DEU NO X

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

RLIPPI CARTOONS

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ALEXANDRE GARCIA

O QUE LEWANDOWSKI SABE DE SEGURANÇA PÚBLICA?

Lewandowski

O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski

Meu primeiro assunto é a sua segurança, a sua liberdade de andar na rua sem ser assaltado, a sua liberdade de não ser furtado na sua casa, no seu carro, na sua loja. É que, no dia 1º de fevereiro, assume um novo ministro da Justiça, que na verdade não é ministro da Justiça, porque a Justiça é outro poder. É o ministro da Segurança Pública.

Ricardo Lewandowski, que já foi de outro poder – já foi ministro do Supremo –, se notabilizou quando, como presidente do Supremo, presidiu também o julgamento de Dilma e deixou de cumprir o que está escrito no parágrafo único do artigo 52 da Constituição: que o presidente condenado fica impedido de ocupar cargo público por 8 anos.

Ele, como presidente da República, e os outros ministros do Supremo e os deputados juraram cumprir e defender a Constituição. Mas ele sempre foi advogado na vida. Que contato tem ele com a segurança pública? O que Lewandowski sabe de segurança pública? O mais próximo disso é que, depois de ter feito o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), como oficial da reserva, ele chegou a ser segundo-tenente no 17º Regimento de Cavalaria em Pirassununga. Mas ele sempre foi advogado. Tanto que ele virou juiz do Tribunal de Alçada Criminal em São Paulo, por indicação de Orestes Quércia, depois que a OAB o indicou no quinto constitucional destinado a advogados. Acabou no tribunal estadual.

Depois, com o voto pesado de dona Marisa Letícia, foi indicado por Lula para o Supremo. Lá no Supremo, como revisor do Mensalão, Lewandowski teve um bate-boca feio com o presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, porque achou que o Mensalão não era formação de quadrilha, e que o assunto tinha que ir para o foro de primeira instância – ao contrário dos que foram presos em 8 de janeiro –, porque os acusados não tinham foro privilegiado. E houve um bate-boca muito grande, porque eles estavam ligados a quem tinha foro privilegiado.

* * *

A narcopolítica se alastra pela América Latina

Por que eu estou contando tudo isso? Porque aqui no Brasil nós tivemos, no ano passado, mais de 30 mil homicídios. O Equador teve cerca de 9.000 homicídios. Claro, o Equador é bem menor, tem menos população. Mas, em números absolutos, nós temos mais de três vezes o número de assassinatos do Equador. E o Equador está em crise seríssima.

Aconteceu agora com o Equador o que já tinha acontecido com a Colômbia nos anos 1980, com o México nos anos 1990. É o crime – o narcocrime – tomando conta inclusive da política. A fiscal-geral, que é a procuradora geral da República de lá, a Diana Salazar, diz que o Estado está colonizado pela narcopolítica, é um câncer com metástase. Já prendeu juízes, promotores, funcionários, policiais, e todos são considerados cúmplices das 22 facções da droga. Foi instituída prisão perpétua para essa gente.

E aqui no Brasil está tudo muito semelhante. Há territórios liberados em que autoridade brasileira não entra – com exceções. No Rio de Janeiro, por exemplo, há situações assim. A Amazônia está sendo tomada por essa gente. Os presídios também.

Por isso, eu pergunto: o que o novo ministro vai conseguir a partir de 1º de fevereiro? Ele fez uma declaração dizendo que o objetivo é o combate permanente e rigoroso à criminalidade sob todas as suas formas, com respeito à Constituição e às leis. Por que Lewandowski usa “criminalidade”, e não “criminosos”? Quando eu falo em combater os criminosos, eu estou personalizando. “Criminalidade” é uma abstração – parece que não estou muito disposto a fazer o necessário. Ele fala também em respeito à Constituição e às leis. Como é que pode dizer isso depois do 31 de agosto de 2016, no julgamento de Dilma?

