,
Entre os braços de Fausto, o mísero rapaz,
Disse um dia a sorrir: — “quem ama tudo faz,
Exijo deste amor as provas decididas.”

Pede tudo, mulher, se queres destruídas
As dúvidas que tens: ordena e então verás
Se tenho amor ou não; de tudo sou capaz,
Por ti arrancarei milhões, milhões de vidas!…

E a Dalila, soltando estridula risada,
Disse a Fausto: — “pois bem, se tu não temes nada,
Quero de tua mãe tragar o coração.

E o louco o foi buscar… De volta, no caminho
Tropeçou e caiu… disseram-lhe baixinho:
“Magoaste-te, meu filho?… Aceita o perdão.”

Cyridião Durval nasceu no dia 3 de março de 1860 em Tatuamanha, então distrito de Porto de Pedras, Alagoas. Filho de Rogério José de Santana e Teotônia Durval de Santana, teve os seguintes irmãos: Hermillo Durval, Manoel Durval, Fernandina Durval e Maria Durval Moreira, esposa de Manoel Moreira e Silva. Sua avó materna era Maria do Carmo Durval.

Foi na bela e aprazível Tatuamunha que aprendeu as primeiras letras com a ajuda de um professor público. Percebendo que o filho tinha gosto pelo estudo, seus pais o internaram em Recife, no Colégio Santo Amaro.

Depois foi transferido para o Ginásio Provincial, onde terminou o curso de humanidades em 1881 e diplomou-se em Direito pela Faculdade de Recife em 1885. Teve como colegas Martins Júnior, Clóvis Bevilacqua, Arthur Orlando, Porto Carneiro, Phaelante da Camara e outros.

Cyridião Durval faleceu no dia 17 de agosto de 1895, com apenas 35 anos de idade.

Por sua vez, Antônio Vicente Filipe Celestino, conhecido como Vicente Celestino (Rio de janeiro, 12 de setembro de 1894 – São Paulo 23 de agosto de 1968) foi um famoso compositor e cantor brasileiro, filho de imigrantes italianos, autor de inúmeras canções, entre as quais, “Coração Materno”, que, segundo ele, baseava-se numa lenda que teria mais de cinco séculos.

O tema do soneto “Amor Materno” (Cyridião Durval) e da canção Coração Materno (Vicente Celestino) é o mesmo. Ambos falam de um nefasto matricídio.

A gravação original de “Coração Materno” ocorreu na gravadora Victor, em 18 de março de 1937. Segundo os estudiosos do assunto, essa música, na época em que foi lançada, fez um sucesso estrondoso no rádio brasileiro.

Em 1951, Vicente Celestino e sua esposa Gilda Abreu lançaram o filme “Coração Materno”, estrelado por eles mesmos, e baseado na famosa música. O sucesso do filme foi bem menor do que o da canção.

Os antigos circos que percorriam o interior nordestino, com espetáculo de palco e picadeiro, cuja 2ª parte era uma encenação de uma peça de teatro, levavam a plateia às lágrimas, ao encenar a peça “Coração Materno”.

A música “Coração Materno”, de Vicente Celestino, sempre foi respeitada, até que surgiu no Brasil, o movimento musical Tropicália, comandado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros, que destruíram e ridicularizaram composições antigas de respeitáveis compositores, tentando reinventar a música brasileira.

Era a época da Tropicália, movimento de protesto, deflagrado pelos artistas da MPB, contra a situação política do País.

As músicas de protesto e o deboche imperavam entre os compositores de vanguarda. Revolta, censura, prisão, perseguição aos artistas de esquerda, tudo concorria para que os compositores e cantores revoltados com a censura se opusessem a tudo que prezasse pela ordem e costumes.

O cantor e compositor Caetano Veloso, na época com 26 anos, vindo do interior da Bahia, gravou “Coração Materno”, de Vicente Celestino”, num deboche gritante, segunda música do disco coletivo-manifesto Tropicália ou Panis et circencis, que pode ser visto como sua primeira grande performance vocal. Apesar de compor canções inteligentes e ter uma voz agradável, o artista, com sua veia irônica e visivelmente debochada, simulou uma homenagem ao respeitável cantor e compositor Vicente Celestino, que se sentiu humilhado ao assistir ao ensaio geral do show da Tropicália, onde se encenava uma cena bíblica com Gilberto Gil representando Jesus Cristo e a multiplicação dos pães feita com bananas.

Caetano Veloso gravou “Coração Materno”, em tom satírico, com barulho exagerado de baterias, guitarras e distorções, inserindo essa canção no álbum manifesto do movimento Tropicália. E prepararam um espetáculo tropicalista, dirigido por José Celso Martinez Correa, com vistas a se tornar um programa de TV.

