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FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

PARA ADOLESCENTES PENSANTES

Como se pensa merdalicamente nestes tempos contemporâneos! Muita gente imagina que política é coisa de gente que não presta para nada, aproveitadores e trombadinhas de paletó e gravata, com um brochinho na lapela e ares de quem não deve nem a Deus. E nesse grupo, encontramos muita gente graduada, espiritualistas e espiritistas, das vertentes mais diversas, empresários e populares que jamais tiveram a oportunidade de ter uma educação efetiva.

Para quem deseja pensar politicamente bem, sempre recomendo um livro que é uma admirável introdução aos maiores pensadores de todos os tempos: COMO PENSAR POLITICAMENTE: SÁBIOS, PENSADORES E ESTADISTAS CUJAS IDEIAS MOLDARAM O MUNDO, Graeme Garrard e James Bernard Mjurphy, Porto Alegre RS, L&PM, 2021, 296 p. Páginas divididas em quatro partes – Antigos, Medievais, Modernos e Contemporâneos -, expondo as reflexões desde Confúcio (551-479 a.C.) até Arne Naess (1912-2009). Orientações que vão muito além das atuais manchetes espetaculosas, dos mexericos analíticos dos mentalmente pouco densos, sempre auxiliando todos aqueles que desejam pensar com serenidade binoculizadora.

Lamentavelmente, os quatro cantos do planeta estão encharcados de desinformações, deseducações, muita fome e acintosa miséria, impossibilitando milhões de um pensar de bom calibre moral de postura comportamental ética.

Nada me irrita mais que conversa política de abestado, aquele que se encontra integralmente desligado de tudo e de todos, como se o tempo tivesse estacionado em sua mente estrumeira, a aplaudir os que ficaram nos tempos idos da História. Vez por outra, deparo-me com um, de carro zerinho, relógio gota serena e celular dos mais modernos, olhar de desdém para com o resto da humanidade, de frases pré-fabricadas, tiradas geralmente de um senso comum embostado, que não bota ninguém para frente.

Dias atrás, numa capital nordestina, praieira por excelência e bem apetrechada turisticamente, “enfrentei” duas horas de convivência com um “homus bobus” sulista, travestido de entendido em fatos e feitos da conjuntura atual, entendido em merda nenhuma e despreocupado com as regras gramaticais e as estruturas lógico-formais de uma epistemologia para principiantes.

Racista, embora nitidamente não-branco, confessava sua irritação com todos aqueles que defendem os menos favorecidos, estes considerados, segundo ele, farinha de mesmo saco. Explicitamente equino nas Ciências Humanas, acreditava que a pena de morte seria a melhor das soluções para os atuais índices de criminalidade, não admitindo tampouco a ação do Estado na proteção dos despossuídos. E ainda considerava que o objetivo último do bem-viver de cada um estava intrinsecamente vinculado a três fatores: mulher, dinheiro e poder, o lazer sendo mais usufruído por quem bem conciliasse o “trinômio” acima. Decididamente, uma mente asinina, só faltando crina, rabo e cela.

Espantado com as minhas leituras feitas, esboçou um sorriso debochoso, quase me deixando convencido da existência de um pedaço da humanidade que não teria seguido à risca os parâmetros evolucionais. E perguntou, de supetão, se tinha valido a pena, quando outros meios de comunicação estavam à disposição de qualquer um.

Devidamente adentrado nos anos trinta, corpo bronzeado e olhos bem negros, confessou malhar duas horas por dia, caminhar oito quilômetros e cumprir sesta de duas horas, todas as tardes, não crendo em nada relacionado com o além-vida, ainda que, no pulso esquerdo, exibisse duas fitinhas amarelas que pareciam bem amarradas, embora quase apodrecidas.

Ao lhe dizer o que tinha trabalhado em ensino e pesquisa, espantou-se sem relinchar:

– Como você aguentou ser isso?

E olhou-me como se eu fosse uma espécie raríssima, certamente um “homo-imbecilis”, desses que perdem muito tempo com vocação docente, cultura, empregabilidade, democracia, dignidade, desenvolvimento de todos, direitos humanos e cenários futuros.

Almocei depois com um amigo de infância, ainda experimentando a sensação de ter encontrado uma espécie não-rara do atual cenário brasileiro. Que será muito maioria, caso as autoridades responsáveis pelos nossos destinos, juntamente com os demais segmentos comunitários, não binoculizarem estratégias compatíveis com as metas de um desenvolvimento econômico-social que privilegie um saber-fazer lastreado numa responsabilidade cognitiva jamais individualista, conservadas as peculiaridades de cada um. Caso contrário, a merda vai virar boné, como diz o ditado popular.

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