* * *

Celso Lafer condena decisão de Mauro Vieira

Para encerrar, queria chamar a atenção de vocês para a carta que o ex-chanceler brasileiro Celso Lafer, do governo de Fernando Henrique Cardoso, mandou para o seu ex-subordinado, atual chanceler, Mauro Vieira, sobre a história de entrar junto com a África do Sul no Tribunal Internacional. A África do Sul está ao lado do Hamas, acusando Israel de genocídio. Ele disse que, à luz da Convenção de 1948, isso é impossível, porque a reação de Israel foi decorrente de uma agressão que sofreu. Disse que há má-fé, e que isso não acrescenta credibilidade ao Brasil, que só reforça o antissemitismo.

E ele acrescenta que uma de suas preocupações como chanceler – que Mauro Vieira, como seu subordinado, pôde acompanhar – foi a de zelar pela consistência da política jurídica exterior do Brasil. Disse ainda que o Brasil, nessa nota do Itamaraty, não atende aos requisitos de consistência e coerência da política jurídica externa do Brasil. Não obedece às regras de direito, não acrescenta credibilidade entre os que têm relações com o Brasil.

DEU NO X

DEU NO JORNAL

O “ANÃO DIPLOMÁTICO” CONSEGUE SE APEQUENAR AINDA MAIS

Editorial Gazeta do Povo

Lula - Celso Amorim - política externa

Celso Amorim, assessor para assuntos especiais do Planalto, e o presidente Lula

A marca da diplomacia brasileira no primeiro ano deste terceiro governo Lula foi o recurso a uma equivalência moral profundamente abjeta, porque falsa. O presidente petista e seus diplomatas, a começar pelo chanceler de facto, Celso Amorim, trataram de igualar em responsabilidade ambos os lados em dois conflitos de repercussão global – a guerra na Ucrânia e a crise no Oriente Médio após a selvageria terrorista do Hamas contra Israel – e uma disputa regional, em que a Venezuela manifestou sua intenção de anexar o território de Essequibo, pertencente à Guiana. Com isso, Lula fazia sua escolha por um dos lados, já que em todos os casos há agressores e vítimas claramente definidos, de forma que é impossível igualá-los moralmente, mas ao menos havia a tentativa de manter uma aparência de neutralidade, ainda que isso só enganasse os mais incautos ou os que desejavam ser ludibriados.

O ano de 2024 começou mostrando que Lula podia afundar ainda mais, fazendo de forma explícita a escolha pelo lado errado. Na última quarta-feira, o Itamaraty afirmou que o Brasil apoiaria a denúncia oferecida pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ) em dezembro do ano passado, e que pede a condenação de Israel pelo crime de genocídio. Duas audiências foram realizadas na quinta e na sexta-feira, na cidade holandesa de Haia – na primeira, falaram os representantes sul-africanos, e na segunda foi apresentada a defesa israelense. Não há data certa para a corte emitir uma decisão ou determinar algum tipo de medida cautelar.

A esquerda brasileira em geral e o PT em particular já adotaram há tempos a banalização do termo “genocídio”, aplicando-o até a questões internas de segurança pública e, mais recentemente, à condução do combate à pandemia de Covid-19 pelo governo de Jair Bolsonaro. Lula já usou a expressão para se referir à reação de Israel, que invadiu a Faixa de Gaza para tentar desarticular o Hamas e impedir novos ataques como o de 7 de outubro do ano passado. Mas o endosso oficial de Lula à acusação sul-africana vai além do uso impróprio de um termo; é uma postura que diminui profundamente o Brasil diante da comunidade internacional.

O genocídio, como definido no direito internacional, é um conjunto de ações bastante específico, com o objetivo deliberado de erradicar toda uma população detentora de certas características, por exemplo étnicas, raciais ou religiosas. Ironicamente, foi o genocídio nazista perpetrado contra os judeus no Holocausto que forneceu as bases teóricas para esta definição, embora este não tivesse sido o primeiro genocídio da história: só no primeiro terço do século 20 houve, também, o cometido pelo Império Otomano contra os armênios, ou ainda o Holodomor stalinista contra os ucranianos. Mais recentemente, houve o genocídio no Timor Leste, cometido pelo governo indonésio na década de 70, e o extermínio de tutsis realizado por hutus em Ruanda, em 1994.