Convidado pelos tropicalistas, para participar do show, Vicente Celestino foi antes assistir ao ensaio geral e ficou indignado: “Um Cristo negro eu ainda admito, mas bananas no lugar dos pães já é um desrespeito”. O Cristo era Gilberto Gil.

Contrariado, Vicente Celestino voltou ao seu hotel em São Paulo e neste mesmo dia, coincidência ou não, faleceu, de um ataque cardíaco.

Caetano afirma em suas memórias ter ouvido a canção na infância e gostado muito, no que conheceu e sofreu o “patrulhamento do gosto”.

Questionado sobre a origem de sua inspiração, em sua biografia, O hóspede das tempestades, Vicente Celestino afirmou ter escrito a letra a partir de uma lenda medieval. Mas as palavras, os detalhes, a narrativa e os estados latentes, no entanto, são seus e não uma mera adaptação.

Resgatada pelos tropicalistas, a canção adquiriu força potencial e anárquica, e, literalmente, matou o autor.

O desrespeito a Vicente Celestino foi gritante. Mesmo um ouvinte que houvesse adquirido o álbum em 1968, ocasião do seu lançamento, vendo no encarte a previsão de uma versão de “Coração Materno”, mesmo conhecendo os tropicalistas, não esperava o exagerado barulho com baterias e guitarras, e distorções absolutas de melodia, num verdadeiro achincalhamento, ultrapassando o limite da paciência de um ouvinte tradicional.

Mas, Caetano explicou a sua versão de “Coração Materno” como sendo totalmente tropicalista. A execução da canção, ele considerou tecnicamente impecável. “A contravenção do arranjo de cordas mencionada se deve a sutis humores esquizofrênicos que atravessam a orquestração e que na original inexistem – pelo caráter adulatório, típico dos arranjos comerciais, adotado por esta.”

De acordo com a crítica, o canto de Vicente Celestino é másculo, heroico, voz de tenor, arrebatado em expressividade, mostrando o sotaque rústico do europeu abrasileirado. Já o canto de Caetano é, sobretudo, andrógino, macio e pausado. Traz a dicção que conhecemos como urbana ou “correta”, pronunciando as palavras com lentidão, exatidão e contenção.

A pseudo-apropriação tropicalista destruiu a música de Vicente Celestino e feriu sua autoestima.

Vicente Celestino, em fato bruto e sintomático, falece em agosto de 1968, aos 74 anos, no exato dia em que faria uma apresentação com os tropicalistas.

DEU NO JORNAL

MAIS UM JORNALISTA PRESO NO PAÍS DA “DEMOCRACIA RELATIVA”

Leandro Ruschel

A militância de redação opera para justificar prisões políticas, além de mentir descaradamente.

Allan Frutuozo é um jornalista que saia de férias para a Argentina, segundo seu relato. Se ele estivesse “tentando fugir”, como afirma o UOL, não seria pelo aeroporto e através do controle de saída da PF, não é mesmo?

É mais um caso que demonstra o estado de exceção em curso: o seu processo é tão sigiloso que a própria polícia não teve acesso inicialmente ao seu mandado de prisão, ao ponto de ele ter ficado horas esperando na sala da PF até saber do que tratava o alerta ligado ao seu nome.

Depois da confirmação da prisão, o seu advogado declarou que não havia tido acesso aos autos.

Em seguida, a Globo noticiou que teve acesso à decisão, que havia partido de um plantão da Justiça Federal no DF em dezembro de 2022, e depois remetida ao Supremo por prevenção do ministro Moraes, o que juristas afirmam não fazer sentido.

Ele está sendo acusado de participar da tentativa da invasão à delegacia da PF em Brasília em dezembro, quando um cacique foi preso no âmbito dos protestos daquele mês.

Várias questões surgem: se havia um mandato aberto desde dezembro, por que não foi cumprido? Ele tem endereço conhecido e um canal público…

Por que está respondendo no Supremo, se não tem foro? Por que seu advogado não teve acesso aos autos? A transmissão de um evento, por um jornalista, equivale a participar de uma atividade?

Alguém já viu jornalista alinhado à esquerda sendo preso por cobrir invasão do MST?

Mais uma dia no país da “democracia relativa”.

DEU NO JORNAL

DÚVIDA

Em 2021, a entrada de investimentos estrangeiros na bolsa do Brasil foi de R$ 41,5 bilhões, com novo recorde em 2022: R$ 119,8 bilhões.

Mas, em 2023, empacou em R$ 17 bilhões.

Dados foram citados por Henrique Bredda, do fundo Alaska, um dos mais admirados gestores do mercado.

* * *

Por que será que isto aconteceu?

Como não entendo desse assunto, num faço a menor idéia.

Algum leitor pode me ajudar a entender?

RLIPPI CARTOONS