No entanto, não há como aplicar essa categoria à invasão de Gaza por Israel. Seu objetivo não é exterminar os palestinos, e sim desmantelar o Hamas – este, sim, o verdadeiro genocida, já que não esconde seu objetivo de eliminar os judeus, em linha com seu grande financiador, o regime dos aiatolás no Irã. Pode-se e deve-se discutir se Israel tem feito todo o possível para evitar mortes de civis palestinos inocentes, e se foram cometidos crimes de guerra na incursão em andamento, mas a acusação sul-africana é claramente infundada, um truque político-ideológico que praticamente conta apenas com o endosso de países islâmicos, ditaduras e governos de esquerda mundo afora. Com sua decisão, Lula colocou-se ao lado, por exemplo, de Arábia Saudita, Venezuela e Nicarágua, enquanto opõe-se a democracias como a norte-americana e a alemã, que se declararam oficialmente contra a denúncia na CIJ.

E, enquanto enxerga genocídios onde não existem, Lula fecha os olhos a práticas genocidas cometidas por regimes e grupos com os quais simpatiza – não apenas o Irã e o Hamas. A invasão conduzida por Vladimir Putin na Ucrânia inclui práticas como a erradicação da cultura ucraniana nas regiões invadidas e, pior, a deportação forçada de crianças ucranianas. Na China, a ditadura comunista há tempos tenta suprimir a minoria muçulmana dos uigures na província de Xinjiang, promovendo limpeza étnica ao patrocinar a migração de chineses de etnia han e realizar esterilizações e abortos forçados entre os uigures, que costumam ser encarcerados em campos de reeducação e forçados a abandonar sua fé islâmica. A esse respeito, não se ouviu uma única palavra do petista sobre seus companheiros no bloco dos Brics.

Todo o mundo democrático capaz de ligar os pontos já sabia onde Lula se posicionava no conflito entre Israel e Hamas com sua falsa equivalência moral, mas, como afirmamos no início, ao menos o Brasil ainda mantinha uma ar de neutralidade com que o país tentava se qualificar como um possível mediador internacional de relevância. Agora, até mesmo as aparências se perderam. O Brasil alinha-se oficialmente com o que há de pior no mundo, com os terroristas e com os ditadores, opondo-se a um país que tem o direito de se defender das ameaças contra sua existência e que luta contra um agressor que não hesita em fazer os próprios palestinos de escudos humanos, expondo-os deliberadamente ao fogo israelense para lucrar midiaticamente com os corpos de civis inocentes. Em vez de defender a devida identificação e investigação de eventuais crimes de guerra, o Brasil opta por endossar uma acusação genérica que faz troça da verdadeira natureza dos genocídios e mostra como, para Lula, as avaliações de todos os atos dependem não daquilo que é feito, mas de quem faz, se aliado ou adversário.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

XICO COM X, BIZERRA COM I

Da Série DECÁLOGOS DESCARTÁVEIS DE TÃO TOLOS QUE SÃO

DECÁLOGO 1: NOTAS DISSONANTES

1 – Ravel vivia num eterno dois pra lá, dois pra cá …

2 – Mozart, diabético, nunca provou um Sonho de Valsa …

3 – Bach detestava restaurantes. Preferia os bares. Ele e Brahms …

4 – Strauss, daltônico, tentou, mas não conseguiu ver o Danúbio Azul …

5 – Tchaikovsky não sabia nadar e quase morre afogado em um lago repleto de cisnes …

6 – Chopin só tomava leite, mas respeitava os amigos viciados em Chopp …

7 – Beethoven, surdo mas cuidadoso com a dieta, nunca provou Baião de Dois com pequi …

8 – Händel não se rendia à música de má qualidade, nem debaixo d’água …

9 – Stravinsky detestava o inverno russo, gostava do verão, mas celebrava apenas a Primavera …

10 – Enquanto eu escrevia essas bobagens, Vivaldi, Wagner, Debussy, Haydn e Schubert dedilhavam seus pianos. Tiveram sorte: escaparam de minhas infâmias…

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS